Fux cita Mensalão como exemplo mas também esquece que votou contra naquele caso

Carlos Frederico Barcellos Guazzelli (*)
Conforme assinalado algumas vezes neste espaço – e não apenas nele –, ao longo das últimas décadas o país assiste ao contínuo deslocamento do debate político para a esfera judiciária. Tal fenômeno, a que se convencionou chamar de “judicialização da política”, teve como marcante ponto de partida a AP 470, instaurada perante o Supremo Tribunal Federal contra integrantes e apoiadores do primeiro governo de Lula – resultando na condenação de José Dirceu, então seu principal ministro.
Prosseguiu nos anos seguintes com os processos deflagrados pela assim chamada “força tarefa da operação lava-jato”, junto à 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba – então titulada pelo inefável Sérgio Moro –, procedimentos estes ao depois anulados pela Suprema Corte, à vista da revelação da forma ilícita mediante a qual foram abertos e conduzidos. E, por fim, desembocou nos últimos anos em vários inquéritos policiais abertos, e nas ações penais com base neles propostas no STF contra centenas de pessoas, investigadas e acusadas da prática de gravíssimos fatos atentatórios à democracia e suas instituições.
Diante disso, não estranha a emergência de temas jurídicos – em especial, jurídico-penais – nos noticiários e comentários políticos das mídias tradicionais e virtuais. Donde decorre a conveniência, senão a necessidade de esclarecimentos à dita opinião pública – constituída na sua imensa maioria de pessoas leigas em Direito – acerca destes assuntos.
Assim é que, em face da proximidade do fim do julgamento daquele que a denúncia, ofertada pelo Procurador-Geral da República, apontou como o “núcleo principal” das manobras golpistas encetadas antes, durante e depois da eleição presidencial de 2022 – por membros e adeptos do governo ali derrotado –, algumas questões merecem análise para melhor compreensão. Isto se dá, por exemplo, quanto à aplicação das penas a serem impostas aos réus condenados – uma vez que, a esta altura, o amplo conhecimento das provas produzidas na instrução, confirmando o robusto conjunto trazido na fase dos inquéritos, permite entrever com relativa segurança um prognóstico condenatório. No particular, pode-se descortinar a renovação da discussão suscitada, em ações intentadas contra autores diretos dos atos criminosos do “oito de janeiro”, pelo ministro Luiz Fux – a propósito do enquadramento legal de condutas a eles imputadas.
Cabe lembrar que pesa sobre os réus ora julgados – a saber, o boçal ex-chefe da nação e seus principais auxiliares, inclusive quatro oficiais-generais – a acusação de prática de cinco crimes: associação criminosa; dano qualificado; dano a bem tombado; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; e tentativa de golpe de estado. Destes, os dois últimos são os delitos mais graves, previstos respectivamente no artigo 359-L e 359-M, do Código Penal. Trata-se de normas do novo Título XII daquele código (“Dos Crimes contra o Estado Democrático de Direito”), introduzido pela Lei 14.197 de 01/09/2021 – ironicamente sancionada pelos então presidente e vice-presidente da República, bem como seus ministros da Justiça e da Segurança Institucional, agora em vias de serem condenados por infringi-la.
Como dito, dadas manifestações anteriores em outros casos do mesmo “affaire”, pode-se imaginar que o referido ministro divirja do entendimento já adotado por seus pares, especificamente no que se refere à capitulação formulada na denúncia, e por eles acolhida, de prática cumulativa das duas mencionadas figuras penais – a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, e a tentativa de golpe de estado. Não seria despropositado cogitar da hipótese – repita-se, já anunciada implicitamente – de aplicação do chamado “princípio da absorção ou consunção”, construção doutrinária segundo a qual, havendo o cometimento de conduta passível de enquadramento em dois tipos penais diferentes, deve-se aplicar a pena do crime mais grave, fiel ao brocardo cunhado pelos praxistas na Idade Média: major minorem absorbet.
Nesta linha, prevaleceria o entendimento de que, no presente caso, o crime de golpe de estado tentado, por ser mais gravemente apenado, abrangeria o atentado violento contra o exercício dos poderes constitucionais – e, em consequência, a pena a ser aplicada àquele “absorveria” o apenamento deste. Malgrado não constitua um absurdo este raciocínio, que encontra razoável apoio teórico em abstrato, sua incidência in casu levaria a uma solução equivocada para os dilemas relativos à aplicação da pena – a qual deve consistir em resposta estatal proporcional ao dano provocado pela infração. Muito mais ajustada se apresenta para o atingimento deste objetivo, a consideração do chamado “concurso material” entre as duas modalidades delituosas em questão – em virtude do que, em caso de condenação, somam-se as penas previstas às mesmas.
E, com efeito, a minuciosa narrativa dos fatos esboçada na denúncia pelo Procurador-Geral da República – confirmada integralmente durante a instrução criminal – aponta para a configuração do que os estudiosos chamam de “progressão criminosa”: a prática de vários comportamentos sucessivos, encadeados mas independentes entre si, com desígnios e propósitos distintos, porém convergentes. De acordo com a descrição cuidadosa da peça acusatória, corroborada em todos os seus termos pelos abundantes elementos de prova produzidos, desde antes, durante e após sua eleição, em 2018; e a partir de sua posse no ano seguinte, e depois ao longo de seu mandato, a boçal liderança praticou, e incentivou a prática entre seus asseclas, de uma série de ações, autônomas entre si mas todas orientadas por um desígnio próprio – qual seja, reduzir e até mesmo eliminar os obstáculos institucionais à implantação de seu projeto político autoritário.
Seguiam então, o ex-governante e sua grei, dentro e fora do governo, o roteiro característico da nova ultradireita global – consistente em destruir a democracia “por dentro”, utilizando-se e submetendo suas instituições à autocracia em implantação. Era isso, por exemplo, o que estava por trás – e pela frente – dos reiterados e crescentemente violentos ataques verbais e ameaças ao Supremo Tribunal Federal, e a alguns de seus integrantes. Tais condutas, portanto, ajustam-se à perfeição ao molde legal do tipo do novo artigo 359-L, do Código Penal: “Tentar, com o emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais…” (nossos os grifos).
Embora inspirados em idêntica ideologia neofascista, são diferentes, em desígnios e propósitos, os atos tomados no último ano daquele lamentável (des) governo; de fato, a partir de meados de 2022, quando se apresenta iminente sua derrota no pleito presidencial que se avizinhava, foi deflagrada a partir do Palácio do Planalto a mal disfarçada conspiração visando, primeiro, a impedir a realização do pleito eleitoral, sob a absurda invocação da imprestabilidade das urnas eletrônicas; e em seguida, frustrado aquele objetivo, a não permitir a posse do candidato legitimamente eleito à Presidência da República. Lembre-se que os golpistas não se limitaram a conspirar e elaborar planos – inclusive para matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes: além disso, foram tentados e até mesmo praticados atos violentos, como a tentativa de invasão da sede da Polícia Federal, e de explosão no Aeroporto de Brasília.
Tudo culminando, como se sabe, depois de empossados os novos governantes, eleitos legitimamente, nos inacreditáveis acontecimentos de 8 de janeiro de 2023 – a invasão e depredação dos edifícios-sede dos Três Poderes, ação urdida e comandada à distância pelos réus ora em julgamento. Claro está que todos estes comportamentos não se dirigiam mais ao impedimento ou restrição do exercício dos poderes constitucionais – como os anteriormente considerados – mas tinham agora como objetivo “…tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído…” (grifamos) – exatamente como previsto no artigo 359-M.
Portanto, demonstrada a ocorrência de duas modalidades distintas de atos criminosos – a primeira, visando a impedir ou restringir o funcionamento das instituições democráticas; a segunda, tendo por desiderato deflagrar putsch entronizando no poder o candidato derrotado na eleição presidencial – a esperada condenação há de necessariamente abarcar a ambas, no apenamento a ser ao final fixado.
Impende reiterar que o preceito reitor nesta matéria, já lembrado acima – o princípio da proporcionalidade entre crime e pena –, indica que esta, como resposta estatal àquele, deve expressar, em qualidade e quantidade, o grau de repulsa equivalente ao tamanho e gravidade do dano social causado pelo delito.
Precisamente por isso, uma vez condenados, os líderes e mentores das manobras autoritárias e golpistas ora trazidos a julgamento, devem receber as penas correspondentes a todos os gravíssimos crimes que cometeram – a começar, aquelas previstas para as infrações mais graves por eles praticadas contra o Estado Democrático de Direito.
Eventual vacilação ou indulgência a este respeito, por qualquer pretexto que seja, sinalizará lamentável tolerância para com a reiteração de ataques à nossa jovem democracia – num país em que, desde a adoção da República, já foram desfechados ou tentados catorze golpes de estado.
(*) Defensor Público aposentado, Coordenador da Comissão Estadual da Verdade/RS (2012-2014)
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“[O ministro Moraes] parecia o líder do governo do PT no Supremo, proferindo palavras sem embasamento jurídico, sem vinculação com absolutamente nenhuma prova, como quem está ali praticando uma vingança, porque, na cabeça dele, parece que Jair Bolsonaro queria matá-lo”, disse o filho do ex-presidente nesta terça-feira (9), no Salão Azul do Senado.
Questionado se a fala do advogado do ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, o general Paulo Sérgio Nogueira, de que seu cliente atuou para demover o ex-presidente de tentar dar um golpe de Estado, compromete a versão da família Bolsonaro, Flávio sustentou que não.
“O que foi conversado lá e foi admitido foi estado de defesa ou de sítio, que está na Constituição, como não havia base para nada, foi todo mundo para casa e nada aconteceu. Como isso foi tentativa de golpe?”, rebateu.
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Os ex-comandantes da Aeronáutica no governo Bolsonaro, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, e do Exército, Marco Antonio Freire Gomes, confirmaram em depoimento que, em reunião no Palácio da Alvorada, no dia 7 de setembro de 2022, foram discutidas medidas para impedir a posse de Lula e suspender o resultado eleitoral.
Durante a fala à imprensa, o senador Flávio se concentrou em acusar Moraes de “manipulação processual” ao sustentar ter supostas “provas” que seriam enviadas a todos os ministros do STF. Flávio pediu que o julgamento contra Bolsonaro seja suspenso até que a denúncia seja investigada.
“Que seja aberta uma investigação e que seja suspenso esse julgamento que está em andamento até que essa investigação seja concluída pelo bem da democracia”, finalizou.
Da Agência Brasil
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira (9) pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de mais sete aliados por tentativa de golpe de Estado.
Com o voto do ministro, o placar pela condenação está 2 votos a 0. O relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, também votou pela condenação. Faltam três votos.
O tempo de pena ainda não foi anunciado e deve ser definido somente ao final da rodada de votação sobre a condenação ou absolvição dos réus. Em caso de condenação, as penas podem chegar a 30 anos de prisão em regime fechado.
A sessão foi suspensa e será retomada amanhã (10) para o voto dos ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
Dino aceitou totalmente a denúncia da trama golpista apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e condenou os acusados pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
No caso do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, que, atualmente, é deputado federal, a condenação se deu somente por três dos cinco crimes.
Por ser parlamentar, Ramagem não responde pelos crimes de dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado, ambos relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro.
Em sua manifestação, Dino detalhou a participação de todos os acusados e se manifestou pela condenação de todos. Para o ministro, houve atos executórios para realização da tentativa golpista.
“Não se cuidou de mera cogitação. Não se cuidou de meras reflexões, que foram indevidamente postas em agendas, cadernos e folhas”, afirmou.
Dino também adiantou que vai propor penas maiores para o ex-presidente Jair Bolsonaro e o general Braga Netto. O ministro entendeu que eles tiveram a participação de liderança e poderão ter tempo de pena maior.
No entanto, o ministro disse que vai votar pela adoção de penas menores para o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem e os generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio.
“Eu considero que há uma participação de menor importância em relação a cada um deles”, afirmou.
Sobre a atuação do ex-presidente, Dino disse que o ex-presidente era uma “figura dominante” na organização criminosa.
“Ele e o réu Braga Netto ocupam essa função. Era quem de fato mantinha o domínio de todos os eventos que estão narrados nos autos, e as ameaças contra os ministros Barroso, Fux, Fachin e Alexandre”, afirmou.
Flávio Dino também considerou que os crimes imputados ao ex-presidente Jair Bolsonaro e mais réus na trama golpista não podem ser anistiados. O ministro citou precedentes do Supremo sobre a questão.
“Esses crimes já foram declarados pelo Supremo Tribunal Federal como insuscetíveis de indulto e anistia”, afirmou.
O ministro também acrescentou que “agressões e ameaças de governos estrangeiros” não influenciam no julgamento e são “fatores extra-autos”.
“Não há no voto que vou proferir nenhum tipo de recado, mensagem, nada desse tipo. Há o exame estrito daquilo que está nos autos”, disse.
Dino também frisou que a Corte não está julgando as Forças Armadas, mas as acusações específicas contra os militares que são réus.
“Espero que nenhum militar vá para convescotes partidários, utilizando a farda para tecer considerações desairosas a tal e qual posição política”.
Dino também destacou que a análise da ação penal da trama golpista é um “julgamento com outro qualquer” e negou motivação política.
“É um julgamento que se processa segundo as regras vigentes no país, de acordo com o devido processo legal, fatos e provas nos autos e em termos isonômicos”, completou.
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Da Agência Brasil
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta terça-feira (9) que os crimes imputados ao ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus na trama golpista não podem ser anistiados.
A declaração do ministro ocorre em meio à tentativa de aliados de Bolsonaro de aprovar, no Congresso, um projeto de lei para anistiar o ex-presidente da eventual condenação pelo Supremo.
No início de seu voto, Dino citou precedentes do STF e disse que nunca houve no Brasil anistia para os “altos escalões do poder”.
“Esses crimes já foram declarados pelo Supremo Tribunal Federal como insuscetíveis de indulto e anistia”, afirmou.
Os réus são acusados dos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
O ministro também acrescentou que “agressões e ameaças de governos estrangeiros” não influenciam no julgamento e são “fatores extra-autos”.
“Não há no voto que vou proferir nenhum tipo de recado, mensagem, nada desse tipo. Há o exame estrito daquilo que está nos autos”, completou.
O ministro Flávio Dino é o segundo a votar no julgamento da Primeira Turma do Supremo sobre a trama golpista.
A votação começou na manhã de hoje. Primeiro a votar, o relator, ministro Alexandre de Moraes, se manifestou pela condenação de Bolsonaro e seus aliados.
Ainda faltam os votos dos ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
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A embaixada dos Estados Unidos no Brasil fez uma postagem na sua conta oficial do X afirmando celebrar a nossa independência e “os valores de liberdade e justiça”, mas que os EUA irão continuar a “tomar as medidas cabíveis” contra “o ministro Alexandre de Moraes e os indivíduos cujos abusos de autoridade têm minado essas liberdades fundamentais”.
O post é, na verdade, uma tradução de um texto publicado pelo Subsecretário de Estado para a Diplomacia Pública e Assuntos Públicos dos Estados Unidos, Darren Beattie, originalmente em inglês. Ele é responsável por melhorar a relação dos EUA com outras nações.
Com essa mensagem, espera-se que as tensões rondando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tendam a aumentar. Moraes já é vítima de sanções dos Estados Unidos pela Lei Maginitsky, e uma nova leva de punições por parte do governo Trump pode acontecer nos próximos dias.
Dia 7 de setembro marcou o 203º Dia da Independência do Brasil. Foi um lembrete do nosso compromisso de apoiar o povo brasileiro que busca preservar os valores de liberdade e justiça. Para o ministro Alexandre de Moraes e os indivíduos cujos abusos de autoridade têm minado essas… https://t.co/hViIVdfzfI
— Embaixada EUA Brasil (@EmbaixadaEUA) September 9, 2025
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Da Agência Brasil
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira (9) para que Jair Bolsonaro se torne o primeiro ex-presidente da história do Brasil a ser condenado pelo crime de golpe de Estado.
Relator da ação penal que tem como alvo uma trama golpista cujo objetivo seria manter Bolsonaro no poder mesmo após derrota nas urnas em 2022, Moraes votou também pela condenação de mais sete ex-auxiliares do alto escalão do governo Bolsonaro.
“O líder da organização [Bolsonaro], exercendo cargo de chefe de Estado e chefe de governo da República Federativa do Brasil, uniu indivíduos de extrema confiança para a realização das ações de golpe de Estado e ruptura das instituições democráticas”, resumiu Moraes na parte final de seu voto, que durou cerca de cinco horas.
O ministro dividiu o voto em 13 “atos executórios” e utilizou a apresentação de slides para expor os documentos e depoimentos que a seu ver comprovam o envolvimento dos réus com a trama golpista.
Logo ao abrir sua fala nesta terça, Moraes salientou não haver dúvidas da existência de uma tentativa de golpe de Estado, diante sobretudo da quebradeira ocorrida em 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.
Em seguida, ele buscou demonstrar como a Procuradoria-Geral da República (PGR) conseguiu, em sua opinião, comprovar o complô golpista. Entre as provas apresentadas, por exemplo, estão anotações dos réus que remontam a meados de 2021, quando o plano de golpe começou a ser colocado em prática, observou Moraes.
Entre as provas, o ministro deu grande ênfase, entre outros atos, ao discurso em praça pública, no 7 de setembro de 2021, em que Bolsonaro afirma que somente deixaria o poder morto ou preso. “E quero dizer aos canalhas que não serei preso”, disse o ex-presidente na ocasião, diante de milhares de apoiadores.
“O líder do grupo criminoso deixa claro aqui, de viva voz, de forma pública, para toda a sociedade, que jamais aceitaria uma derrota democrática nas eleições, que jamais aceitaria ou cumpriria a vontade popular”, frisou Moraes.
O ministro ressaltou ainda a “sofisticação” da organização criminosa, “visto que os réus utilizaram a estrutura do Estado brasileiro para se reunir de modo estável e permanente, com a intenção de permanecer no poder independentemente de eleições”.
Antes de encerrar, Moraes negou ainda que o crime de abolição de Estado Democrático de Direito se confunda com o de golpe de Estado, afirmando que os dois foram praticados em separado pelos réus.
O ministro afastou uma das principais linhas de defesa dos advogados, em especiais da equipe que defende Bolsonaro, para quem os atos apontados pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, como criminosos na verdade não passaram de “pensamentos” ou “cogitações” que não caracterizam crime, sendo no máximo “atos preparatórios” para ilícitos que afinal não seriam cometidos.
“Aqui não se pode confundir a consumação do golpe com a consumação da tentativa de golpe”, afirmou Moraes.
Para o ministro, a mera tentativa do crime de golpe de Estado já caracteriza ato ilegal, até porque não faria sentido um tipo penal que criminalizasse somente golpes bem-sucedidos.
“Ninguém nunca na história viu golpista que deu certo se colocar no banco dos réus. [Se o golpe tivesse sido consumado] quem estaria no banco dos réus é o Supremo Tribunal Federal”, observou o ministro.
“A organização criminosa narrada na denúncia pela PGR realmente iniciou a prática das condutas criminosas, com atos executórios concretos e narrados anteriormente [no voto], em meados de 2021, e permaneceu atuante até o 8 de janeiro de 2023”, afirmou.
Nesta terça-feira (9), a Primeira Turma retomou o julgamento, iniciado em 2 de setembro, que pode condenar Bolsonaro e mais sete aliados por uma trama golpista que teria atuado para reverter o resultado das eleições de 2022.
O grupo faz parte do núcleo crucial da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), formado pelas principais cabeças do complô.
O julgamento começou na semana passada, quando foram ouvidas as sustentações das defesas do ex-presidente e dos demais acusados, além da manifestação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, favorável à condenação de todos os réus.
A partir de hoje, foi iniciada a votação que resultará na condenação ou absolvição dos réus. Depois de Moraes, deve votar o ministro Flávio Dino, ainda na tarde desta terça. Também foram reservadas diversas sessões dos dias 10, 11 e 12 de setembro para finalização do julgamento.
Até a próxima sexta-feira (12), devem votar ainda, nessa ordem, os ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma e responsável por conduzir os trabalhos.
Todos os réus respondem pelos crimes de:
A exceção é o caso do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem que, atualmente, é deputado federal. Ele foi beneficiado com a suspensão de parte das acusações e responde somente a três dos cinco crimes. A regra está prevista na Constituição.
A suspensão vale para os crimes de dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado, relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro.
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Na pauta liberada no início da tarde de hoje, está prevista a análise e votação da Medida Provisória (MP) 1.300 de 2025, que cria a nova tarifa social para energia elétrica, com gratuidade para as famílias inscritas no CadÚnico que consumam, por mês, até 80 quilowatts-hora (kWn).
Por outro lado, não entrou na pauta de votação o projeto de lei (PL) que isenta do Imposto de Renda (IR) os trabalhadores que recebem até R$ 5 mil por mês e que aumenta a contribuição daqueles que recebem acima de R$ 50 mil por mês. A proposta é considerada prioritária pelo governo.
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A reunião de líderes ocorreu na residência oficial do presidente da Câmara, local onde os parlamentares entram e saem dentro de carros, impossibilitando a abordagem direta de jornalistas.
A única liderança que falou com a imprensa foi a deputada Talíria Petrone, líder do PSOL na Câmara, que destacou que Motta decidiu por uma pauta consensual no contexto do julgamento da trama golpista no STF.
"Ele [Motta] apenas reforçou que essa é uma semana de pautas consensuais. Entendo que isso é um respeito a um momento histórico que nós estamos vivendo, com o julgamento que está em curso no Supremo nesse momento", disse a liderança.
Ainda segundo Talíria, o Partido Liberal (PL) voltou a defender como prioridade o projeto de lei que concede anistia aos condenados pelo STF por tentativa de golpe de Estado. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), saiu da reunião sem falar com a imprensa.
A oposição tem insistido em um projeto que dê perdão ao ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de liderar um movimento golpista para anular o pleito presidencial de 2022 para se perpetuar no poder. O ex-presidente nega as acusações.
A deputada Talíria defendeu que anistiar acusados por crime contra a democracia seria um ataque do próprio Parlamento à democracia.
"Pela primeira vez, um ex-presidente e a cúpula das Forças Armadas, acusados de dar um golpe de Estado no Brasil, de criar um Estado de exceção, estão sentados no banco dos réus. Se avançasse, neste momento, a ajuda da anistia, isso acirraria uma crise institucional entre Executivo, Legislativo e Judiciário, e isso também seria um ataque à democracia feito pelo próprio Parlamento", afirmou Talíria.
Ainda estão na pauta da Câmara dos Deputados nove pedidos de urgência para projetos de lei, entre eles, o PL 3050 de 2020, que cria regras para “herança digital”, disciplinando a sucessão de contas na internet de quem faleceu.
Também há pedidos de urgência para PLs sobre segurança pública; sobre Política Nacional de Minerais Críticos; sobre destinação de imóveis de origem ilícita para fins sociais e esportivos; sobre conservação do bioma Pantanal, sobre direitos das pessoas com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), entre outros.
Além dos pedidos de urgência e da MP 1.300, o plenário da Câmara pautou o PL 2.205/2022, que regulamenta a alimentação escolar; o PL 7.323-A de 2014, que cria o crime do exercício ilegal da profissão de médico veterinário; o PL 2.874 de 2019, que cria o Selo Doador de Alimentos; o PL 1.312/2025, que autoriza a criação da Fundação Caixa, entre outros.
Da Agência Brasil
O ministro Alexandre de Moraes elencou nesta terça-feira (9), durante a leitura do seu voto, 13 atos executórios que comprovam a existência da organização criminosa golpista e sua ação coordenada e planejada para tentar reverter os resultados das eleições, mantendo o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder. Relator da ação, Moraes é o primeiro a votar hoje.
Saiba quais os atos executórios que embasam o voto de Moraes:
Nesta terça-feira, a Primeira Turma retomou o julgamento que pode condenar Bolsonaro e mais sete aliados por uma trama golpista que teria atuado para reverter o resultado das eleições de 2022.
O grupo faz parte do núcleo crucial da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), formado pelas principais cabeças do complô. Até a próxima sexta-feira (12), devem votar, nesse ordem: o relator, ministro Alexandre de Moraes (relator), e os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente do colegiado e que preside a sessão.
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Relator diz que argumentos de advogados beiram a litigância de má-fé
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira (9) por manter a validade da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que deu detalhes sobre uma trama golpista que teria atuado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder mesmo após a derrota eleitoral em 2022.
Relator do caso e primeiro a votar no julgamento, Moraes afirmou não serem verdadeiras as alegações das defesas dos outros sete réus de que Cid deu quase uma dezena de versões para os fatos investigados.
Ele disse que os argumentos de alguns advogados “beiram a litigância de má-fé”, por sugerirem que os diversos depoimentos dados pelo delator tratavam sempre de mudanças de versões sobre os fatos investigados. Moraes afirmou que foram diversos depoimentos para diferentes fatos e destacou que as falas não se sobrepõem.
“Não há nem oito, nem nove, nem 14 delações. Beira a litigância de má-fé, que foram oito depoimentos sobre fatos diversos numa mesma delação”, resumiu o ministro.
Ele reconheceu a existência de omissão nos depoimentos, que foi sanada por Cid após audiência com o relator.
“Ainda que tal omissão – a respeito da entrega de dinheiro vivo para financiar operação do golpe – tenha ocorrido, esta e outras eventuais omissões não teriam o efeito de anular toda a colaboração premiada, o que pode acarretar é diminuição ou afastamento de benefícios”, disse Moraes.
Na semana passada, em suas sustentações, os advogados de sete réus pediram a nulidade da delação de Cid, que foi chamado de “mentiroso” e “irresponsável”. Segundo o advogado José Luiz Mendes de Oliveira Lima, o tenente-coronel deu “15 versões diferentes” para os fatos investigados.
Julgamento
Nesta terça-feira (9), a Primeira Turma retoma o julgamento que pode condenar Bolsonaro e mais sete aliados por uma trama golpista que teria atuado para reverter o resultado das eleições de 2022.
O grupo faz parte do núcleo crucial da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), formado pelas principais cabeças da trama.
O julgamento começou na semana passada, quando foram ouvidas as sustentações das defesas do ex-presidente e demais acusados, além da manifestação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, favorável à condenação de todos os réus.
A partir de hoje, começa a votação que resultará na condenação ou absolvição dos réus. Também foram reservadas as sessões dos dias 10, 11 e 12 de setembro para finalização do julgamento.
Até sexta-feira (12), devem votar, nessa ordem: o relator, ministro Alexandre de Moraes, e os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente do colegiado e que preside a sessão.
Quem são os réus
Crimes
Todos os réus respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
A exceção é o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem que, atualmente, é deputado federal. Ele foi beneficiado com a suspensão de parte das acusações e responde somente a três dos cinco crimes. A regra está prevista na Constituição.
A suspensão vale para os crimes de dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado, relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 09/09/2025
Por Felipe Pontes e Paula Laboissière – Repórteres da Agência Brasil – Brasília
Edição: Graça Adjuto
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Em domiciliar ele já está, mas, se condenado, só seria levado a uma cela após o trânsito em julgado da sentença
A resposta ao título é: sim. Na verdade, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já está em prisão domiciliar, após ter descumprido medidas cautelares impostas pelo ministro relator da ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado no Brasil, Alexandre de Moraes, como a proibição de usar as redes sociais.
O jurista Ney Strozake afirma que outra hipótese para uma prisão preventiva seria o risco de fuga. “Se ele [Bolsonaro] fugir ou fizer atos que demonstram claramente que vai fugir, o que pode acontecer é a PGR pedir a prisão preventiva e o Alexandre Moraes decretar a prisão preventiva. Mas [apenas] porque ele está se preparando ou porque fugiu, que é o caso da [Carla] Zambelli. Ela já está lá no exterior e avisou que fugiu. Aí foi decretada a prisão preventiva dela. No caso do Bolsonaro também pode acontecer isso”, esclareceu o jurista.
No entanto, essas são medidas preventivas, que visam sobretudo o bom andamento do processo e dificilmente seriam tomadas às vésperas de uma sentença. A prisão definitiva, em cumprimento de uma eventual pena estabelecida pela Primeira Turma do STF, ainda vai levar um pouco mais de tempo, e isso depende de como os cinco ministros irão votar.
Possibilidades de recursos
Caso haja ao menos duas divergências entre os ministros relacionadas ao mérito da ação, ou seja, sobre condenação ou absolvição dos réus, as defesas poderão entrar com recursos para levar o caso a plenário, os chamados embargos infringentes. O prazo para que as defesas os interponham é de dez dias e não há prazo para que o tribunal decida sobre a aceitação ou não.
Não havendo esse número mínimo de divergências quanto ao mérito, as defesas ficarão limitadas a apenas uma possibilidade de recurso: os chamados embargos de declaração. Nesse caso, não há possibilidade de modificar a decisão da maioria, mas os advogados poderão contestar ou mesmo solicitar esclarecimento a respeito de alguma medida imposta na pena, ou solicitar, por exemplo, uma progressão imediata para regime domiciliar, por motivos de saúde. Para esse tipo de recurso, o prazo para interposição das defesas é de cinco dias após a sentença e o juiz do caso tem o mesmo tempo para julgá-los.
Cadeia mesmo, só depois do trânsito em julgado
De acordo com entendimento firmado pelo STF, os condenados só iniciarão o cumprimento da pena após ocorrer o chamado o trânsito em julgado, ou seja: quando não há mais possibilidades de recursos.
O ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus são apontados pela Procuradoria Geral da República (PGR) como o “núcleo crucial” da trama golpista. Eles são acusados dos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
Somadas, as penas relacionadas aos crimes apontados pela Procuradoria-Geral da República podem chegar a 43 anos de prisão, considerando as penalidades máximas para cada crime e a possibilidade de agravantes.
Além do ex-presidente, estão sendo julgados nesta semana outros sete homens, todos aliados próximos no período de governo. São eles:
Entre os oito réus, Ramagem é o único que responde por três crimes, e não cinco, já que teve suspensas as acusações de dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado (relativas ao 8 de janeiro), já que ele já era deputado diplomado à época, e, portanto, tinha imunidade parlamentar.
À exceção do delator Mauro Cid, que é réu confesso, os demais alegam inocência.
Publicado originalmente pelo Brasil de Fato em 08/09/2025
Edição: Felipe Mendes
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O subsecretário de Diplomacia Pública dos Estados Unidos, Darren Beattie, declarou nesta segunda-feira (8) que a Casa Branca, sob a liderança de Donald Trump, seguirá adotando medidas contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), já alvo de sanções impostas pela Lei Magnitsky. A manifestação de Beattie, assessor ligado ao secretário de Estado Marco Rubio, ocorreu um dia após os atos promovidos por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) no feriado da Independência do Brasil.
Em mensagem publicada na rede social X, Beattie afirmou que a celebração do 203º aniversário da independência brasileira simboliza o compromisso norte-americano em apoiar aqueles que lutam pela preservação da liberdade e da justiça. Segundo ele, os abusos atribuídos a Moraes teriam comprometido princípios democráticos fundamentais, justificando a continuidade das ações de Washington.
No domingo (7), militantes pró-Bolsonaro saíram às ruas em diferentes capitais, exibindo bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos, além de faixas pedindo a destituição de Moraes e anistia para o ex-presidente. Bolsonaro encontra-se em prisão domiciliar desde 4 de agosto, respondendo no STF por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. O processo que pode levá-lo a uma condenação de até 43 anos.
As mobilizações oposicionistas também buscam pressionar o governo americano a endurecer as sanções contra Moraes. Em 30 de julho, Washington aplicou a Lei Magnitsky ao magistrado, instrumento legal usado para punir autoridades estrangeiras acusadas de violações de direitos humanos.
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Para o parlamentar, governador paulista incitou desobediência à corte
O deputado Rui Falcão (PT-SP) pediu nesta segunda-feira (8) ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a abertura de inquérito contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, pelos crimes de coação no curso do processo, incitação ao crime e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
A representação foi protocolada após as declarações do governador durante os atos realizados neste domingo (7), em defesa de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro. No discurso proferido ontem, Tarcísio disse que “ninguém aguenta mais a tirania de Moraes” e que “não vai aceitar que nenhum ditador diga o que a gente tem o que fazer”.
O pedido foi encaminhado a Moraes, porque o ministro exerce a relatoria do processo sobre a trama golpista. O ministro poderá arquivar o pedido ou enviá-lo à Procuradoria-Geral da República (PGR).
Entre os argumentos apresentados, o deputado disse que as declarações do governador pretendem incentivar a desobediência às decisões do STF e intimidar os ministros em meio ao julgamento sobre a trama golpista.
“As falas ocorreram durante ato político em defesa da anistia para Jair Bolsonaro e seus aliados, acusados de tentativa de golpe de Estado e outros crimes. Assim, a declaração de Tarcísio não é isolada, mas parte de uma estratégia de deslegitimação do Judiciário e de preparação para a impunidade via anistia, o que reforça o aparente caráter ilícito da manifestação”, diz o deputado.
O parlamentar também acrescentou que o discurso não pode ser entendido como liberdade de expressão.
“O uso da palavra ditador para qualificar um ministro do STF não é crítica dura ou retórica política: é agressão institucional, que procura deslegitimar decisões judiciais e instigar a percepção de que devam ser descumpridas. É gravíssimo que tal declaração parta de quem detém responsabilidade de governar o maior Estado da federação”, completou.
Outro lado
A Agência Brasil entrou em contato com a assessoria do governador e aguarda retorno. O espaço está aberto para manifestação.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 08/09/2025
Por André Richter – repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Vinicius Lisboa
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou nesta segunda-feira (8) que o julgamento que envolve Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus da trama golpista é um processo jurídico que não sofre qualquer pressão política.
Barroso declarou que o STF está seguindo todos os processos legais previstos na Constituição e relembrou que seu caráter é não político: “Não gosto de ser comentarista do fato político do dia e estou aguardando o julgamento para me pronunciar em nome do Supremo Tribunal Federal. A hora para fazê-lo é após o exame da acusação, da defesa e apresentação das provas, para se saber quem é inocente e quem é culpado. Processo penal é prova, não disputa política ou ideológica.”
O ministro também fez uma comparação com o regime da ditadura militar, afirmando as diferenças entre um devido processo legal e o autoritarismo: “Tendo vivido e combatido a ditadura, nela é que não havia devido processo legal público e transparente, acompanhado pela imprensa e pela sociedade em geral. Era um mundo de sombras. Hoje, tudo tem sido feito à luz do dia. O julgamento é um reflexo da realidade. Na vida, não adianta querer quebrar o espelho por não gostar da imagem.”
Barroso não faz parte da Primeira Turma do STF, responsável por julgar os oito réus e definir se eles são culpados ou inocentes pela tentativa de golpe que tentou derrubar a democracia brasileira. As próximas sessões estão previstas para quarta (10), quinta (11) e sexta (12).
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Da Agência Brasil
O ex-presidente Jair Bolsonaro pediu autorização ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para realização de um procedimento médico no próximo domingo (14), no Hospital DF Star, em Brasília.
No pedido encaminhado ao Supremo na manhã de hoje, Bolsonaro, que está em prisão domiciliar, anexou relatório médico que prescreve um procedimento na pele, com alta no mesmo dia.
No dia 4 de agosto, Moraes decretou a prisão domiciliar do ex-presidente e restringiu a realização de visitas na casa de Bolsonaro, que também é monitorado por tornozeleira eletrônica.
A prisão foi decretada após o ministro entender que Bolsonaro usou redes sociais dos filhos para burlar a proibição de usar as redes sociais, inclusive por intermédio de terceiros.
As medidas cautelares foram determinadas no inquérito no qual o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, é investigado pela atuação junto ao governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para promover medidas de retaliação contra o governo brasileiro e ministros do Supremo.
Em março deste ano, Eduardo pediu licença do mandato parlamentar e foi morar nos Estados Unidos, sob a alegação de perseguição política.
Nesse processo, o ex-presidente é investigado por mandar recursos, via pix, para bancar a estadia de seu filho no exterior.
Bolsonaro também é réu na ação penal da trama golpista no Supremo, cujo julgamento deve ser finalizado na sexta-feira (12).
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Viralatismo
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O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), reagiu neste domingo (7) às declarações do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que criticou a Corte na manifestação bolsonarista que clamou pela anistia dos condenados pelo 8 de janeiro.
Tarcísio afirmou, em um discurso na Avenida Paulista, que “ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como [Alexandre de] Moraes”. Pelas redes sociais, Gilmar Mendes alegou que “o que o Brasil realmente não aguenta mais são as sucessivas tentativas de golpe que, ao longo de sua história, ameaçaram a democracia e a liberdade do povo”. Segundo o magistrado, o Supremo “cumpre seu papel de guardião da Constituição e do Estado de Direito, impedindo retrocessos e preservando as garantias fundamentais”.
Sem citar o governador de São Paulo, Gilmar Mendes reiterou que “a verdadeira liberdade não nasce de ataques às instituições, mas do seu fortalecimento”. “Se quisermos falar sobre os perigos do autoritarismo, basta recordar o passado recente de nosso país: milhares de mortos em uma pandemia, vacinas deliberadamente negligenciadas por autoridades, ameaças ao sistema eleitoral e à separação de Poderes, acampamentos diante de quartéis pedindo intervenção militar, tentativa de golpe de Estado com violência e destruição do patrimônio público, além de planos de assassinato contra autoridades da República”, escreveu o ministro.
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Sem citar nomes, o ministro do STF rebateu críticas à atuação da Corte
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), usou suas redes sociais para rebater as recorrentes críticas ao Poder Judiciário brasileiro. Em uma postagem publicada no início da noite na rede X, Mendes defendeu a atuação da Corte, afirmando que o STF atua como guardião da Constituição e do Estado de Direito, impedindo retrocessos e preservando garantias fundamentais.
“No Dia da Independência, é oportuno reiterar que a verdadeira liberdade não nasce de ataques às instituições, mas do seu fortalecimento”, escreveu Mendes, poucas horas após atos organizados por políticos de direita e grupos religiosos terem reunido milhares de manifestantes a favor da anistia do ex-presidente da República Jair Bolsonaro e de réus condenados pelos atos do 8 de Janeiro e do impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
“Não há, no Brasil, ‘ditadura da toga’, tampouco ministros agindo como tiranos”, afirmou Mendes
Segundo ele, os ministros da Corte vêm atuando de forma a preservar as chamadas garantias fundamentais – ou seja, os direitos e proteções asseguradas na Constituição Federal a todos os cidadãos brasileiros.
Sem mencionar nomes, Mendes teceu críticas alusivas à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, lembrando das recorrentes críticas do ex-presidente e de seus apoiadores ao sistema eleitoral brasileiro e a gestão da pandemia da covid-19 pelo governo Bolsonaro, entre outros episódios.
“Se quisermos falar sobre os perigos do autoritarismo, basta recordar o passado recente de nosso país: milhares de mortos em uma pandemia; vacinas deliberadamente negligenciadas por autoridades; ameaças ao sistema eleitoral e à separação de Poderes; acampamentos diante de quartéis pedindo intervenção militar, tentativa de golpe de Estado com violência e destruição do patrimônio público, além de planos de assassinato contra autoridades da República”, comentou o ministro.
Mais cedo, em evento na Avenida Paulista, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, classificou a atuação do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal sobre tentativa de golpe de Estado, como “tirania”. “Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes. Ninguém aguenta mais o que tá acontecendo nesse país ” Tarcísio, durante o ato na Paulista.
“O que o Brasil realmente não aguenta mais são as sucessivas tentativas de golpe que, ao longo de sua história, ameaçaram a democracia e a liberdade do povo. É fundamental que se reafirme: crimes contra o Estado Democrático de Direito são insuscetíveis de perdão! Cabe às instituições puni-los com rigor e garantir que jamais se repitam”, concluiu o ministro Gilmar Mendes.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 07/09/2025
Por Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Sabrina Craide
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Votos começarão na sessão de terça-feira (9); confira ordem
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retoma na terça-feira (9) o julgamento do núcleo 1 da trama golpista, formado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados.
O julgamento começou na semana passada, quando foram ouvidas as sustentações das defesas do ex-presidente e dos demais acusados, além da manifestação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, favorável à condenação de todos os réus.
Nesta semana, o colegiado vai iniciar a votação que pode condenar Bolsonaro e os outros réus a mais de 30 anos de prisão.
Foram reservadas as sessões dos dias 9,10,11 e 12 de setembro para finalização do julgamento.
Pesam contra os acusados a suposta participação na elaboração do plano “Punhal Verde e Amarelo”, com planejamento voltado ao sequestro e assassinato do ministro Alexandre de Moraes, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente, Geraldo Alckmin.
Também consta na denúncia da PGR a produção da chamada “minuta do golpe”, documento que seria de conhecimento de Jair Bolsonaro e serviria para a decretação de medidas de estado de defesa e de sítio no país para tentar reverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse de Lula. A denúncia também cita o suposto envolvimento dos acusados com os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023
Quem são os réus?
Próximos passos
Na terça-feira (9), às 9h, a sessão será aberta pelo presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin. Em seguida, será passada a palavra ao relator, ministro Alexandre de Moraes, que será o primeiro a votar.
Em sua manifestação, Moraes vai analisar questões preliminares suscitadas pelas defesas de Bolsonaro e dos demais acusados, como pedidos de nulidade da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e um dos réus, alegações de cerceamento de defesa, pedidos para retirar o caso do STF, além das solicitações de absolvição.
Moraes poderá solicitar que a turma delibere imediatamente sobre as questões preliminares ou deixar a análise desses quesitos para votação conjunta com o mérito. Após a abordagem das questões preliminares, Moraes se pronunciará sobre o mérito do processo, ou seja, se condena ou absolve os acusados e qual o tempo de cumprimento de pena.
Sequência de votação
Após o voto do relator, os demais integrantes da turma vão proferir seus votos na seguinte sequência:
A maioria de votos pela condenação ou absolvição ocorrerá com três dos cinco votos do colegiado.
Prisão
A eventual prisão dos réus que forem condenados não vai ocorrer de forma automática após o julgamento e só poderá ser efetivada o após a análise dos recursos contra a condenação.
Recursos
Em caso de condenação com um voto a favor da absolvição, Bolsonaro e os demais réus terão direito a mais um recurso para evitar a prisão, a ser analisado também pela Primeira Turma. A condição pode ser obtida com placar de 4 votos a 1, por exemplo.
Com a publicação do acórdão com o eventual placar desfavorável, as defesas poderão apresentar os chamados embargos de declaração, recurso que tem objetivo de esclarecer omissões e contradições no texto final do julgamento. Em geral, esse tipo de recurso não tem poder para rever o resultado do julgamento e costuma ser rejeitado.
Para conseguir que o caso seja julgado novamente e levado a plenário, os acusados precisam obter pelo menos dois votos pela absolvição, ou seja, placar mínimo de 3 votos a 2.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 08/09/2025
Por André Richter – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Amanda Cieglinski
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“No Dia da Independência, é oportuno reiterar que a verdadeira liberdade não nasce de ataques às instituições, mas do seu fortalecimento”, escreveu Mendes, poucas horas após atos organizados por políticos de direita e grupos religiosos terem reunido milhares de manifestantes a favor da anistia do ex-presidente da República Jair Bolsonaro e de réus condenados pelos atos do 8 de Janeiro e do impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
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Segundo ele, os ministros da Corte vêm atuando de forma a preservar as chamadas garantias fundamentais – ou seja, os direitos e proteções asseguradas na Constituição Federal a todos os cidadãos brasileiros.
Sem mencionar nomes, Mendes teceu críticas alusivas à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, lembrando das recorrentes críticas do ex-presidente e de seus apoiadores ao sistema eleitoral brasileiro e a gestão da pandemia da covid-19 pelo governo Bolsonaro, entre outros episódios.
“Se quisermos falar sobre os perigos do autoritarismo, basta recordar o passado recente de nosso país: milhares de mortos em uma pandemia; vacinas deliberadamente negligenciadas por autoridades; ameaças ao sistema eleitoral e à separação de Poderes; acampamentos diante de quartéis pedindo intervenção militar, tentativa de golpe de Estado com violência e destruição do patrimônio público, além de planos de assassinato contra autoridades da República”, comentou o ministro.
Mais cedo, em evento na Avenida Paulista, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, classificou a atuação do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal sobre tentativa de golpe de Estado, como "tirania". "Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes. Ninguém aguenta mais o que tá acontecendo nesse país " Tarcísio, durante o ato na Paulista.
“O que o Brasil realmente não aguenta mais são as sucessivas tentativas de golpe que, ao longo de sua história, ameaçaram a democracia e a liberdade do povo. É fundamental que se reafirme: crimes contra o Estado Democrático de Direito são insuscetíveis de perdão! Cabe às instituições puni-los com rigor e garantir que jamais se repitam”, concluiu o ministro Gilmar Mendes.
Da Agência Brasil
O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou uma sessão extra da Primeira Turma da Corte para o julgamento do núcleo 1 da trama golpista, formado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados, na próxima quinta-feira (11).
A decisão de Zanin, que é presidente do colegiado, foi tomada após o relator da ação penal, Alexandre de Moraes, solicitar o agendamento de mais uma sessão para julgamento do caso. Já estavam agendadas sessões para os dias 9, 10 e 12 de setembro.
O julgamento começou nesta semana, quando foram ouvidas as sustentaçõaes das defesas do ex-presidente e dos demais acusados, além da manifestação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, favorável à condenação de todos os réus.
A partir de terça-feira (9), colegiado vai iniciar a votação que pode condenar Bolsonaro e os demais acusados a mais de 30 anos de prisão.
Com a decisão de Zanin, o julgamento terá mais quatro dias. Em três deles, serão realizadas sessões pela manhã e à tarde. Para viabilizar a sessão dupla na próxima quinta-feira, o STF cancelou a sessão do plenário que seria realizada às 14h.
Dia 9 – às 9h e às 14h;
Dia 10 – às 9h;
Dia 11 – às 9h e às 14h;
Dia 12 – às 9h e às14h;
Pesam contra os acusados a suposta participação na elaboração do plano Punhal Verde e Amarelo, com planejamento voltado ao sequestro ou homicídio do ministro Alexandre de Moraes, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente, Geraldo Alckmin.
Também consta na denúncia da PGR a produção da chamada “minuta do golpe”, documento que seria de conhecimento de Jair Bolsonaro e serviria para a decretação de medidas de estado de defesa e de sítio no país para tentar reverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse do presidente Lula.
A denúncia também cita o suposto envolvimento dos acusados com os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Os acusados respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. Em caso de condenação, as penas podem chegar a 30 anos de prisão.
A exceção é o caso do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, que, atualmente, é deputado federal. Ele foi beneficiado com a suspensão de parte das acusações e responde somente a três dos cinco crimes. A regra está prevista na Constituição.
A suspensão vale para os crimes de dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado, relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro.
Jair Bolsonaro – ex-presidente da República;
Alexandre Ramagem – ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
Almir Garnier- ex-comandante da Marinha;
Anderson Torres – ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
Augusto Heleno – ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa;
Walter Braga Netto – ex-ministro de Bolsonaro e candidato à vice na chapa de 2022;
Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
O post STF terá sessão extra para julgamento de Bolsonaro apareceu primeiro em Sul 21.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu nesta sexta-feira (5) ao presidente da Primeira Turma da Corte, Cristiano Zanin, mais um dia de julgamento para o núcleo crucial da trama golpista.
Moraes pediu o agendamento de uma sessão na quinta-feira (11), que pode ocorrer durante o período da manhã e da tarde. Originalmente, as sessões previstas eram na terça-feira (9), na quarta-feira (10) e na sexta-feira (12).
“Solicito ao Excelentíssimo Presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin, o agendamento de novas sessões complementares para a realização do julgamento, a serem realizadas na quinta-feira, dia 11/9/2025”, diz o pedido de Moraes.
O Supremo está julgando o ex-presidente Jair Bolsonaro e ex-integrantes de seu governo, entre eles Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, que chefiou o Gabinete de Segurança Institucional; Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e Braga Netto, que ocupou a Casa Civil durante a gestão Bolsonaro.
Eles respondem pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
O post Moraes pede um dia a mais de julgamento do núcleo central da trama golpista apareceu primeiro em O Cafezinho.
Golpe nunca mais
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Golpismo não para
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Luiz Marques (*)
A política tem duas dimensões, o real e o possível. Os putschistas do 8 de janeiro de 2023, tomados isoladamente, são personagens medíocres com mentalidade de milicianos. Impressiona a limitação cognitiva do generalato brasileiro; do capitão-presidente nem carece dizer. O raciocínio binário sobre os problemas do país e a solução aventada aos moldes de uma máfia, ao planejar assassinatos para burlar a vontade popular nas urnas, demonstra o quanto nossas instituições pátrias distam das necessidades da nação no contexto de crise do imperialismo e da multipolaridade, em gestação.
Os diálogos divulgados nas redes sociais entre empresários (empreiteiros, proprietários de shopping centers, mega varejistas, exportadores de commodities), todos ressentidos com a vitória do estadista admirado pelo mundo, mas execrado na casa grande, revelam que a inteligência do golpe ainda não apareceu. Ela está concentrada no capital financeiro e no capital-nuvem do Vale do Silício. Parte das classes dominantes e da armada brancaleone assume a função da infantaria, no combate corpo a corpo, para a formação de um bloco contrarrevolucionário ao qual soma-se a mídia corporativa.
Esse é o real. O possível esteve no ataque ao Estado de direito democrático para implantar o regime de exceção, fazendo eco do rumor de botas em priscas eras. Para além da psicologia dos indivíduos envolvidos, existe um programa político que associa o neoliberalismo ao neoconservadorismo e ao neofascismo para: (i) assegurar a superexploração dos trabalhadores; (ii) desmontar os direitos adquiridos do trabalho; (iii) aprofundar a desindustrialização e as privatizações; (iv) transformar o país em um “fazendão” para o agronegócio e a especulação financeira; (v) submeter o aparelho estatal às Big Techs sem uma regulamentação; (vi) apropriar-se das “terras raras” com minerais essenciais para a tecnologia mais sofisticada. Tal é a agenda para solapar a soberania do Brasil.
Essa agenda só pôde vir à tona pelo enfraquecimento, cada vez maior, da participação social sobre a decisão de questões importantes no domínio político, econômico e cultural. A elite retirou do povo a maioridade para deliberar de forma organizada sobre temas fundamentais – terceirização, jornada de trabalho, medidas de controle ambiental, aplicação dos recursos públicos, acesso aos equipamentos públicos. Ajustes fiscais para aplicar a austeridade reduzem as diferenças ideológicas e queimam a energia da esquerda, pois a representação é incapaz de construir o projeto humanista de sociedade.
Os grupos hegemônicos desdenham o meio ambiente natural e o meio social, levam a termo o valor supremo moderno que, nem sublime e nem moral, é o verdadeiro estímulo do indivíduo burguês – o egoísmo. Um valor que, transformado em indiferença pela sorte do planeta e da humanidade, gera a alienação de bilionários que, em plena pandemia, se divertiam na estratosfera fora da gravidade.
Correlação atual de forças
As pessoas não contam na lógica de acumulação do capital, exceto como unidades econômicas para fornecer dados e informações que recrudescem a dinâmica de dominação. A concentração de poder faz dos cidadãos meros espectadores de seu destino. A força da palavra liberdade, independente do uso manipulado pela extrema direita, traduz a repressão à ideia de um autogoverno. As engrenagens sistêmicas possuem vida própria. Os indivíduos desejam opinar em tudo, na exata proporção em que suas opiniões ocas não influem em nada sobre os verdadeiros donos do poder contemporaneamente.
Segundo Lucien Goldmann, em Epistemologia e filosofia política, “existe um risco de a evolução tecnocrática ser tal que o homem se torne um executante, que a liberdade diminua ao ponto de desaparecer, salvo para uma pequena camada entre cujas mãos se concentrarão as decisões”. Daí o sentido operatório (processual) estar a cargo da tecnocracia no mosaico da opressão. A autogestão é a esperança de uma distribuição de responsabilidades à população, no âmbito da superestrutura.
O Supremo Tribunal Federal privilegiou o critério da responsabilização dos agentes do Estado no julgamento, em curso. Os operadores econômicos, manifestos ou latentes, do putsch frustrado foram poupados de um escrutínio no banco dos réus com a justiça. Condená-los publicamente colocaria em xeque o status quo e os artifícios capitalistas – legais ou ilegais – para subjugar os trabalhadores. Coisa que apenas uma revolução reuniria condições políticas para fazê-lo de um modo radical. Não é o caso. O momento é de fortalecimento das instituições, movimentos e reorganização do trabalho.
A correlação conjuntural de forças explica a opção. A iniciativa de setores ultradireitistas e legendas do Centrão, na Câmara Federal, para formular a “lei de anistia” reconhecidamente inconstitucional enquanto a Corte Suprema julga os que atentaram contra a ordem, sinaliza uma desautorização que desafia o procedimento judicial do STF. Antes se questionava o resultado das eleições; por ora, os rebeldes a favor das desigualdades antirrepublicanas negam aos ministros da instância máxima a competência para sentenciar os mentores visíveis do terrorismo, na Praça dos Três Poderes.
A insubordinação ao ordenamento da Constituição de 1988 condensa diferentes fatores individuais, históricos, políticos, ideológicos e até sociais. As criaturas do obscurantismo, saídas do esgoto da incivilidade, pegaram gosto pelo comportamento de turba contrariamente ao decoro parlamentar de antanho. O confronto que dá vazão a uma racionalidade tribal espetaculosa, para mobilizar o séquito de seguidores com vistas às manifestações do 7 de setembro, visa não permitir que a condenação do líder desmobilize as massas de manobra. Revigora a estapafúrdia “narrativa alternativa aos fatos”. Sem um gesto altivo do covarde inelegível (“Desculpa!”), os deputados travestem-se de Quixotes.
Hoje o possível para os extremistas de direita reside em manter holofotes acesos para exprimir um tragicômico jus sperniandis. A luta toma o rumo das ruas. As redes digitais da reação já murcham. À democracia resta vencer as desinformações, tirar as drummondianas pedras de atraso do caminho.
Brasil soberano, sem anistia
Ao reverso, o Fórum das Centrais, a Frente Brasil Popular, o Grito dos Excluídos e Excluídas e o Povo Sem Medo convocam a militância para o ato na data cívica de Independência Nacional sob o lema: “Quem manda no Brasil é o Povo Brasileiro – Sem Anistia”. Alto e bom som, “Pelo Brasil soberano, com direitos e sem golpistas! Trump, tire suas garras do Brasil! Bolsonaro e seus generais golpistas na cadeia! O Brasil é nosso! Donald Trump, Bolsonaro e seus cúmplices querem meter as garras no nosso país, entregar nossas riquezas aos EUA e calar a voz do povo. Não vão conseguir”. A convocatória é em si um desagravo e um sinal para que domingo seja um dia abençoado pela luta.
(*) Docente de Ciência Política da UFRGS; ex-Secretário de Estado da Cultura no Rio Grande do Sul
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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.
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Jorge Folena indica caráter educativo do processo e critica ofensiva da oposição por anistia no Congresso
O advogado e cientista político Jorge Folena avalia que os dois primeiros dias de julgamento do núcleo central da tentativa de golpe de 8 de janeiro expõem o papel direto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na trama. Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, ele afirma que o esforço das defesas em desvincular seus clientes de Bolsonaro acabou reforçando a percepção de que o ex-presidente, em prisão domiciliar, é visto como o chefe da organização criminosa.
“Nessa última fase da defesa, a maior parte [dos réus], quase todos eles, procuraram se desgarrar de Bolsonaro, deixar Bolsonaro numa situação como o principal agente. Isso ficou em aberto porque, de certa forma, ninguém queria ficar vinculado ao chefe da organização criminosa. Fica muito claro no dia de hoje, em particular, com as defesas dos [ex-ministros] general [Augusto] Heleno e do general Paulo Sérgio [Nogueira]. Isso ficou bem destacado”, avalia.
Outro ponto observado por Folena entre terça-feira (2) e quarta (3) foi o fato que que, “de uma maneira em geral, tirando o doutor Demóstenes Torres, que é o advogado do almirante Almir Garnier [ex-comandante da Marinha], todos os demais, de certa forma, reconhecem o que aconteceu no 8 de janeiro de 2023, ou seja, que houve uma tentativa de golpe contra as instituições brasileiras, um ataque à Constituição.”
Folena destaca ainda que os depoimentos prévios dos comandantes militares reforçam a gravidade das acusações. “Com relação a Bolsonaro em particular, independentemente da delação do [ex-ajudante de ordens] Mauro Cid, de qualquer delação, o depoimento deles confirmaram, na fase do inquérito, que, de fato, havia uma conspiração golpista”, analisa. Na visão dele, a situação, “especialmente de Bolsonaro, [do ex-ministro] Braga Netto, Garnier e Paulo Sérgio, está muito complicada”.
Justiça de transição
Para o cientista político, o processo tem caráter histórico e pedagógico. “Esse julgamento tem um efeito educativo para o país. Porque [após] 40 anos da redemocratização, de certa forma, nós estamos fazendo agora o que não foi feito em 1985, quando terminou a última ditadura militar no Brasil. Esse julgamento faz parte de uma justiça de transição”, caracteriza.
Segundo ele, o acompanhamento do julgamento, que está sendo transmitido ao vivo, na íntegra, pela sociedade é essencial para que a juventude compreenda a importância da democracia. “É uma grande oportunidade para a juventude ter consciência de como é bom viver numa democracia, como é bom respeitar os direitos humanos, como é bom respeitar os direitos da classe trabalhadora”, acrescenta.
Anistia é continuidade do 8 de janeiro
Enquanto o STF julga os réus acusados de articular o golpe, a oposição atua no Congresso para aprovar um projeto de anistia. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), anunciou nesta quarta que pretende apresentar um texto alternativo para flexibilizar a lei dos crimes contra o Estado Democrático de Direito, aprovada em 2021.
“Não é hora para se debater nenhuma flexibilização da lei dos crimes contra o Estado Democrático de Direito. Essa atitude, se de fato vier a se materializar, vai ser um desrespeito, a meu sentir, à Constituição Brasileira, ao Supremo Tribunal Federal e à sociedade brasileira como um todo”, critica Folena.
O advogado acredita que a articulação legislativa “é a prova de que a extrema direita ainda continua tramando ações golpistas no Brasil”. “Não podemos, como sociedade organizada, consentir que o parlamento brasileiro, seja a Câmara, seja o Senado, faça qualquer modificação da lei dos crimes contra o Estado Democrático de Direito durante o curso do processo, de um julgamento. Isso é casuísmo da pior espécie”, critica.
Publicado originalmente pelo Brasil de Fato em 03/09/2025
Por Adele Robichez, José Eduardo Bernardes e Larissa Bohrer – São Paulo (SP)
Edição: Maria Teresa Cruz
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Por Ludmila Pizarro | Edição: Bruno Fonseca
Da Agência Pública
A proposta de uma anistia “geral e irrestrita” aos acusados e condenados nos processos dos atos de 8 de janeiro e tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 não tem respaldo jurídico, segundo o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. “O Supremo já decidiu que não cabe indulto e nem anistia quando o crime é contra a democracia. Então, o Congresso não vai poder alterar o resultado do julgamento do Supremo”, afirma.
Kakay já defendeu dois presidentes (José Sarney e Itamar Franco), diversos governadores e líderes de partido, e defendeu 11 políticos e empresários em processos da Operação Lava Jato, incluindo o ex-ministro da Casa Civil do PT, José Dirceu. Coincidentemente, também advogou para Demóstenes Torres enquanto senador – hoje, Torres é advogado do almirante Almir Garnier Santos no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), em que Jair Bolsonaro também é réu.
Levantamento da Agência Lupa mostrou que ao menos 20 projetos de lei em tramitação na Câmara dos Deputados tratam da tentativa de golpe, sendo que nove buscam anistia aos acusados de participação.
Para o jurista, caso o Congresso aprove uma proposta de anistia, “seria uma inversão absoluta da independência dos poderes. Aí, sim, seria um golpe gravíssimo”, diz. Kakay ainda salienta que as “saídas políticas” em caso de condenação de Jair Bolsonaro e dos demais réus do processo que está em julgamento no STF – a anistia e o indulto – se aprovadas no Congresso, “o Supremo é obrigado a derrubar”, avalia.
Os parlamentares da oposição, no entanto, defenderam a proposta da anistia na manhã desta terça-feira, 2 de setembro, enquanto o julgamento de Jair Bolsonaro (PL), e dos outros sete réus do processo, corria tranquilamente na sede do STF. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), possível candidato à Presidência da República com apoio de Bolsonaro, esteve na Câmara dos Deputados em apoio à pauta da anistia. Com o mesmo intuito, os partidos União Brasil e PP anunciaram o desembarque do governo Lula. Ao menos os ministros Celso Sabino (Turismo) e André Fufuca (Esportes) devem deixar o governo até o fim do mês de setembro.
“Os golpistas não desistiram. Os golpistas continuam querendo dar o golpe. Você vê que o Eduardo Bolsonaro está fora do Brasil, por incrível que possa parecer, tramando contra o país em crime de lesa-pátria. Se fosse um americano que estivesse fazendo o que ele está fazendo nos Estados Unidos, ele pegaria a pena de morte”, analisa Kakay.
Leia os trechos mais importantes da entrevista com o advogado:
Agência Pública: Os parlamentares da oposição, inclusive o senador Flávio Bolsonaro, argumentam que o processo do STF é um processo “político”. Esse argumento faz sentido, juridicamente falando?
Kakay: O senador Flávio fala mais como filho do que com qualquer tipo de visão jurídica. O processo não tem absolutamente nada de político. Foi uma tentativa de golpe de Estado. Já foram julgadas 1,6 mil pessoas, e é bom lembrar que mais de 600 pessoas fizeram ação de não persecução criminal. Para fazer a ação, todos confessaram que participaram da tentativa de golpe. Todos.
Sem contar as outras confissões dos autos, do que existe nos autos. Por exemplo, as pessoas criticavam muito, diziam que era absurdo falar que existia aquele plano, o “Punhal Verde-Amarelo”, e de repente, aparece um general confessando.
Esse caso é um dos poucos onde a defesa vai ter muito trabalho, porque a maioria das provas, quase a maioria absoluta, é feita exatamente pelos réus. São confissões, são documentos. São gravações que eles fizeram. Então não tem absolutamente nada de político, [não] tem nenhum sentido essa afirmação.
Agência Pública: A independência dos poderes está em risco nesse momento? Ou o senhor vê apenas a oposição “fazendo barulho” para tentar “atrapalhar” o julgamento que corre no STF?
Kakay: Não, a independência dos poderes não está em risco. O risco [existe] porque os golpistas não desistiram. Os golpistas continuam querendo dar o golpe. Você vê que o Eduardo Bolsonaro está fora do Brasil, por incrível que possa parecer, tramando contra o país em crime de lesa-pátria. Se fosse um americano que estivesse fazendo o que ele está fazendo nos Estados Unidos, pegaria pena de morte.
Nós temos [que] terminar logo esse julgamento, condenar os golpistas e prender os golpistas. Dentro de um mês, o Bolsonaro vai estar na ‘Papuda’ [complexo penitenciário da Papuda]. Daí você arrefece muito os ânimos dos golpistas. Porque, na verdade, o que ainda existe, sem sombra de dúvida, é a tentativa de atrapalhar o julgamento do Supremo.
Eles acham que, através das sanções nos Estados Unidos, poderia ter alguma pressão. Ao contrário, se tivesse alguma pressão, seria para piorar a situação dos réus. Acho que o maior responsável, ou um dos maiores – o maior responsável é ele próprio, [Jair] Bolsonaro. Mas, outro responsável pela prisão de Bolsonaro, é o filho, Eduardo. E logo, logo, estará preso também, porque está cometendo e confessando os crimes.
Agência Pública: Existem caminhos jurídicos viáveis para o Congresso alterar o resultado do julgamento que está acontecendo no STF nesta terça-feira? E caminhos políticos?
Kakay: Não existe. Na verdade, o Supremo já decidiu que não cabe indulto e nem anistia quando o crime é contra a democracia. Então, o Congresso não vai poder alterar o resultado do julgamento do Supremo, porque se fizesse isso, seria uma inversão absoluta da independência dos poderes. Aí, sim, seria um golpe gravíssimo. E as saídas políticas, anistia e indulto, todos nós sabemos, não existe possibilidade de passar. Se passar, o Supremo é obrigado a derrubar.
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Da Agência Brasil
Nesta quarta-feira (3), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) dá continuidade ao julgamento que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados por uma trama golpista com o intento de reverter o resultado das eleições de 2022. A defesa de Bolsonaro argumenta que ele não contribuiu para uma possível tentativa de golpe, afirmando que “não há uma única prova” da participação do ex-presidente no processo que culminou no 8 de janeiro.
Para o advogado Celso Vilardi, Bolsonaro foi “dragado” para os fatos investigados pela Polícia Federal. “O ex-presidente não atentou contra o Estado Democrático de Direito”.
“Um processo com base em uma delação e em uma minuta encontrada em um celular de uma pessoa que hoje é colaboradora da Justiça. Esse é o epicentro, essa é a pedra de toque do processo. A minuta e a colaboração. Daí em diante, o que aconteceu com a investigação da Polícia Federal e, depois, com a denúncia do Ministério Público é, na verdade, uma sucessão inacreditável de fatos.”
“Foi achada uma minuta do Punhal Verde e Amarelo, uma minuta ou planilha de uma Operação Luneta e, como todos nós sabemos, ocorreu o trágico episódio de 8 de janeiro”, disse. “Não há uma única prova que atrele o presidente ao Punhal Verde e Amarelo, à Operação Luneta e ao 8 de janeiro. Aliás, nem o delator, que eu sustento que mentiu, chegou a dizer ‘participação em Punhal, em Luneta, em Copa, em 8 de janeiro’. Nem o delator. Não há uma única prova.”
Vilardi argumenta que o ex-ajudante de ordens e delator Mauro Cid não é “confiável” e mudou de versão diversas vezes em seus interrogatórios. Para ele, as contradições do tenente-coronel são motivos para anulação da colaboração premiada.
Segundo o advogado, a defesa recebeu 70 terabytes de material. “Quando estamos terminando a instrução, no dia 17 de maio, a gente recebe um e-mail dizendo que houve uma falha no arquivo do general Mário Fernandes. Um e-mail que recebi da Polícia Federal. Já tinha acabado a instrução. Às portas do interrogatório”.
“Não tivemos acesso a provas. E, muito menos, prazo suficiente”, reforçou Celso Vilardi. “Nós não tivemos o tempo que o Ministério Público e a Polícia Federal tiveram. E não nós tivemos acesso a provas durante a instrução.”
“Com 34 anos, é a primeira vez que venho à tribuna, com toda humildade, para dizer o seguinte: não conheço a íntegra desse processo. O conjunto da prova? Eu não conheço. São bilhões de documentos. Numa instrução de menos de 15 dias, seguida de interrogatório. A instrução começou em maio, nós estamos em setembro. 15 dias de prazo para a defesa.”
Após a sustentação de Vilardi, o advogado Paulo Cunha Bueno argumentou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) busca condenar Bolsonaro pela “tentativa da tentativa” de um golpe de Estado. Ele afirmou que, mesmo na hipótese de um golpe ter sido cogitado, não foi apresentado nenhum ato do presidente que tenha contribuído para um ruptura institucional.
Numa análise da descrição literal dos crimes contra o Estado de Direito na legislação, o advogado frisou que eles possuem uma redação restrita e específica, e não ampla. Essa foi uma opção do legislador para que esses crimes não sejam “usados como armas” em julgamento políticos.
Ele ressaltou que o crime de golpe de Estado coloca como condição o emprego de “violência e grave ameaça”, mas que, a seu ver, a PGR não apresentou nenhum ato de violência ou grave ameaça praticado por Bolsonaro, motivo pelo qual o ex-presidente não poderia ser enquadrado nesse crime.
“Não é possível acreditar que, em algum momento, haja um elemento que aponte ao presidente Jair Bolsonaro um ato violento ou de grave ameaça”, disse Bueno.
Ainda que Bolsonaro tenha discutido com o ministro da Defesa e os comandantes das Forças Armadas, por exemplo, a possível assinatura de uma minuta de decreto golpista, Bueno defendeu que essa cogitação, por si só, não seria crime. Isso porque, segundo ele, o legislador não criminalizou atos meramente preparatórios. “Os atos preparatórios só poderiam ser puníveis se o legislador assim o tivesse colocado”, disse.
Bueno insistiu a todo momento que, ao contrário das acusações da PGR, os atos e atitudes de Bolsonaro após a derrota eleitoral de 2022 foram todos no sentido de garantir uma transição de governo regular. Ele citou como prova dessa “transição regular”, o fato de Bolsonaro ter assinado antecipadamente, por exemplo, a nomeação de comandantes militares indicados pelo novo governo, devido à dificuldade de interlocução da equipe de transição com os ocupantes anteriores desses cargos.
Em fevereiro deste ano, a PGR denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que o ex-presidente e o general Braga Netto, ex-ministro e vice na chapa com Bolsonaro – derrotada nas eleições de 2022, exerceram papel de liderança para realização de uma “trama conspiratória armada e executada contra as instituições democráticas”.
Ontem (2), primeiro dia de julgamento no Supremo, Gonet destacou que testemunhos, registros e documentos provam que o ex-presidente liderou uma tentativa de golpe de Estado para se manter no poder.
“Não há como negar fatos praticados publicamente, planos apreendidos, diálogos documentados e bens públicos deteriorados”, observou Gonet.
“Se as defesas tentaram minimizar a contribuição individual de cada acusado e buscar interpretações distintas dos fatos, estes mesmos fatos, contudo, não tiveram como ser negados”, reforçou.
No início de sua sustentação oral, Gonet fez também um discurso enfático contra a impunidade, afirmando ser “imperativo” para a manutenção do regime democrático que Bolsonaro e seus aliados sejam condenados pela tentativa de golpe.
O procurador-geral da República buscou demonstrar como reuniões, ameaças e falas do ex-presidente teriam sido calculadas e coordenadas para “insuflar a militância”.
Gonet citou reunião ministerial realizada em 5 de julho de 2021, na qual Bolsonaro aparece em vídeo conclamando seus auxiliares a atacar e espalhar desinformação sobre o sistema eletrônico de votação. Outro episódio mencionado pelo PGR foi o discurso do ex-presidente em comemoração do 7 de setembro, em 2021.
Na ocasião, Bolsonaro ameaçou ministros do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dizendo em discurso a apoiadores na Avenida Paulista, em São Paulo, que “só saio preso, morto ou com vitória”.
“As palavras proferidas no dia da celebração nacional da Independência não podem ser confundidas com um arroubo isolado, mas expunham o projeto autoritário”, disse Gonet.
O advogado do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira afirmou que seu cliente tentou demover o ex-presidente Jair Bolsonaro de tentativas de golpe de Estado. Para Andrew Fernandes, “está mais do que provado que o general Paulo Sérgio é inocente”.
“O general Paulo Sérgio acabou sendo enredado em uma contumélia. Mas a prova dos autos, a instrução judicial demonstrou, de forma inequívoca, a sua inocência”, disse.
“Ele assessorou o presidente da República [no sentido] de que nada poderia ser feito diante do resultado das eleições. É o que diz o delator. Se posicionou totalmente contrário a qualquer medida de exceção”, completou.
Segundo Andrew Fernandes, membros da organização que orquestrava o golpe atuavam para retirar Paulo Sérgio do cargo. “Pera lá. Como é que ele fazia parte da organização criminosa? É a prova dos nove. Se estavam lutando para tirá-lo?”, questionou.
O advogado José Luis Mendes de Oliveira Lima, conhecido como Juca, que defende o general Walter Braga Netto, afirmou que seu cliente pode ser condenado a morrer na cadeia com base em uma “delação premiada mentirosa” do tenente-coronel Mauro Cid, antigo ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Braga Netto foi ex-ministro da Casa Civil e vice de Jair Bolsonaro na chapa que concorreu à presidência da República de 2022.
Juca frisou que Mauro Cid prestou depoimento após ter ficado quatro meses preso, e que ele mesmo disse, em áudios publicados pela revista Veja, ter sido coagido a falar.
“Não há a menor dúvida de que a voluntariedade nesse acordo de colaboração premiada ficou à margem. [Mauro Cid] Foi coagido sim, e quem falou não foi este advogado, quem falou foi ele”.
Segundo o advogado de Braga Netto, foram 15 versões diferentes dadas por Cid para os fatos investigados. Numa das acusações mais graves contra o general, o tenente-coronel disse ter recebido uma grande quantia em dinheiro, dentro de uma sacola de vinho, para financiar a execução do golpe.
Juca apontou, contudo, que tal informação sobre o dinheiro somente apareceu 15 meses após o primeiro depoimento de Cid e depois de sua delação ter sido colocada sob suspeita pelo ministro Alexandre de Moraes, em razão de mudança nas versões dos fatos.
A defesa do general Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), procurou demonstrar que seu cliente teria se distanciado do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando que, ao fim do mandato presidencial, o general mal se reunia com o mandatário. Por esse motivo, nunca conversou com Bolsonaro sobre qualquer tentativa de golpe.
“Quando o presidente Bolsonaro se aproxima dos partidos do Centrão e tem sua filiação ao PL, inicia-se sim um afastamento da cúpula do poder”, disse o advogado Matheus Milanez, que representa Heleno, em sustentação oral durante o julgamento do caso.
O advogado de defesa destacou testemunhos de servidores do GSI, segundo os quais “houve uma clara redução da influência do general”. Dessa maneira, Milanez afirmou que Heleno nunca conversou com ninguém a respeito de eventual golpe de Estado.
Como prova desse distanciamento, a defesa trouxe uma anotação da agenda particular do general, na qual ele escreve que o ex-presidente deveria tomar a vacina contra a covid-19, ato que Bolsonaro se negou a fazer durante a pandemia.
O advogado rebateu ainda as provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República sobre a participação de Heleno na trama golpista.
Matheus Milanez cita, por exemplo, uma fala do general em que ele diz ser “necessário fazer alguma coisa antes das eleições”, durante uma reunião ministerial com Bolsonaro.
Segundo a defesa, a frase teria, na verdade, conotação legalista e não golpista.
“O que o general Heleno está trazendo aqui são falas até certo ponto republicanas: após as eleições não tem discussão, quem ganha a maioria dos votos leva”, observou o advogado.
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Segundo Paulo Gonet, os réus desenvolveram e implementaram um plano progressivo de ataques às instituições democráticas para impedir a alternância de poder nas eleições de 2022
Após a leitura do relatório pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da Ação Penal (AP) 2668, que trata da tentativa de golpe de Estado, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu a procedência da acusação referente aos réus do Núcleo 1. Segundo ele, os fatos descritos na denúncia foram devidamente comprovados por diversas provas, como exige o devido processo legal.
Denúncia
De acordo com Gonet, a denúncia apresenta detalhes sobre a estruturação e a atuação da organização criminosa entre meados de 2021 e início de 2023, com o objetivo de promover a ruptura da ordem democrática no Brasil. O procurador-geral destacou que a acusação não se baseou em suposições frágeis, uma vez que os próprios integrantes do grupo documentaram quase todas as fases da ação. Durante a investigação, foram apreendidos arquivos digitais, planilhas, discursos prontos e trocas de mensagens relacionados ao plano.
Ataques às instituições
Gonet afirmou que o grupo era liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e contava com autoridades de alto escalão do governo, das Forças Armadas e de órgãos de inteligência. Segundo ele, a organização criminosa desenvolveu e executou um plano progressivo e sistemático de ataques às instituições, visando prejudicar a alternância legítima de poder nas eleições de 2022 e enfraquecer o livre exercício dos demais Poderes constitucionais, especialmente o Judiciário. Além disso, o grupo tentou desacreditar publicamente o sistema eletrônico de votação.
PF e colaboração premiada
Embora a Polícia Federal tenha descoberto a maior parte dos fatos de forma independente, o procurador-geral ressaltou que os relatos do colaborador Mauro Cid foram fundamentais para esclarecer e aprofundar a investigação.
Punhal Verde e Amarelo
Ainda segundo Paulo Gonet, os autos confirmam o início da execução de planos, como o Punhal Verde e Amarelo, que previa até mesmo o assassinato por envenenamento do presidente eleito e de seu vice e a “neutralização” do ministro Alexandre de Moraes. Esse plano envolvia o monitoramento das autoridades e compartilhamento de dados de segurança e o uso de armamento pesado e reconhecia a alta probabilidade de mortes além das previstas.
Autoritarismo e desmonte dos órgãos de controle
Com base nas últimas décadas, Gonet lembrou que a dinâmica do autoritarismo geralmente se inicia com o desmonte dos órgãos de controle, como o Judiciário, especialmente as cortes constitucionais. “Não é por acaso que o STF e o TSE se tornaram alvos prioritários e ostensivos dos ataques do grupo. Essas instituições são essenciais para o equilíbrio democrático e funcionam como guardiãs dos valores constitucionais permanentes”, destacou.
O Núcleo 1 é composto por Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência), Almir Garnier Santos (almirante e ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (general da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional), Jair Bolsonaro (ex-presidente da República), Mauro Cid (tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro), Paulo Sérgio Nogueira (general e ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (general da reserva e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa).
Publicado originalmente pelo STF em 02/09/2025
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O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para barrar o indulto ou anistia a Jair Bolsonaro (PL) que está sendo articulado por Tarcísio de Freitas (Republicanos) com seus aliados do Centrão no Legislativo.
Ministros ouvidos pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, já afirmaram que a possibilidade de um perdão a Bolsonaro é nula. No entendimento da maioria da Corte, crimes contra o Estado Democrático de Direito, pelos quais Bolsonaro é julgado, são imperdoáveis pela Constituição.
Esse entendimento já havia sido explicitado pelo STF no julgamento que anulou o indulto ao deputado federal Daniel Silveira, que tinha sido perdoado pelo próprio Bolsonaro em 2022. Ele foi julgado pela Corte em 2022 por incitação à abolição do Estado Democrático de Direito e recebeu a pena de 8 anos e nove meses de prisão.
Ou seja, caso o Congresso e o Senado aprovarem um perdão a Bolsonaro após seu julgamento, como Tarcísio planeja, o STF derrubará prontamente a medida, com pelo menos 6 votos dos 11 Ministros.
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Para Vilardi, Bolsonoro foi “dragado” para fatos investigados pela PF
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou, durante o segundo dia de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), que “não há uma única prova” da participação dele na trama golpista. Para o advogado Celso Vilardi, Bolsonaro foi “dragado” para os fatos investigados pela Polícia Federal. “O ex-presidente não atentou contra o Estado Democrático de Direito”.
“Um processo com base em uma delação e em uma minuta encontrada em um celular de uma pessoa que hoje é colaboradora da Justiça. Esse é o epicentro, essa é a pedra de Tóquio do processo. A minuta e a colaboração. Daí em diante, o que aconteceu com a investigação da Polícia Federal e, depois, com a denúncia do Ministério Público é, na verdade, uma sucessão inacreditável de fatos.”
“Foi achada uma minuta do Punhal Verde e Amarelo, uma minuta ou planilha de uma Operação Luneta e, como todos nós sabemos, ocorreu o trágico episódio de 8 de janeiro”, disse.
“Não há uma única prova que atrele o presidente ao Punhal Verde e Amarelo, à Operação Luneta e ao 8 de janeiro. Aliás, nem o delator, que eu sustento que mentiu, chegou a dizer ‘participação em Punhal, em Luneta, em Copa, em 8 de janeiro’. Nem o delator. Não há uma única prova.”
Para Vilardi, o ex-ajudante de ordens e delator Mauro Cid não é “confiável” e mudou de versão diversas vezes em seus interrogatórios. Para ele, as contradições do tenente-coronel são motivos para anulação da colaboração premiada.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começou a a julgar ontem (2) o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados pela trama golpista. Eles fazem parte do núcleo crucial da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Denúncia
Em fevereiro deste ano, a PGR denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que o ex-presidente e o general Braga Netto, ex-ministro e vice na chapa com Bolsonaro – derrotada nas eleições de 2022, exerceram papel de liderança para realização de uma “trama conspiratória armada e executada contra as instituições democráticas”.
Ontem (2), primeiro dia de julgamento no Supremo, Gonet destacou que testemunhos, registros e documentos provam que o ex-presidente liderou uma tentativa de golpe de Estado para se manter no poder.
“Não há como negar fatos praticados publicamente, planos apreendidos, diálogos documentados e bens públicos deteriorados”, observou Gonet.
“Se as defesas tentaram minimizar a contribuição individual de cada acusado e buscar interpretações distintas dos fatos, estes mesmos fatos, contudo, não tiveram como ser negados”, reforçou.
No início de sua sustentação oral, Gonet fez também um discurso enfático contra a impunidade, afirmando ser “imperativo” para a manutenção do regime democrático que Bolsonaro e seus aliados sejam condenados pela tentativa de golpe.
O procurador-geral da República buscou demonstrar como reuniões, ameaças e falas do ex-presidente teriam sido calculadas e coordenadas para “insuflar a militância”.
Gonet citou reunião ministerial realizada em 5 de julho de 2021, na qual Bolsonaro aparece em vídeo conclamando seus auxiliares a atacar e espalhar desinformação sobre o sistema eletrônico de votação. Outro episódio mencionado pelo PGR foi o discurso do ex-presidente em comemoração do 7 de setembro, em 2021.
Na ocasião, Bolsonaro ameaçou ministros do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dizendo em discurso a apoiadores na Avenida Paulista, em São Paulo, que “só saio preso, morto ou com vitória”.
“As palavras proferidas no dia da celebração nacional da Independência não podem ser confundidas com um arroubo isolado, mas expunham o projeto autoritário”, disse Gonet.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 03/09/2025
Por Paula Laboissière – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Lílian Beraldo
O post Não há uma única prova que ligue Bolsonaro a golpe de 8/01, diz defesa apareceu primeiro em O Cafezinho.
Primeira turma do STF dá continuidade ao julgamento da trama golpista
A defesa do general Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), procurou demonstrar, nesta quarta-feira (3), que seu cliente teria se distanciado do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando que, ao fim do mandato presidencial, o general mal se reunia com o mandatário. Por esse motivo, nunca conversou com Bolsonaro sobre qualquer tentativa de golpe.
“Quando o presidente Bolsonaro se aproxima dos partidos do Centrão e tem sua filiação ao PL, inicia-se sim um afastamento da cúpula do poder”, disse o advogado Matheus Milanez, que representa Heleno, em sustentação oral durante o julgamento do caso.
Nesta quarta, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) dá continuidade ao julgamento que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados por uma trama golpista com o intento de reverter o resultado das eleições de 2022.
O advogado de defesa destacou testemunhos de servidores do GSI, segundo os quais “houve uma clara redução da influência do general”. Dessa maneira, Milanez afirmou que Heleno nunca conversou com ninguém a respeito de eventual golpe de Estado.
Como prova desse distanciamento, a defesa trouxe uma anotação da agenda particular do general, na qual ele escreve que o ex-presidente deveria tomar a vacina contra a covid-19, ato que Bolsonaro se negou a fazer durante a pandemia.
O advogado rebateu ainda as provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República sobre a participação de Heleno na trama golpista.
Matheus Milanez cita, por exemplo, uma fala do general em que ele diz ser “necessário fazer alguma coisa antes das eleições”, durante reunião ministerial com Bolsonaro. Segundo a defesa, a frase teria, na verdade, conotação legalista e não golpista.
“O que o general Heleno está trazendo aqui são falas até certo ponto republicanas: após as eleições não tem discussão, quem ganha a maioria dos votos leva”, observou o advogado.
Segundo o defensor, o que o militar quis dizer foi que “não existe tentar fazer alguma coisa depois do resultado das urnas”.
O advogado destacou que não foi anexado aos autos do processo nenhum diálogo sequer de Heleno com algum outro interlocutor da trama sobre o planejamento ou execução do golpe. A maior prova do envolvimento de Heleno seria uma agenda particular, cujas anotações não eram compartilhadas com ninguém.
“Nós trouxemos provas de que ninguém sabia sequer que essa agenda existia. Nós provarmos que a agenda foi manipulada, com curiosos esquecimento de páginas e com manipulação de páginas e construções de linhas de raciocínio que não existem.”
De acordo com Milanez, a Polícia Federal teria induzido a acusação ao erro.
Julgamento
O julgamento da Primeira Turma entrou no segundo dia, nesta quarta-feira, com a sequência das defesas de quatro réus, dos sete que compõem o núcleo crucial da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Ontem foram ouvidas as defesas de outros três aliados do ex-presidente: o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid; o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem; o almirante Almir Garnier; e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
Nesta retomada são ouvidas as sustentações dos advogados de Bolsonaro; do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira e do general Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e candidato à vice na chapa de 2022.
Foram destinadas oito sessões para análise do caso, marcadas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro, quando deverá ser conhecida a sentença com a condenação ou absolvição dois oito réus que são julgados.
O julgamento é realizado na sala de audiências da Primeira Turma, em um anexo do Supremo, e transmitido ao vivo por TV e Rádio Justiça e pelo canal oficial do STF no YouTube.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 03/09/2025
Por Felipe Pontes – repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Denise Griesinger
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Ex-presidente está sendo julgado no Supremo Tribunal Federal
O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro dominou os debates no Plenário da Câmara dos Deputados. Parlamentares da base governista elogiaram o início do julgamento pela 1º turma do Supremo Tribunal Federal (STF) como “marco na história”. Já deputados da oposição criticaram a condução e classificaram o processo como “uma farsa”.
O julgamento começou nesta segunda-feira (2) e deve durar até o dia 12. Bolsonaro é apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como o líder de uma organização criminosa armada que buscou alterar o resultado das urnas, dar um golpe de Estado e se manter no poder mesmo com a derrota nas eleições de 2022.
Para o deputado Bohn Gass (PT-RS), o dia é histórico porque vai ser feita justiça no País. “Sei que a justiça, neste momento, está por ser feita. E, assim como tivemos, há 203 anos, a Independência do Brasil, hoje nós vamos proclamar a justiça contra quem quer destruir a nossa Pátria com tentativas de golpe de Estado”, disse.
Segundo o deputado Fernando Mineiro (PT-RN), o início do julgamento é o primeiro passo para o fim da carreira de impunidade “de um contumaz criminoso” contra a democracia. “Que ele seja julgado, condenado e pague pelos seus crimes contra o povo brasileiro”, declarou.
O deputado Ivan Valente (Psol-SP) disse que o Brasil está vivendo um momento de fim da impunidade. Ele lembrou que, pela primeira vez, militares de alta patente estão no banco dos réus. “Eu quero comemorar, como vítima da ditadura, como quem conheceu a ditadura por dentro. Não é por vingança, mas por justiça”, disse Valente.
Para a líder do Psol, deputada Talíria Petrone (RJ), o julgamento de Bolsonaro é um julgamento também da ditadura militar. “Os réus sentados hoje não são apenas homens de carne e osso, são também a sombra de um Brasil atrasado, autoritário e servil, que insiste em voltar”, declarou.
Talíria Petrone também ressaltou o caráter de soberania do julgamento do Supremo, ao lembrar dos questionamentos do presidente do Estados Unidos, Donald Trump, ao processo. “O Brasil é e seguirá sendo um país livre e soberano. Aqui, quem manda são os brasileiros”, defendeu.
Críticas
O líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), classificou como “farsa” o processo contra Bolsonaro. “Na verdade, um circo liderado por um ministro que é promotor, vítima, acusador e juiz ao mesmo tempo. Ele faz tudo no Brasil”, disse, ao citar o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Para a líder da Minoria, deputada Caroline de Toni (PL-SC), há um “teatro de narrativas” criado para condenar o ex-presidente. “Esse processo está todo viciado. Bolsonaro não tem foro privilegiado. Bolsonaro não tem sequer o princípio de presunção de inocência respeitado. O próprio ministro Alexandre de Moraes fala que ele tem que provar a sua inocência. Ora, é o Estado que tem que provar a culpa, e não o réu provar a sua inocência”, criticou.
O deputado Delegado Marcelo Freitas (União-MG) classificou como de “cartas marcadas” o julgamento. “Parece-nos que esta sentença, tão propalada pela mídia de nossa Nação, já está efetivamente escrita”, afirmou.
O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) chamou de “teatro político” o julgamento. “Estamos diante de um julgamento meramente político, que deixou a técnica jurídica de lado para prevalecer as opiniões e as ideologias particulares de alguns magistrados”, declarou.
Anistia
Sóstenes Cavalcante disse que há maioria de votos na Câmara dos Deputados para aprovar o regime de urgência ao projeto de lei que anistia os envolvidos nos atos do 8 de janeiro de 2023 e outros acusados de golpe de Estado (PL 2858/22). “Graças ao trabalho do governo Tarcísio [de Freitas], de São Paulo, o Republicanos passa a aderir ao apoio. O PSD, o Progressistas, o União Brasil e o Novo também”, afirmou.
O deputado Bohn Gass criticou o pedido de anistia, ao reforçar a importância do julgamento para a história brasileira. “Eu quero dizer, claramente, que a impunidade é a mãe de todos os crimes e que, hoje, pedir anistia significa apostar na impunidade de um criminoso. Então, quem pede anistia está favorecendo o crime neste País”, declarou.
Segundo ele, quem defende anistia está dizendo para a população brasileira que há impunidade, que quem comete crime vai ser anistiado.
Condução do julgamento
Deputados da oposição também criticaram o fato de o julgamento estar acontecendo no STF, e não na primeira instância; e o fato de o julgamento ser feito apenas por 5 ministros da 1ª turma, e não todos os 11 ministros do Supremo.
O STF estabeleceu, em 2024, que autoridades com foro especial continuam sendo julgadas diretamente pela corte mesmo após o término de seus mandatos. O regimento interno do STF define qual órgão da corte analisa denúncias e julga ações penais, permitindo o julgamento pela 1ª turma.
Crimes
Bolsonaro responde pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração do patrimônio tombado. Ao todo, a pena pode chegar a 46 anos de prisão.
Além dele, outros sete acusados (entre civis e militares de alta patente) também estão no mesmo julgamento. Todos os denunciados negam participação na tentativa de golpe.
Publicado originalmente pela Agência Câmara de Notícias em 02/09/2025
Reportagem: Tiago Miranda
Edição: Pierre Triboli
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Nesta quarta-feira, defesas de quatros dos réus serão ouvidas
Nesta quarta-feira (3), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) dá continuidade ao julgamento que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados pela trama golpista que tentou reverter o resultado das eleições de 2022.
O grupo faz parte do núcleo crucial da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O julgamento teve início às 9h17.
Próximos passos
Na retomada do julgamento nesta quarta, serão ouvidas as sustentações dos advogados de Bolsonaro; do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira e do general Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e candidato à vice na chapa de 2022.
Foram destinadas oito sessões para análise do caso, marcadas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro.
A votação que vai condenar ou absolver os réus deve começar somente nas próximas sessões. As penas podem passar de 30 anos de prisão.
Primeiro dia
Ontem (3), o julgamento teve duas sessões, uma manhã e outra pela tarde. No início dos trabalhos, o relator, ministro Alexandre de Moraes, leu o relatório da ação penal, documento que contém o resumo de todas as etapas percorridas no processo, desde as investigações até a apresentação das alegações finais, última fase antes do julgamento.
Antes do relatório, Moraes fez um discurso de defesa enfática da soberania nacional e da independência da Justiça brasileira, e avisou que o STF não cederá a “pressões internas ou externas” ao julgar Bolsonaro.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu a condenação de Bolsonaro e dos demais acusados. Ao introduzir sua sustentação oral, Gonet proferiu uma fala contra a impunidade.
Na parte da tarde, foram ouvidos quatro advogados dos oito réus: Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier e Anderson Torres.
Quem são os réus do Núcleo 1?
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 03/09/2025
Edição: Amanda Cieglinski
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Michel Goulart da Silva (*)
Esta semana teve início o julgamento de Bolsonaro e dos demais envolvidos na intentona golpista que redundou no 8 de janeiro. O julgamento se inicia com provas substanciais do planejamento do golpe e de sua tentativa de execução, frustrada pela ausência de apoio da maior parte da burguesia e mesmo de setores significativos das Forças Armadas.
Essas movimentações da burguesia para deter ações do bolsonarismo, utilizando as instituições do Estado mostra que as classes dominantes estão buscando estabilizar o regime político diante dos impactos da crise econômica que teve início por volta do segundo semestre de 2019. Nesse cenário, a figura de Bolsonaro, alçado à presidência como um esboço improvisado de bonapartista, se configura atualmente como uma espécie de bode expiatório da burguesia envergonhada de ter apoiado uma figura tão esdrúxula.
O governo Bolsonaro, marcado por crises permanentes, foi incapaz de aplicar até mesmo os elementos mais básicos de sua tosca pauta ideológica. O bonapartismo tentado por Bolsonaro se mostrou bastante frágil, na medida em que outras instituições, como o Judiciário e o Congresso Nacional, se mostraram eficientes tanto para amortecer os impactos da polarização de classes como para legitimar os ataques aos direitos dos trabalhadores.
As próprias instituições burguesas controlaram qualquer ação bolsonarista que pudesse colocar em risco a estabilidade econômica e política. Diante do 8 de janeiro, as instituições viram a necessidade de punir a turba descontrolada financiada e incentivada por empresários e políticos de pouca expressão que queriam manter a qualquer custo um governo Bolsonaro. Como confirmado pelas investigações, havia de fato a ideia de uma “ruptura institucional”, ainda que sem apoio da cúpula militar ou de setores significativos da burguesia.
Passados mais de dois anos desde a articulação golpista, se observa que as pretensões de ruptura institucional e a ação da turba descontrolada que depredou os prédios dos três poderes foram o suficiente para unir o conjunto de instituições contra seus agressores. Para as classes dominantes, em seu mandato presidencial, Bolsonaro não passava de um fantoche que se dispunha a cumprir o programa de austeridade defendido pela burguesia.
Os atos de 8 de janeiro, com incentivo político e apoio logístico de seus apoiadores, mostraram que Bolsonaro poderia ser um incômodo e eventualmente poderia novamente mobilizar sua turba, colocando em risco as instituições. Suas recentes ações de buscar apoio de Trump, numa clara ação entreguista, mostram ainda mais o risco que Bolsonaro e seus apoiadores colocam contra as instituições. Trump, apesar de seus discursos extravagantes e retórica grosseira, sequer consegue apoio majoritário da burguesia ou mesmo das instituições para suas ações.
No período recente, em outros países, a burguesia mandou recados semelhantes. Um deles foi o processo judicial que levou à condenação dos membros do partido de extrema-direita Aurora Dourada, da Grécia, por participarem de uma organização agora considerada criminosa. Outro exemplo é o processo contra Marine Le Pen. Esses segmentos são jogados na lata do lixo por parte da burguesia, depois de se constituírem como alternativa em contextos de polarização e intensas lutas dos trabalhadores. Cabe destacar que esse tipo de lixo político sequer deveria ter tido algum espaço nas instituições.
Bolsonaro cumpriu seus serviços contra os direitos dos trabalhadores e foi dispensado pela burguesia. Poderia ter deixado o governo tranquilamente e seguir como um parasita do dinheiro do Estado. Contudo, optou pelo enfrentamento com as instituições. Os seguidores mais alucinados de Bolsonaro insuflaram uma turba descontrolada e colocaram em alerta os defensores da ordem burguesa. Essas instituições precisaram coibir qualquer tentativa de ataque contra sua estabilidade e mandar o recado de que, quem não a respeitar, deve ser punido.
Nesse processo, se observa o papel do conjunto das instituições, interessadas não na defesa de direitos políticos e de liberdades democráticas, mas na sua própria manutenção. O STF, que há anos tenta assumir um papel bonapartista, que participou de farsas como as do Mensalão e da Lava Jato, é um exemplo dessa ação visando sua própria manutenção e fortalecimento.
O circo midiático montado para denunciar as ações do bolsonaristas não tem outro papel que não o de mandar o recado para qualquer setor da sociedade que queira se insurgir contra as instituições burguesas. Se neste momento são os bolsonaristas, em outro poderão ser os trabalhadores, na medida em que coloquem em risco a propriedade privada e a estabilidade das instituições.
(*) Doutor em história pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e técnico-administrativo no Instituto Federal Catarinense (IFC). Autor do livro “Golpe e ditadura em Santa Catarina”
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Da Agência Brasil
Nesta quarta-feira (3), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) dá continuidade ao julgamento que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados pela trama golpista que tentou reverter o resultado das eleições de 2022.
O grupo faz parte do núcleo crucial da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O julgamento terá início às 9h.
Na retomada do julgamento nesta quarta, serão ouvidas as sustentações dos advogados de Bolsonaro; do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira e do general Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e candidato à vice na chapa de 2022.
Foram destinadas oito sessões para análise do caso, marcadas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro.
A votação que vai condenar ou absolver os réus deve começar somente nas próximas sessões. As penas podem passar de 30 anos de prisão.
Ontem (3), o julgamento teve duas sessões, uma manhã e outra pela tarde. No início dos trabalhos, o relator, ministro Alexandre de Moraes, leu o relatório da ação penal, documento que contém o resumo de todas as etapas percorridas no processo, desde as investigações até a apresentação das alegações finais, última fase antes do julgamento. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu a condenação de Bolsonaro e dos demais acusados.
Na parte da tarde, foram ouvidos quatro advogados dos oito réus: Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier e Anderson Torres.
Jair Bolsonaro – ex-presidente da República;
Alexandre Ramagem – ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
Almir Garnier – ex-comandante da Marinha;
Anderson Torres – ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
Augusto Heleno – ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa;
Walter Braga Netto – ex-ministro de Bolsonaro e candidato à vice na chapa de 2022;
Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
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Em fala antes do relatório sobre a AP 2668, ministro ressaltou independência do Judiciário brasileiro e respeito às garantias constitucionais dos réus
No início do julgamento da Ação Penal (AP) 2668, contra o chamado “Núcleo 1” da denúncia por tentativa de golpe de Estado, o ministro Alexandre de Moraes (relator) fez um pronunciamento destacando a independência do Poder Judiciário brasileiro e a realização de um julgamento técnico e transparente pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A fala do ministro ocorreu nesta terça-feira (2), antes da leitura de seu relatório.
O ministro lembrou que foram asseguradas as garantias do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório a todos os oito réus que integram o chamado “Núcleo 1” ou “Núcleo Crucial”, assim como foi feito nas demais 1.630 ações penais relacionadas aos atos de 8 de janeiro de 2023.
Ele afirmou que a missão do STF no julgamento da ação penal é analisar as acusações apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), a partir das provas produzidas sob a garantia do devido processo legal. “Existindo provas, acima de qualquer dúvida razoável, as ações penais serão julgadas procedentes, e os réus condenados. Havendo prova da inocência ou mesmo qualquer dúvida razoável sobre a culpabilidade dos réus, eles serão absolvidos. Assim se faz a justiça”, destacou.
O ministro Alexandre também reforçou que o papel do STF é julgar com imparcialidade e aplicar a justiça a cada um dos casos concretos, e que isso ocorrerá independentemente de ameaças ou coações, “ignorando pressões internas ou externas”.
Ele disse ainda que nenhuma Corte ou Tribunal do mundo dá tanta publicidade e transparência aos seus julgamentos quanto o STF.
Pacificação e leis
Ainda segundo o ministro, a pacificação do país diante da polarização política depende do respeito à Constituição, da aplicação das leis e do fortalecimento das instituições.
Ele acrescentou que este momento da história brasileira só é possível porque o país conta com instituições fortes e independentes, que impediram retrocessos a partir das balizas firmadas pela Constituição Federal de 1988.
“O Supremo Tribunal Federal sempre será absolutamente inflexível na defesa da soberania nacional e em seu compromisso com a democracia, os direitos fundamentais, o Estado de Direito, a independência do Poder Judiciário nacional e os princípios constitucionais brasileiros”, enfatizou.
Publicado originalmente pelo STF em 02/09/2025
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Ministra afirmou que voto impresso e voto auditável não são sinônimos
A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), rebateu nesta terça-feira (2) as falas do advogado Paulo Renato Cintra, defensor do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus do núcleo 1 da trama golpista.
Durante sua sustentação oral, Cintra citou as expressões “voto impresso” e “voto auditável” como sinônimas ao defender que Ramagem não participou da difusão de desinformação para atacar o sistema eleitoral.
Na condição de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão responsável pela organização das eleições, a ministra afirmou com veemência que o voto impresso e o voto auditável não são a mesma coisa e informou que as urnas são auditáveis desde 1996, quando passaram a ser utilizadas nas eleições.
“Vossa Senhoria usou, com muita frequência, como se fosse a mesma coisa, não é. O que foi dito o tempo todo é essa confusão para criar uma confusão na cabeça da brasileira e do brasileiro para colocar em xeque”, afirmou a ministra.
Em seguida, o advogado esclareceu sua fala e disse que usou as expressões voto impresso e auditável como sinônimos porque eram os termos tratados nas conversas de WhatsApp entre os ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, fatos que constam na acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Na sustentação realizada durante o julgamento do núcleo 1 da trama golpista, que tem Ramagem como um dos réus, Cintra disse que os casos de monitoramento ilegal citados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na denúncia ocorreram antes da posse de Ramagem no comando da Abin.
A sessão prossegue para a realização das sustentações dos demais advogados.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 02/09/2025
Por André Richter – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Sabrina Craide
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Sessão continua nesta quarta
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Julgamento da AP 2668 será retomado nesta quarta-feira com a defesa do general Augusto Heleno
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começou a ouvir, nesta terça-feira (2), os argumentos das defesas dos oito réus do Núcleo 1, ou “Núcleo Crucial”, da tentativa de golpe de Estado. Pela manhã, o ministro Alexandre de Moraes, relator da Ação Penal (AP) 2668, apresentou um resumo do caso (relatório), e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, se manifestou em nome da acusação.
Na sessão desta tarde, foram ouvidas as defesas do tenente-coronel Mauro Cid, que firmou acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal, do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), do ex-comandante da Marinha Almir Garnier e do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres.
O julgamento, que pode ser acompanhado ao vivo pelo YouTube, será retomado na quarta-feira (3), a partir das 9h, com as manifestações das demais defesas. A primeira será a do general Augusto Heleno.
Confira abaixo um resumo das alegações apresentadas nesta tarde.
Mauro Cid
Em nome do ex-ajudante de ordens da Presidência da República no governo de Jair Bolsonaro, o advogado Jair Alves Ferreira defendeu a validade do acordo de colaboração premiada firmado com a Polícia Federal e homologado pelo STF. Ele rebateu alegações de coação e afirmou que Cid foi orientado e acompanhado por seus defensores em todos os atos processuais.
Ferreira sustentou ainda que não houve descumprimento do acordo, o que afastaria os benefícios da delação. Ele afirmou que, embora a delação em si não seja prova, os fatos narrados foram úteis para que a acusação obtivesse elementos sobre os outros réus. Também defendeu a manutenção do acordo ajustado com a Polícia Federal, que prevê perdão judicial, e não a proposta da Procuradoria-Geral da República de redução de um terço da pena que venha a ser imposta.
Também representando Mauro Cid, o advogado Cezar Bitencourt assegurou que o tenente-coronel não incentivou atos golpistas contra a democracia ou o sistema eleitoral. Segundo a defesa, embora tenha recebido diversas mensagens sobre fraude nas urnas eletrônicas, ele não as repassou nem reagiu a elas. Ainda de acordo com Bittencourt, as conexões com os demais réus são abstratas, e em nenhum momento Cif teria articulado ou aderido a propostas de rompimento da ordem democrática.
Alexandre Ramagem
O advogado do deputado federal e ex-diretor da Abin, Paulo Renato Garcia Cintra Pinto, argumentou inicialmente que a suspensão de parte da ação penal em relação a Ramagem deve abranger também o delito de integrar organização criminosa. Ele destacou que, segundo a PGR, a organização operou entre junho de 2021 e 8 de janeiro de 2023. Nesse sentido, por ser considerado de natureza permanente, o delito teria se prolongado e deve ser abrangido pela resolução da Câmara dos Deputados que determinou a suspensão do processo em relação aos delitos cometidos depois da diplomação.
Em relação às acusações da PGR, o advogado afirmou que seu cliente fazia diversas anotações, mas não há informação nos autos de que os documentos apreendidos em seu computador tenham sido repassados a Jair Bolsonaro. Também negou que Ramagem tenha orientado o ex-presidente a fazer críticas às urnas eletrônicas. Segundo ele, um documento com restrições ao sistema eleitoral era apenas um compilado de pensamentos e das críticas nesse sentido emitidas anteriormente por Bolsonaro.
O defensor refutou também as alegações de que o deputado tenha utilizado indevidamente a estrutura da Abin para fins políticos, com espionagem de adversários e magistrados. Segundo ele, ao contrário, Ramagem teria determinado a realização de procedimentos administrativos para averiguar eventuais desvios na utilização da ferramenta “First Mile”, usada para monitoramento de telefones celulares.
Almir Garnier Santos
O advogado Demóstenes Torres, defensor do almirante e ex-comandante da Marinha, negou que seu cliente tenha oferecido tropas para apoiar medidas autoritárias de manutenção de Jair Bolsonaro no poder.
Outra alegação apresentada pela defesa do almirante é de que a PGR feriu o princípio da congruência ao apontar nas alegações finais dois fatos novos que não estariam na denúncia: o desfile de tanques da Marinha na Praça dos Três Poderes, interpretado como ato simbólico de apoio ao suposto intento golpista, e a ausência de Garnier na cerimônia de passagem de comando da força. Para o advogado, a discrepância fere o devido processo legal. “Caberia à PGR aditar a denúncia ou ao STF desconsiderar esses dois fatos no julgamento”, frisou.
Torres pediu ainda a rescisão da colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, uma vez que a própria acusação apontou omissão de fatos graves e narrativa seletiva pelo colaborador. Pontuou, contudo, que a rescisão não implica o desmonte total da ação penal, mas apenas das provas viciadas, mantendo-se válidas as provas produzidas independentemente da colaboração.
Anderson Torres
O advogado Eumar Roberto Novacki, defensor do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF, apresentou e-mail da empresa aérea Gol e bilhete emitido em 21 de novembro, para afastar a acusação de que Torres teria deixado deliberadamente o país às vésperas dos atos violentos de 8 de janeiro. A prova demonstraria que a viagem com a família foi programada com antecedência, afastando a hipótese de omissão dolosa.
Também segundo o advogado, não há nenhum elemento que comprove que Torres tenha arquitetado qualquer atuação da Polícia Rodoviária Federal visando comprometer a lisura do segundo turno das eleições presidenciais de 2022. De acordo com Novacki, as provas testemunhais evidenciam que o então ministro da Justiça agiu de maneira imparcial, técnica e de acordo com suas atribuições institucionais.
A respeito da denominada “minuta do golpe”, a defesa afirmou que o documento já circulava na internet desde 12 de dezembro de 2022, muito antes de ser encontrado na residência de Torres. Para o advogado, a acusação deu “um peso descomunal de prova” a esse arquivo.
Publicado originalmente pelo STF em 02/09/2025
O post Defesas começam a apresentar argumentos em ação sobre tentativa de golpe de Estado apareceu primeiro em O Cafezinho.
Defesa do ex-presidente será ouvida nesta quarta-feira
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu, por volta das 17h55, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de mais sete réus do núcleo 1 da trama golpista.
O julgamento será retomado nesta quarta-feira (3), a partir de 9h, quando serão ouvidas as sustentações dos advogados de Bolsonaro; do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira e do general Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e candidato à vice na chapa de 2022.
Quem são os réus?
Primeiro dia
Pela manhã, o relator, ministro Alexandre de Moraes, leu o relatório da ação penal, documento que contém o resumo de todas as etapas percorridas no processo, desde as investigações até a apresentação das alegações finais, última fase antes do julgamento.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu a condenação de Bolsonaro e dos demais acusados.
Foram destinadas oito sessões para análise do caso, marcadas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro.
A votação que vai condenar ou absolver os réus deve começar somente nas próximas sessões. As penas podem passar de 30 anos de prisão.
Sustentações
Após intervalo para almoço, os ministros começaram a ouvir as sustentações dos advogados dos oito réus.
A primeira a falar foi a defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. O advogado defendeu a manutenção do acordo de delação premiada e negou que o militar tenha sido coagido pelo ministro Alexandre de Moraes e integrantes da Polícia Federal a delatar.
Em seguida, o advogado do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem negou que tenha sido determinado o monitoramento ilegal de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de desafetos políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o advogado Paulo Renato Cintra, Ramagem apenas “compilava pensamentos do presidente da República”.
A defesa do almirante Almir Garnier negou nesta terça-feira (2) que o militar tenha colocado as tropas à disposição da tentativa de golpe de Estado para reverter o resultado das eleições de 2022.
Último a se manifestar neste primeiro dia de julgamento, a defesa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal da Justiça Anderson Torres classificou chamada minuta do golpe encontrada pela Polícia Federal (PF) como “minuta do Google”.
Crimes
Os réus respondem no Supremo pelos crimes de:
A exceção é o caso do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Abin Alexandre Ramagem, que, atualmente, é deputado federal. Ele foi beneficiado com a suspensão de parte das acusações e responde somente a três dos cinco crimes. A possibilidade de suspensão está prevista na Constituição.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 02/09/2025
Por André Richter – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Sabrina Craide
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Da Agência Brasil
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu, por volta das 17h55, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de mais sete réus do núcleo 1 da trama golpista.
O ex-ministro da Defesa Paulo Sergio Nogueira foi o único dois oito réus a comparecer para acompanhar presencialmente o primeiro dia de julgamento. O próprio Bolsonaro, réu denunciado como líder da trama golpista, decidiu não comparecer ao julgamento. Segundo o advogado de defesa do ex-presidente, Celso Vilardi, Bolsonaro chegou a cogitar ir presencialmente, mas acabou desistindo da ideia devido a problemas de saúde. “Ele não está bem”, afirmou o defensor.
Pela manhã, o relator, ministro Alexandre de Moraes, leu o relatório da ação penal, documento que contém o resumo de todas as etapas percorridas no processo, desde as investigações até a apresentação das alegações finais, última fase antes do julgamento.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu a condenação de Bolsonaro e dos demais acusados.
Foram destinadas oito sessões para análise do caso, marcadas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro. A votação que vai condenar ou absolver os réus deve começar somente nas próximas sessões. As penas podem passar de 30 anos de prisão.
O julgamento será retomado nesta quarta-feira (3), a partir de 9h, quando serão ouvidas as sustentações dos advogados de Bolsonaro; do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno; ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira e do general Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e candidato à vice na chapa de 2022.
Após intervalo para almoço, os ministros começaram a ouvir as sustentações dos advogados dos oito réus.
A primeira a falar foi a defesa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. O advogado defendeu a manutenção do acordo de delação premiada e negou que o militar tenha sido coagido pelo ministro Alexandre de Moraes e integrantes da Polícia Federal a delatar.
Em seguida, o advogado do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem negou que tenha sido determinado o monitoramento ilegal de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de desafetos políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o advogado Paulo Renato Cintra, Ramagem apenas “compilava pensamentos do presidente da República”.
A defesa do almirante Almir Garnier negou nesta terça-feira (2) que o militar tenha colocado as tropas à disposição da tentativa de golpe de Estado para reverter o resultado das eleições de 2022.
Último a se manifestar neste primeiro dia de julgamento, a defesa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal da Justiça Anderson Torres classificou chamada minuta do golpe encontrada pela Polícia Federal (PF) como “minuta do Google”.
Os réus respondem no Supremo pelos crimes de:
A exceção é o caso do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Abin Alexandre Ramagem, que, atualmente, é deputado federal. Ele foi beneficiado com a suspensão de parte das acusações e responde somente a três dos cinco crimes. A possibilidade de suspensão está prevista na Constituição.
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Da Agência Brasil
A defesa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, classificou nesta terça-feira (2) a chamada minuta do golpe encontrada pela Polícia Federal (PF) como “minuta do Google”.
Durante sustentação realizada no julgamento do núcleo 1 da trama golpista, na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado Eumar Novacki disse que o documento está disponível na internet, de forma apócrifa, e não tem qualquer valor jurídico.
Em ação de busca e apreensão durante as investigações, a chamada “minuta do golpe” foi encontrada impressa na casa do ex-ministro.
“Era uma minuta apócrifa, que nunca circulou e nunca foi discutida”, afirmou.
Novacki também rebateu as acusações relacionadas aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Torres foi acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de se ausentar do Distrito Federal em meio aos atos. No dia dos ataques, ele ocupava o cargo de secretário de Segurança do DF, mas estava de férias nos Estados Unidos.
Segundo a defesa, a viagem já estava prevista antes dos acontecimentos. “Era uma viagem de férias, programada com muita antecedência, com a família, cujas passagens foram emitidas na data em que sequer havia cogitação em relação aos atos de 8 de janeiro”, afirmou.
A defesa também negou que Torres, na condição de ministro da Justiça de Bolsonaro, tenha determinado a realização de operações especiais pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) para barrar os deslocamentos de eleitores do presidente Lula no Nordeste, durante o segundo turno das eleições de 2022.
“Não há uma ação direta de Anderson Torres”, afirmou Novacki. A sessão prossegue para a realização das sustentações dos demais advogados.
Pela manhã, o relator, ministro Alexandre de Moraes, leu o relatório da ação penal, documento que contém o resumo de todas as etapas percorridas no processo, desde as investigações até a apresentação das alegações finais, última fase antes do julgamento.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu a condenação de Bolsonaro e dos demais acusados.
Foram destinadas oito sessões para análise do caso, marcadas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro.
O primeiro dia do julgamento foi destinado às manifestações das defesas e da PGR.
A votação que vai condenar ou absolver os réus deve começar somente nas próximas sessões. As penas podem passar de 30 anos de prisão.
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Da Agência Brasil
A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), rebateu nesta terça-feira (2) as falas do advogado Paulo Renato Cintra, defensor do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus do núcleo 1 da trama golpista.
Durante sua sustentação oral, Cintra citou as expressões “voto impresso” e “voto auditável” como sinônimas ao defender que Ramagem não participou da difusão de desinformação para atacar o sistema eleitoral.
Na condição de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão responsável pela organização das eleições, a ministra afirmou com veemência que o voto impresso e o voto auditável não são a mesma coisa e informou que as urnas são auditáveis desde 1996, quando passaram a ser utilizadas nas eleições.
“Vossa Senhoria usou, com muita frequência, como se fosse a mesma coisa, não é. O que foi dito o tempo todo é essa confusão para criar uma confusão na cabeça da brasileira e do brasileiro para colocar em xeque”, afirmou a ministra.
Em seguida, o advogado esclareceu sua fala e disse que usou as expressões voto impresso e auditável como sinônimos porque eram os termos tratados nas conversas de WhatsApp entre os ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, fatos que constam na acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
“Eu usei essa expressão porque os temos eram tratados no texto que circular entre os acusados”, afirmou.
Na sustentação realizada durante o julgamento do núcleo 1 da trama golpista, que tem Ramagem como um dos réus, Cintra disse que os casos de monitoramento ilegal citados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na denúncia ocorreram antes da posse de Ramagem no comando da Abin.
A sessão prossegue para a realização das sustentações dos demais advogados.
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Durante o grande expediente, na Câmara Municipal de Aracaju (CMA), nesta terça-feira (02), a vereadora Sonia Meire (PSOL), utilizou a tribuna para destacar o início do julgamento do ex-presidente Bolsonaro e seus aliados pela trama golpista contra o país. Os acusados responderem aos crimes de organização criminosa, abolição ao estado democrático de direito, tentativa de golpe de estado, dano qualificado, deterioração do patrimônio tombado.
“Inicia hoje o julgamento do ex-presidente Bolsonaro e do grupo que atuou contra a democracia neste país, com a tentativa de golpe no dia 08 de janeiro. Esse é grande momento para o nosso país e para a nossa Democracia, que busca por justiça. Essa não é a primeira tentativa de golpe de estado no nosso país, nós já tivemos mais de sete tentativas de golpes e tivemos um golpe que de fato foi dado, que foi o processo da Ditadura Militar Civil Empresarial brasileira, financiada pelos Estados Unidos e pelos empresários deste país. E para que a justiça seja feita e para que não tenhamos mais tentativas de golpe nesse país é preciso de fato ter um julgamento”, disse a vereadora.
Sonia Meire também fez um convite à população. “Dia 07 de setembro, nós teremos o ‘Grito dos Excluídos’. Nós vamos às ruas, mas não as ruas que são utilizadas muitas vezes pela extrema direita, que sai às ruas em defesa de Silas Malafaia, Trump e Bolsonaro. Essa mesma turma que geralmente ia às ruas no 07 de setembro saldar a Ditadura Militar, e que agora diz que o STF virou ditadura só porque está julgando os crimes de Bolsonaro, chega até a ser engraçado né. Então, nós vamos às ruas, com professores e professoras, com trabalhadores e trabalhadoras, na luta por cuidar da casa comum, da Democracia, essa luta é todo dia. Nós precisamos nos manter sempre nas ruas, para que a gente possa construir um país justo, soberano, com todo poder popular na mão do nosso povo”.
A parlamentar finalizou sua fala destacando que se a extrema direita não queria que Bolsonaro fosse julgado, ele não deveria ter cometido os crimes que cometeu contra a Democracia. “Sei que muitos aqui estão nervosos hoje, mas se não queriam que Bolsonaro fosse julgado, que ele não tivesse cometido o que cometeu. E eu peço respeito ao atual presidente que foi eleito democraticamente pelo povo brasileiro e basta de ameaças à esquerda. Saibam perder, parece que até hoje não aceitam. Saibam aguardar as próximas eleições e ver seus líderes pagarem pelos crimes que cometeram. Nós alertamos à população que nós não vamos deixar nunca de luta pela nossa Democracia e pela nossa soberania”.
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A defesa do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid, afirmou nesta terça-feira, durante o julgamento do chamado “núcleo crucial” da trama golpista, que a delação premiada concedida por ele foi valida.
Outra defesa desse núcleo, do próprio ex-presidente, afirmou que a delação de Cid foi marcada por “mentiras, omissões e contradições”, e que por isso não deveria ser considerada. A argumentação é um pretexto para a não condenação de Bolsonaro, já que a denúncia se baseia em muitos fatos relatados pelo tenente-coronel.
Os advogados Jair Alves Ferreira e Cezar Bittencourt se dividem na defesa de Cid. O primeiro iniciou a sua fala na sessão de hoje reforçando a validade da delação premiada. No entanto, ressaltou que era necessário voltar ao tema diante da insistência das demais defesas em questionar a colaboração.
“Nós não concordamos com o pedido de condenação do ministro [Paulo] Gonet. Mas nem por isso eu posso dizer que ele me coagiu, nem o ministro Alexandre de Moraes, nem o delegado”, afirmou Alves Ferreira.
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O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou nesta terça-feira (2), durante a parte acusatória do julgamento que pode condenar Jair Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de estado, que o ex-presidente incitava a população a se levantar contra a democracia e pedir intervenção militar.
“O presidente incitava desabridamente a animosidade contra o poder Judiciário e os seus integrantes. A escalada verbal foi acompanhada por manifestações organizadas, em que apareciam faixas com pedido de intervenção militar”, disse Gonet na sessão.
Ainda durante a sustentação da parte acusatória, o PGR afirmou que a organização criminosa dos oito réus conspirou, até o último momento, para a derrocada do governo brasileiro. “Evidenciou-se que a organização criminosa contribuiu até o último momento para que a insurgência popular levasse o país a um regime de exceção. Os integrantes da estrutura criminosa conheciam o intuito de criação do cenário de comoção social.”
A argumentação da acusação terminou por volta das 12h, e a audiência foi retomada às 14h com o início da argumentação das defesas dos oito acusados.
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Brasília, 2 de setembro de 2025 – Se havia alguma esperança de que as ameaças de Trump ao sistema de justiça brasileiro fizessem o Procurador-Geral da República Paulo Gonet ou os ministros do STF recuarem algum milímetro ou moderarem o tom, a acusação apresentada nesta terça-feira deve fazer qualquer um mudar de ideia.
Gonet fez uma acusação devastadora, trazendo muitos dados e apresentando ao Supremo Tribunal Federal um panorama contundente das acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.
No primeiro dia de um julgamento que pode redefinir os contornos da democracia brasileira, a manifestação da PGR delineou uma conspiração meticulosamente planejada para abolir o Estado Democrático de Direito e manter Bolsonaro no poder a qualquer custo.
Com um estilo sóbrio, mas de uma firmeza absoluta, o Procurador-Geral apresentou ao STF uma denúncia que não deixa margem para dúvidas: Bolsonaro e seus aliados orquestraram uma tentativa sistemática de golpe de Estado.
“O que está em julgamento são atos que hão de ser considerados graves enquanto quisermos manter a vivência de um Estado democrático de Direito”, declarou, deixando claro que a punição é um “imperativo de estabilização do próprio regime”.
A acusação se baseia nos artigos 359-L e 359-M do Código Penal, que tipificam crimes contra as instituições democráticas. Para Gonet, os eventos não podem ser tratados como “devaneios utópicos anódinos”, mas como uma sequência coordenada de atos criminosos com um objetivo claro: manter Bolsonaro no poder independentemente dos resultados eleitorais.
O primeiro pilar da conspiração foi a guerra sistemática contra o sistema eleitoral. Bolsonaro liderou pessoalmente uma campanha de desinformação, atacando as urnas eletrônicas e ameaçando que as eleições não aconteceriam.
Paralelamente, uma ofensiva coordenada visava deslegitimar o Judiciário, especialmente o STF e o TSE, criando o ambiente necessário para justificar uma ruptura institucional.
Nos bastidores do poder, a trama ganhava contornos ainda mais graves. Gonet revelou que Bolsonaro e seu Ministro da Defesa convocaram a cúpula militar para apresentar minutas de decretos golpistas.
O objetivo não era consultar, mas cooptar os comandantes para a aventura autoritária. O comandante da Marinha chegou a assentir com a proposta, enquanto os comandantes do Exército e da Aeronáutica foram alvo de uma “campanha ignóbil” para quebrar sua lealdade constitucional.
A violência foi escalando gradualmente. Acampamentos financiados pelos réus em frente a quartéis pediam abertamente “intervenção militar”.
A situação explodiu com a invasão da sede da Polícia Federal, incêndios de veículos em Brasília e a tentativa de explodir um caminhão de combustível perto do aeroporto. O caos, segundo a PGR, era uma etapa calculada para forçar a adesão das Forças Armadas.
A revelação mais chocante foi o detalhamento da operação “Punhal Verde Amarelo”. A PGR apresentou evidências de um plano meticulosamente elaborado para prender e eliminar autoridades-chave: o ministro do STF que presidia o TSE, além do presidente e vice-presidente eleitos.
O projeto, reconhecido pelo General Mário Fernandes, incluía financiamento específico, monitoramento físico dos alvos e o deslocamento de pessoal e armas para Brasília.
O plano chegou às fases finais de execução, com aproximação física dos alvos. Apenas não se consumou porque o decreto formalizando o golpe não foi assinado pelo então presidente.
Para Gonet, isso demonstra que “quando o Presidente da República e o Ministro da Defesa se reúnem com os comandantes militares para concitá-los a executar fases finais do golpe, o golpe ele mesmo já está em processo de realização”.
A PGR também revelou operações paralelas de inteligência, incluindo o mapeamento de localidades no Nordeste onde o candidato da oposição teve mais votos, com o objetivo de criar barreiras artificiais ao exercício do direito de voto no segundo turno.
Para o Procurador-Geral, todos esses elementos convergem para caracterizar uma organização criminosa sob a “coordenação, inspiração e determinação derradeira do ex-Presidente”.
A sustentação técnica e clara de Gonet, descrita pelo criminalista Kakay como “inequívoca”, desenha um cenário onde a condenação se mostra inexorável.
O julgamento prossegue com o Brasil aguardando uma decisão que pode redefinir os limites da democracia no país. Como observou Kakay, é preciso “acabar logo este julgamento para o Brasil virar esta página”.
Clique aqui para assistir à acusação de Gonet (1:43:50)
Clique aqui para ler a íntegra da transcrição
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Plenário entendeu que a competência para legislar sobre a maioria dos temas tratados nos dispositivos é da União
O Supremo Tribunal Federal (STF) invalidou trechos de uma lei do Amazonas que trata da fiscalização, arrecadação e participações financeiras relativas à exploração de recursos minerais e hídricos, incluindo petróleo e gás natural, no território do estado. O entendimento é de que só a União pode legislar sobre as obrigações principais relacionadas ao tema.
A decisão foi tomada na sessão plenária virtual encerrada em 22/8, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5335. A ação foi proposta pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a Lei estadual 3.874/2013.
Obrigações principais
O relator, ministro Nunes Marques, explicou que, de acordo com a Constituição Federal, a União, os estados e os municípios têm competência comum para registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios. Contudo, embora a Constituição Federal assegure aos estados os royalties decorrentes da participação no resultado da exploração desses recursos em seu território, a sistemática de definição, arrecadação e lançamento de compensações e participações financeiras deve ser disciplinada por lei federal.
Obrigações acessórias
Em relação às obrigações acessórias, Nunes Marques destacou que, em casos semelhantes, o Supremo julgou constitucionais leis locais que as regulam. Nesse sentido, votou pela validade das disposições da lei estadual que tratam da fiscalização das quota-partes repassadas pelas concessionárias exploradoras situadas no território do Amazonas.
Efeitos
Em razão do interesse público e da segurança jurídica, além do risco de impacto financeiro-orçamentário ao estado, a decisão terá efeitos a partir do julgamento. Ficam ressalvadas as ações ajuizadas individualmente até a publicação da ata do julgamento.
A decisão foi unânime.
Publicado originalmente pelo STF em 01/09/2025
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Os jornais consultados pela Agência Brasil ressaltaram, entre outros fatos, o caráter inédito do processo no Brasil que, mesmo com longo histórico de golpes de Estado, nunca julgou os acusados de tentar violar o regime político vigente.
O jornal dos Estados Unidos (EUA) The Washington Post lembrou da pressão do presidente americano, Donald Trump, contra o julgamento, com o título: No julgamento de Bolsonaro, o Brasil confronta Trump — e seu passado autoritário.
O periódico da capital estadunidense diz que, apesar do longo histórico de golpes no país, nenhum general ou político brasileiro havia sido julgado por esse tipo de crime.
“Desde a sua fundação, o espectro do autoritarismo paira sobre o Brasil. O país sofreu mais de uma dúzia de tentativas de golpe e passou décadas sob ditaduras. Mas ninguém na história do Brasil — nem general nem político — jamais foi julgado em um tribunal por subverter a vontade do povo”, disse o The Washington Post.
>> Panorama espantoso e tenebroso, diz PGR sobre plano para golpe
Por sua vez, o The New York Times (NYT) estampou o título Como Tentar, e Fracassar, Dar um Golpe. O jornal nova iorquino faz uma retrospectiva de todo o processo, destacando que “as evidências sugerem que foi assim que ele tentou” dar um golpe após perder as eleições de 2022.
A jornalista Ana Ionova diz ter analisado dezenas de horas de depoimentos e lido centenas de páginas do processo para reconstruir o caso que levou Bolsonaro, generais e políticos ao banco dos réus.
“Em um caso que muitos veem como um teste crucial para a jovem democracia do país. Com um vasto acervo de provas processuais, a maioria dos analistas afirma que é quase certo que ele será considerado culpado e poderá enfrentar décadas de prisão”, escreveu o NYT.
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O jornal britânico The Guardian também destacou a ineditismo do processo contra o ex-presidente da República.
“Pela primeira vez na história brasileira, figuras tão poderosas enfrentam a Justiça por tentarem derrubar a democracia do país”, publicou o Guardian.
Além de lembrar que as pressões de Trump contra o julgamento “abalaram as relações EUA-Brasil”, o jornal inglês também recordou que o Brasil sofreu uma dúzia de tentativas de golpe de Estado desde 1889 [ano da proclamação da República].
“A última tomada de poder bem-sucedida ocorreu em 1964, quando generais apoiados pelos EUA depuseram o então presidente, João Goulart, supostamente para frustrar uma ameaça comunista, inaugurando 21 anos de um regime militar brutal”, escreveu o jornalista Tom Phillips.
Na França, o jornal Le Figaro, em parceria com a agência AFP, também francesa, lembrou que o julgamento ocorre apesar da pressão de Trump. “Seu julgamento está no centro de uma crise sem precedentes entre Brasil e Estados Unidos”, diz o jornal parisiense.
A publicação espanhola El País também destacou na capa o julgamento brasileiro iniciado nesta terça-feira (2), com o título Brasil contra Bolsonaro: chaves de um julgamento histórico por intenção de golpe de Estado.
“Nunca antes um ex-presidente ou militar brasileiro havia sido responsabilizado por um golpe. Até agora”, escreveu a jornalista do jornal espanhol Naiara Galarraga Gortázar.
Também europeia, a revista britânica The Economist dedicou a capa de sua edição de cinco dias atrás ao julgamento de Bolsonaro e dos réus da trama golpista. Bolsonaro ilustra a capa com o rosto pintado de verde e amarelo e um chapéu viking de pele de animal, em uma referência a um dos apoiadores de Trump que invadiram o Capitólio nos Estados Unidos, em janeiro de 2021.
Com o título O que o Brasil pode ensinar à América, a reportagem detalha o julgamento e afirma que o Brasil “dá um exemplo de maturidade democrática aos Estados Unidos”, que, segundo a revista, está se tornando “mais corrupto, protecionista e autoritário”.
Depois de ouvir advogado Eli Cohen, parlamentares aprovaram requerimento apresentado pelo relator que sugere a prisão de 21 nomes investigados pela Polícia Federal
A CPMI do INSS aprovou, com 26 votos a favor e nenhum contrário, requerimento em que pede ao Supremo Tribunal (STF) a decretação da prisão preventiva de 21 pessoas denunciadas por envolvimento nas fraudes contra aposentados e pensionistas.
Entre as pessoas listadas no requerimento estão Antônio Carlos Camilo Antunes, o “careca do INSS”, lobista; Alessandro Stefanutto, ex-presidente do órgão; Maurício Camisotti, empresário controlador de associações investigadas; André Fidelis, ex-diretor de Benefícios do INSS; Virgílio de Oliveira Filho, ex-procurador-geral e Vanderlei Barbosa dos Santos, ex-diretor da instituição.
O presidente da comissão, o senador Carlos Viana (Podemos-MG), disse que todos os listados já constam nas investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU). O ministro André Mendonça, do STF, deverá decidir sobre o pedido de prisão preventiva.
“A Polícia Federal tem nomes, a Polícia Federal tem os meios, tem [informações de] como todo o dinheiro foi retirado das contas dos aposentados, e nós não temos ninguém preso até hoje. Nós não temos um bloqueio de bens até o momento. Isso é de uma impunidade vergonhosa no Brasil”, afirmou Carlos Viana.
A ideia da prisão preventiva partiu do relator da CPMI, o deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL), durante o depoimento do advogado Eli Cohen nesta segunda-feira (1º). De acordo com o requerimento, as prisões são necessárias “por conveniência da instrução criminal, garantia da ordem pública e para assegurar a aplicação da lei penal”.
A lista completa a ser encaminhada ao STF é a seguinte:
1. André Paulo Fidelis;
2. Eric Douglas Fidelis;
3. Cecília Rodrigues Mota;
4. Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho;
5. Thaisa Hoffmann Jonasson;
6. Maria Paula Xavier da Fonseca Oliveira;
7. Alexandre Guimarães;
8. Antônio Carlos Camilo Antunes;
9. Rubens Oliveira Costa;
10. Romeu Carvalho Antunes;
11. Domingos Sávio de Castro;
12. Milton Salvador de Almeida Junior;
13. Adelinon Rodrigues Junior;
14. Alessandro Antônio Stefanutto;
15. Geovani Batista Spiecker;
16. Reinaldo Carlos Barroso de Almeida;
17. Vanderlei Barbosa dos Santos;
18. Jucimar Fonseca da Silva;
19. Philipe Roters Coutinho;
20. Maurício Camissotti;
21. Márcio Alaor de Araújo.
O advogado Eli Cohen respondeu a questionamentos de deputados e senadores por mais de oito horas. Participaram da reunião os senadores Izalci Lucas (PL-DF), Leila Barros (PDT-DF), Tereza Cristina (PP-MS), Soraya Thronicke (Podemos-MS), Jorge Seif (PL-SC) e Randolfe Rodrigues (PT-AP) e os deputados Delegado Fabio Costa (PP-AL), Coronel Fernanda (PL-MT), Beto Pereira (PSDB-MS) e Mário Heringer (PDT-MG), entre outros.
O senador Jorge Seif destacou que a Polícia Federal apontou nomes “de senadores e deputados que recebiam mesadas das instituições que roubaram os aposentados”. Ele protocolou requerimento na comissão pedindo que a PF revele esses nomes.
Os deputados Rogério Correia (PT-MG) e Paulo Pimenta (PT-RS) questionaram a força do depoimento do advogado por não ter apresentado provas das denúncias e acusações que apresentou.
Cohen afirmou ainda em seu depoimento que esquema criminoso similar ocorre em relação aos empréstimos consignados a aposentados e pensionistas. Segundo ele, bancos estariam envolvidos nessas supostas fraudes, como Banco BMG, Banco Master e Picpay.
Publicado originalmente pela Agência Senado em 02/09/2025
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Julgamento do núcleo crucial da ação começou nesta terça-feira
O advogado Celso Vilardi, que defende o ex-presidente Jair Bolsonaro da acusação de liderar uma tentativa de golpe de Estado, disse nesta terça-feira (2), ao chegar para o primeiro dia de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), que fará uma defesa “verdadeira, baseada em pontos jurídicos”.
Questionado se Bolsonaro manifestou vontade de acompanhar o julgamento presencialmente, Vilardi disse que sim, mas que o ex-presidente “não está bem”, com problemas de saúde, motivo pelo qual desistiu da ideia.
O advogado não detalhou quais seriam essas dificuldades médicas.
O julgamento de Bolsonaro e mais sete ex-auxiliares por uma tentativa de golpe de Estado e mais quatro crimes começou nesta terça, com a leitura de um resumo do caso pelo relator, ministro Alexandre de Morares.
Além do ex-presidente, os réus são: Alexandre Ramagem – ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); Almir Garnier- ex-comandante da Marinha; Anderson Torres – ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal; Augusto Heleno – ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa; Walter Braga Netto – ex-ministro da Casa Civil e da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro na chapa de 2022; Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Todos foram acusados dos seguintes crimes:
Somadas, as penas podem ultrapassar os 40 anos de prisão.
A exceção é o caso do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem que, atualmente, é deputado federal. Ele foi beneficiado com a suspensão de parte das acusações e responde somente a três dos cinco crimes. A possibilidade de suspensão está prevista na Constituição.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 02/09/2025
Por Felipe Pontes – repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Denise Griesinger
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A abertura do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de participação em tentativa de golpe de Estado, ganhou amplo espaço nos principais veículos internacionais nesta semana. Jornais e emissoras estrangeiras apontam o processo como um marco para a democracia brasileira e avaliam que a decisão da Corte poderá ter reflexos não apenas no país, mas também no cenário político da América Latina.
Nos Estados Unidos, o New York Times descreveu o julgamento como “um teste institucional sem precedentes desde a redemocratização”, enquanto a rede CNN International destacou que a situação de Bolsonaro ecoa os debates sobre ataques às instituições registrados em outras democracias ocidentais. Já o Washington Post traçou paralelos com os processos enfrentados pelo ex-presidente Donald Trump, ressaltando as semelhanças no uso de desinformação e mobilização de apoiadores.
Na Europa, o El País, da Espanha, afirmou que o Brasil “vive um momento decisivo para definir os limites da tolerância democrática diante de líderes que contestam o resultado das urnas”. O jornal francês Le Monde classificou a ação no STF como um “sinal de que a Justiça brasileira não recua diante da pressão política”, enquanto o britânico The Guardian analisou os impactos sobre a estabilidade regional, lembrando que o país é a maior democracia da América do Sul.
Em países da América Latina, a repercussão também foi intensa. O argentino Clarín enfatizou que o processo contra Bolsonaro pode abrir precedente para o tratamento de ex-chefes de Estado acusados de conspirar contra o sistema eleitoral. Já o chileno La Tercera destacou a relação entre o julgamento e a força do bolsonarismo no Congresso, indicando que a decisão poderá influenciar o comportamento de partidos de centro e direita na região.
Analistas estrangeiros consultados por veículos internacionais sublinham que o STF não julga apenas um ex-presidente, mas reafirma os limites institucionais em um contexto global de ascensão de líderes populistas. Para a revista britânica The Economist, o desfecho do processo poderá servir como exemplo sobre como democracias devem responder a ameaças internas à ordem constitucional.
O julgamento de Jair Bolsonaro é visto fora do país não apenas como um caso judicial, mas como um evento simbólico. Para a imprensa internacional, o que está em jogo é a credibilidade das instituições brasileiras e a mensagem que o Brasil enviará ao mundo sobre sua capacidade de enfrentar crises políticas sem abrir mão do Estado de Direito.
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta segunda-feira (1) que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), visite o ex-presidente Jair Bolsonaro em sua residência, onde ele cumpre prisão domiciliar desde o início de agosto. O encontro poderá ocorrer até as 18h do mesmo dia, mediante medidas de segurança determinadas pelo tribunal.
O pedido partiu da defesa de Bolsonaro, que protocolou solicitação junto ao STF alegando o interesse do deputado em uma reunião presencial. Lira confirmou ter feito o pedido, mas não detalhou os temas a serem discutidos. Apesar da proximidade entre os dois políticos ao longo do mandato de Bolsonaro, o momento do encontro desperta atenção: ele acontece justamente na véspera do julgamento em que o ex-presidente e outros sete réus serão analisados por participação em tentativa de golpe de Estado.
As regras da prisão domiciliar permitem apenas a entrada de familiares e advogados sem prévia autorização judicial. Qualquer outra visita precisa ser avaliada pelo Supremo. Moraes determinou ainda que o veículo utilizado por Lira seja inspecionado na saída da residência, como parte dos protocolos de segurança adotados pelo tribunal.
A movimentação reacende especulações sobre os bastidores políticos em Brasília. Mesmo afastado da cena pública, Bolsonaro mantém interlocução com figuras influentes do Congresso, e a visita de Lira pode ter peso estratégico. O julgamento desta semana tende a intensificar disputas dentro da base bolsonarista e pode impactar articulações futuras no Legislativo.
Com isso, a reunião entre os dois líderes, ainda que breve e sem pauta divulgada, ganha relevância não apenas no plano jurídico, mas também no tabuleiro político, em um momento em que as relações entre o Judiciário e o bolsonarismo seguem tensas.
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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou na sexta-feira (6) que seu 1º ato como presidente caso fosse eleito seria conceder o indulto a Jair Bolsonaro (PL) das suas diversas acusações, como a de tentativa de golpe de estado.
O ex-presidente está atualmente cumprindo prisão domiciliar e pode pegar até 43 anos de prisão caso seja considerado culpado.
Tarcísio declarou em entrevista ao Diário do Grande ABC, poucos dias antes do início do julgamento de Bolsonaro no STF, que o caso é desproporcional aos fatos. “Porque eu acho que tudo isso que está acontecendo é absolutamente desarrazoado”, ele falou, ainda dizendo que “qualquer candidato de centro-direita” deveria conceder perdão a Bolsonaro, caso fosse condenado.
O governador ainda defendeu a anistia dos condenados pelo 8 de janeiro, usando da justificativa de que o Judiciário não é confiável. “Infelizmente, hoje eu não posso falar que confio na Justiça, por tudo que a gente tem visto”, disse.
Apesar de suas afirmações, Tarcísio negou intenção de disputar o Planalto em 2026. “Eu não sou candidato à Presidência, vou deixar isso bem claro. Todo governador de São Paulo é presidenciável pelo tamanho do Estado, mas na história recente só Jânio Quadros e Washington Luís chegaram à Presidência”, afirmou.
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Da Agência Brasil
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, disse nesta segunda-feira (1°) que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus no processo da trama golpista ocorrerá com serenidade e sem interferências.
Durante uma palestra realizada na manhã de hoje, no Rio de Janeiro, Barroso comentou a expectativa para o início do julgamento, que vai começar nesta terça-feira (2) pela Primeira Turma da Corte. Por estar na condição de presidente, o ministro não participará do julgamento.
“O papel do Judiciário é julgar os casos que lhe são apresentados. Vale para plataformas digitais, vale para uma denúncia criminal feita pelo procurador-geral da República. O julgamento precisa ser feito com absoluta serenidade, mas cumprindo o que diz a Constituição, sem interferências, venha de onde vier. A gente está lá para cumprir uma missão difícil, mas que é a missão de servir ao Brasil”, comentou.
Barroso também reafirmou que o país possui uma história de golpes de Estado e que não pode prevalecer no Brasil a ideia de que “quem perdeu, tenta levar a bola para casa” ou mudar as regras.
“A história do Brasil sempre foi história de golpes, contragolpes e tentativas de quebra institucional. Temos, desde a redemocratização, 40 anos de estabilidade institucional. Se comprovar que houve tentativa golpe, o julgamento ainda vai ocorrer, acho que é muito importante julgar, encerrar o ciclo do atraso no país e ter a consciência de que a divergência, que é legitima e desejável em uma democracia, deve se manifestar dentro das regras do jogo”, completou.
O julgamento está previsto para começar às 9h desta terça-feira (2). Foram destinadas oito sessões para análise do caso, marcadas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro.
O ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados são réus pela acusação de tentar reverter o resultado das eleições de 2022. O grupo faz parte do núcleo crucial da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Jair Bolsonaro – ex-presidente da República;
Alexandre Ramagem – ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
Almir Garnier- ex-comandante da Marinha;
Anderson Torres – ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
Augusto Heleno – ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa;
Walter Braga Netto – ex-ministro de Bolsonaro e candidato à vice na chapa de 2022;
Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, em um evento no Rio de Janeiro nesta segunda-feira (1), afirmou que o julgamento de Jair Bolsonaro (PL) não irá sofrer interferências “de onde elas vierem”. Ele estava se referindo aos Estados Unidos e às recentes declarações de Donald Trump que ameaçaram o Brasil com mais sanções econômicas para “defender” o ex-presidente.
O julgamento irá começar nesta terça-feira (2), no qual Bolsonaro e outros sete réus estão sendo acusados de tentativa de golpe de estado.
Barroso e os outros ministros da Corte já foram alvos de sanções dos Estados Unidos, tendo seus vistos suspensos para o país. Alexandre de Moraes, central no caso de Bolsonaro, também foi punido com base na Lei Magnitsky.
“O papel do Judiciário é julgar os casos que lhe são apresentados, compreendendo o que diz a Constituição e o que diz a legislação. Sem interferências, venha de onde vier”, declarou Barroso. “Estamos lá para cumprir uma missão, que é uma missão difícil, mas é também a missão de servir ao Brasil da melhor forma possível.”
Ele também falou das tensões internas envolvendo o julgamento, que envolve membros do exército que ainda contam com apoio de setores consideráveis da sociedade brasileira. “Anormal seria se não houvesse tensão. Nenhum país julga invasão da sede dos Três Poderes ou a possibilidade de se entender que houve uma tentativa de golpe de Estado por um ex-presidente e o seu grupo sem algum tipo de tensão natural”, declarou.
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Polícia fará vai monitorar quem transita pela Praça dos Três Poderes
O entorno do Supremo Tribunal Federal (STF) amanheceu com reforço de segurança nesta segunda-feira (1º), véspera do início do julgamento sobre uma trama golpista que teria tentado manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder.
O efetivo extra de homens e viaturas da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) deve ficar de prontidão ao menos até 12 de setembro, quando o julgamento já deverá ter sido encerrado, conforme o cronograma estipulado pelo Supremo.
A partir desta segunda-feira, começou a operar também uma Célula Presencial Integrada de Inteligência, instalada na sede da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Distrito Federal. A estrutura reúne órgãos de segurança locais e nacionais, que fazem o monitoramento da movimentação de pessoas em Brasília e nas redes sociais com objetivo de lançar ações preventivas, se necessário.
A partir desta terça-feira (2), os arredores do tribunal estarão submetidos a um esquema de segurança integrado entre a Polícia Judicial Federal e a SSP-DF. Aglomerações que caracterizem manifestações e qualquer tipo de acampamento nas proximidades estão proibidos.
Policiais farão o monitoramento de quem transita pela Praça dos Três Poderes e nas vias de acesso ao Supremo, incluindo abordagens e revista de mochilas e bolsas. Uma das preocupações maiores é com ações solitárias por parte de algum apoiador do ex-presidente. Serão feitas também varreduras diurnas e noturnas com drones de imagem térmica.
Ainda que não sejam permitidas manifestações nas proximidades, o julgamento deve alterar a rotina da região central de Brasília, uma vez que mais de três mil pessoas se inscreveram para acompanhar o julgamento presencialmente, em vagas limitadas abertas ao público. Entre jornalistas nacionais e estrangeiros, mais de 501 profissionais pediram credenciamento.
O principal alvo do julgamento é o próprio Bolsonaro, que não está obrigado a comparecer, mas pode acompanhar o caso em pessoa, caso queira. Para isso, contudo, é necessário autorização do ministro Alexandre de Moraes para o deslocamento, uma vez que o presidente foi colocado em prisão domiciliar pelo relator da ação penal.
Também têm o direito de comparecer ao julgamento os demais sete réus, entre militares e civis, todos ex-assessores próximos de Bolsonaro que foram acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de tentarem romper com a ordem democráticas no Brasil.
Não estão previstas interdições na Esplanada dos Ministérios durante a semana, somente para o desfile de 7 de setembro, que ocorre no sábado. Nesse caso, o fechamento da via ocorre a partir das 17h do dia 6, na altura da Catedral de Brasília e às 23hs, a partir da alça leste, logo após a Rodoviária do Plano Piloto.
Armas são proibidas
O acesso ao público estará aberto a partir das 6h do 7 de setembro. Estão proibidos itens como armas, objetos cortantes, substâncias inflamáveis, recipientes de vidro, fogos de artifício, mochilas de grande porte, barracas e drones sem autorização.
O Supremo Tribunal Federal se prepara – desde meados de agosto – para a realização do julgamento sobre a trama golpista bolsonarista. Desde o mês passado, cerca de 30 agentes da Polícia Judiciária foram enviados de diversos estados e outros dormem na sede do tribunal, em dormitórios montados para que fiquem de prontidão.
Entre as precauções, houve também varreduras repetidas no edifício do Supremo e também na casa dos ministros da Primeira Turma, que, além de Moraes, é composta por Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.
Os réus do núcleo 1 da trama golpista respondem por cinco crimes, cuja pena somada pode ultrapassar os 40 anos de prisão. São eles: integrar organização criminosa armada, atentar violentamente contra o Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado da União.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 01/09/2025
Por Felipe Pontes – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Kleber Sampaio
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O julgamento começa em 2/9 e será transmitido ao vivo pela TV Justiça, Rádio Justiça, aplicativo TV Justiça + e pelo canal do STF no YouTube
O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu 3.357 inscrições de pessoas interessadas em acompanhar, presencialmente, o julgamento “Núcleo 1” da Ação Penal (AP) 2668, que apura tentativa de golpe de Estado no Brasil. O credenciamento, realizado nos dias 27 e 28 deste mês, foi destinado a toda a sociedade, incluindo advogados de outros núcleos.
Foram disponibilizados 150 lugares para o público em geral na sala de sessões da Segunda Turma do STF, que fica localizada no mesmo prédio que o julgamento será realizado. Os inscritos serão distribuídos entre as oito sessões agendadas – considerando, separadamente, os turnos da manhã e da tarde – e receberão, por email, informações sobre a autorização.
Em razão da limitação de espaço, serão atendidos os pedidos dos primeiros 1.200 cidadãos que se inscreveram. Os demais 2.157 poderão acompanhar o julgamento, ao vivo, por outros canais: TV Justiça, aplicativo TV Justiça +, canal do STF no YouTube e Rádio Justiça.
Credenciamento da imprensa
O Tribunal também concluiu, nesta semana, o credenciamento de veículos de comunicação para a cobertura do julgamento. Ao todo, foram cadastrados 501 profissionais de imprensa do Brasil e de outros países, que ocuparão 80 cadeiras reservadas aos jornalistas, por ordem de chegada.
As sessões serão realizadas nos dias:
Núcleo 1
O Núcleo 1 é composto pelo Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência), Almir Garnier Santos (almirante e ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (general da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional), Jair Bolsonaro (ex-presidente da República), Mauro Cid (tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro), Paulo Sérgio Nogueira (general e ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (general da reserva e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa).
O grupo responde por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e privacidade de patrimônio tombado.
Publicado originalmente pelo STF em 29/08/2025
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O debate público brasileiro foi novamente capturado por uma narrativa que beira o surreal: a suposta violação de privacidade de um ex-presidente da República. Enquanto o senador Flávio Bolsonaro classifica como “ilegal” e “paranoica” a decisão judicial que reforçou o monitoramento de seu pai, e Michelle Bolsonaro recorre a passagens bíblicas, uma cortina de fumaça é erguida para ofuscar o que realmente está em jogo: a soberania da democracia e a integridade da justiça brasileira.
A intensificação da vigilância na residência de Jair Bolsonaro não é um ato de perseguição aleatória, como sua defesa e familiares tentam pintar. É uma medida técnica, fria e necessária, motivada por falhas – os “pontos cegos” identificados pela polícia penal – no sistema que deveria garantir o cumprimento de uma ordem judicial.
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Em um Estado Democrático de Direito, a lei se aplica a todos, e os instrumentos que garantem sua aplicação devem ser eficazes. A presença de agentes na área externa da propriedade não é um capricho, mas a consequência direta da insuficiência do monitoramento eletrônico para um indivíduo que responde por crimes gravíssimos contra este mesmo Estado.
A tentativa de transformar uma questão de segurança processual em um drama familiar sobre a privacidade de mulheres e crianças é uma tática diversionista que subestima a inteligência do povo brasileiro. A verdadeira e mais profunda violação de privacidade e segurança não é a de um quintal em Brasília, mas a que foi planejada contra toda uma nação de mais de 200 milhões de pessoas.
Enquanto se discute a tornozeleira, o Supremo Tribunal Federal (STF) se prepara para o julgamento mais importante da história republicana. Jair Bolsonaro não é um réu qualquer. Ele é o chefe do “núcleo 1” de uma trama golpista, acusado, ao lado de seus generais e ministros mais próximos, de crimes que atentam contra a própria existência do Brasil como o conhecemos: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
As penas, que podem ultrapassar 30 anos de prisão, refletem a magnitude da ameaça. Não se trata de um deslize político ou de um ato de corrupção, mas de uma conspiração urdida no coração do poder para destruir o regime democrático. O interesse recorde do público, com mais de 3.300 cidadãos solicitando acompanhar o julgamento, demonstra que a sociedade compreende a gravidade do momento. O povo anseia por justiça, não por vitimização.
O que está em julgamento a partir de 2 de setembro não é apenas Jair Bolsonaro, Walter Braga Netto, Augusto Heleno e os demais réus. O que está no banco dos réus é a própria resiliência das instituições brasileiras. É a prova de fogo para a nossa soberania – não a soberania contra nações estrangeiras, mas a soberania da lei sobre a arrogância do poder, a soberania da Constituição sobre os que tentaram rasgá-la.
Portanto, que os lamentos sobre a vigilância no quintal não nos desviem do essencial. A justiça que se avizinha não é divina ou metafórica, como sugere a postagem de Michelle Bolsonaro.
É a justiça dos homens, imperfeita, mas indispensável para a sobrevivência da democracia. E ela precisa ser cega, firme e, acima de tudo, soberana. O Brasil assiste, esperando que a justiça prevaleça, não para vingança, mas para que a ordem democrática, tão violentamente ameaçada, seja finalmente restaurada e protegida.
Com informações do programa CNN Prime Time e Agências de Notícias
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Enquanto o mundo assiste perplexo ao ressurgimento do protecionismo agressivo e à política externa baseada em chantagem do governo Donald Trump, o Brasil se encontra em um momento decisivo de sua trajetória democrática e econômica. Diante da ameaça de novas sanções unilaterais dos Estados Unidos — motivadas não por princípios, mas por interesses políticos e pessoais — o país tem uma escolha clara: submeter-se à pressão imperial de Washington ou defender, com coragem, sua soberania nacional. A resposta do governo Lula, ainda que cautelosa, está no caminho certo: dizer não à intimidação e sim ao Estado de Direito.
A recente movimentação do governo brasileiro para ativar a Lei de Reciprocidade frente às sanções americanas não é um gesto de provocação, como alguns setores conservadores tentam pintar. É, ao contrário, um ato de defesa da dignidade nacional.
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O Brasil não pode — e não deve — aceitar que sua política interna seja ditada por um governo estrangeiro que, sob o comando de Trump, tem usado mecanismos como a Lei Magnitsky não para promover direitos humanos, mas como armas de retaliação política.
Sanções que visam ministros do Supremo Tribunal Federal, familiares de magistrados e até a esposa do ministro Alexandre de Moraes são abusos inaceitáveis de poder, que nada têm a ver com ética internacional e tudo com vingança política.
Trump, em sua retórica beligerante, tenta transformar o julgamento de Jair Bolsonaro em um tabuleiro de xadrez geopolítico. Mas o Brasil não é uma peça nesse jogo. O STF cumpre seu papel constitucional ao julgar, com base em provas e processos legais, os responsáveis por uma tentativa de golpe contra a ordem democrática. Defender a independência do Judiciário não é “anti-EUA” — é defender a democracia. E é exatamente isso que o governo Lula faz ao reforçar a autonomia do país frente às ameaças externas.
O protecionismo trumpista, que já impôs tarifas abusivas sobre produtos brasileiros, não tem como objetivo corrigir desequilíbrios comerciais, mas sim subordinar parceiros estratégicos aos interesses de um projeto político autoritário.
Trata-se de uma política que desrespeita acordos multilaterais, despreza o diálogo e promove o unilateralismo como regra. Em um mundo cada vez mais interdependente, esse modelo é anacrônico, perigoso e profundamente injusto.
Por outro lado, o governo Lula representa uma alternativa baseada no respeito mútuo, na cooperação sul-sul e na afirmação da soberania nacional. Seu esforço por ampliar alianças com países da América Latina, África, Ásia e União Europeia mostra que o Brasil pode ser protagonista global sem precisar curvar-se a nenhum império. A retomada do protagonismo diplomático brasileiro não é um desafio aos EUA — é um chamado à maturidade nas relações internacionais.
É verdade que o momento é delicado. O julgamento no STF é sensível, e a pressão externa só aumenta a tensão. Mas justamente por isso, o Brasil precisa mostrar firmeza. Ceder às ameaças de Trump seria abrir a porta para que qualquer potência estrangeira pudesse interferir em nossas decisões judiciais, eleitorais e econômicas. Seria o fim da soberania.
A Lei de Reciprocidade, portanto, não é uma ameaça, mas uma garantia. Ela diz ao mundo — e especialmente a Washington — que o Brasil não será chantageado. Que tem instrumentos legais para responder com proporcionalidade a qualquer agressão comercial. Que respeita o direito internacional, mas não aceitará ingerência disfarçada de “defesa da democracia”.
O Brasil de Lula não quer conflitos. Quer diálogo. Mas diálogo entre iguais. Não entre dominador e dominado. Enquanto Trump tenta reviver um passado de hegemonia unilateral, o Brasil escolhe um futuro de dignidade, autonomia e justiça. E nessa escolha, a soberania nacional não é apenas uma defesa — é um dever.
Chegou a hora de o Brasil dizer alto e claro: nossa democracia não está à venda. E nossa independência, muito menos.
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Na próxima terça-feira, 2 de abril, o Supremo Tribunal Federal (STF) fará algo que o Brasil nunca viu: colocará um ex-presidente da República no banco dos réus por tentativa de golpe de Estado. Jair Bolsonaro, que teve o poder nas mãos por quatro anos, agora enfrenta a Justiça por crimes que atacam o cerne da nossa democracia — a tentativa de impedir a transição legítima do poder após uma derrota eleitoral. O momento é histórico, não apenas por envolver um ex-chefe do Executivo, mas porque simboliza o triunfo da Constituição sobre o autoritarismo.
Este julgamento não é apenas um processo criminal. É um ato de resistência democrática. É a sociedade brasileira, por meio de suas instituições, dizendo com todas as letras: não aceitaremos que o voto seja desrespeitado, que as urnas sejam desacreditadas e que o poder seja mantido pela força. É o Estado Democrático de Direito funcionando como deveria — sem privilégios, sem impunidade, com a mesma lei para todos.
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O que está em julgamento vai além de Bolsonaro. Está em julgamento a tentativa de subverter a ordem constitucional, de desestabilizar as instituições e de impor um regime paralelo, armado e violento. A denúncia do Ministério Público é clara: houve um plano sistemático, articulado por um núcleo de poder que incluía altos comandos militares, ministros e aliados diretos, com o objetivo de manter Bolsonaro no poder mesmo após sua derrota nas urnas.
Entre os crimes atribuídos, estão não apenas a tentativa de golpe, mas também a formação de organização criminosa armada, dano ao patrimônio público e até o planejamento de assassinatos de autoridades. Um roteiro digno de regimes ditatoriais — e que, infelizmente, encontrou eco em território brasileiro.
É impossível não estabelecer um contraste entre o passado e o presente. Em 1964, quando os militares derrubaram João Goulart, o golpe foi bem-sucedido. A ditadura instalou-se por 21 anos, sob a proteção do silêncio da Justiça e da anistia generosa aos seus próprios algozes.
Em 1979, a Lei da Anistia blindou os torturadores e os assassinos do regime, enquanto punia os que lutaram pela liberdade. Não houve julgamento, não houve responsabilização. A democracia foi enterrada — e a impunidade, entronizada.
Hoje, o cenário é outro. O Brasil amadureceu. Nossas instituições, ainda que frágeis, mostram músculo. O STF, o Ministério Público, o Congresso e a sociedade civil estão mais alertas. E, pela primeira vez, quem tentou destruir a democracia será julgado por ela. É uma virada histórica. Não se trata de vingança, mas de justiça. De assegurar que o futuro do país não seja decidido por quartéis, por milícias ou por redes de desinformação, mas pelo voto livre e consciente do povo.
Bolsonaro não está sozinho no banco dos réus — e isso é simbólico. Ao seu lado estarão figuras como Walter Braga Netto, Mauro Cid, Anderson Torres, Augusto Heleno e outros ex-ministros e militares de alto escalão. São homens que, em vez de defenderem a Constituição, escolheram conspirar contra ela. São representantes de um projeto que via as Forças Armadas não como garantes da ordem, mas como instrumentos de poder pessoal. O julgamento expõe, de forma crua, o quanto o ex-presidente tentou militarizar o Estado e subordinar as instituições à sua vontade.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, foi enfático: Bolsonaro teve papel central num plano “progressivo e sistemático” para destruir a democracia. E o ministro Alexandre de Moraes, que determinou a prisão domiciliar do ex-presidente desde agosto, reforça a gravidade do caso. A condenação, segundo fontes do STF, é vista como praticamente certa. A discussão agora é sobre a pena — que pode ultrapassar 40 anos.
É importante lembrar que Bolsonaro é o quarto ex-presidente preso desde a redemocratização, mas o primeiro acusado de tentar derrubar a própria democracia que jurou proteger. É um sinal de que o Brasil está aprendendo com seus erros. Não se trata de criminalizar adversários políticos, mas de punir quem ataca a base do sistema: o respeito às eleições, às instituições e ao Estado de Direito.
A democracia não é um regime fraco. É forte o suficiente para julgar seus inimigos por dentro das regras que ela mesma estabelece. Este julgamento é a prova disso. É um momento de maturidade institucional, de coragem cívica, de defesa da soberania nacional — porque soberania não é apenas controlar fronteiras, mas garantir que o povo decida seu destino sem medo, sem intimidação, sem golpes.
Que o plenário do STF, nos próximos dias, seja um altar da legalidade. Que cada voto dos ministros seja um ato de defesa da Constituição. E que o Brasil, diante dos olhos do mundo, mostre que aprendeu a lição: jamais voltaremos ao passado. A democracia venceu em 2022 nas urnas. Agora, vence no tribunal. E vencerá sempre que for preciso.
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Na próxima terça-feira (2), o Supremo Tribunal Federal (STF) dará início a um julgamento que transcende os muros do Poder Judiciário. Não se trata apenas de um processo criminal, mas de um marco histórico na defesa da democracia brasileira. Pela primeira vez, um ex-presidente da República — Jair Bolsonaro — e seus principais aliados serão julgados por supostamente terem articulado um golpe de Estado para se manter no poder após a derrota nas urnas em 2022. O momento é grave. O momento é decisivo.
A democracia brasileira, já abalada por anos de negacionismo, ataques institucionais e tentativas de deslegitimação das eleições, agora tem a chance de se afirmar com força. O julgamento da Primeira Turma do STF não é um ato de perseguição política, como querem insinuar os defensores do ex-presidente. É, sim, um ato de defesa da soberania nacional e da ordem constitucional. É a resposta das instituições a quem ousou planejar, com frieza e cálculo, o rompimento com o Estado de Direito.
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As acusações são gravíssimas. Segundo o relatório do ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro e seus cúmplices — entre eles generais, almirantes, ex-ministros e agentes de inteligência — conspiraram para manter-se no poder à força, desrespeitando o voto popular, ameaçando o Congresso, o Judiciário e até mesmo o próprio Exército, caso não seguisse seus desígnios autoritários. Um plano orquestrado nos bastidores, com reuniões secretas, documentos classificados e pressão sobre comandos militares. Tudo para subverter a vontade da maioria.
É repugnante que, em pleno século XXI, tenhamos de enfrentar o espectro do golpismo dentro das próprias estruturas do Estado. Mais repugnante ainda é ver que parte das Forças Armadas — instituições que deveriam servir à pátria, não a um homem — tenha sido cooptada por interesses pessoais e antidemocráticos. Generais como Augusto Heleno, Paulo Sérgio e Almir Garnier, ex-comandantes de pastas estratégicas, estão no banco dos réus por trairem o juramento que fizeram à Constituição.
A presença de Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens que decidiu não comparecer ao julgamento para evitar “constrangimentos”, é um detalhe simbólico. Constrangimento não deveria vir do julgamento público, mas do papel que desempenhou: o de cúmplice em uma trama para desestabilizar o país. A fuga à responsabilidade é mais uma marca da cultura de impunidade que se instalou durante o governo Bolsonaro.
O cronograma do julgamento — com cinco dias de sessões, sustentações orais, análise de provas e votos dos ministros — mostra a seriedade com que o STF trata o caso. Não há teatro, nem precipitação. Há provas. Há documentos. Há gravações. Há testemunhos. E há, acima de tudo, o peso da lei. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, representará a acusação com a força do Ministério Público, enquanto os defensores dos réus tentarão, como sempre, transformar o debate em espetáculo político. Mas o país não se engana mais. A sociedade acompanha, observa e exige justiça.
Este julgamento não é sobre Bolsonaro apenas. É sobre o Brasil que queremos. É sobre se aceitaremos que líderes eleitos democraticamente sejam derrubados por grupos armados ou por manobras institucionais. É sobre se permitiremos que a vontade popular, expressa nas urnas, seja ignorada por quem perdeu o poder. É sobre soberania: a soberania do povo sobre seus representantes, a soberania da Constituição sobre os interesses pessoais.
Se o STF condenar os acusados com base nas provas, estará reafirmando um princípio fundamental: ninguém está acima da lei. E, mais do que isso, estará dizendo ao mundo que o Brasil não retrocede. Que não tolera ameaças à democracia. Que suas instituições, ainda que pressionadas, resistem.
Por isso, este momento não pode ser banalizado. Não é um “processo como outro qualquer”. É um divisor de águas. Se a democracia vencer, será por causa da coragem de juízes, promotores e cidadãos que se recusaram a calar. Se o negacionismo e o autoritarismo forem derrotados, será porque o Brasil escolheu a legalidade, a paz e o respeito ao voto.
Que o julgamento sirva de lição eterna: em território brasileiro, golpe não tem vez. A democracia, por mais que seja atacada, resiste. E, desta vez, ela está em juízo — não como ré, mas como juiz.
Por um jornalista comprometido com a soberania e a ordem constitucional.
Com informações da CNN*
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Retorno do parlamentar ao Brasil e solicitação de afastamento do cargo no Congresso justificam a medida, segundo ministro Alexandre de Moraes
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou nesta sexta-feira (29) parte das medidas cautelares impostas ao senador Marcos do Val (Podemos-ES). A decisão atendeu a um pedido do Senado Federal após o parlamentar solicitar licença do cargo para tratamento de saúde.
Com a decisão, foram suspensos a obrigação de uso de tornozeleira eletrônica, o recolhimento domiciliar noturno e a proibição de se ausentar do Distrito Federal. Também caiu a restrição que impedia o senador de utilizar redes sociais, mas há previsão de multa em caso de postagens com discurso de ódio e ataques ao Estado Democrático de Direito. O ministro Alexandre ainda determinou o desbloqueio das contas digitais do senador, de seu salário, das verbas do gabinete e de seus investimentos bancários.
Segundo o ministro, o retorno do parlamentar ao Brasil e a licença do mandato, que foi requisitada ao presidente da Casa, senador Davi Alcolumbre, eliminam o risco de interferência nas investigações criminais em curso ou na aplicação da lei penal. Permanecem válidas, contudo, a proibição de nova saída do país e a apreensão de seus passaportes.
Investigação
Marcos do Val é investigado desde agosto de 2024 em procedimento que apura suposta tentativa de obstrução de investigações sobre organização criminosa e incitação ao crime. Os fatos estão ligados a uma campanha de ataques institucionais contra o STF e a Polícia Federal, incluindo a divulgação de dados pessoais de delegados que atuam em investigações na Corte.
As medidas cautelares suspensas nesta sexta haviam sido impostas no início de agosto, quando o parlamentar retornou dos Estados Unidos. A viagem para o exterior ocorreu sem autorização do Supremo.
Publicado originalmente pelo STF em 29/08/2025
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Começa nesta terça-feira
O post No banco dos réus: entenda como será o julgamento de Bolsonaro e seus comparsas no STF apareceu primeiro em Viomundo.
Uma nova decisão judicial determinou a intensificação do monitoramento policial na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com a inclusão da área externa da propriedade. A medida foi tomada após a identificação de pontos cegos no sistema de vigilância eletrônica, que comprometiam a cobertura integral da tornozeleira eletrônica utilizada pelo ex-presidente, segundo a análise da especialista em Política Jussara Soares durante o programa CNN Prime Time.
A decisão ocorre depois que a polícia penal apontou vulnerabilidades no monitoramento da casa, indicando que os dispositivos eletrônicos não eram suficientes para garantir a fiscalização completa do imóvel. Embora a Procuradoria-Geral da República (PGR) tenha se manifestado contrariamente à presença de agentes dentro da residência, a Justiça autorizou a manutenção da vigilância no quintal e nas áreas externas, reforçando a segurança e o acompanhamento contínuo de Bolsonaro.
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A medida provocou reação imediata da família do ex-presidente. O senador Flávio Bolsonaro (PL) utilizou suas redes sociais para criticar duramente a decisão, classificando-a como “ilegal” e “paranoica”. Em suas publicações, Flávio argumentou que a medida viola a privacidade das mulheres que residem no local, incluindo a primeira-dama Michelle Bolsonaro e uma filha menor de idade.
Michelle Bolsonaro também se manifestou indiretamente, compartilhando uma passagem bíblica em suas redes sociais. No post, ela citou um salmo que ressalta que “a justiça do verdadeiro juiz prevalecerá e nada poderá impedir os seus planos”, interpretado por seguidores como um comentário sobre a decisão judicial.
A defesa de Bolsonaro tem enfatizado que as medidas de monitoramento fazem parte de um contexto mais amplo de questionamentos sobre a imparcialidade do processo. Advogados do ex-presidente têm criticado a condução do caso pelo ministro Alexandre de Moraes, sugerindo que a intensificação da vigilância representa um excesso em relação às normas legais e à privacidade familiar.
Especialistas em segurança afirmam que a inclusão de agentes na área externa da residência não é incomum em situações em que sistemas eletrônicos apresentam falhas ou lacunas. Segundo Jussara Soares, a decisão busca justamente evitar qualquer vulnerabilidade que possa comprometer o acompanhamento da tornozeleira eletrônica, garantindo que as medidas judiciais impostas sejam efetivamente cumpridas.
A medida, portanto, reflete um equilíbrio delicado entre segurança, cumprimento da lei e proteção à privacidade, enquanto os desdobramentos do caso continuam a gerar debates intensos no cenário político brasileiro.
O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus do núcleo 1 da trama golpista promete mobilizar atenção nacional e internacional. O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu 3.357 solicitações de pessoas interessadas em acompanhar as sessões presencialmente, marcadas para começar no dia 2 de setembro.
Apesar do volume expressivo de pedidos, a Corte informou que somente os primeiros 1.200 inscritos terão acesso, devido à limitação de espaço. Os contemplados poderão assistir ao julgamento na sala da Segunda Turma por meio de um telão, já que o plenário da Primeira Turma, onde ocorrerá a sessão, será reservado exclusivamente a advogados dos réus e profissionais de imprensa.
Para cada uma das oito sessões do julgamento — programadas para os dias 2, 9, 10 e 12 de setembro — foram disponibilizados 150 lugares. O Supremo entrará em contato com os selecionados por e-mail, indicando o dia e horário de comparecimento.
Além do público geral, a Corte recebeu 501 pedidos de credenciamento de jornalistas nacionais e internacionais interessados em acompanhar o julgamento. A expectativa é de ampla cobertura, dada a relevância histórica do processo.
O julgamento será conduzido pela Primeira Turma do STF, composta pelo relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes, e pelos ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Bolsonaro e os demais réus respondem por crimes graves, incluindo organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, além de deterioração de patrimônio tombado. Em caso de condenação, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão.
Os réus do núcleo 1 são:
O caso marca um capítulo sem precedentes na história política brasileira. A expectativa é de que o processo seja acompanhado de perto não apenas pelo público e pela imprensa, mas também pela comunidade internacional, dada a gravidade das acusações e o perfil dos réus. O desfecho poderá impactar diretamente o cenário político do país e a percepção da sociedade sobre a capacidade das instituições de preservar a democracia diante de ameaças internas.
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Em um movimento estratégico, o governo federal deu início a um processo que pode autorizar o Brasil a retaliar comercialmente os Estados Unidos, caso novas sanções sejam impostas pelo governo do presidente Donald Trump. A medida, que segue a Lei de Reciprocidade, é vista internamente como um “seguro” ou uma carta na manga para proteger os interesses nacionais em um momento de elevada tensão bilateral.
O cenário de crise se agrava às vésperas de um evento de grande repercussão: o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), marcado para terça-feira (2), a partir das 9h. No Planalto, a avaliação predominante é de que uma eventual condenação de Bolsonaro pode trigger uma reação imediata e negativa de Washington.
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Embora membros do governo neguem publicamente uma ligação direta entre o início do processo de reciprocidade e o julgamento no STF, admitem, em off, que a iniciativa busca criar um respaldo legal rápido para uma resposta política, caso os EUA decidam escalar as penalidades contra o Brasil.
O temor não é infundado. Aliados do ex-presidente já sinalizaram que esperam uma represália de Trump, que poderia incluir a extensão da Lei Magnitsky – usada para sancionar indivíduos por supostas violações de direitos humanos – à esposa do ministro Alexandre de Moraes e a outros integrantes da Corte.
O passo formal foi dado na sexta-feira (29), quando a Embaixada do Brasil em Washington notificou o Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) sobre a abertura do processo de reciprocidade. O trâmite, que pode levar de seis meses a um ano para ser concluído, é uma forma de o Brasil se antecipar. Caso a situação se degrade rapidamente, o país ainda tem a opção de acionar um mecanismo de reação emergencial previsto na mesma lei, impondo tarifas sobre produtos americanos de forma quase imediata.
A sombra da eleição americana paira sobre as relações. A avaliação nos corredores do poder é que o interesse de Washington permanece absolutamente focado no desfecho judicial envolvendo Bolsonaro e que a tensão entre os dois países deve perdurar, pelo menos, até o pleito presidencial de 2026.
Desde o anúncio das primeiras sanções, em 9 de julho, Trump tem usado explicitamente a situação do ex-presidente brasileiro como justificativa para suas ações, que já incluíram tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, cancelamento de vistos de autoridades e a sanção direta ao ministro Alexandre de Moraes.
O Brasil mantém a postura de que está aberto ao diálogo, mas não há otimismo no governo de que essa abertura será suficiente para mudar a disposição americana de negociar. O momento é de preparação para o pior, enquanto se observa, com apreensão, os próximos capítulos que serão escritos tanto no plenário do Supremo Tribunal Federal quanto na Casa Branca.
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Na próxima terça-feira, dia 2, os holofotes do Supremo Tribunal Federal (STF) se voltarão para um julgamento sem precedentes na história do país. Pela primeira vez, um ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, sentará no banco dos réus para responder formalmente por acusações de ter articulado um golpe de Estado. O objetivo da suposta conspiração seria o de subverter a ordem democrática e impedir a transição de poder após sua derrota nas eleições de 2022.
O processo marca um momento crucial para as instituições brasileiras. Nunca antes um ex-chefe do Executivo havia sido julgado por tentativa de ruptura do regime democrático. O caso evoca um passado sombrio, mas sob uma nova ótica jurídica.
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Em 1964, quando os militares depuseram o presidente João Goulart e instauraram um regime de exceção, o golpe foi bem-sucedido, levando a uma ditadura que perdurou por 21 anos e que, ironicamente, não puniu seus próprios líderes. Em 1979, a Lei da Anistia, sancionada pelo último presidente militar, João Baptista Figueiredo, concedeu perdão amplo, tanto aos que lutaram contra a ditadura quanto aos agentes do estado que cometeram crimes como tortura e execuções.
Quase cinco décadas depois, o cenário é radicalmente diferente. A Justiça, agora fortalecida em um Estado Democrático de Direito, se prepara para julgar um ex-presidente acusado de atentar contra a própria democracia que ele jurou defender.
Bolsonaro não está sozinho no processo. Ele responde ao lado de outros 30 réus, em uma denúncia que inclui crimes gravíssimos: tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, formação de organização criminosa armada, dano qualificado ao patrimônio público e até deterioração de patrimônio tombado. De acordo com apurações, uma condenação é tida como certa nos corredores do STF, e a discussão entre os onze ministros deve se concentrar na dosimetria da pena, que tem potencial para superar a marca de 40 anos de prisão.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, foi incisivo em seu parecer ao Supremo. Ele atribui a Bolsonaro um “papio central” no que descreve como um plano “progressivo e sistemático” para corroer as instituições e barrar a posse da chapa eleita. O esquema, que supostamente incluía aliados do governo e membros das Forças Armadas, teria até mesmo previsão para o assassinato de autoridades, revelando um nível extremo de violência planejada.
Atualmente, Bolsonaro cumpre prisão domiciliar, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes desde o dia 4 de agosto. Ele se tornou o quarto ex-presidente a ser preso desde a redemocratização, seguindo os passos de Fernando Collor, Michel Temer e Luiz Inácio Lula da Silva. Também é o sexto a responder a uma ação penal perante a Justiça, sendo que, desde 1985, apenas Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso nunca foram formalmente processados.
O julgamento que se inicia na terça-feira não se restringe ao ex-presidente. Outros sete réus de alto escalão terão seus casos analisados simultaneamente:
O julgamento promete ser um marco na história jurídica e política do Brasil, um teste de fogo para a resiliência da democracia e um capítulo definitivo sobre os limites do poder. Uma nação inteira acompanhará, dia após dia, a narrativa que se desenrola no plenário do STF.
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A partir da próxima terça-feira (2), o Supremo Tribunal Federal (STF) viverá um dos julgamentos mais aguardados dos últimos anos. A Primeira Turma da Corte dará início à análise do processo que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete acusados de articular um plano de golpe de Estado em 2022, em meio às tensões políticas que marcaram o período eleitoral e a transição de governo.
O presidente do colegiado, ministro Cristiano Zanin, reservou cinco dias para as sessões. O cronograma prevê encontros em dois turnos — de manhã e à tarde — em três datas, além de outras duas sessões exclusivamente matutinas. A primeira delas será aberta com a leitura do relatório elaborado pelo ministro Alexandre de Moraes, que apresentará uma visão geral das provas e elementos reunidos no processo. Essa etapa não tem tempo limite.
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Em seguida, será a vez das sustentações orais. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, falará em nome da acusação. Logo depois, os advogados dos oito réus terão até uma hora cada para expor seus argumentos de defesa. Apenas Gonet poderá eventualmente ter tempo extra, por representar o Ministério Público em um caso que envolve múltiplos acusados, embora essa prorrogação precise da autorização da presidência da Primeira Turma.
Concluídas as manifestações, Moraes apresentará seu voto. A decisão dele abrirá a rodada de deliberações, com a participação dos demais ministros do colegiado. Cada magistrado poderá se pronunciar sem qualquer restrição de tempo.
Diferentemente de julgamentos tradicionais, os réus não são obrigados a estar presentes no plenário do STF. De acordo com informações apuradas pela CNN, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, decidiu não comparecer para evitar possíveis constrangimentos diante dos demais acusados.
O julgamento envolve figuras centrais do governo Bolsonaro e de sua base de apoio mais próxima. Estão entre os réus:
O caso desperta enorme expectativa por se tratar não apenas de uma apuração sobre um suposto complô contra a democracia, mas também por envolver nomes de peso da cúpula militar e política do governo passado. A depender do desfecho, o julgamento pode redefinir a trajetória política de Bolsonaro e de seus principais aliados.
A sessão inicial promete ser longa e carregada de simbolismo. De um lado, estará a acusação sustentando a gravidade dos fatos investigados; do outro, a defesa dos réus, que buscará minimizar ou refutar as acusações. Os ministros do STF, por sua vez, terão a missão de avaliar provas, discursos e estratégias, em um processo que será acompanhado atentamente por todo o país.
O resultado desse julgamento poderá influenciar não apenas a vida política dos envolvidos, mas também a percepção da sociedade sobre a capacidade das instituições brasileiras de reagir diante de ataques à ordem democrática.
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Medidas buscam evitar “pontos cegos” e garantir cumprimento de prisão domiciliar
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou hoje (30/8) a ampliação das medidas de monitoramento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar. A determinação se deu nos autos do Inquérito (INQ) 4995.
A decisão – motivada por preocupações da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (SEAPE/DF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR) -, autoriza a vistoria de veículos que saem da residência do réu e estabelece a vigilância presencial na área externa do imóvel.
A necessidade de reforçar a fiscalização foi comunicada ao STF pela própria SEAPE, que em ofício informou que a residência de Bolsonaro, cercada por imóveis contíguos nos fundos e laterais, apresenta “pontos cegos” que dificultam o monitoramento completo.
A PGR confirmou a preocupação, destacando o risco de controle da área externa e a necessidade de que agentes de segurança tenham acesso livre ao local em caso de urgência. O julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado começa na próxima terça-feira (2/9).
Para assegurar a efetividade da medida de prisão domiciliar, o ministro Alexandre determinou que a Polícia Penal do Distrito Federal realize:
1 – Vistorias em veículos: Todos os veículos que saírem da residência do ex-presidente poderão ter seus habitáculos e porta-malas vistoriados. As vistorias deverão ser documentadas com informações sobre os veículos, motoristas e passageiros, e os registros enviados à Justiça diariamente.
2 – Monitoramento presencial: Agentes de segurança deverão realizar monitoramento presencial na área externa da residência, especialmente nas áreas de divisa com os imóveis vizinhos, para cobrir os “pontos cegos” mencionados pela SEAPE.
Julgamento
Na próxima terça-feira (2), Bolsonaro e mais sete aliados, que são réus do núcleo 1 da trama golpista, serão julgados pela Primeira Turma da Corte.
O ex-presidente cumpre prisão domiciliar desde o início de agosto, com uso de tornozeleira eletrônica. A medida foi determinada após Alexandre de Moraes entender que o ex-presidente violou as medidas cautelares que proibiam postagens nas redes sociais de terceiros.
Na semana passada, em outra investigação, a PF descobriu que Bolsonaro tinha um documento de asilo político para ser apresentado ao presidente da Argentina, Javier Milei. Segundo a PF, o documento estava salvo no aparelho desde 2024.
De acordo com a defesa, o documento era apenas um “rascunho”, e a solicitação de asilo não ocorreu. Os advogados negaram ainda a tentativa de fuga do país.
Publicado originalmente pelo STF em 30/08/2025
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Da Agência Brasil
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou neste sábado (30) o reforço nas medidas de monitoramento permanente da casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar em um condomínio no bairro Jardim Botânico, área nobre de Brasília.
A decisão ocorre após o procurador-geral da República, Paulo Gonet, ter enviado ao STF parecer contrário ao pedido da Polícia Federal (PF) para que agentes da corporação permanecessem no interior da casa de Bolsonaro 24 horas por dia. Apesar disso, o procurador se manifestou favorável ao reforço da segurança nas proximidades da residência e na entrada do condomínio, o que foi acatado pelo ministro.
Em sua decisão, Moraes mandou a Polícia Penal do DF realizar monitoramento presencial na área externa da residência e das divisas com os demais imóveis, onde poderia haver exposição ao risco de fuga.
Além do monitoramento externo, o ministro do STF autorizou a realização de vistorias nos “habitáculos e porta-malas de todos os veículos que saírem da residência do réu”. Essas vistorias, segundo a decisão, deverão ser documentadas, com a indicação dos veículos, motoristas e passageiros, e envio dessas informações ao STF diariamente.
Na próxima terça-feira (2), Bolsonaro e mais sete aliados, que são réus do núcleo 1 da trama golpista, serão julgados pela Primeira Turma da Corte.
O ex-presidente cumpre prisão domiciliar desde o início de agosto, com uso de tornozeleira eletrônica. A medida foi determinada após Alexandre de Moraes entender que o ex-presidente violou as medidas cautelares que proibiam postagens nas redes sociais de terceiros.
Na semana passada, em outra investigação, a PF descobriu que Bolsonaro tinha um documento de asilo político para ser apresentado ao presidente da Argentina, Javier Milei. Segundo a PF, o documento estava salvo no aparelho desde 2024.
De acordo com a defesa, o documento era apenas um “rascunho”, e a solicitação de asilo não ocorreu. Os advogados negaram ainda a tentativa de fuga do país.
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Um estudo encomendado pela Polícia Federal e obtido pela reportagem da Folha revela um cenário de suspense que parece saído de um filme de espionagem: as autoridades temem que o ex-presidente Jair Bolsonaro possa tentar escapar da vigilância do seu condomínio em Brasília pulando o muro de um dos vizinhos, com o objetivo final de buscar asilo político na Embaixada dos Estados Unidos.
O plano de segurança, elaborado com base em imagens aéreas captadas por drones, detalha a geografia do local. A residência de Bolsonaro faz divisa com dois vizinhos laterais e outros três nos fundos, onde se localiza o jardim. De acordo com a análise dos agentes, qualquer tentativa de pular os muros laterais seria facilmente vista pela equipe que faz a vigilância externa. O risco real, no entanto, estaria nos fundos do imóvel. Um salto para um desses três terrenos traseiros colocaria o ex-presidente completamente fora do campo de visão da segurança.
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O cenário traçado pela PF é minucioso. Uma vez do outro lado do muro, dentro da propriedade de um vizinho, Bolsonaro poderia entrar em um veículo, se esconder no assoalho ou no banco traseiro, e sair escondido pela portaria do condomínio – já que os carros não estão sendo revistados. A tornozeleira eletrônica, vigiada em tempo real, não impediria a fuga. O motivo é a proximidade: a sede da embaixada norte-americana está a apenas dez minutos de carro do local. Pelos cálculos da PF, no tempo que os agentes responsáveis pelo monitoramento levariam para perceber o movimento anômalo e acionar um protocolo de busca, ele já estaria a salvo dentro do território diplomático.
Este temor específico é a justificativa central usada pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, para pedir ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a autorização para instalar uma equipe de agentes dentro da casa do ex-presidente, 24 horas por dia. O ofício foi encaminhado na última terça-feira (26), e a medida é vista pela cúpula da PF como a única forma infalível de garantir que Bolsonaro não tentará fugir às vésperas de seu julgamento por acusações de envolvimento em atos golpistas.
O alerta da PF foi acionado, em parte, após um aviso formal do deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ). Em um ofício enviado à corporação, o parlamentar afirmou ter recebido informações sigilosas sobre a existência de um suposto plano de fuga.
Em mais um capítulo do impasse sobre as condições da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) se posicionou formalmente contra a medida mais extrema requerida pela Polícia Federal (PF). Em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (29), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, manifestou-se contrário à presença de agentes federais dentro da residência do ex-presidente, 24 horas por dia.
A decisão da PGR atende a um pedido de manifestação feito pelo ministro Alexandre de Moraes no último dia 26, após receber um ofício do diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, que pedia a medida com base no risco concreto de fuga. No mesmo dia, Moraes havia já determinado que a Polícia Penal do DF fizesse o monitoramento via tornozeleira eletrônica.
Gonet, no entanto, traçou uma linha. Em sua avaliação, não há justificativa para “agravara situação” de Bolsonaro com uma medida tão intrusiva. “Essa avaliação não induz a Procuradoria-Geral da República, neste momento, a propugnar por soluções mais gravosas do que a da custódia domiciliar”, argumentou o procurador-geral no documento endereçado ao STF.
Apesar de barrar a entrada dos policiais na casa, a PGR não ignora o risco. O parecer de Gonet é favorável a um reforço da segurança nas proximidades da residência e na entrada do Condomínio Solar de Brasília, onde Bolsonaro cumpre a prisão domiciliar. Essa posição sinaliza um meio-termo: reconhece a preocupação da PF, mas acredita que ela pode ser sanada com um cerco externo mais forte, sem necessidade de invadir o espaço domiciliar.
O procurador não desconsiderou os argumentos da PF. Ele ponderou que a corporação tem motivos reais para se preocupar, citando dois pontos cruciais do inquérito: o pedido de asilo à Argentina encontrado no celular de Bolsonaro e o fato de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), estar nos Estados Unidos “estimulando medidas contra o Brasil”. São elementos que, para a PF, compõem um cenário de preparação para uma eventual fuga.
A PF havia alertado, em seu ofício, sobre uma falha técnica crucial: o sinal da tornozeleira eletrônica pode sofrer intermitências. Essas brechas, ainda que curtas, dariam “tempo hábil para que o custodiado empreendesse uma fuga”, especialmente considerando a proximidade com a Embaixada dos EUA.
Contudo, após analisar todos os elementos, o chefe do Ministério Público Federal concluiu que o conjunto de medidas já decretadas – a prisão domiciliar, a tornozeleira e a vigilância externa – é proporcional e suficiente para o momento. “As circunstâncias, assim, evidentemente, recomendam precauções contra iniciativas de fuga. Tudo isso, afinal, é ainda mais acentuado pela proximidade do julgamento”, escreveu Gonet, reforçando que as “providências de cautela já foram adotadas em atenção ao interesse na aplicação efetiva da lei penal”.
A bola agora está novamente com o ministro Alexandre de Moraes. Ele terá de pesar os argumentos técnicos e operacionais da PF, que quer trancar todas as rotas de fuga possíveis, contra a avaliação jurídica da PGR, que defende o equilíbrio entre a garantia da Justiça e o respeito aos limites da prisão domiciliar. A decisão final definirá o nível de tensão dentro dos muros do condomínio e a rotina do seu morador mais vigiado do país.
Com informações da Folha e Agências de Notícias*
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Capa da revista britânica The Economist: “O que o Brasil pode ensinar aos EUA”
O ex-presidente Jair Bolsonaro e o julgamento da ação penal na qual ele é acusado de liderar uma suposta tentativa de golpe de Estado são o foco da capa da revista britânica The Economist desta semana.
Na publicação, o ex-presidente é retratado com o rosto pintado com as cores do Brasil e com um chapéu igual ao que usava o “viking do Capitólio”, um dos apoiadores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ficou conhecido por ter participado assim da invasão ao Congresso americano em 6 de janeiro de 2021.
Em suas páginas, a revista traz uma longa reportagem sobre a trajetória política brasileira e a investigação contra Bolsonaro e seus aliados.
Em um segundo texto, com tom opinativo, a Economist discute ainda as diferenças entre a forma como os Estados Unidos lidaram com as ameaças contra a sua democracia, após os ataques ao Capitólio em 2021, e a conduta adotada pelo Brasil nos últimos meses.
Com o título “Brasil oferece aos Estados Unidos uma lição de maturidade democrática”, o editorial descreve a condução do processo penal contra Bolsonaro e seus aliados como uma “fantasia da esquerda americana”.
“Os Estados Unidos estão se tornando mais corruptos, protecionistas e autoritários — com Donald Trump, esta semana, mexendo com o Federal Reserve (Fed) e ameaçando cidades controladas pelos democratas. Em contraste, mesmo com o governo Trump punindo o Brasil por processar Bolsonaro, o próprio país está determinado a salvaguardar e fortalecer sua democracia”, diz a Economist.
A revista britânica descreve ainda Jair Bolsonaro como “polarizador” e o “Trump dos trópicos” e afirma que o ex-presidente brasileiro e “seus aliados, provavelmente, serão considerados culpados” pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Ainda segundo o texto, o plano contra a democracia brasileira pelo qual Bolsonaro é acusado “fracassou por incompetência, e não por intenção”.
Bolsonaro e todos os outros acusados negam as acusações. O julgamento está marcado para começar na próxima terça-feira (2/9).
As similaridades e diferenças apontadas pela revista entre Brasil e Estados Unidos se debruçam especialmente no fato de tanto Bolsonaro quanto o presidente americano Donald Trump terem sido acusados de agir para reverter o resultado de uma eleição, divulgar informações falsas sobre fraude e incitar seus apoiadores a invadirem prédios públicos para impedir a posse de seus adversários políticos.
No caso americano, Trump se tornou réu em ações estaduais e federais por suas ações após sua derrota na eleição presidencial de 2020 para o democrata Joe Biden.
Segundo uma das acusações, ele teria espalhado “mentiras de que houve fraude” e conspirado para mudar ilegalmente a eleição a seu favor, levando eventualmente à invasão da sede do Congresso americano. Trump refutou as alegações.
Quando os casos foram abertos, o republicano já se preparava para ser candidato às eleições de 2024, e os processos não chegaram a ser concluídos antes de ele voltar à Casa Branca no início deste ano, após derrotar a democrata Kamala Harris nas urnas.
Trump não foi acusado de sedição — possibilidade que era a principal ameaça à sua candidatura, já que a 14ª Emenda da Constituição proíbe quem “tiver se envolvido em insurreição ou rebelião” contra o governo de ocupar cargos civis ou militares em gestões federal ou estadual. E como não há instrumento similar à Lei da Ficha Limpa brasileira nos EUA, os indiciamentos não afetaram a campanha do americano.
O atual presidente dos EUA ainda foi julgado pelo Congresso em dois processos de impeachment em 2021, após o fim do seu primeiro mandato, mas foi absolvido pelo Senado americano. O efeito prático de uma condenação naquele momento poderia ser a perda de seus direitos políticos.
Quando Trump assumiu, os processos foram extintos, após a Suprema Corte dos Estados Unidos decidir que ex-chefes de Estado têm imunidade absoluta contra processos por ações tomadas oficialmente como presidente durante o mandato.
Logo após sua posse no início deste ano, Trump anunciou sua decisão de perdoar ou atenuar as sentenças de quase 1,6 mil pessoas envolvidas na invasão do Capitólio.
Montagem com fotos da invasão à sede dos Três Poderes em Brasília e a invasão do Capitólio nos EUA | Reuters
Já Bolsonaro foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023 por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante reunião realizada no Palácio da Alvorada com embaixadores estrangeiros em 2022.
No julgamento previsto para a próxima semana, o ex-presidente brasileiro é acusado de cinco crimes relacionados a um suposto plano de golpe de Estado para impedir Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de assumir o poder após as eleições de 2022.
Entre os crimes imputados ao ex-presidente estão liderança de organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Os dois últimos se referem aos ataques de 8 de janeiro de 2023 contra as sedes dos Três Poderes da República. Na ocasião, milhares de apoiadores radicais de Bolsonaro, insatisfeitos com a eleição e posse do presidente Lula, invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso e o STF — em um episódio amplamente comparado ao que aconteceu em 2021 em Washington.
O que o Brasil pode ensinar aos EUA, segundo a Economist
Segundo a Economist, o Brasil é “um caso de teste de como os países se recuperam de uma febre populista”.
“Na Polônia, dois anos após a perda do poder do partido Lei e Justiça (PiS), uma coalizão liderada por Donald Tusk, um centrista, está sendo limitada por um novo presidente do PiS. No Reino Unido, o Brexit agora é impopular, mas Nigel Farage, o político que o inspirou, lidera nas pesquisas. Nem mesmo o massacre do Hamas em 7 de outubro de 2023 conseguiu tirar Israel de suas amargas divisões”.
Mas, segundo o texto, o país que mais viveu momentos semelhantes ao Brasil é os Estados Unidos. E de acordo com a publicação britânica, as duas nações “parecem estar trocando de lugar”.
Para a Economist, o passado recente com uma ditadura militar pode ajudar a explicar porque a reposta às ameaças à democracia em território brasileiro foi mais forte.
“Além disso, a maioria dos brasileiros não tem dúvidas sobre o que Bolsonaro fez. A maioria acredita que ele tentou dar um golpe para se manter no poder”, diz a revista, afirmando ainda que mesmo os políticos conservadores do país, que precisarão dos votos dos apoiadores de Bolsonaro para vencer as eleições de 2026, criticam o “estilo político” do ex-presidente.
E, segundo a publicação, esse “reconhecimento abriu a oportunidade de reforma” no Brasil, pois “a maioria dos políticos brasileiros, tanto de esquerda quanto de direita, quer deixar para trás a loucura de Bolsonaro e sua polarização radical”.
O papel do STF
Mas segundo a Economist, um dos pontos-chave para uma mudança institucional no país passa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que é descrito pela revista como “guardião da democracia brasileira”.
O editorial afirma que a corte “supervisiona uma gama estonteante de regras, direitos e obrigações” e pode receber casos de grupos que vão de sindicatos a partidos políticos.
O texto cita ainda o caso conhecido como Inquérito das Fake News, aberto pelo STF para investigar notícias falsas e ameaças contra os membros da Corte e seus familiares. Segundo a revista, os próprios magistrados abriram o caso, tornando-se ao mesmo tempo “vítima, promotor e juiz”.
“Para lidar com uma carga de trabalho de 114.000 decisões somente em 2024, a maioria das decisões vem de juízes individuais. Há amplo reconhecimento de que juízes não eleitos, com tanto poder, podem corroer a política, bem como salvá-la de golpes. Os próprios juízes veem a necessidade de mudança.”
A Economist segue afirmando que “consertar” o STF “será difícil”, mas que há mais obstáculos para uma reforma no Brasil, como uma “incontinência fiscal crônica, em particular isenções fiscais descontroladas e aumentos automáticos de gastos” e a polarização nacional.
“Mesmo que as elites queiram mudanças, o Brasil ainda é um país profundamente dividido. Bolsonaro tem apoiadores fanáticos que causarão problemas, especialmente se o tribunal impor uma sentença severa. Reformar o Supremo Tribunal Federal e a Constituição exige que grupos abram mão do poder em prol do bem comum”, diz o editorial.
Por isso, tensões seriam inevitáveis. “Mas, ao contrário de seus colegas nos Estados Unidos, muitos dos políticos tradicionais do Brasil, de todos os partidos, querem seguir as regras e progredir por meio de reformas.”
Segundo a Economist, essas são as marcas da maturidade política. “Pelo menos temporariamente, o papel do adulto democrático do hemisfério ocidental mudou para o sul.”
Edição da Economist desta semana também traz uma longa reportagem sobre a trajetória política brasileira e a investigação contra Bolsonaro e seus aliados. | Reprodução/The Economist
Estratégia de Trump ‘sairá pela culatra’
Outro empecilho na trajetória do Brasil apontado é o presidente americano Donald Trump, que como lembra a revista, acusou o STF de uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro, impôs tarifas de 50% sobre as importações brasileiras nos EUA e decretou sanções contra o ministro Alexandre de Moraes.
Segundo a Economist, essa interferência “faz lembrar de uma época passada e desagradável, quando os Estados Unidos habitualmente desestabilizavam os países latino-americanos”.
Mas, de acordo com a revista, a estratégia de Trump “provavelmente sairá pela culatra”.
“Apenas 13% das exportações brasileiras vão para os Estados Unidos, e consistem principalmente de commodities, para as quais novos mercados podem ser encontrados. Os EUA já concederam inúmeras isenções. Até agora, os ataques de Trump apenas fortaleceram a posição de Lula nas pesquisas de opinião e lhe deram uma desculpa para qualquer notícia econômica ruim antes da próxima eleição, em outubro de 2026.”
O que a Economist já disse sobre o Brasil
Esta não é a primeira reportagem da britânica Economist sobre o atual momento político brasileiro. Tampouco é a primeira capa dedicada pela publicação ao Brasil.
Em textos anteriores, a revista já tratou da posição do presidente Lula após ser atacado pelo presidente americano Donald Trump e alertou sobre o peso que as taxas anunciadas pelo republicado podem acabar pesando no bolso dos consumidores americanos.
Em 2009, 2013 e 2016, capas da publicação também trataram da situação política e econômica do Brasil.
A primeira capa retratava um momento em que as avaliações sobre a economia brasileira viviam um momento bom, com o título “Brasil decola”. Quatro anos depois, em uma referência à reportagem anterior, a manchete da revista questionava se o país havia “estragado tudo”, em meio a uma desaceleração do crescimento econômico.
Em 2015, uma outra capa previa um ano seguinte ‘desastroso’ para o Brasil, em meio ao governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
Publicado originalmente pela BBC News em 28/08/2025
Por Julia Braun – BBC Brasil em Londres
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Da Agência Brasil
O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu 3.357 pedidos de pessoas interessadas em acompanhar presencialmente o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus do núcleo 1 da trama golpista, a partir do dia 2 de setembro.
As inscrições para assistir as sessões foram abertas na semana passada pela Corte e estavam disponíveis para o público em geral e advogados dos réus dos demais três núcleos da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a tentativa de golpe de Estado, em 2022.
Apesar do grande número de inscritos, somente os primeiros 1.200 pedidos serão atendidos, devido à limitação de espaço.
Os contemplados vão acompanhar o julgamento na sala da Segunda Turma da Corte, por meio de um telão, e não poderão ficar na Primeira Turma, onde o será o julgamento. O espaço será destinado somente aos advogados dos réus e aos profissionais de imprensa.
Foram disponibilizados 150 lugares para cada uma das oito sessões de julgamento, marcadas para os dias 2, 9, 10 e 12 de setembro.
O Supremo entrará em contato com os contemplados e enviará um e-mail para informar o dia e horário de comparecimento.
A Corte também recebeu 501 pedidos de credenciamento de profissionais da imprensa nacional e internacional interessados em cobrir o julgamento.
O julgamento será na Primeira Turma da Corte, composta pelo relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes, e os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux.
Bolsonaro e os demais réus respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
Em caso de condenação, as penas podem passar de 30 anos de prisão.
Os réus do núcleo 1:
O post Mais de 3,3 mil pessoas querem acompanhar presencialmente julgamento de Bolsonaro no STF apareceu primeiro em Sul 21.
Da Agência Brasil
A Justiça da Itália manteve nesta quinta-feira (28) a prisão da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). De acordo com informações da Advocacia-Geral da União (AGU), que representa o governo brasileiro no caso, a Corte de Apelação de Roma considerou que há risco de fuga e decidiu manter a prisão preventiva da parlamentar enquanto o pedido de extradição feito pelo Brasil continua em tramitação.
A Corte de Apelação também considerou que a defesa de Zambelli não conseguiu comprovar as alegações de perseguição política.
“Segundo os juízes italianos, Zambelli parece nunca ter cultivado reais interesses na Itália, como demonstra seu desconhecimento da língua italiana, o que exigiu, inclusive, a nomeação de um intérprete para as audiências”, informou a AGU.
Os juízes italianos também disseram que os problemas de saúde apontados pela defesa da deputada não impedem a manutenção da prisão.
“Em especial, com referência ao transtorno depressivo, de acordo com a decisão, não foram encontradas evidências que sugerissem desejo de automutilação ou comportamento anticonservador na deputada, sendo que outras condições como tendência a mau humor e distúrbios do sono podem ser tratadas e revisadas em terapias e consultas”, completou o órgão.
No mês passado, Zambelli foi presa em Roma, capital da Itália, onde tentava escapar do cumprimento de um mandado de prisão emitido pelo ministro Alexandre de Moraes.
Por ter dupla cidadania, Zambelli deixou o Brasil, em maio deste ano, após ser condenada pelo STF a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrido em 2023. A deputada também terá que pegar R$ 2 milhões em danos coletivos.
De acordo com as investigações, Zambelli foi a autora intelectual da invasão ao sistema do CNJ, para emissão de um mandato falso de prisão contra Alexandre de Moraes. Segundo as investigações, o hackeamento foi executado por Walter Delgatti, que também foi condenado e confirmou ter realizado o trabalho a mando da parlamentar.
Após a fuga para a Itália, o governo brasileiro solicitou a extradição da deputada para o Brasil. O pedido de extradição de Carla Zambelli foi oficializado no dia 11 de junho pelo STF. Em seguida, o pedido foi enviado pelo Itamaraty ao governo italiano.
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou novamente a deputada, pelo episódio em que ela sacou uma arma de fogo e perseguiu o jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. A perseguição começou após Zambelli e Luan trocarem provocações durante um ato político no bairro dos Jardins, em São Paulo.
Por 9 votos a 2, o Supremo definiu a pena de cinco anos e três meses de prisão pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo.
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A Corte de Apelação também considerou que a defesa de Zambelli não conseguiu comprovar as alegações de perseguição política.
>> Pedido de cassação do mandato está na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara
Os juízes italianos também disseram que os problemas de saúde apontados pela defesa da deputada não impedem a manutenção da prisão.
“Em especial, com referência ao transtorno depressivo, de acordo com a decisão, não foram encontradas evidências que sugerissem desejo de automutilação ou comportamento anticonservador na deputada, sendo que outras condições como tendência a mau humor e distúrbios do sono podem ser tratadas e revisadas em terapias e consultas”, completou o órgão.
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No mês passado, Zambelli foi presa em Roma, capital da Itália, onde tentava escapar do cumprimento de um mandado de prisão emitido pelo ministro Alexandre de Moraes.
Por ter dupla cidadania, Zambelli deixou o Brasil, em maio deste ano, após ser condenada pelo STF a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrido em 2023. A deputada também terá que pegar R$ 2 milhões em danos coletivos.
De acordo com as investigações, Zambelli foi a autora intelectual da invasão ao sistema do CNJ, para emissão de um mandato falso de prisão contra Alexandre de Moraes. Segundo as investigações, o hackeamento foi executado por Walter Delgatti, que também foi condenado e confirmou ter realizado o trabalho a mando da parlamentar.
Após a fuga para a Itália, o governo brasileiro solicitou a extradição da deputada para o Brasil. O pedido de extradição de Carla Zambelli foi oficializado no dia 11 de junho pelo STF. Em seguida, o pedido foi enviado pelo Itamaraty ao governo italiano.
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou novamente a deputada, pelo episódio em que ela sacou uma arma de fogo e perseguiu o jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. A perseguição começou após Zambelli e Luan trocarem provocações durante um ato político no bairro dos Jardins, em São Paulo.
Por 9 votos a 2, o Supremo definiu a pena de cinco anos e três meses de prisão pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo.
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Indicação ainda passará por análise do Senado
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) elogiaram nesta quarta-feira (27) a recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet, para o segundo mandato de dois anos à frente do órgão.
Mais cedo, o Palácio do Planalto confirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou na manhã de hoje o documento em que oficializa a recondução, que ainda deverá ser aprovada pelo Senado.
Durante a sessão desta tarde, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, elogiou a indicação e disse que o “Brasil tem sorte de ter Gonet como procurador-geral”.
“Queria saudar Vossa Excelência, com grande alegria. É um prazer e uma honra para todos nós do plenário do STF ter uma pessoa como Vossa Excelência no exercício deste cargo, que exerce com firme leveza, como a vida deve ser levada na posição em que ocupa”, afirmou. ´
Flávio Dino declarou que ficou feliz com a indicação. “Espero que receba uma apreciação célere do Senado da República”, declarou.
O decano no STF, ministro Gilmar Mendes, também cumprimentou o procurador. “Gostaria de cumprimentar o procurador-geral, Paulo Gonet, especialmente pela indicação que acaba de ser feita pelo presidente da República. Eu acho que, de alguma forma, todos nós saudamos”, completou.
Perfil
Paulo Gustavo Gonet Branco entrou no Ministério Público Federal (MPF) em 1987. Ele é Formado em direito pela Universidade de Brasília (UnB), onde também obteve título de doutorado.
O mandato de Gonet seria encerrado em dezembro deste ano, mas a recondução ocorreu às vésperas do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pela trama golpista, previsto para começar na próxima terça-feira, dia 2 de setembro.
O procurador será responsável pela defesa das condenações do ex-presidente e mais sete aliados que fazem parte do núcleo 1 da trama golpista.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 27/08/2025
Por André Richter – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Aline Leal
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Enquanto o Brasil enfrenta a difícil tarefa de reconstruir suas instituições após anos de ataques sistemáticos, Jair Bolsonaro insiste em encenar um papel que não lhe pertence: o de mártir da liberdade. A verdade, porém, é que o ex-presidente, longe de defender a soberania nacional, transformou-se num fugitivo em potencial, pronto para abandonar o país assim que o chão desabar sob seus pés.
A decisão do ministro Alexandre de Moraes de reforçar a vigilância da Polícia Federal sobre Bolsonaro não é um ato de perseguição política, como a direita bolsonarista insiste em gritar. É, sim, uma medida de prudência democrática. Quando um ex-presidente mapeia rotas de fuga para os Estados Unidos, Hungria e Argentina — países escolhidos não por laços históricos, mas por alinhamento ideológico com governos autoritários e anti-democráticos —, a nação tem o direito de se proteger. E a Justiça, o dever de agir.
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Bolsonaro, que tanto se diz “brasileiro da gema”, que tanto empunhou a bandeira do patriotismo, revela-se agora como um nacionalista de ocasião. Enquanto incitava seus seguidores a defenderem o Brasil com fuzis, ele próprio já planejava o embarque para a Flórida. Enquanto chamava de traidores aqueles que questionavam seus abusos, buscava asilo em regimes que desprezam justamente os valores que ele diz defender: a ordem, a família, a pátria. Mas que ordem é essa que ignora a Justiça? Que família apoia um pai que foge do país? Que pátria é defendida por quem não quer nela viver quando as contas chegam?
O mais grave, contudo, é o padrão de comportamento que se repete: usar o Estado para fins pessoais, atacar as instituições quando elas funcionam, e buscar refúgio no exterior quando o cerco se fecha. A tentativa de envolver a Casa Branca — com a pressão de Donald Trump, aliado de conveniência, não de princípio — para interferir no julgamento do STF é um ato de submissão vergonhosa à ingerência estrangeira. É o oposto de soberania. É capitulação disfarçada de resistência.
Soberania nacional não é gritar hino em comício. Soberania é respeitar a Constituição, submeter-se às leis e cumprir as decisões dos tribunais. É o que fazem Lula, Dilma, e todos os presidentes que passaram pela cadeia ou pelo julgamento sem ameaçar fugir, sem pedir ajuda a ditadores, sem transformar o cargo em trampolim para a impunidade.
Bolsonaro, por outro lado, tratou o Brasil como se fosse uma propriedade privada. Desprezou o Congresso, ameaçou o Judiciário, desmoralizou as Forças Armadas com politicagem rasteira. E agora, diante da possibilidade de responder por crimes contra a democracia, quer escapar como um bandido comum. Pior: quer que o façamos acreditar que é um herói perseguido.
O cerco se fecha, e bem feito. A sociedade brasileira não pode mais aceitar que ex-presidentes achem que estão acima da lei. A esquerda, os movimentos sociais, os defensores da democracia devem celebrar cada passo que afasta o Brasil do abismo autoritário. A prisão domiciliar, a tornozeleira, a vigilância — tudo isso é fruto da resistência de quem nunca se dobrou ao fascismo tropical.
Se Bolsonaro tentar fugir, não será um ato de coragem, mas de covardia. E se for preso, não será vingança, mas justiça. O Brasil não é refúgio para golpistas. E a soberania não se constrói com asilo em embaixadas de ditadores, mas com o respeito ao voto, à lei e à dignidade do povo.
Chega de heróis de mentira. O que o país precisa agora é de responsabilidade. E de um exemplo claro: ninguém, nem mesmo um ex-presidente, está acima da República.
Com informações de O Globo* e O Cafezinho
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Marca negativa
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O presidente Lula (PT) assinou, nesta quarta-feira (27), a recondução de Paulo Gonet como Procurador-Geral da República (PGR). Ele terá agora um novo mandato de mais dois anos à frente do Ministério Público Federal, até 2027.
A decisão acontece em um momento importante para nossa democracia. Gonet e outros oito ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) tiveram seus vistos cassados pelos Estados Unidos por processarem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de estado.
O julgamento dos envolvidos na trama golpista do dia 8 de janeiro de 2023, dentre eles Bolsonaro, irá começar em pouco menos de uma semana, e o Procurador-Geral da República teve papel crucial ao avaliar as denuncias que envolviam o ex-presidente.
Dias antes da recondução, Paulo Gonet enviou manifestação ao Supremo Tribunal Federal em que defendeu reforço no monitoramento policial de Jair Bolsonaro. O procurador-geral afirmou que a Polícia Federal deveria destacar equipes em tempo integral para acompanhar o cumprimento das medidas cautelares impostas por Alexandre de Moraes, como a prisão domiciliar e o uso de tornozeleira eletrônica.
Gonet foi responsável por encaminhar um parecer com uma reunião de provas para o STF que demonstrava como Bolsonaro tentou fugir do Brasil para a Argentina, além de tentar coibir o processo do qual é réu.
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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), saiu em defesa da chamada PEC da Blindagem nesta quarta-feira (27) e reforçou a necessidade de discutir os limites da atuação do Judiciário sobre o Parlamento. Segundo ele, recentes decisões da Justiça têm “transgredido limites” garantidos pela Constituição à atividade parlamentar. A expectativa é que o texto seja votado ainda hoje no plenário.
Em meio à tensão entre os Poderes, Motta ressaltou que o objetivo não é criar confronto com o Supremo Tribunal Federal (STF), mas dar uma resposta a um sentimento crescente dentro do Congresso.
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— Discutir as prerrogativas (dos parlamentares) também é uma prioridade. Há de vários partidos, não só da oposição, um sentimento na Casa de que a atividade parlamentar precisa ser melhor dimensionada. No entendimento da Casa, algumas decisões têm transgredido os limites do que é garantido. Mas não é uma retaliação a quem quer que seja — disse o presidente da Câmara durante o evento Agenda Brasil, organizado por O GLOBO, rádio CBN e Valor Econômico, em Brasília.
De autoria do deputado licenciado e atual ministro do Turismo, Celso Sabino, a proposta estabelece que parlamentares não poderão ser afastados do cargo por decisão judicial. Além disso, medidas cautelares como tornozeleira eletrônica ou prisão domiciliar só teriam validade se confirmadas pelo plenário do STF.
Nos casos de prisão em flagrante por crime inafiançável, hipótese já prevista na Constituição, o deputado ou senador ficaria sob custódia do próprio Congresso até que o plenário decidisse se mantém ou revoga a detenção.
Um grupo de parlamentares defende ainda ampliar o alcance da proposta, de modo que investigações e processos contra deputados e senadores só possam avançar com autorização prévia do Legislativo — uma possibilidade que divide opiniões até mesmo entre líderes da base aliada.
Antes da votação, uma reunião entre líderes partidários e o relator da PEC, deputado Lafayette Andrada (Republicanos-MG), está prevista para alinhar os próximos passos. Nos bastidores, há expectativa de ajustes de última hora no texto para acomodar pressões de diferentes bancadas e aumentar as chances de aprovação.
Embora Motta insista que a PEC não deve ser lida como uma “retaliação”, a proposta chega em um momento de forte desgaste na relação entre parlamentares e ministros do STF. Deputados e senadores têm manifestado incômodo com decisões judiciais que, em sua avaliação, interferem diretamente na autonomia do Legislativo.
A votação desta quarta promete ser mais um capítulo desse embate institucional. Se aprovada, a PEC da Blindagem terá potencial para redesenhar o equilíbrio de forças entre Congresso e Supremo, reacendendo o debate sobre imunidade parlamentar versus combate a abusos de poder.
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O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a ser alvo direto da atenção do Supremo Tribunal Federal (STF). Ontem, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal intensifique a vigilância sobre o capitão reformado para evitar uma possível tentativa de fuga do Brasil, às vésperas do julgamento em que pode ser condenado por envolvimento em uma tentativa de golpe.
A medida surgiu após um parecer do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que considerou “de bom alvitre” reforçar a vigilância diante dos indícios de que Bolsonaro já traçou planos para deixar o país. Moraes acatou a recomendação e classificou a iniciativa como “adequada e necessária” para assegurar a aplicação da lei penal.
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Nas últimas semanas, Bolsonaro e sua defesa fizeram de tudo para tentar adiar ou modificar o rumo do julgamento, previsto para começar na próxima semana. Primeiro, tentaram retirar o processo da alçada do Supremo. Depois, pediram que o caso saísse da Primeira Turma e fosse transferido ao plenário. As tentativas não tiveram sucesso.
Se no campo jurídico as manobras seguiram os limites institucionais, nos bastidores a estratégia acabou rompendo fronteiras. O ex-presidente passou a buscar apoio externo em ações que, na prática, representaram um ataque direto às instituições brasileiras.
Em meio ao impasse, Bolsonaro recorreu à Casa Branca. O governo de Donald Trump, aliado histórico do bolsonarismo, não apenas elevou tarifas sobre produtos brasileiros como também suspendeu vistos, numa tentativa de pressionar o STF. A ofensiva incluiu ainda a aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes — legislação criada nos Estados Unidos para punir ditadores e terroristas.
A proximidade política entre os dois líderes reacendeu a hipótese de que Bolsonaro poderia buscar refúgio em solo americano. Não seria novidade: no fim de 2022, ele embarcou para a Flórida antes mesmo de encerrar seu mandato, permanecendo por meses fora do país.
Os Estados Unidos, no entanto, não são a única opção considerada. Em 2023, após ter o passaporte apreendido, Bolsonaro se abrigou por duas noites na embaixada da Hungria, em Brasília. Temendo uma ordem de prisão, cogitou pedir asilo ao primeiro-ministro ultradireitista Viktor Orbán, um dos principais aliados internacionais de sua gestão.
Mais recentemente, a Polícia Federal encontrou no celular do ex-presidente o rascunho de outro pedido de asilo político, desta vez direcionado ao governo de Javier Milei, na Argentina. O plano, revelado na semana passada, reforçou a percepção de que Bolsonaro buscava alternativas concretas para deixar o Brasil diante da pressão judicial.
Publicamente, Bolsonaro nega que tenha planos de fugir. Ainda assim, cumpre prisão domiciliar em Brasília, a apenas 15 minutos da região que concentra as embaixadas estrangeiras. A proximidade alimenta a preocupação de que uma tentativa repentina de refúgio diplomático não esteja descartada.
O próprio ex-presidente deixou escapar uma frase que hoje soa como prenúncio: no dia em que recebeu a tornozeleira eletrônica, afirmou que “sair do Brasil é a coisa mais fácil que tem”.
Com o julgamento se aproximando e a vigilância reforçada, cresce a expectativa sobre os próximos movimentos do capitão, que já demonstrou disposição para recorrer a aliados internacionais em busca de proteção. Para investigadores e analistas políticos, o cerco se fecha em torno de um ex-presidente que, pela primeira vez, pode não ter mais para onde correr.
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Com aval da PGR, STF determina monitoramento policial do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ministro Alexandre de Moraes ordenou que Polícia Penal do DF faça vigilância na residência de Bolsonaro
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça-feira (26) o monitoramento policial em tempo integral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A Polícia Penal do Distrito Federal deverá enviar equipes para o seu endereço residencial, onde ele cumpre prisão domiciliar.
O monitoramento deverá evitar a exposição indevida, e os agentes terão que evitar qualquer indiscrição, inclusive midiática, além de não poder tomar qualquer medida que perturbe a vizinhança ou afete a esfera domiciliar do ex-presidente. Fica à critério da corporação o uso de uniformes e armas.
A decisão do ministro foi dada no Inquérito (INQ) 4995, e teve parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR). A Polícia Federal (PF) havia encaminhado ao STF pedido para reforçar a vigilância de Bolsonaro feito pelo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), diante de um alegado risco de fuga do ex-presidente.
Em sua decisão, o ministro destacou a proximidade do julgamento de Bolsonaro e a necessidade de garantir a lei penal. Ele disse que são “absolutamente necessárias e adequadas” as medidas de monitoramento demandadas, sem que haja qualquer agravamento da situação de Bolsonaro.
”As ações incessantes de Eduardo Nantes Bolsonaro, estando inclusive localizado em país estrangeiro, demonstram a possibilidade de um risco de fuga por parte de Jair Messias Bolsonaro, de modo a se furtar da aplicação da lei penal, notadamente em razão da proximidade do julgamento de mérito da AP 2.668/DF, agendado na Primeira Turma desta Suprema Corte entre os dias 2/9/2025 e 12/9/2025″, disse o ministro.
Réu na AP 2668, o ex-presidente responde pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. O julgamento está marcado para começar na próxima terça-feira (2/9).
No INQ 4995, a PF concluiu que existem indícios de que Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), cometeram crimes ao tentar interferir no julgamento da ação penal por tentativa de golpe de Estado.
Publicado originalmente pelo STF em 26/08/2025
O post Moraes determina vigilância integral de Bolsonaro pela polícia penal apareceu primeiro em O Cafezinho.
O governo do presidenteLuiz Inácio Lula da Silva (PT) contratou um escritório de advocacia nos Estados Unidos para representar o Brasil na tentativa de revogar as sanções econômicas impostas pelo governo Donald Trump.
Esse escritório será responsável por comandar ações pedindo a reversão do “tarifaço” de 50% sobre importações de produtos do Brasil e a anulação da Lei Magnitsky aplicada ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), que tem a atribuição de defender autoridades brasileiras no exterior, o escritório norte-americano vai atuar “administrativa e judicialmente em defesa do Estado brasileiro no âmbito das sanções impostas pelo governo norte-americano”.
A empreitada não contou com a aprovação de Moraes, que falou em entrevista à Reuters que prefere aguardar uma solução diplomática do caso. Isso porque o contrato é “amplo”, ou seja, o escritório estará representando a AGU como um todo. Mesmo assim, o ministro poderá dispor dos serviços da nova equipe do órgão nos EUA se eventualmente desejar.
O post Governo Lula contrata escritório de advocacia nos EUA para lutar contra tarifaço e defender Moraes apareceu primeiro em O Cafezinho.
Da Agência Brasil
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta segunda-feira (25) que o Ministério Público e as autoridades policiais não podem fazer a requisição direta de dados de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sem decisão judicial prévia.
A decisão foi tomada após o ministro Alexandre de Moraes, em outra liminar sobre o tema, reafirmar decisões judiciais que validaram as requisições de relatórios pelas autoridades investigatórias e impedir novas anulações.
As duas decisões sobre o tema são divergentes porque os ministros seguiram os entendimentos das turmas do STF às quais pertencem:
Dessa forma, caberá ao plenário analisar a questão definitivamente. Não há data para julgamento da causa.
Ao defender que a decisão judicial é necessária para compartilhamento de dados do Coaf, Gilmar Mendes disse que as decisões anteriores do STF não autorizaram o envio para as polícias e o MP.
Segundo o ministro, o Supremo não autorizou a requisição direta dessas informações sem prévia decisão judicial. Para Mendes, a troca de informações envolve dados financeiros sigilosos. Dessa forma, são necessários “padrões rigorosos de análise e controle”.
“Enquanto não houver uniformização da questão pelo plenário desta Corte, deve prevalecer a orientação exarada pela Segunda Turma, que se ampara não só na Constituição, mas também em diversas passagens do acórdão proferido no julgamento do Tema 990 da repercussão geral”, decidiu o ministro.
O post Gilmar Mendes veta repasse de dados do Coaf sem autorização judicial apareceu primeiro em Sul 21.
Durante um debate do grupo empresarial Esfera Brasil, em São Paulo, que reuniu várias lideranças de direita para discutir estratégias futuras desse espectro político, o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, afirmou que Donald Trump é a “única saída” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O líder político estava se referindo a condenação de Bolsonaro na ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023, classificando o processo como “guerra”.
“Isso é uma guerra e eu não acho que o Trump vai perder essa guerra, é minha opinião. O Trump é a única saída que nós temos, não temos outra. Porque quando o poder judiciário se comporta dessa maneira é a pior coisa que existe para todo o país. Por quê? Porque você não tem para quem recorrer”, afirmou Costa Neto.
Donald Trump, ao justificar o tarifaço de 50% imposto sobre produtos brasileiros, afirmou que o julgamento de Jair Bolsonaro violava vários “direitos humanos” e chamou o processo que o ex-presidente é alvo de uma “caça às bruxas”.
Em meio a críticas ao judiciário e às investigações envolvendo Bolsonaro e seu filho, Eduardo, ele classificou o cenário atual como uma “perseguição constante”. “Nunca passei pelo que estou passando. Nunca assisti a nada, nesse período de 40 anos que estou na política, como o que está acontecendo no Brasil agora. É uma perseguição constante com o Bolsonaro”, declarou.
O presidente do PL também negou que Jair Bolsonaro tenha orquestrado a tentativa de golpe do 8 de janeiro e a tentativa de assassinato do ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Oito de janeiro não foi golpe. Eles inventam essa história de que foi golpe de um bando de pé de chinelo quebrando as coisas. Aquilo não foi golpe. Um bando de pé de chinelo… Lá foram tinha um monte de gente gritando ‘não quebra, não quebra’. Eles dizem que aquilo foi golpe para dizer que houve golpe”, declarou.
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O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) nesta segunda-feira (25) pediu para a Procuradoria-Geral da República (PGR) um parecer sobre as alegações da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação aos descumprimentos de medidas cautelares relatados pela Polícia Federal (PF).
A PF divulgou na semana passada um relatório que indiciou Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por coação no curso do processo que acusou ambos de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
No texto, os investigadores relatam indícios de que Bolsonaro descumpriu as medidas cautelares impostas por Moraes que restringiam sua comunicação por redes sociais e movimentação dentro e fora do Brasil. Eles também encontraram no celular do ex-presidente um documento de pedido de asilo político para a Argentina, configurando uma tentativa de fuga.
Os advogados de Bolsonaro, em um documento de 12 páginas enviado para o STF, negaram a tentativa de fuga e o descumprimento das medidas cautelares. Paulo Gonet, o procurador-geral da República, terá 48 horas para se manifestar sobre o assunto a partir do momento em que a PGR foi notificada.
O post STF manda PGR avaliar tentativa de fuga de Bolsonaro apareceu primeiro em O Cafezinho.
A brasileira, Maíra Martini, CEO da Transparência Internacional, criticou o uso da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes do STF (Supremo Tribunal Federal) e o fim do foro privilegiado em entrevista publicada nesta segunda-feira pelo jornal O Globo.
A ONG, sediada em Berlim, atua internacionalmente no combate à corrupção institucional e governamental. Atualmente, ela está presente em 180 países avaliando a transparência dos governos mundiais.
Para Martini, as sanções econômicas contra Moraes são “uma aberração” que abriu “um precedente perigosíssimo”. “[A lei] não se enquadra em nenhum dos motivos pelos quais ela foi criada. É uma aberração e abre um precedente perigosíssimo”, afirmou a executiva. Declarou ainda não duvidar que “possam vir sanções à sociedade civil” e que é possível esperar “qualquer coisa do governo americano”.
Já sobre as atuais discussões no Congresso que pretendem acabar com o foro privilegiado, Martini se mostrou preocupada. “Elas não mandam uma mensagem de confiança no Judiciário nem no sistema político”. Segundo ela, o objetivo dos congressistas é arrastar processos sem solução: “Tem uma razão pela qual eles querem voltar a ser julgados pela 1ª instância: sabem que não vai ter fim”.
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Medida tem como alvo 964 emendas individuais de transferência especial
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou a Polícia Federal (PF) investigar as possíveis irregularidades de emendas parlamentares que somam R$ 694 milhões em repasses do orçamento da União.
A medida tem como alvo 964 emendas individuais de transferência especial, que ficaram conhecidas como “emendas Pix”, aprovadas entre 2020 e 2024 e que não tiveram plano de trabalho cadastrado no sistema oficial do governo.
Dino deu 10 dias úteis para que o Tribunal de Contas da União (TCU) envie às superintendências da PF em cada estado a lista de emendas sem plano de trabalho a serem alvo de inquérito policial.
O cadastro de plano de trabalho para as emendas Pix foi determinado pelo Supremo a partir de 2022, quando a Corte determinou a implementação de regras de transparência e rastreabilidade na liberação dos recursos públicos.
Outras medidas
Na mesma decisão, Dino determinou ainda que o Ministério da Saúde seja alertado a não executar emendas de relator ao Orçamento, identificadas pela sigla RP9, que não atendam a critérios objetivos como a correção de erros ou omissões. Fora desses critérios, as emendas não deverão ser executadas, ordenou o ministro.
Em abril, Dino havia determinado o bloqueio nos repasses de 1,2 mil emendas para a área de Saúde, devido a irregularidades na abertura de conta específica para o recebimento dos recursos.
Outra determinação do ministro foi para que a Controladoria-Geral da União (CGU) realize, no prazo de 10 dias úteis, uma auditoria completa dos repasses feitos à Associação Moriá entre os anos de 2022 e 2024, com prioridade para convênios firmados com o Ministério da Saúde. A entidade é suspeita de irregularidades na execução dos recursos públicos.
Dino reforçou que bancos públicos como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil somente podem transferir recursos de emendas parlamentares por meio da abertura de conta específica para cada emenda, ficando proibidas a utilização de “contas de passagem”.
O ministro determinou que, a partir de 2026, qualquer repasse de emendas seja realizado somente por meio de Ordens de Pagamento de Parceria (OPP), sistema criado para aumentar a rastreabilidade dos recursos.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 25/08/2025
Edição: Valéria Aguiar
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Ministro Gilmar Mendes alterou a data em razão da necessidade de reorganização interna do espaço da 2ª Turma
O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), remarcou para o dia 6 de outubro a audiência pública que discutirá os desafios econômicos e sociais da “pejotização” no Brasil.
O despacho informando sobre a alteração da data foi divulgado nesta sexta-feira (22) no Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 1532603, com repercussão geral (Tema 1.389).
O relator considerou a necessidade de reorganização interna da sala de sessões da Segunda Turma nos dias 2, 3, 9 e 10 de setembro, em razão do julgamento dos réus do chamado “Núcleo 1” da Ação Penal (AP) 2668, que apura a tentativa de golpe de Estado, bem como de outros eventos já agendados para o local.
O cronograma da audiência pública e a lista de participantes será divulgada oportunamente.
Leia a íntegra do despacho.
Publicado originalmente pelo STF em 22/08/2025
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Da Agência Brasil
O Supremo Tribunal Federal (STF) já tem maioria de 7 votos a 2 para condenar a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) a 5 anos e 3 meses de prisão pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo.
O julgamento virtual do caso começou na semana passada e será encerrado nesta sexta-feira (22). Faltam os votos dos ministros Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.
A parlamentar é ré no STF pelo episódio em que ela sacou uma arma de fogo e perseguiu o jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. A perseguição começou após Zambelli e Luan trocarem provocações durante um ato político no bairro dos Jardins, em São Paulo.
Até o momento, a maioria dos ministros segue o voto do relator, Gilmar Mendes, pela condenação de Zambelli. O entendimento é seguido pelos ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Dias Toffoli e Edson Fachin.
Nunes Marques e André Mendonça não seguiram o relator e apresentaram divergências.
Marques votou pela absolvição quanto ao crime de porte ilegal de arma de fogo e desclassificou o crime de constrangimento ilegal para exercício arbitrário das próprias razões. Com o entendimento, a pena está prescrita.
Mendonça absolveu a deputada do crime de porte ilegal de arma de fogo e condenou Zambelli a oito meses de prisão em regime aberto por constrangimento ilegal.
Esta é a segunda condenação de Zambelli no Supremo. No mês passado, Zambelli foi presa na capital da Itália, onde tentava escapar do cumprimento de um mandado de prisão emitido pelo ministro Alexandre de Moraes.
Por ter dupla cidadania, Zambelli deixou o Brasil, em maio deste ano, após ser condenada pelo STF a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrido em 2023. A deputada também terá que pegar R$ 2 milhões em danos coletivos.
De acordo com as investigações, Zambelli foi a autora intelectual da invasão para emissão de um mandato falso de prisão contra Alexandre de Moraes. Segundo as investigações, o hackeamento foi executado por Walter Delgatti, que também foi condenado e confirmou ter realizado o trabalho a mando da parlamentar.
Após a fuga para a Itália, o governo brasileiro solicitou a extradição da deputada para o Brasil. O pedido de extradição de Carla Zambelli foi oficializado no dia 11 de junho pelo ministro. Em seguida, o pedido foi enviado pelo Itamaraty ao governo italiano.
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Ministros analisam caso em que deputada sacou uma arma na rua em SP
O Supremo Tribunal Federal (STF) já tem maioria de 7 votos a 2 para condenar a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) a 5 anos e 3 meses de prisão pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo.
O julgamento virtual do caso começou na semana passada e será encerrado nesta sexta-feira (22). Faltam os votos dos ministros Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.
A parlamentar é ré no STF pelo episódio em que ela sacou uma arma de fogo e perseguiu o jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. A perseguição começou após Zambelli e Luan trocarem provocações durante um ato político no bairro dos Jardins, em São Paulo.
Até o momento, a maioria dos ministros segue o voto do relator, Gilmar Mendes, pela condenação de Zambelli. O entendimento é seguido pelos ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Dias Toffoli e Edson Fachin.
Divergências
Nunes Marques e André Mendonça não seguiram o relator e apresentaram divergências.
Marques votou pela absolvição quanto ao crime de porte ilegal de arma de fogo e desclassificou o crime de constrangimento ilegal para exercício arbitrário das próprias razões. Com o entendimento, a pena está prescrita.
Mendonça absolveu a deputada do crime de porte ilegal de arma de fogo e condenou Zambelli a oito meses de prisão em regime aberto por constrangimento ilegal.
Prisão
Esta é a segunda condenação de Zambelli no Supremo. No mês passado, Zambelli foi presa na capital da Itália, onde tentava escapar do cumprimento de um mandado de prisão emitido pelo ministro Alexandre de Moraes.
Por ter dupla cidadania, Zambelli deixou o Brasil, em maio deste ano, após ser condenada pelo STF a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrido em 2023. A deputada também terá que pegar R$ 2 milhões em danos coletivos.
De acordo com as investigações, Zambelli foi a autora intelectual da invasão para emissão de um mandato falso de prisão contra Alexandre de Moraes. Segundo as investigações, o hackeamento foi executado por Walter Delgatti, que também foi condenado e confirmou ter realizado o trabalho a mando da parlamentar.
Após a fuga para a Itália, o governo brasileiro solicitou a extradição da deputada para o Brasil. O pedido de extradição de Carla Zambelli foi oficializado no dia 11 de junho pelo ministro. Em seguida, o pedido foi enviado pelo Itamaraty ao governo italiano.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 22/08/2025
Por André Richter – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Amanda Cieglinski
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Ambos são réu no processo da trama golpista, em análise no STF
A Policia Federal (PF) aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro teve acesso prévio ao conteúdo da defesa do general Mário Fernandes, um dos réus no processo da trama golpista. O militar está preso desde novembro do ano passado.
A suspeita consta no relatório no qual a Polícia Federal indiciou Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), no caso das sanções dos Estados Unidos. Durante as investigações, o celular do ex-presidente foi apreendido pelos agentes.
De acordo com a PF, foi encontrado no aparelho do ex-presidente um documento semelhante ao apresentado pelos advogados do militar ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A investigação apontou que o arquivo original entregue à Corte e o encontrado no celular possuem o mesmo número de páginas e foi protocolado pela defesa cerca de uma hora após a criação do arquivo no celular do ex-presidente.
“Tendo em vista a notória semelhança entre o conteúdo do arquivo encontrado no aparelho celular do ex-presidente com aquele protocolado nos autos da PET 12.100/DF pela defesa do réu Mário Fernandes, evidencia-se que Jair Messias Bolsonaro teve acesso prévio ao conteúdo relacionado à defesa do general Mario Fernandes”, diz o relatório.
Bolsonaro e os demais réus estão impedidos de manter contato e trocar informações entre si, de acordo com as medidas cautelares previstas na ação. “A submissão prévia de documentos contendo teses de defesa do réu Mario Fernandes, ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro, revela a continuidade, mesmo após as medidas cautelares determinadas pelo juízo, da estrutura hierárquica e do vínculo subjetivo entre os investigados”, diz o relatório.
Durante o governo Bolsonaro, o general ocupou o cargo de secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República e foi responsável, segundo a PF, pela elaboração de um arquivo de Word intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, com planejamento “voltado ao sequestro ou homicídio” do ministro Alexandre de Moraes, do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente, Geraldo Alckmin.
A PF também aponta que Mário Fernandes afirmou que Bolsonaro deu aval para um plano golpista até 31 de dezembro de 2022. Em um áudio enviado a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Fernandes disse que o ex-presidente teria dito a ele que a “ação” poderia ocorrer até o último dia do mandato.
Em depoimento prestado no mês passado, o general Mario Fernandes negou ter a intenção de executar o plano golpista. Segundo ele, o arquivo encontrado era pessoal e retratava somente um “pensamento digitalizado”.
Defesa
Mais cedo, a defesa de Bolsonaro disse que foi surpreendida com o indiciamento e garantiu que vai prestar os esclarecimentos solicitados pelo ministro Alexandre de Moraes.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 21/08/2025
Por André Richter – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Amanda Cieglinski
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Para investigadores, movimentações têm indícios de lavagem de dinheiro
Informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontam que o ex-presidente Jair Bolsonaro movimentou R$ 30,5 milhões nas suas contas bancárias entre março de 2023 e junho deste ano.
Os valores fazem parte do relatório de inteligência financeira, que foi usado pela Polícia Federal (PF) no inquérito que indiciou Bolsonaro e um de seus seu filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), no caso do tarifaço dos Estados Unidos contra o Brasil.
“No período de 01/03/2023 a 07/02/2024, foram movimentados R$ 30.576.801,36 em créditos e R$ 30.595.430,71 em débitos, cujos resumos por tipo de lançamento constam nas tabelas a seguir”, escreveu a PF.
O relatório não cita ilegalidades quanto à origem dos recursos movimentados por Bolsonaro, mas relata cerca de 50 comunicações de movimentações atípicas envolvendo o ex-presidente e pessoas ligadas a ele, como o filho, Eduardo, e a esposa, Michele Bolsonaro.
Das 50 comunicações, quatro informaram operações suspeitas em contas de Bolsonaro e outras quatro nas contas de Eduardo. Outras 42 operações foram feitas em contas de terceiros.
Segundo os investigadores, as movimentações “apresentam indícios de possíveis práticas de lavagem de dinheiro ou outros ilícitos, tendo os principais investigados como vinculados às referidas movimentações”.
Entre as operações atípicas envolvendo Bolsonaro, consta o repasse de R$ 2 milhões para bancar a estadia de Eduardo nos Estados Unidos. A transferência foi feita no dia 13 de maio deste ano.
O repasse já era de conhecimento público e foi confirmado pelo próprio Bolsonaro. O dinheiro faz parte do montante de R$ 19 milhões recebido em doações de apoiadores, via Pix, entre 2023 e 2024.
O Coaf registrou outra operação de R$ 2 milhões da conta de Bolsonaro para Michele Bolsonaro. De acordo com a PF, a quantia foi omitida pelo ex-presidente no depoimento prestado durante as investigações.
No caso de Eduardo, foi encontrada uma operação de câmbio de R$ 1,6 milhão para uma conta no banco Wells Fargo, nos Estados Unidos. A operação foi realizada no dia 26 de maio deste ano.
“Adicionalmente, a empresa [corretora]declarou, na mesma comunicação, que o valor teria como origem uma doação realizada por seu genitor, Jair Bolsonaro, conforme indicado em extrato bancário encaminhado à corretora”, completou o relatório.
As informações financeiras também apontam que Bolsonaro teve despesas de R$ 6,6 milhões com dois escritórios de advocacia.
Defesa
A Agência Brasil entrou em contato com a defesa de Bolsonaro e aguarda retorno. O espaço está aberto para manifestação.
Mais cedo, os advogados do ex-presidente disseram que foram surpreendidos com o indiciamento.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 21/08/2025
Por André Richter – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Sabrina Craide
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Da Agência Brasil
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira (20) a realização de busca e apreensão contra o pastor Silas Malafaia, um dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
De acordo com a Polícia Federal (PF), a medida foi cumprida no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. O pastor teve o celular apreendido.
Pela decisão, Malafaia ainda está proibido de sair do país.
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Uma decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), indica que empresas podem ser punidas no Brasil caso apliquem sanções contra o ministro Alexandre de Moraes seguindo determinação do governo de Donald Trump.
Na decisão proferida na segunda-feira (18/8), Dino proíbe a aplicação no Brasil de sentenças judiciais e leis estrangeiras que não estejam validadas por acordos internacionais ou referendadas pela Justiça brasileira.
Isso inclui a Lei Magnitsky, dos Estados Unidos, que foi usada pelo governo Donald Trump para retaliar Moraes devido a sua atuação no processo criminal que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrenta no STF.
Para Trump, Moraes está perseguindo politicamente seu aliado e, por isso, se enquadra nos alvos dessa lei, desenhada originalmente para punir autores de graves violações de direitos humanos e práticas de corrupção.
Horas após a decisão de Dino, o Departamento de Estado dos EUA publicou na rede social X que “nenhum tribunal estrangeiro pode anular as sanções impostas pelos EUA ou proteger alguém das severas consequências de descumpri-las”.
Há três consequências principais para quem é colocado na lista de sancionados pela Lei Magnitsky: proibição de viagem aos EUA, congelamento de bens nos EUA e proibição de qualquer pessoa ou empresa nos EUA de realizar transações econômicas com o indivíduo penalizado.
Em tese, isso impediria Moraes de usar, por exemplo, cartões de crédito de bandeiras americanas, ou de ter contas e investimentos em bancos que atuem no mercado americano.
No entanto, os efeitos disso no Brasil ainda não são claros, e a nova decisão de Dino evidencia um impasse para as empresas afetadas: se descumprirem a lei americana, podem ser punidas nos EUA; por outro lado, se aplicarem sanções no Brasil em desrespeito a leis brasileiras, também podem ser punidas aqui.
“Acredito que, se as empresas aplicarem a lei estrangeira em desrespeito à decisão do STF, os indivíduos lesados poderão buscar reparação judicial”, afirmou à reportagem Larissa Ramina, professora de direito internacional da Universidade Federal do Paraná.
“A decisão do Dino não inventou a roda, apenas afirma o óbvio: no Brasil se aplica a lei brasileira, lei estrangeira só se aplica mediante validação pelos mecanismos de cooperação internacional. Trata-se do desdobramento mais simples de algo que chamamos ‘soberania'”, disse ainda.
Dino determinou que o Banco Central, a Federação Brasileira de Bancos e outras instituições do sistema financeiro brasileiro fossem notificados da decisão.
Segundo um ministro da Corte ouvido pela reportagem, empresas que queiram evitar punições nos EUA por eventual descumprimento da Lei Magnitsky no Brasil poderão recorrer à Justiça americana ou buscar diálogo político com a gestão Trump.
Além da inclusão na Lei Magnitsky, Moraes enfrenta um processo nos EUA, movido pela plataforma Rumble. A empresa acusa o ministro de censura por determinar a suspensão de contas.
Diante de dúvidas sobre sua determinação, Dino deu um novo despacho nesta terça-feira (19/08) esclarecendo que sua decisão não tem impacto sobre tribunais internacionais reconhecidos pelo Brasil, como a Corte Interamericana de Direitos Humanos.
“Cumpre assinalar no presente despacho complementar que os tribunais internacionais, cujas competências são definidas em tratados incorporados ao Direito Brasileiro, não se insurgem no conceito de ‘tribunais estrangeiros'”, escreveu o ministro.
“Tribunais estrangeiros compreendem exclusivamente órgãos do Poder Judiciário de Estados estrangeiros, ao passo que tribunais internacionais são órgãos supranacionais”, reforçou.
Aplicação de sanções contra Moraes sob Lei Magnitsky ainda traz incógnitas, ainda mais depois de decisão de Dino | Getty Images
Decisão de Dino envolve ação contra a Vale na Inglaterra
Para Larissa Ramina, a decisão de Dino passou um claro recado sobre a aplicação da Lei Magnitsky no Brasil, embora não a cite diretamente.
A decisão foi tomada em uma ação que questiona no STF um processo movido contra as mineradoras Vale e BHP na Inglaterra por vítimas do rompimento da barragem de Mariana (MG), em 2015.
A ação, apresentada pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), argumenta que seria inconstitucional processos movidos por municípios brasileiros no exterior, sob o argumento de que estariam ferindo a soberania nacional ao desconsiderar a autoridade do Judiciário brasileiro.
Em decisão de outubro passado referendada pelo plenário do STF, Dino acatou os argumentos do Ibram e proibiu que municípios brasileiros levem adiante contratos com escritórios estrangeiros nessas ações.
Depois disso, a Justiça inglesa determinou que o Ibram desista dessa ação no Brasil, sob o argumento de que a proibição de pagar os escritórios estaria dificultando o andamento da ação na Inglaterra.
Na sequência, os municípios afetados peticionaram ao STF em março para que fosse cumprida a decisão inglesa.
Foi a partir dessa movimentação que Dino decidiu, agora, reiterar o veto à aplicação de decisões e leis estrangeiras no Brasil sem homologação.
Em sua decisão, o ministro diz que o cenário mudou desde a proposição da ação pelo Ibram, há pouco mais de um ano, “sobretudo com o fortalecimento de ondas de imposição de força de algumas Nações sobre outras”.
“Com isso, na prática, têm sido agredidos postulados essenciais do Direito Internacional. Instituições do multilateralismo são absolutamente ignoradas”, disse ainda.
“Nesse contexto, o Brasil tem sido alvo de diversas sanções e ameaças, que visam impor pensamentos a serem apenas ‘ratificados’ pelos órgãos que exercem a soberania nacional”, reforçou.
Na decisão, o ministro estabeleceu ainda que “ficam vedadas imposições, restrições de direitos ou instrumentos de coerção executados por pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País, bem como aquelas que tenham filial ou qualquer atividade profissional, comercial ou de intermediação no mercado brasileiro, decorrentes de determinações constantes em atos unilaterais estrangeiros”.
Além disso, determinou a ineficácia, no Brasil, da decisão inglesa obrigando o Ibram a desistir da ação no STF.
No entanto, a decisão de Dino não afeta a eficácia da decisão na Inglaterra, explicou à reportagem a advogada Nadia de Araujo, professora de direito internacional privado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Segundo a professora, a Justiça inglesa pode multar as empresas envolvidas na ação na Inglaterra caso o Ibram — instituto que representa mineradoras no Brasil, incluindo Vale e BHP — não siga a determinação de abandonar a ação no STF.
A BHP é uma multinacional com sede na Austrália, mas com presença também na Inglaterra.
“O ministro tornou ineficaz aqui, porque isso é contra a nossa soberania. Mas se o juiz de lá der uma multa, não tem nada o que fazer. Só se a cobrança da multa tiver que ser executada aqui, aí a decisão terá que ser homologada aqui para ser cumprida”, explicou.
Publicado originalmente pela BBC News em 19/08/2025
Por Mariana Schreiber – BBC News Brasil em Brasília
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Da Agência Brasil
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quarta-feira (20) que as instituições financeiras brasileiras podem ser punidas se bloquearem ativos a mando do governo dos Estados Unidos.
Em entrevista à Reuters, Moraes disse que os bancos e instituições que estão no país não podem aplicar internamente ordens de bloqueio, como as oriundas da Lei Magnitisky.
“Agora, da mesma forma, se os bancos resolverem aplicar a lei internamente, eles não podem. Eles podem ser penalizados internamente”, afirmou.
No mês passado, os Estados Unidos anunciaram sanções financeiras contra o ministro, com base Lei Magnitisky, norma norte-americana que prevê a aplicação de restrições para quem é considerado violador de direitos humanos.
A lei prevê o bloqueio de contas bancárias, ativos e aplicações financeiras nos Estados Unidos, a proibição de transações com empresas americanas que estão no Brasil, além do impedimento de entrada no país.
Apesar das sanções, a medida teve impacto reduzido. Moraes não tem bens nem contas em bancos sediados naquele país. O ministro também não tem o costume de viajar para os Estados Unidos.
Na mesma entrevista à Reuters, Alexandre de Moraes considerou “totalmente equivocado” o uso da Lei Magnitsky contra ele.
“Esse desvio de finalidade na aplicação da lei coloca até instituições financeiras em uma situação difícil. E não são só instituições financeiras brasileiras, mas seus parceiros norte-americanos, são empresas norte-americanas que atuam no Brasil e também têm contas, investimentos, financiamentos de bancos brasileiros”, comentou.
O ministro também declarou ainda que espera que o presidente do Estados Unidos, Donald Trump, reverta as medidas anunciadas contra ele.
“É plenamente possível uma impugnação judicial [nos EUA] e até agora não encontrei nenhum professor ou advogado brasileiro ou norte-americano que ache que a justiça não iria reverter. Mas, nesse momento, eu aguardo, e foi uma opção minha, aguardar a questão diplomática do país, Brasil e Estados Unidos”, completou.
Ontem, ministro Flávio Dino decidiu que decisões judiciais estrangeiras só podem ser executadas no Brasil após homologação da Justiça brasileira.
A decisão foi tomada no caso que envolve decisões da Justiça do Reino Unido sobre o desastre no rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG), ocorrido em 2015, mas tem impacto direto nas medidas anunciadas pelo governo dos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes e outros integrantes da Corte.
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Em processo que analisa decisões da Justiça inglesa sobre desastre de Mariana, ministro afasta aplicação de ordens de outros países no Brasil – com recado implícito sobre sanção americana a Moraes.
O embate entre a Casa Branca e o Supremo Tribunal Federal (STF) subiu de patamar nesta semana, após o ministro Flávio Dino afirmar em uma decisão desta segunda-feira (18/08) que ordens judiciais e executivas estrangeiras só podem ser executadas no Brasil após serem homologados pela Justiça ou autoridades brasileiras.
A manifestação de Dino foi feita em um processo não relacionado à pressão do presidente americano Donald Trump para que o Brasil suspenda o julgamento de seu aliado e ex-presidente Jair Bolsonaro sobre tentativa de golpe de Estado, que inclui sanções americanas ao ministro Alexandre de Moraes – mas Dino deixou implícito que a ordem também teria efeito sobre esse caso.
Desastre de Mariana
A decisão de Dino foi tomada no âmbito de uma ação do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) – representante de empresas como a Vale e a Samarco – que contesta a legalidade de municípios brasileiros ajuizarem ações judiciais no exterior visando indenização por danos causados no Brasil, como no desastre em Mariana (MG).
Alguns municípios mineiros estão patrocinando uma ação na Justiça da Inglaterra buscando uma indenização maior do que a estipulada no acordo feito no Brasil sobre o desastre de Mariana. A Samarco, responsável pela barragem do Fundão, é controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton.
Mas há controvérsia jurídica sobre até que ponto a Justiça inglesa pode agir em relação a um acidente ocorrido no Brasil. Os advogados do Ibram moveram em junho de 2024 uma ação no STF afirmando que a iniciativa dos municípios mineiros fere a soberania nacional e é inconstitucional.
Já o advogado dos municípios afirmou em fevereiro à DW que “é irônico que uma empresa australiana, a maior empresa de mineração do mundo, que retirou dezenas de bilhões de dólares do Brasil, lucros remetidos para fora, grite sobre soberania nacional”.
O relator dessa ação é Dino. Em outubro passado, ele já havia determinado que os municípios apresentassem seus contratos feitos com escritórios de advocacia de outros países e que eles se abstivessem de pagar honorários aos escritórios de advocacia no exterior.
Soberania e Poder Judiciário
A ação inglesa continua tramitando, e em março de 2025 nove municípios mineiros notificaram Dino que a Justiça inglesa havia determinado ao Ibram que desistisse de sua ação no STF.
Essa ordem motivou a mais recente decisão de Dino. Ele enfatizou que, desde a propositura da ação, “o suporte empírico dessa controvérsia se alterou significativamente, sobretudo com o fortalecimento de ondas de imposição de força de algumas nações sobre outras”.
O ministro afirmou que decisões da Justiça inglesa não têm eficácia em relação a órgãos públicos brasileiros e a empresas com atuação no Brasil, pois os princípios da soberania e da igualdade entre os Estados tornariam inadmissível que o Estado brasileiro se submetesse à jurisdição de outro país.
Ele não cita em nenhum momento a Lei Magnitsky, usada pelos EUA para sancionar o ministro Alexandre Moraes, relator da ação contra Bolsonaro sobre tentativa de golpe de Estado. A norma bloqueia bens e ativos do alvo da sanção nos EUA e impede entidades financeiras de realizar operações em dólares ligadas ao penalizado.
No entanto, Dino deixou claro que sua decisão valia para casos semelhantes. “Tais fundamentos e comandos, revestidos de efeito erga omnes (contra todos) e vinculante, incidem sobre a controvérsia retratada nestes autos e em todas as demais em que jurisdição estrangeira – ou outro órgão de Estado estrangeiro – pretenda impor, no território nacional, atos unilaterais por sobre a autoridade dos órgãos de soberania do Brasil”, escreveu.
“Leis estrangeiras, atos administrativos, ordens executivas e diplomas similares não produzem efeitos em relação a: a) pessoas naturais por atos em território brasileiro; b) relações jurídicas aqui celebradas; c) bens aqui situados, depositados, guardados, e d) empresas que aqui atuem”, afirmou na decisão.
Como agirão os bancos brasileiros?
A extensão da aplicação da Lei Magnitsky a Moraes ainda está para ser demonstrada. No momento, bancos brasileiros restringiram apenas a possibilidade de Moraes fazer transações em dólares, mas mantiveram suas contas no Brasil e as transações em reais.
No entanto, é possível que a Casa Branca busque estender as sanções da Lei Magnitsky também para bancos brasileiros que mantenham ativas as contas de Moraes e tenham operações nos EUA ou usem as bandeiras Visa e Mastercard – caso de todo grande banco brasileiro.
Se os EUA decidirem pressionar os bancos brasileiros a endurecerem contra Moraes, eles poderiam se ver diante de um impasse: correr o risco de serem sancionados pela Lei Magnitsky e sofrer grande abalo em suas operações, ou correr o risco de desrespeitarem a decisão de Dino, que deverá ser submetida à avaliação do plenário do STF.
Após a recente decisão de Dino, o Departamento de Estado dos EUA postou na segunda-feira uma mensagem no X indicando disposição para apertar as sanções relativas a Moraes. O texto, divulgado pelo Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental do órgão, afirma que “Alexandre de Moraes é tóxico para todas as empresas legítimas e indivíduos que buscam acesso aos Estados Unidos e seus mercados”.
“Pessoas e entidades sob jurisdição dos EUA estão proibidas de manter qualquer relação comercial com ele. Já aquelas pessoas e entidades fora da jurisdição americana devem agir com máxima cautela: quem oferecer apoio material a violadores de direitos humanos também pode ser alvo de sanções”. A mensagem foi replicada pela conta da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil.
Publicado originalmente pelo DW em 19/08/2025
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Fator previdenciário é redutor aplicado sobre aposentadorias do INSS
Por 9 votos a 1, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) deu ganho de causa à União em uma disputa previdenciária com impacto potencial de R$ 131 bilhões sobre os cofres públicos, conforme estimativas da Advocacia-Geral da União (AGU).
A maioria dos ministros decidiu ser legítima a aplicação do fator previdenciário sobre aposentadorias concedidas pelas regras de transição da reforma da Previdência de 1998. O tema possui repercussão geral, e o desfecho do julgamento deve servir de orientação para todos os tribunais do país.
O impacto calculado pelo governo corresponde ao que deveria ser desembolsado caso o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) fosse obrigado a revisar aposentadorias pagas entre os anos 2016 e 2025, segundo órgão.
O julgamento ocorreu no plenário virtual, em sessão encerrada às 23h59 dessa segunda-feira (18). A maioria a favor da União já havia sido alcançada no sábado (16), sendo agora confirmada com a conclusão do julgamento.
Votaram a favor da União o relator, ministro Gilmar Mendes, bem como os ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Flávio Dino, André Mendonça, Luiz Fux, Dias Toffoli, Nunes Marques e Luís Roberto Barroso. O único a divergir foi o ministro Edson Fachin. A ministra Cármen Lúcia não votou.
Entenda
Criado em 1999, o fator previdenciário é um redutor aplicado sobre o valor das aposentadorias pagas pelo INSS, e que leva em consideração critérios como idade, tempo de contribuição e expectativa de vida. A ideia foi desincentivar aposentadorias precoces.
Muitos aposentados, contudo, passaram a reclamar na Justiça por terem os benefícios submetidos a regras diferentes daquelas previstas na fase de transição da reforma da Previdência de 1998, que resultava em benefícios melhores.
No caso analisado pelo Supremo, uma aposentada do Rio Grande do Sul que deu entrada no benefício em 2003 reclamou ter sido submetida a duas regras para a redução do benefício, as da transição e mais o fator previdenciário.
Ela argumentou que possuía, ao se aposentar, a confiança legítima de que seriam aplicadas apenas as regras de transição, mais favoráveis, em relação às contribuições e salários anteriores a 1998.
Para a maioria do Supremo, no entanto, a aplicação do fator previdenciário foi legítima, uma vez que as regras de transição não poderiam ser interpretadas como garantia contra normas posteriores, sobretudo se forem criadas visando o equilíbrio atuarial da Previdência Social.
O voto de Gilmar Mendes, seguido pela maioria, destacou ainda que a aplicação do fator previdenciário tem como objetivo efetivar o princípio contributivo, isto é, o princípio segundo o qual quem contribui mais ganha mais, conforme previsto na Constituição.
“A criação do fator previdenciário insere-se nesse contexto de ajustes estruturais necessários. Ao vincular o valor da renda mensal inicial à expectativa de vida e ao tempo de contribuição do segurado, o fator não viola a confiança legítima, mas realiza uma adequação atuarial compatível com o modelo contributivo estabelecido pela Constituição”, resumiu o relator.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 19/08/2025
Por Felipe Pontes – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Kleber Sampaio
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Uma decisão recente do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), pode redefinir a forma como o Brasil lida com sanções e restrições impostas por legislações estrangeiras, como a chamada Lei Magnitsky, aprovada nos Estados Unidos para punir indivíduos e empresas acusados de corrupção e violações de direitos humanos.
Na ADPF 1.178, julgada nesta segunda-feira (18), Dino foi claro ao afirmar que ordens executivas, decretos, leis ou decisões judiciais de outros países não produzem efeitos no território brasileiro sem que haja previsão em tratado internacional ou homologação do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
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Embora não tenha mencionado expressamente a Lei Magnitsky, o voto atinge em cheio medidas unilaterais como bloqueios de ativos e restrições a transações financeiras. Na prática, abre-se a possibilidade de o STF se consolidar como barreira institucional contra a aplicação automática desse tipo de sanção internacional no Brasil.
A ação foi proposta pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) contra práticas adotadas por municípios de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia após os desastres ambientais de Mariana e Brumadinho. Prefeituras contrataram escritórios estrangeiros para ajuizar ações em cortes internacionais em busca de reparações financeiras.
Para Flávio Dino, essa conduta ultrapassa os limites constitucionais. Segundo ele, municípios são entes autônomos, mas não soberanos, e, portanto, não possuem competência para agir como se fossem sujeitos de direito internacional. “Atuar como se dotados de personalidade internacional é violar o pacto federativo e atentar contra a soberania nacional”, afirmou o ministro.
No voto, o relator declarou ineficaz em território nacional a medida cautelar concedida pela Justiça inglesa a municípios brasileiros. Também fixou regras para futuras situações:
Além disso, Dino determinou que a decisão fosse comunicada ao Banco Central, à Febraban (Federação Brasileira de Bancos), à CNF (Confederação Nacional das Instituições Financeiras) e à CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), para evitar que instituições financeiras brasileiras cumpram ordens vindas de fora sem o aval da Suprema Corte.
O ministro também chamou atenção para os contratos de êxito firmados com escritórios estrangeiros, que previam percentuais elevados de honorários. Segundo Dino, esse modelo poderia impor prejuízos expressivos ao erário e até mesmo às vítimas dos desastres, o que reforça a necessidade de controle pelo sistema de Justiça brasileiro.
O voto de Dino reforçou princípios constitucionais, como a soberania nacional (art. 1º, I, da Constituição) e a igualdade entre os Estados (art. 4º, V, da Constituição).
O ministro citou pareceres da ex-ministra do STF Ellen Gracie e do professor Daniel Sarmento para lembrar que, em direito internacional, vigora o entendimento de que “entre iguais não há império” (par in parem non habet imperium). Ou seja, submeter o Brasil a ordens estrangeiras sem mediação institucional seria violar essa lógica.
Ele também evocou o artigo 17 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), que determina:
“As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.”
No Brasil, a regra é clara: atos de Estados estrangeiros não têm efeito automático em território nacional. Isso inclui leis, decretos, ordens executivas, decisões administrativas e até sentenças judiciais. Para que qualquer determinação externa seja cumprida internamente, é necessário observar condições específicas previstas na Constituição, na legislação processual e em tratados internacionais.
Uma das principais formas de validação é a homologação de sentenças estrangeiras pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Conforme o artigo 105, I, inciso i, da Constituição Federal, cabe ao STJ verificar se a decisão estrangeira atende aos requisitos de validade, como a citação regular das partes e a ausência de violação à ordem pública. Sem esse procedimento — detalhado nos artigos 960 a 965 do Código de Processo Civil (CPC) — uma sentença proferida fora do país não pode gerar efeitos jurídicos no Brasil.
Outra hipótese é a cooperação jurídica internacional, prevista nos artigos 26 e 27 do CPC. Esse mecanismo ocorre por meio de instrumentos como cartas rogatórias, que permitem a prática de atos processuais em território brasileiro, e acordos de assistência mútua, já firmados pelo Brasil com diversos países. A Constituição, em seu artigo 4º, inciso IX, reforça o fundamento dessa prática ao estabelecer a cooperação entre os povos como um princípio para o progresso da humanidade.
Além disso, atos estrangeiros podem se tornar eficazes quando incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro por meio de tratados internacionais. Para isso, o acordo precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional (art. 49, I, CF), ratificado pelo Presidente da República e promulgado por decreto presidencial. Em casos envolvendo direitos humanos, esses tratados podem até alcançar status constitucional, desde que aprovados em dois turnos por três quintos dos votos de cada Casa do Congresso, conforme o artigo 5º, §3º, da Constituição.
Por fim, a legislação brasileira estabelece uma cláusula de salvaguarda, prevista no artigo 17 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB). O dispositivo determina que leis, atos e sentenças de outros países não terão eficácia no Brasil quando violarem a soberania nacional, a ordem pública ou os bons costumes. Em outras palavras, mesmo que haja homologação judicial ou instrumentos de cooperação internacional, a aplicação de decisões estrangeiras só será válida se respeitar os princípios constitucionais do país.
Essa combinação de normas e restrições deixa claro que o Brasil mantém soberania sobre a execução de atos jurídicos estrangeiros, garantindo que medidas como sanções internacionais ou bloqueios de ativos somente possam produzir efeitos no país dentro de critérios legais e institucionais bem definidos.
A decisão do ministro Flávio Dino no STF deixa claro que normas estrangeiras não podem ter efeito automático sobre pessoas ou empresas localizadas no Brasil, criando um obstáculo direto à eventual aplicação da Lei Magnitsky no país.
Na prática, isso significa que sanções unilaterais, como o bloqueio de ativos de empresas brasileiras por determinação de autoridades de outros países, não produzem efeitos internos sem a autorização do Judiciário nacional. Qualquer medida desse tipo dependeria de deliberação expressa do STF ou de previsão em tratado internacional incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro.
Fora do território nacional, no entanto, as restrições seguem válidas, como o congelamento de valores em bancos estrangeiros ou a proibição de entrada em determinados países. O alcance do Supremo, portanto, se limita à jurisdição brasileira.
Especialistas destacam que a decisão reforça o papel do STF como guardião da soberania nacional, especialmente em um cenário de crescente utilização de sanções internacionais unilaterais. Ao estabelecer limites claros, a Corte busca proteger o ordenamento jurídico interno, evitando que estados, municípios ou empresas brasileiras fiquem sujeitos a imposições externas sem respaldo constitucional.
O entendimento do ministro Dino evidencia a importância de respeitar princípios de soberania e autonomia, reafirmando que, no Brasil, a aplicação de normas internacionais deve sempre passar pelo crivo do sistema legal nacional.
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Da Agência Brasil
A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou para que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pague benefício temporário, análogo ao auxílio-doença, a mulheres vítimas de violência doméstica que precisem parar de trabalhar.
O plenário do Supremo julga um recurso em que o INSS tentava derrubar o direito obtido por uma trabalhadora do Paraná, em decisão na segunda instância da Justiça Federal, para que recebesse benefício previdenciário análogo ao auxílio-doença pelo afastamento do trabalho em razão da Lei Maria da Penha.
O direito ao afastamento do trabalho para vítimas de violência doméstica, sem prejuízo do salário, por até seis meses, é garantido pela Lei Maria da Penha, mas o INSS argumenta que não pode ser obrigado a arcar com os pagamentos, por falta de previsão legal.
No caso concreto, diante da indefinição da legislação, o juiz responsável pela decisão de afastamento determinou que o INSS fizesse o pagamento do benefício à segurada, de modo a garantir a efetividade da medida prevista na Lei Maria da Penha. Essa decisão é agora confirmada pela maioria do Supremo.
Pelo voto do relator, ministro Flávio Dino, o pagamento do benefício pode ser determinado pela Justiça estadual em função da Lei Maria da Penha, de modo a garantir a aplicação da medida protetiva para a vítima de violência. “O sistema normativo deve ser interpretado no sentido de conferir a maior proteção à mulher vítima de violência doméstica e familiar”, explicou o ministro.
Uma vez liberado o benefício, cabe à Previdência Social – de forma regressiva – acionar a Justiça Federal para que os valores possam ser ressarcidos à autarquia pelos responsáveis pela violência, votou a maioria do Supremo.
Pagamento
Por essa maioria, é dever da União garantir a efetividade imediata do afastamento do trabalho previsto na Lei Maria da Penha. Para isso, o pagamento pode ser de natureza previdenciária, no caso de trabalhadoras com carteira assinada, ou assistencial, quando a fonte de renda for informal, desde que comprovada a impossibilidade de trabalhar.
“Além da própria remuneração, é importante destacar que também devem ser mantidos o recolhimento fundiário e previdenciário, a contagem do tempo de serviço e todos os consectários da relação trabalhista firmada, a fim de que a vítima de violência doméstica não seja duplamente prejudicada pela situação em que se encontra por circunstâncias alheias a sua vontade”, escreveu o ministro.
Até o momento, Flávio Dino foi seguido pelos ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Dias Toffoli. Os demais têm até as 23h59 desta segunda-feira (18) para votar no plenário virtual.
A decisão da maioria deve ser confirmada caso não haja pedido de vista (mais tempo de análise) ou destaque (remessa do caso ao plenário físico).
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Após voto do ministro André Mendonça, julgamento foi suspenso por pedido de vista
O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou pela validade dos acordos de leniência firmados por empresas investigadas na operação Lava Jato e entes públicos. Relator do caso, Mendonça foi o único a votar até o momento na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 1051, cujo julgamento foi suspenso por pedido de vista formulado pelo ministro Flávio Dino. A análise do caso foi iniciada nesta sexta-feira (15) em sessão virtual.
O que está em debate?
A ADPF questiona se os acordos de leniência – quando empresas envolvidas em corrupção negociam sanções com o poder público para colaborar com investigações — foram feitos regularmente. A ação foi proposta em março de 2023 pelos partidos Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Solidariedade, que alegam ocorrência de irregularidades na celebração desses acordos antes da formalização de um regulamento específico (acordo de cooperação técnica).
As legendas pedem que o STF defina a Controladoria-Geral da União (CGU) como órgão responsável por negociar esses acordos. Em fevereiro de 2024, o relator abriu prazo para as empresas e os entes públicos envolvidos negociarem uma solução consensual. Durante meses de negociações, empresas e poder público repactuaram valores de multas, juros e prazos.
Mérito
Agora, no voto apresentado na sessão virtual, o ministro André Mendonça considerou que não houve coação ou pressão indevida para que os acordos fossem assinados. Ele afirmou que, se existiu problema em algum acordo, isso deve ser analisado individualmente, e não no âmbito de uma ADPF.
Segundo o relator, os acordos não ofereceram descontos sobre o valor principal das multas. O que mudou foi o cronograma de pagamento, levando em conta a situação financeira das empresas envolvidas. Também foi permitida uma forma alternativa de pagamento: utilizar créditos que as empresas já tinham com o governo federal.
Teses propostas para o futuro
O relator sugeriu teses (diretrizes) para que futuras negociações sejam ainda mais claras:
Só a CGU pode firmar acordos de leniência no Executivo Federal, mas a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ministério Público Federal (MPF) podem fazer acordos civis.
Ao Tribunal de Contas cabe apurar os danos que as empresas reconhecem ter causado, e ao Judiciário cabe aprovar ou rejeitar esses acordos.
O valor dos acordos deve se limitar às multas, à restituição dos prejuízos causados sem contestação e à devolução de dinheiro ou bens obtidos de forma ilícita.
A solução para o caso, assim como as teses sugeridas pelo ministro André Mendonça, ainda depende do voto dos demais ministros do STF.
Leia o voto do ministro André Mendonça
Publicado originalmente pelo STF em 15/08/2025
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Da Agência Brasil
No dia 2 de setembro será o primeiro dia de julgamento que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados pela trama golpista ocorrida para tentar reverter o resultado das eleições de 2022. A sessão será aberta às 9h pelo presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin.
Em seguida, o ministro chamará o processo para julgamento e dará a palavra a Alexandre de Moraes, que fará a leitura do relatório, que contém o resumo de todas as etapas percorridas no processo, desde as investigações até a apresentação das alegações finais, etapa finalizada na última quarta-feira (13) e que representa a última fase antes do julgamento. Após a leitura do documento, Zanin passará a palavra para a acusação e as defesas dos réus.
A ação penal que trata do caso se refere ao núcleo crucial da trama e será julgada pela Primeira Turma da Corte. O colegiado é responsável pela análise do caso porque o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, pertence à Primeira Turma. O rito que será adotado no julgamento está previsto no Regimento Interno do STF e na Lei 8.038 de 1990, norma que regulamenta as regras processuais do tribunal.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, será responsável pela acusação. Ele terá a palavra pelo prazo de até uma hora para defender a condenação dos réus. Depois da fala da PGR, os advogados dos réus serão convidados a subir à tribuna para as sustentações orais em favor dos réus. Eles também terão prazo de até uma hora para suas considerações.
O primeiro a votar será Alexandre de Moraes, relator da ação penal. Em sua manifestação, o ministro vai analisar questões preliminares suscitadas pelas defesas de Bolsonaro e dos demais acusados, como pedidos de nulidade da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e um dos réus, alegações de cerceamento de defesa, pedidos para retirar o caso do STF, além das solicitações de absolvição.
Moraes poderá solicitar que a turma delibere imediatamente sobre a questões preliminares ou deixar a análise desses quesitos para votação conjunta com o mérito. Após a abordagem das questões preliminares, Moraes se pronunciará sobre o mérito do processo, ou seja, se condena ou absolve os acusados e qual o tempo de cumprimento de pena.
Depois de Moraes, os demais integrantes da turma vão proferir seus votos na seguinte sequência: Flávio Dino; Luiz Fux; Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. A condenação ou absolvição ocorrerá com o voto da maioria de três dos cinco ministros da turma.
Um pedido de vista do processo não está descartado. Pelo regimento interno, qualquer integrante da Corte pode pedir mais tempo para analisar o caso e suspender o julgamento. Contudo, o processo deve ser devolvido para julgamento em 90 dias.
A eventual prisão dos réus que forem condenados não vai ocorrer de forma automática e só poderá ser efetivada após julgamento dos recursos contra a condenação. Em caso de condenação, os réus não devem ficar em presídios comuns. Oficiais do Exército têm direito à prisão especial, de acordo com o Código de Processo Penal (CPP). A denúncia da trama golpista foi dividida pela PGR em quatro núcleos. O núcleo crucial ou núcleo 1, formado por Jair Bolsonaro, será o primeiro ser julgado. O núcleo 1 tem cinco militares do Exército, um da Marinha e dois delegados da Polícia Federal, que também podem ser beneficiados pela restrição. As demais ações penais estão em fase de alegações finais, última etapa antes do julgamento, que deverá ocorrer ainda neste ano.
São réus do núcleo crucial da trama golpista:
Todos os réus respondem no Supremo pelos crimes de:
A exceção é o caso do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, que, atualmente, é deputado federal. Ele foi beneficiado com a suspensão de parte das acusações e responde somente a três dos cinco crimes. A regra está prevista na Constituição.
A suspensão vale para os crimes de dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado, relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro.
Ramagem continua respondendo pelos crimes de golpe de Estado, organização criminosa armada e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
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O ex-presidente chegou ao hospital DF Star às 9h e, até as 11h30, permanecia no local. Ao atender o pedido dos advogados de Bolsonaro e autorizar que ele saísse de casa, Moraes estabeleceu que o ex-presidente deve retornar para seu condomínio em no máximo oito horas, e apresentar, em até 48 horas, um atestado de comparecimento especificando os procedimentos realizados.
Desde 2018, quando foi alvo de um atentado, Bolsonaro necessita de acompanhamento médico periódico devido às consequências das cirurgias a que se submeteu em virtude da facada que recebeu na região do abdômen e que provocou graves lesões nos intestinos delgado e grosso.
Durante o período em que estiver fora de casa, Bolsonaro continuará sendo monitorando por tornozeleira eletrônica. O ministro determinou que a Secretaria Administração Penitenciária (Seap-DF) acompanhe todo o deslocamento. O órgão é responsável pelo monitoramento eletrônico do equipamento.
Moraes decretou a prisão domiciliar de Bolsonaro no último dia 4, por entender que o ex-presidente usou redes sociais de seus filhos (Eduardo, Flávio e Carlos Bolsonaro) para burlar a proibição de usar essas redes, inclusive por intermédio de terceiros.
As medidas cautelares foram determinadas no inquérito no qual o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, é investigado pela atuação junto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para promover medidas de retaliação contra o governo brasileiro e ministros do Supremo. Em março deste ano, Eduardo pediu licença do mandato parlamentar e foi morar nos Estados Unidos, sob a alegação de perseguição política.
Nesse processo, o ex-presidente é investigado por mandar recursos, via Pix, para bancar a estadia de seu filho no exterior. Bolsonaro também é réu na ação penal da trama golpista no Supremo. O julgamento está marcado para setembro.
A reportarem ainda não conseguiu contato com a assessoria do ex-presidente.
Presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin convoca sessões extraordinárias entre 2 e 12 de setembro
O presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cristiano Zanin, marcou para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro o julgamento dos réus do chamado “Núcleo 1” ou “Núcleo Crucial” na Ação Penal (AP) 2668, que investiga a tentativa de golpe de Estado.
As sessões extraordinárias dos dias 2, 3, 9 e 10 ocorrerão no período da manhã, das 9h às 12h, e a do dia 12 será realizada das 14h às 19h. Também foram convocadas sessões ordinárias para os dias 2 e 9, no período da tarde.
Na quinta-feira (14), o relator da AP 2668, ministro Alexandre de Moraes, solicitou ao presidente da Primeira Turma a definição das datas, considerando o encerramento da instrução processual, o cumprimento das diligências complementares e a apresentação das alegações finais pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e por todos os réus.
Serão julgados: o réu colaborador, tenente-coronel Mauro Cid; o ex-presidente Jair Bolsonaro; o deputado federal Alexandre Ramagem; o almirante Almir Garnier; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; e os generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.
Os réus respondem por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Publicado originalmente pelo STF em 15/08/2025
O post STF marca julgamento dos réus do Núcleo 1 da tentativa de golpe de Estado apareceu primeiro em O Cafezinho.
Da Agência Brasil
O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu nesta sexta-feira (15) as datas do julgamento que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados pela trama golpista ocorrida em 2022 para tentar reverter o resultado das eleições de 2022. As sessões foram marcadas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro.
A ação penal que trata do caso se refere ao núcleo crucial da trama e será julgada pela Primeira Turma da Corte. O colegiado é responsável pela análise do caso porque o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, pertence à Primeira Turma.
São réus do núcleo crucial da trama golpista:
Todos os réus respondem no Supremo pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
A exceção é o caso do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, que, atualmente, é deputado federal. Ele foi beneficiado com a suspensão de parte das acusações e responde somente a três dos cinco crimes. A regra está prevista na Constituição.
No dia 2 de setembro, às 9h, primeiro dia de julgamento, a sessão será aberta pelo presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin. Em seguida, o ministro dará a palavra a Alexandre de Moraes, que fará a leitura do relatório. Após a leitura do relatório, Zanin passará a palavra para a acusação e as defesas dos réus.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, será responsável pela acusação. Ele terá a palavra pelo prazo de até uma hora para defender a condenação dos réus.
Após a sustentação da PGR, os advogados dos réus serão convidados a subir à tribuna para as sustentações orais em favor dos réus. Eles também terão prazo de até uma para suas considerações.
O primeiro a votar será Alexandre de Moraes, relator da ação penal. Após o voto do relator, os demais integrantes da turma vão proferir seus votos na seguinte sequência: Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
A condenação ou absolvição ocorrerá com o voto da maioria de três dos cinco ministros da turma.
Um pedido de vista do processo não está descartado. Pelo regimento interno, qualquer integrante da Corte pode pedir mais tempo para analisar o caso e suspender o julgamento. Contudo, o processo deve ser devolvido para julgamento em 90 dias.
A eventual prisão dos réus que forem condenados não vai ocorrer de forma automática e só poderá ser efetivada após julgamento dos recursos contra a condenação.
Em caso de condenação, os réus não devem ficar em presídios comuns. Oficiais do Exército têm direito à prisão especial, de acordo com o Código de Processo Penal (CPP). O núcleo 1 tem cinco militares do Exército, um da Marinha e dois delegados da Polícia Federal, que também podem ser beneficiados pela restrição.
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Da Agência Brasil
O ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou para 2 de setembro o início do julgamento da ação penal que tem como alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados, todos réus por tentativa de golpe de Estado.
O julgamento foi marcado para começar às 9h. Zanin reservou oito sessões para a análise do caso, seis delas extraordinárias, ou seja, realizadas em horários fora do previsto para a Primeira Turma.
Além do 2 de setembro, com uma sessão pela manhã e outra a tarde, a demais sessões estão previstas para ocorrer nos dias 3, 9, 10 e 12 de setembro, conforme cronograma divulgado pela secretaria da Primeira Turma.
A ação penal 2668 é a mais avançada relacionada à trama golpista denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e tem como alvo o núcleo 1 da trama, também chamado núcleo “crucial”, grupo formado pelo que seriam as principais cabeças do complô.
Além do relator, ministro Alexandre de Moraes, vão participar do julgamento os outros quatro ministros que compõem a Primeira Turma – Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.
Como de costume nas análises de mérito e presenciais, o julgamento deve ser inteiramente transmitido pela TV e Rádio Justiça, bem como pelo canal do Supremo na plataforma YouTube.
A ação penal 2668 é a mais avançada relacionada à trama golpista denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e tem como alvo o núcleo 1 da trama, também chamado núcleo “crucial”, grupo formado pelo que seriam as principais cabeças do complô.
Pela denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, elaborada com base nas investigações da Polícia Federal (PF), Bolsonaro foi o líder de uma trama golpista que tinha como objetivo mantê-lo no poder mesmo com derrota na tentativa de reeleição, em 2022.
Segundo a narrativa da acusação, o plano golpista começou a ser colocado em prática em meados de 2021, quando Bolsonaro orientou o alto escalão de seu governo a atacar o sistema eletrônico de votação, de modo a desacreditar o processo eleitoral e criar o clima social propício a uma ruptura democrática.
Ainda segundo o PGR, a tentativa de golpe culminou com o 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro que não aceitavam o resultado das eleições invadiram e depredaram amplamente as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Entre as provas apresentadas estão, por exemplo, minutas de um decreto golpista encontradas em endereços dos investigados, bem como rascunhos de planos como “Luneta”, “Copa 2022” e “Punhal Verde Amarelo”.
O PGR enfatizou que tais planos chegaram a prever, inclusive, o sequestro e assassinato de autoridades ainda em 2022, entre as quais o ministro do STF Alexandre de Moraes, o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e o vice eleito, Geraldo Alckmin.
Todos os oito réus do núcleo 1 foram acusados de cinco crimes: organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Somadas, as penas podem superar os 30 anos de prisão.
O julgamento final da ação penal contra Bolsonaro foi marcado pouco depois de todas as defesas terem entregado ao Supremo suas alegações finais no caso. O prazo final para isso se encerrou na última quarta (13).
Com a exceção da defesa de Bolsonaro, que chamou a narrativa da PGR de “absurda” e “golpe imaginado”, as demais defesas optaram em geral por não contestar a existência de uma trama golpista em si, mas concentraram esforços em desvincular seus clientes de um eventual complô, mesmo que fique provada a existência deste.
Todos os advogados pediram a absolvição de todas as acusações.
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Da Agência Brasil
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu nesta quinta-feira (14) o agendamento do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados na ação penal da trama golpista.
O pedido foi feito ao presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin, colegiado responsável pela análise da ação.
A expectativa é que o julgamento ocorra na segunda quinzena de setembro.
Ontem (13), terminou o prazo processual de 15 dias para que as defesas dos réus do Núcleo 1 da trama golpista entregassem suas alegações finais, última etapa antes do julgamento.
Além de Alexandre de Moraes, relator do caso, a Primeira Turma é formada pelos ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux.
Os réus respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
Em caso de condenação, as penas podem passar de 30 anos de prisão.
Veja os réus do Núcleo 1:
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Da Agência Brasil
Os oito réus, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro, já entregaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) suas alegações finais na ação penal que tem como alvo o núcleo um da trama golpista. O grupo é composto pelos que foram apontados pela Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República como os líderes da conspiração que visava reverter o resultado das eleições de 2022 e impedir que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, governasse.
O prazo para as últimas manifestações se encerrou nesta quarta-feira (13), quando sete dos oito réus entregaram suas defesas por escrito. Um deles, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, teve que entregar as alegações finais antes, por ser delator da trama.
A legislação criminal prevê que os réus não delatores têm o direito de sempre se manifestarem por último, para que possam ter pleno conhecimento de tudo que são acusados antes de preparar a própria defesa.
Pela mesma razão, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, como titular da denúncia formal, foi o primeiro a entregar as alegações finais no caso, ainda em julho.
O PGR pediu a condenação de todos os acusados por cinco crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolir violentamente o Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado da União.
A exceção é o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Com base no argumento de imunidade parlamentar, ele obteve de seus pares, em votação na Câmara, a suspensão do processo em relação aos crimes supostamente cometidos após a diplomação.
Todos os réus negam os crimes e pedem a absolvição de todas as acusações. Em geral, os advogados optaram por não se aprofundar na contestação da existência de uma trama golpista em si, focando em vez disso na afirmação de que, se existiu algum plano antidemocrático, seu cliente não está envolvido.
O caso agora deve ser julgado pelos cinco ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal:
Não há prazo definido para que o processo seja pautado por Zanin, presidente da Primeira Turma. O ato depende da liberação da ação para julgamento pelo relator. É possível que o caso seja julgado a partir de setembro.
Confira abaixo o que disse a defesa de cada um dos oito réus da ação penal 2668, que têm como alvo o “núcleo crucial” da trama golpista.
Em 197 páginas, a equipe de advogados de Bolsonaro, liderada pelos criminalistas Celso Vilardi, Paulo Cunha Bueno e Daniel Tesser, chamou a acusação feita por Gonet de “absurda” e “golpe imaginado”.
Os defensores insistiram na falta de provas que pudessem colocar o ex-presidente inequivocamente no centro da trama golpista.
A defesa não negou, por exemplo, o depoimento do general Freire Gomes, ex-comandante do Exército que relatou ter alertado Bolsonaro a não assinar nenhum ato que representasse uma ruptura com a ordem democrática. Os advogados afirmaram, contudo, que nada foi além de “cogitação” e “brainstorm”.
“Ao fim, e conforme será adiante demonstrado, estas conversas – ou “brainstorm”, para usar a descrição da principal testemunha da acusação – não passaram, quando muito, de cogitação. Não existe prova que retire o tema deste espaço distante e dissociado de qualquer ato de execução”, diz a defesa.
A defesa de Jair Bolsonaro também pediu a anulação da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente que deu detalhes sobre a trama. Um dos pontos contestados, por exemplo, diz respeito à existência de um plano para assassinar Moraes.
“O texto que previa apenas a prisão do ministro Alexandre de Moraes também não existe; nunca foi encontrado”, escreveu a defesa. Bolsonaro, na verdade, determinou a transição de governo, e não um golpe, sustentaram os advogados, concluindo que “não há como condenar Bolsonaro com base na prova produzida nos autos”.
A defesa do general da reserva do Exército Walter Braga Netto negou a participação dele em qualquer plano golpista e também atacou a delação de Cid, afirmando que o ex-ajudante de ordens foi “obrigado a mentir”. Além de ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Braga Netto foi candidato a vice na chapa de Bolsonaro derrotada nas eleições de 2022.
Em diversos trechos, a defesa chama Cid de mentiroso, rebatendo afirmações do tenente-coronel e afirmando que o general Braga Netto não tinha conhecimento sobre nenhum plano chamado “Punhal Verde e Amarelo” nem entregou dinheiro para a condução de qualquer planejamento golpista.
“Não há, para além da palavra de um delator reconhecidamente mentiroso, qualquer elemento de prova que demonstre que o Gen. Braga Netto tenha tomado ciência, elaborado ou financiado qualquer operação clandestina com intuito golpista”, diz a peça.
Os advogados do ex-ministro da Justiça Anderson Torres pediram a absolvição, afirmando que ele não cometeu nenhum crime. Torres ocupou o Ministério da Justiça no governo Bolsonaro e era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal durante os atentados do 8 de janeiro.
A defesa rebateu, por exemplo, que uma “minuta de golpe” encontrada na casa de Torres durante operação da Polícia Federal, uma das principais provas da acusação, possa ser considerada como prova. Segundo os advogados de Torres, a suposta minuta é um texto “apócrifo” e que só não foi descartado por descuido.
“O texto afrontava os pressupostos constitucionais do Estado de Defesa, não fazia sentido jurídico e jamais poderia ser levado a sério por qualquer jurista. Sua presença isolada, sem atos subsequentes de circulação, deliberação ou articulação, não autoriza qualquer presunção de dolo”, dizem as alegações finais da defesa.
Os advogados também buscaram afastar a omissão de Torres durante os atos de 8 de janeiro de 2023, quando ele era responsável pela segurança pública no DF e apoiadores de Bolsonaro invadiram e deprederam as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Para a defesa, as provas colhidas durante a instrução do processo “afastam qualquer hipótese de protagonismo” na trama golpista do general da reserva do Exército Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
“Uma análise detida dos fatos narrados na denúncia revela que a conduta do general Heleno, então Ministro do GSI, foi meramente acessória e periférica em relação ao núcleo organizacional, não havendo elementos que indiquem relevância causal de sua atuação para o êxito da empreitada criminosa”, afirmou a defesa.
Os advogados defenderam que há falta de provas sobre o envolvimento de seu cliente e pediram a absolvição por todos os crimes imputados, afirmando ainda ser “leviana” qualquer associação de Heleno com a organização dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
A defesa do deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem negou que ele tenha ordenado o monitoramento ilegal de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de desafetos políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os advogados pediram a absolvição de Ramagem, afirmando não haver provas de que ele tenha ordenado o uso da infraestrutura da Abin em prol dos objetivos de um plano golpista. Para a defesa, se houve ato ilegal por parte de algum funcionário da agência, a responsabilidade não pode ser atribuída ao então diretor.
“Alexandre Ramagem não pode ser responsabilizado por cada ato praticado no âmbito da Abin durante sua gestão, com base no simples fato de que era o diretor-geral do órgão, salvo se se admitisse eventual responsabilização por culpa”, dizem as alegações finais.
Nas alegações finais, a defesa do almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, negou que ele tenha colocado tropas à disposição de Bolsonaro e pediu a absolvição do ex-comandante da Marinha.
Os advogados apontaram para o que seriam contradições entre os depoimentos do general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, e do brigadeiro Baptista Júnior, ex-comandante da Aeronáutica. Os comandantes das outras duas forças militares à época apontaram Garnier como entusiasta de uma ruptura institucional.
“Perceba-se que apenas Baptista Júnior afirma que Garnier teria colocado tropas à disposição. Freire Gomes, que estava presente nas reuniões, afirmou apenas que ele teria se colocado ‘com o presidente’, porém no sentido de respeito hierárquico”, indicou a defesa. Tal contradição deve “ser resolvida a favor do réu”.
Ainda em 29 de julho, quando apresentou suas alegações finais, a defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, pediu a absolvição do delator da trama golpista. Na peça, os advogados de Cid o colocam como um observador, testemunha dos fatos delatados, mas não partícipe de crimes.
Caso seja negada a absolvição, a defesa pediu o reconhecimento sobre a efetividade da delação premiada de Cid para o esclarecimento da trama golpista. Em troca, os advogados pedem que ele seja condenado a uma pena mínima de dois anos.
“Pondere-se que dentro de um quadro de dezenas de acusados, ninguém teve a coragem de Mauro Cid. Isolou-se, perdeu aqueles que considerava seus amigos, a convivência em sociedade, o exercício de sua profissão, foi e continua sendo taxado de traidor”, diz a defesa.
A defesa do general Paulo Sergio Nogueira, que também foi ministro da Defesa de Bolsonaro, pediu a absolvição dele e afirmou que o militar, na verdade, atuou “ativamente” contra o golpe de Estado.
Os advogados de Nogueira afirmaram que ele aconselhava Bolsonaro e afirmava ao ex-presidente que nada poderia ser feito diante do resultado das eleições e que era contrário a adoção de qualquer medida de exceção.
“Consoante extrai-se da prova dos autos, o general Paulo Sérgio é manifestamente inocente tendo atuado ativamente para evitar a realização de um golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito”, disse a defesa.
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A posse será no dia 29 de setembro e o mandato tem duração de 2 anos
O ministro Edson Fachin foi eleito nesta quarta-feira (13) para o ocupar o cargo de presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) pelos próximos dois anos. O vice-presidente será o ministro Alexandre de Moraes. A posse será no dia 29 de setembro.
A votação foi feita de forma simbólica pelo plenário da Corte. Atualmente, Fachin é o vice-presidente e, pelo critério de antiguidade, deve assumir o cargo. Conforme o regimento interno, o tribunal deve ser comandado pelo ministro mais antigo que ainda não presidiu a Corte.
O novo presidente vai suceder a Luís Roberto Barroso, que completará o mandato de dois anos. Ao cumprimentar Fachin pela eleição, Barroso afirmou que o país tem sorte de ter o ministro na cadeira de presidente da Corte.
“Considero, pessoalmente e institucionalmente, que é uma sorte para o país poder, nesta atual conjuntura, ter uma pessoa com essa qualidade moral e intelectual conduzindo o tribunal. Receba meu abraço pessoal e de todos os colegas, desejando que seja muito feliz e abençoado nos próximos dois anos. É duro, mas é bom”, afirmou.
Em seguida, Fachin agradeceu a confiança depositada pelos colegas e disse que pretende fortalecer a colegialidade e o diálogo no STF. “Reitero a honra de integrar essa Corte. Recebo [a eleição] no sentido de missão e com a consciência de um dever a cumprir”, declarou.
Moraes também parabenizou Fachin pela eleição. “Queria agradecer a solidariedade e confiança de todos os colegas e expressar minha grande honra e alegria de novamente poder ser o vice-presidente do ministro Edson Fachin, com quem já trabalhei no Tribuna Superior Eleitoral”, completou.
Perfil
Indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff, Edson Fachin tomou posse no Supremo em junho de 2015. O ministro nasceu em Rondinha (RS), mas fez carreira jurídica no Paraná, onde se formou em direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
No STF, foi relator das investigações da Operação Lava Jato, do processo sobre o marco temporal para demarcações de terras indígenas e do caso que ficou conhecido como ADPF das Favelas, ação na qual foram adotadas diversas medidas para diminuir a letalidade policial durante operações contra o tráfico de drogas no Rio de Janeiro.
Relator das ações penais da trama golpista, Alexandre de Moraes é formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). O ministro foi empossado no cargo em março de 2017.Ele foi indicado pelo ex-presidente Michel Temer para suceder o ministro Teori Zavascki, falecido em um acidente de avião naquele ano.
Antes de chegar ao STF, Moraes também ocupou diversos cargos no governo de São Paulo, onde foi secretário de Segurança Pública e de Transportes. Ele também foi ministro da Justiça no governo Temer.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 13/08/2025
Por André Richter – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Amanda Cieglinski
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A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um documento em que questiona provas, contesta depoimentos e tenta minimizar as acusações relacionadas à tentativa de golpe de Estado e a atos antidemocráticos. O texto, repleto de citações, alterna entre a negação de fatos e a justificativa de condutas amplamente condenadas por instituições e pela sociedade.
Os advogados alegam cerceamento de defesa, afirmando que não tiveram acesso integral ao conjunto probatório, embora tenham recebido cerca de 70 terabytes de dados, ainda que de forma tardia.
Outro ponto central do documento é a tentativa de descredibilizar a delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, sob o argumento de que o militar teria deposto sob coação. No entanto, mensagens obtidas pela própria defesa mostram Cid admitindo omissões e manipulações nos relatos, o que levanta questionamentos sobre a utilização seletiva de seu testemunho.
O texto também apresenta a transição presidencial pacífica como prova da inocência de Bolsonaro, ignorando ataques reiterados às urnas eletrônicas, a reunião ministerial em que cogitou medidas de intervenção e as tentativa de golpe do dia 8 de janeiro.
Sobre os atos desse dia, a defesa sustenta que o ex-presidente não teve relação com os ataques, citando a ausência de provas formais de liderança, embora vídeos mostrem manifestantes agindo em seu nome e mencionando-o durante a invasão. Bolsonaro, na ocasião, permaneceu em silêncio, rompendo-o apenas dias antes, com uma declaração genérica que não fazia referência direta ao episódio.
O documento reflete uma tentativa de reescrever os acontecimentos, alinhada à estratégia de vitimização política característica do bolsonarismo. Enquanto os advogados falam em “perseguição”, as investigações apontam para um projeto de ruptura institucional que encontrou resistência inclusive dentro das Forças Armadas. Como cita o próprio texto, “o devido processo legal vale para todos. Todo acusado tem o direito a ampla defesa”. O que permanece incerto é se essa narrativa será suficiente para afastar as acusações mais graves contra o ex-presidente.
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Os advogados do general Walter Souza Braga Netto, ministro da Defesa e da Casa Civil durante o governo Bolsonaro, apresentaram alegações finais ao Supremo Tribunal Federal (STF) contestando a validade do processo que o acusa de participar da tentativa de golpe de Estado do 8 de janeiro. O documento, de 155 páginas, alega que o caso está baseado em uma delação premiada “ilegal” e “coagida” de Mauro Cid, além de supostas violações a princípios do Estado Democrático de Direito.
A defesa alega que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi pressionado a incriminar Braga Netto após meses de prisão. Em áudios divulgados pela Revista VEJA, Cid teria dito: “Eles queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu”. A defesa também cita conversas sigilosas em que Cid, usando um perfil fake no Instagram de forma ilegal, relatou supostas coações da Polícia Federal para que sua versão se alinhasse à investigação.
O núcleo da acusação contra Braga Netto gira em torno de um encontro em sua residência em 12 de novembro de 2022, descrito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como parte de um plano para “neutralizar o ministro Alexandre de Moraes”. Em interrogatório, o general afirmou: “O Cid ligou e disse: ‘Chefe, estamos aqui embaixo, eu e dois forças que queriam conhecer o senhor’. Eu deixei eles subirem”.
O documento destaca supostas irregularidades no processo, como a ausência de gravação da acareação entre Braga Netto e Mauro Cid — único ato não registrado audiovisualmente de todo o processo.
Os advogados pedem a absolvição do general, classificando as acusações como “vazias e desprovidas de provas”. Eles usaram a trajetória de Braga Netto, que atuou em missões como a intervenção federal no Rio de Janeiro e a coordenação de segurança nos Jogos Olímpicos, para afirmar que ele “não participou de nenhuma trama golpista”.
O STF deve julgar o caso nas próximas semanas.
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Os números da pesquisa AtlasIntel/Bloomberg publicada nessa quinta-feira (14) revelam um Brasil onde a confiança nas instituições segue profundamente marcada pelos eventos de 8 de janeiro de 2023. Enquanto ministros do Supremo Tribunal Federal como Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia mantêm avaliações estáveis — com 49% e 46% de aprovação — outras instituições que flertaram com o bolsonarismo enfrentam seus piores índices históricos.
O Congresso Nacional emerge como a instituição menos confiável do país, com apenas 12% de aprovação popular — um retrato claro do desgaste acumulado após anos de crise política e sua associação com tentativas golpistas. Esse número contrasta fortemente com os 49% que ainda confiam no STF, mostrando como a estratégia bolsonarista de atacar o Judiciário falhou em minar sua legitimidade perante a população.
As Forças Armadas, outrora uma das instituições mais respeitadas pelos brasileiros, viram sua confiança despencar para apenas 30%, com 58% de rejeição explícita. Essa queda de 28 pontos percentuais desde 2023 reflete o custo político da ambígua postura de parte da cúpula militar durante os ataques às instituições democráticas.
Os dados mostram que 47,9% dos brasileiros consideram os ministros do STF competentes e imparciais em seu trabalho, enquanto 45% aprovam sua atuação na defesa da democracia. Em contraste, metade da população (50%) responsabiliza diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro pelas invasões de 8 de janeiro, indicando que a narrativa golpista não conseguiu se consolidar como verdade alternativa perante a maioria dos cidadãos.
O cenário que emerge da pesquisa é claro: as instituições que se alinharam ou foram coniventes com os ataques à democracia pagaram um preço elevado em credibilidade, enquanto o STF — principal alvo dos golpistas — manteve sua posição como um dos pilares do sistema democrático brasileiro. Os números sugerem que, para amplos setores da população, a defesa das instituições democráticas continua sendo um valor fundamental, acima de qualquer projeto político autoritário.
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Uma parcela significativa da população brasileira (45%) considera que o Supremo Tribunal Federal (STF) atua bem na defesa da democracia, segundo a pesquisa AtlasIntel realizada em agosto de 2025. Os dados reforçam a percepção de que a Corte é um dos pilares de resistência contra o golpismo, enquanto os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro seguem vinculados aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
Quase metade dos entrevistados (48,8%) acredita que Bolsonaro foi responsável pelas invasões ao Congresso, Palácio do Planalto e STF, um legado que ainda pesa sobre sua imagem. Além disso, 50,1% concordam com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o puniu por ataques ao sistema eleitoral, deixando o ex-presidente inelegível por oito anos.
Apesar disso, o cenário ainda apresenta divisões: 45,4% dos brasileiros afirmam que o país vive sob uma “ditadura do Judiciário”, narrativa amplamente difundida por bolsonaristas para deslegitimar decisões judiciais. No entanto, 43,3% rejeitam essa ideia, indicando que a estratégia de vitimização não convenceu a maioria.
Os números da AtlasIntel também mostram que as ações antidemocráticas dos bolsonaristas continuam sendo rejeitadas. 83,3% dos entrevistados discordam das invasões de 8 de janeiro e 62,3% as consideram “completamente injustificadas”. Em relação à anistia aos que participaram à tentativa de golpe, 51,2% são contra.
A pesquisa deixa claro que, embora parte da população ainda simpatize com discursos de confronto às instituições, a maioria reconhece o STF e o governo Lula como barreiras ao autoritarismo. Enquanto isso, os bolsonaristas enfrentam o desafio de se desvincular do episódio mais sombrio da recente história política do Brasil.
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Depoimentos foram acompanhados pela imprensa e depois tornados públicos; sessões para ouvir réus foram públicas e transmitidas pela TV
Entre maio e julho de 2025, o STF ouviu 149 pessoas indicadas pela acusação e defesa, além de um informante do juízo que firmou acordo de colaboração premiada. As audiências foram conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes ou juízes auxiliares de seu gabinete.
As oitivas são etapas amplas e fundamentais do processo, permitindo à Corte formar sua convicção a partir do confronto entre as versões da acusação e da defesa, com depoimentos que trazem informações e evidências relevantes.
Todas as audiências seguiram as regras previstas na legislação brasileira de processo penal e foram acompanhadas pela imprensa nacional e internacional. Ao término dos depoimentos, todas as informações foram devidamente tornadas públicas nos autos do processo.
Após as oitivas das testemunhas, foram realizados os interrogatórios dos réus, momento em que eles apresentaram suas versões e responderam, ou não, às perguntas formuladas em juízo. Os depoimentos dos acusados foram acompanhados amplamente pela sociedade e transmitidos ao vivo pela TV Justiça, canal público oficial do Supremo Tribunal Federal.
Resumo das oitivas e interrogatórios por núcleo:
● Núcleo 1 (8 réus)
Advogados: 38
Testemunhas acusação: 5
Testemunhas defesa: 47
Desistências: 28 (1 acusação, 27 defesa)
Declarações escritas: 2
Oitivas: 19/05 a 02/06
Interrogatórios: 09/06 e 10/06
● Núcleo 2 (6 réus)
Advogados: 21
Testemunhas acusação: 2
Informante do juízo: 1
Testemunhas defesa: 62
Desistências e dispensas: 32 (4 acusação, 28 defesa)
Declarações escritas: 2
Oitivas: 14/07 a 21/07
Interrogatórios: 24/07
● Núcleo 3 (10 réus)
Advogados: 23
Testemunhas acusação: nenhuma
Informante do juízo: 1
Testemunhas defesa: 19
Desistências e dispensas: 23 (6 acusação, 17 defesa)
Declarações escritas: nenhuma
Oitivas: 14/07 e 21/07 a 23/07
Interrogatórios: 28/07
● Núcleo 4 (7 réus)
Advogados: 14
Testemunhas acusação: 1
Informante do juízo: 1
Testemunhas defesa: 21
Desistências e dispensas: 14 (5 acusação, 9 defesa)
Declarações escritas: nenhuma
Oitivas: 14/07 a 16/07
Interrogatórios: 24/07
Publicado originalmente pelo STF em 13/08/2025
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STF julgou e condenou 638 pessoas e 552 fizeram acordo com o MPF
O Supremo Tribunal Federal (STF) já responsabilizou, até 12 de agosto de 2025, 1.190 pessoas pelos atos antidemocráticos cometidos no dia 8 de janeiro de 2023. Ao todo, 638 pessoas foram julgadas e condenadas e outras 552 admitiram a prática de crimes menos graves e fizeram acordo com o Ministério Público Federal (MPF).
Dados do gabinete do relator do tema, ministro Alexandre de Moraes, mostram que das 638 condenações, 279 foram por crimes graves — tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa e deterioração de patrimônio público — e outras 359 por crimes menos graves — incitação e associação criminosa. Também foram absolvidas 10 pessoas.
Até o momento foram abertas 1.628 ações penais no STF, sendo 518 relacionadas a crimes graves e outras 1.110 por crimes menos graves. Delas, ainda estão aptas a julgamento 112 ações, que devem ser analisadas nos próximos meses, e as demais estão em fase de instrução processual. Até o momento, do total, 131 ações foram extintas por cumprimento da pena.
Neste momento, 29 pessoas estão presas preventivamente e 112 cumprem prisão definitiva, ou seja, com julgamento já encerrado e em fase de cumprimento da pena. Outras 44 pessoas — investigadas ou acusadas — estão em prisão domiciliar, com ou sem tornozeleira eletrônica.
Acordos
Já foram homologados pelo STF 552 Acordos de Não Persecução Penal (ANPP). O ANPP foi oferecido aos réus que respondiam unicamente pelos delitos de incitação ao crime e associação criminosa, considerados de menor gravidade. Eles estavam acampados em frente aos quartéis, mas não há provas de que tenham participado da tentativa de golpe de Estado, de obstrução dos Poderes da República e nem de dano ao patrimônio público.
Condições
Além de confessar os crimes, os réus se comprometeram a prestar serviços à comunidade ou a entidades públicas, a não cometer delitos semelhantes nem serem processados por outros crimes ou contravenções penais, além do pagamento de multa de R$5 mil reais. Eles também estão proibidos de participar de redes sociais abertas até o cumprimento total das condições estabelecidas no acordo. Além disso, terão que participar de um curso sobre Democracia, Estado de Direito e Golpe de Estado.
A indenização por danos morais coletivos — o custo da destruição nos prédios públicos — é de no mínimo de R$30 milhões. Esse valor será quitado de forma solidária por todos os condenados por crimes graves, independentemente do tamanho da pena.
Extradições
O Supremo Tribunal Federal solicitou até o momento a extradição de 61 pessoas, em casos que correm neste momento sob sigilo.
Publicado originalmente pelo STF em 13/08/2025
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O professor de Harvard Steven Levitsky é coautor do livro “Como as democracias morrem”
O cientista político norte-americano Steven Levitsky elogiou a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) diante dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Para ele, a atuação das instituições brasileiras nesses dois casos tem sido melhor que a das instituições dos Estados Unidos em relação a Donald Trump. Levitsky fez essas declarações durante evento no Senado, nesta terça-feira (12).
Coautor do livro Como as democracias morrem, o professor de ciência política da Universidade de Harvard foi ouvido no seminário Democracia em Perspectiva na América Latina e no Brasil, promovido pelo Senado.
“Alguns poderiam argumentar que a Suprema Corte brasileira deveria dar alguns passos atrás. Mas acredito que a Suprema Corte brasileira fez exatamente a coisa certa, defendendo a democracia brasileira agressivamente. A resposta do Brasil à ameaça de Bolsonaro tem sido mais eficaz do que a resposta americana a Trump. O Congresso e a Justiça dos Estados Unidos abdicaram de sua responsabilidade de encarar o autoritarismo de Trump”, declarou ele.
Levitsky avalia que, diferentemente do que ocorre no Brasil, a população norte-americana não tem consciência do risco de que os EUA se tornem um regime autoritário — e que, por isso, seus agentes políticos e sociais desistiram de julgar Trump por tentativa de golpe de Estado em 2021.
Segundo ele, a falta de reação da sociedade norte-americana à atuação política de Trump está vinculada à falta de memória coletiva sobre regimes autoritários. E o Brasil reagiu prontamente à atuação de Bolsonaro porque, ao contrário dos Estados Unidos, já passou por um regime de exceção, argumenta o professor.
“No Brasil, estão investigando e processando Bolsonaro, baniram a possibilidade de Bolsonaro concorrer a cargos eletivos, e parece que vão condená-lo por seu atentado à democracia. (…) Essa é uma diferença [em relação aos EUA] que tem consequências”, afirmou.
Levitsky declarou que as democracias na América Latina têm mostrado uma resiliência maior que a esperada diante do crescimento da China e do ressurgimento da Rússia, mas que as democracias ocidentais, em geral, têm mostrado menos ímpeto para promover seu modelo pelo mundo.
Ao mesmo tempo, ele observa que aumenta a insatisfação popular na América Latina diante de questões como violência, crise econômica e escândalos de corrupção — assuntos que o professor considera “ampliados” pela atuação das redes sociais, que têm “erodido” a confiança nos governos.
Democracia em risco
Ele observou que, se antes a ascensão de políticos extremistas enfrentava a resistência de partidos e da mídia, entre outros, agora populistas em várias partes do mundo se aproveitam do enfraquecimento das instituições.
“Está muito mais fácil ser um autocrata hoje do que há trinta anos. (…) Os eleitores estão tão chateados que querem alguém que promova a destruição das instituições. Entramos num paradoxo: o enfraquecimento do establishment é mais democrático, mas é uma ameaça potencial à democracia”.
O professor argumenta que a nova organização do cenário político se soma à insatisfação da sociedade com a política — e isso, argumenta ele, pode estar vinculado à fragilidade da atuação do Estado e à sua incapacidade de fazer “entregas” à sociedade. Levitsky salientou que, quando os diferentes governos não conseguem implementar políticas públicas, a população se frustra e começa uma crise de representatividade. O cenário, então, se torna adequado para o surgimento de outsiders autocratas.
“As democracias morrem pelas mãos de líderes eleitos que usam as ferramentas da democracia para subvertê-las”.
Citando países como Bélgica, França, Alemanha e Israel, Levitsky destacou exemplos de coalizões suprapartidárias que isolaram “extremistas autoritários”. Ele também apontou a importância da mobilização popular, argumentando que a sociedade civil pode ser a última linha de defesa da democracia quando as instituições falham.
Exemplos disso seriam a mobilização na Alemanha contra um partido antidemocrático e os protestos em Israel contra reformas de Benjamin Netanyahu. Levitsky disse que tais reações demonstram como a união de cidadãos, líderes empresariais e figuras públicas pode ser um poderoso contrapeso a retrocessos democráticos.
Além disso, ele ressaltou que a sociedade precisa ter clareza sobre quais limites não podem ser cruzados — como o respeito às instituições e aos resultados eleitorais.
Redes sociais
Na sessão de perguntas ao professor, o senador Humberto Costa (PT-PE) apontou o favorecimento de populistas de direita por big techs. Em sua resposta, Levitsky associou a atuação das mídias sociais a problemas de desinformação, com consequências negativas para a democracia. E apoiou a regulação das redes sociais, enfatizando que os EUA estão ficando para trás nessa questão na comparação com outros regimes democráticos.
“Em nenhum lugar há 100% de liberdade de expressão. (…) Você tem democracias que (…) são até mais democráticas que os Estados Unidos, mas são países que regulam as redes sociais”.
O senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), que conduziu o debate, concordou com a condenação que Levitsky fez de regimes autocráticos. Além disso, Randolfe cobrou da esquerda um “radical compromisso democrático”.
“O fascismo não é só um fenômeno de direita. O que acontece na Venezuela é, de igual forma, um fenômeno autoritário, e isso deve ser dito”, declarou o senador, que é o líder do governo no Congresso Nacional.
Coletânea
Durante o evento, foi lançada a coletânea Democracia Ontem, Hoje e Sempre, composta de quatro livros reeditados pelo Conselho Editorial do Senado:
Presidente do Conselho Editorial do Senado, Randolfe Rodrigues enfatizou a importância dessas obras para o entendimento da história do Brasil nos últimos 60 anos. Ele disse que a democracia é a maior conquista da civilização.
A coleção está disponível na Livraria do Senado a preço de custo. A versão digital pode ser baixada gratuitamente.
Publicado originalmente pela Agência Senado em 12/08/2025
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Da Agência Brasil
O ministro Edson Fachin foi eleito nesta quarta-feira (13) para o ocupar o cargo de presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) pelos próximos dois anos. O vice-presidente será o ministro Alexandre de Moraes. A posse será no dia 29 de setembro.
A votação foi feita de forma simbólica pelo plenário da Corte. Atualmente, Fachin é o vice-presidente e, pelo critério de antiguidade, deve assumir o cargo. Conforme o regimento interno, o tribunal deve ser comandado pelo ministro mais antigo que ainda não presidiu a Corte.
O novo presidente vai suceder a Luís Roberto Barroso, que completará o mandato de dois anos.
Indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff, Edson Fachin tomou posse no Supremo em junho de 2015. O ministro nasceu em Rondinha (RS), mas fez carreira jurídica no Paraná, onde se formou em direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
No STF, foi relator das investigações da Operação Lava Jato, do processo sobre o marco temporal para demarcações de terras indígenas e do caso que ficou conhecido como ADPF das Favelas, ação na qual foram adotadas diversas medidas para diminuir a letalidade policial durante operações contra o tráfico de drogas no Rio de Janeiro.
Relator das ações penais da trama golpista, Alexandre de Moraes é formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). O ministro foi empossado no cargo em março de 2017. Ele foi indicado pelo ex-presidente Michel Temer para suceder o ministro Teori Zavascki, falecido em um acidente de avião naquele ano.
Antes de chegar ao STF, Moraes também ocupou diversos cargos no governo de São Paulo, onde foi secretário de Segurança Pública e de Transportes. Ele também foi ministro da Justiça no governo Temer.
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Advogados tiveram 15 dias para preparar suas versões finais
As defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro e de mais seis aliados têm até o fim desta quarta-feira (13) para entregar ao Supremo Tribunal Federal (STF) as alegações finais na ação penal da trama golpista.
Os advogados tiveram 15 dias para preparar suas versões finais para os fatos investigados. O prazo foi contado a partir da entrega das alegações finais pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator da trama golpista. É um direito dos réus não delatores se manifestarem sempre por último.
As alegações representam a última manifestação dos réus antes do julgamento final do caso. Salvo casos excepcionais, após a apresentação da peça o relator costuma declarar encerrada a instrução processual, abrindo caminho para o julgamento final.
Não há prazo estabelecido para o julgamento. No Supremo, a expectativa é que essa primeira ação penal sobre a tentativa de golpe seja julgada até o fim de setembro. São alvos deste processo além de Bolsonaro militares e civis do alto escalão de seu governo, o chamado núcleo 1 ou principal, composto pelos cabeças do complô.
Até o julgamento final, entretanto, as defesas podem apresentar requerimentos, contestações ou pedir a reabertura da instrução processual, caso sujam novos fatos, por exemplo.
O julgamento do caso será colegiado, feito pela Primeira Turma do Supremo, que é formada por cinco ministros – além do próprio Moraes, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.
A data do julgamento deve ser marcada por Zanin, presidente da Segunda Turma, mas para isso ele precisa aguardar que o relator, Moraes, declare o processo encerrado e o libere para ser pautado.
Crimes
Os réus respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
Em caso de condenação, as penas podem passar de 30 anos de prisão.
Em caso de condenação, a eventual prisão não deve ocorrer de forma automática, havendo ainda oportunidade para apelações das defesas.
Mesmo que presos os réus não devem ficar em cadeias comuns. Oficiais do Exército têm direito à prisão especial, de acordo com o Código de Processo Penal (CPP).
O núcleo 1 tem cinco militares do Exército, um da Marinha e dois delegados da Polícia Federal, que também podem ser beneficiados pela prerrogativa.
Os réus na ação penal do núcleo 1 da trama golpista são:
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 13/08/2025
Por Felipe Pontes – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Valéria Aguiar
O post Defesa de Bolsonaro tem até hoje para entregar alegações finais ao STF apareceu primeiro em O Cafezinho.
Da Agência Brasil
As defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro e de mais seis aliados têm até o fim desta quarta-feira (13) para entregar ao Supremo Tribunal Federal (STF) as alegações finais na ação penal da trama golpista.
Os advogados tiveram 15 dias para preparar suas versões finais para os fatos investigados. O prazo foi contado a partir da entrega das alegações finais pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator da trama golpista. É um direito dos réus não delatores se manifestarem sempre por último.
As alegações representam a última manifestação dos réus antes do julgamento final do caso. Salvo casos excepcionais, após a apresentação da peça, o relator costuma declarar encerrada a instrução processual, abrindo caminho para o julgamento final.
Não há prazo estabelecido para o julgamento. No Supremo, a expectativa é que essa primeira ação penal sobre a tentativa de golpe seja julgada até o fim de setembro. São alvos deste processo, além de Bolsonaro, militares e civis do alto escalão de seu governo, o chamado núcleo 1 ou principal, composto pelos “cabeças” do complô.
Até o julgamento final, entretanto, as defesas podem apresentar requerimentos, contestações ou pedir a reabertura da instrução processual, caso surjam novos fatos, por exemplo.
O julgamento do caso será colegiado, feito pela Primeira Turma do Supremo, que é formada por cinco ministros – além do próprio Moraes, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Carmen Lúcia e Flávio Dino.
A data do julgamento deve ser marcada por Zanin, presidente da Segunda Turma, mas para isso ele precisa aguardar que o relator, Moraes, declare o processo encerrado e o libere para ser pautado.
Os réus respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. Em caso de condenação, as penas podem passar de 30 anos de prisão. Ainda se houver condenação, a eventual prisão não deve ocorrer de forma automática, havendo oportunidade para apelações das defesas. E mesmo que presos, os réus não devem ficar em cadeias comuns. Oficiais do Exército têm direito à prisão especial, de acordo com o Código de Processo Penal (CPP).
O núcleo 1 tem cinco militares do Exército, um da Marinha e dois delegados da Polícia Federal, que também podem ser beneficiados pela prerrogativa. Os réus na ação penal do núcleo 1 da trama golpista são:
– Alexandre Ramagem (delegado da PF e deputado federal), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
– Almir Garnier (almirante), ex-comandante da Marinha;
– Anderson Torres (delegado da PF), ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
– Augusto Heleno (general), ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
– Jair Bolsonaro (capitão);
– Paulo Sérgio Nogueira (general), ex-ministro da Defesa;
– Walter Braga Netto (general), ex-ministro de Bolsonaro e candidato à vice na chapa de 2022.
– Mauro Cid (tenente-coronel), ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. – fez delação em troca de não ser preso.
O post Defesa de Bolsonaro tem até hoje para entregar alegações finais ao STF apareceu primeiro em Sul 21.
A defesa de Jair Bolsonaro (PL) pediu ao Supremo Tribunal Federal a liberação do ex-presidente da prisão domiciliar para a realização de uma maratona de exames médicos que irão avaliar sintomas de refluxo e soluços refratários.
Alexandre de Moraes recebeu o pedido dos advogados para que a avaliação médica aconteça no sábado (16). A lista de exames deve durar entre 6h e 8h e inclui coleta de sangue e urina, endoscopia e tomografia. “A depender dos resultados, poderão ser indicadas complementações diagnósticas e/ou medidas terapêuticas adicionais”, escreveram os advogados.
Bolsonaro cumpre prisão domiciliar determinada pelo ministro Alexandre de Moraes após desrespeitar medidas impostas pelo Supremo Tribunal Federal. Moraes destacou que o ex-presidente utilizou as redes sociais de aliados, incluindo seus três filhos parlamentares, para disseminar mensagens que incitam ataques ao STF e defendem intervenção estrangeira no Judiciário. Segundo o ministro, essa conduta configura uma violação deliberada das restrições previamente estabelecidas.
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Os julgamentos foram realizados em sessões virtuais finalizadas entre 6 de junho e 5 de agosto
O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou mais 119 pessoas envolvidas nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Os julgamentos foram realizados em sessões virtuais do Plenário e da Primeira Turma concluídas nos dias 06, 14, 24 e 30 de junho, e no dia 5 de agosto.
Para os 41 que participaram da invasão e depredação do Palácio do Planalto e das sedes do Congresso Nacional e do STF, na Praça dos Três Poderes, ou que atuaram como financiadores ou captaram recursos para aluguel de ônibus manutenção do acampamento, as penas foram mais severas: 14 anos de prisão para 20 pessoas; 17 anos para 10, 13 anos e 6 meses para oito, 13 anos e 8 meses para duas e 12 anos de prisão para um réu.
Das 78 pessoas que cometeram crimes de menor gravidade, 70 tiveram as penas fixadas em um ano de detenção e substituídas por restrição de direitos. Por descumprimento das medidas cautelares, como uso de tornozeleira ou comparecimento em juízo, os demais oito foram sentenciados a dois anos e cinco meses de detenção.
Autoria coletiva
Em todas as ações penais, prevaleceu o voto do relator, ministro Alexandre de Moraes, no sentido de que o grupo do qual os réus faziam parte tinha intenção de derrubar o governo democraticamente eleito em 2022. Ele observou que, conforme argumentado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), ocorreu um crime de autoria coletiva em que, a partir de uma ação conjunta, todos contribuíram para o resultado.
As defesas alegavam, entre outros pontos, que os atos não teriam eficácia para concretizar o crime de golpe de Estado e que os acusados pretendiam participar de um ato pacífico. Negaram, ainda, o contexto de crimes de autoria coletiva.
Provas explícitas
Contudo, segundo o relator, a PGR apresentou provas explícitas produzidas pelos próprios envolvidos, como mensagens, fotos e vídeos publicados nas redes sociais. Há também registros internos de câmeras do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF e provas com base em vestígios de DNA encontrados nesses locais, além de depoimentos de testemunhas.
O relator explicou que a PGR também demonstrou que o grupo que permaneceu no acampamento era extremamente organizado e com tarefas bem definidas, incitou a prática de crimes por outras pessoas, assim como a animosidade entre as Forças Armadas e os Poderes republicanos devidamente constituídos, configurando os delitos de associação criminosa e incitação ao crime.
Recusa a acordo que evitaria condenação
Entre os sentenciados por crimes de menor gravidade, 70 rejeitaram o Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) proposto pela PGR, o que evitaria a continuidade da ação penal. Além da pena de um ano de detenção pelo crime de associação criminosa, substituída por restrição de direitos, eles terão de pagar multa de 10 salários mínimos pelo delito de incitação ao crime, por terem estimulado as Forças Armadas a tomar o poder sob a alegação de fraude eleitoral.
Outros oito réus também cometeram crimes menos graves, mas por terem descumprido as medidas cautelares estabelecidas anteriormente, como comparecimento em juízo e uso de tornozeleira eletrônica, foram condenados a dois anos e cinco meses de detenção. Todos os 78 sentenciados por crimes menos graves terão de pagar uma indenização no valor de R$ 5 milhões, a ser dividida com os outros condenados pelos mesmos delitos.
Perda de primariedade
Mesmo com a substituição da pena de detenção, os envolvidos deixarão de ser réus primários quando se encerrar a possibilidade de recurso e a decisão se tornar definitiva (trânsito em julgado). O ministro Alexandre de Moraes reiterou que mais de 500 pessoas em situação idêntica optaram por confessar a prática dos crimes e firmar o ANPP.
Indenização
Todos os 78 sentenciados por crimes menos graves, independentemente da pena, terão de pagar uma indenização no valor de R$ 5 milhões, a ser dividida com os outros condenados pelos mesmos delitos. Para os demais 41 condenados, a indenização por danos morais coletivos é de no mínimo de R$ 30 milhões. Esse valor será quitado de forma solidária por todos os condenados por crimes graves, independentemente do tamanho da pena.
Publicado originalmente pelo STF em 08/08/2025
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi homenageado nesta segunda-feira (11) pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. O evento foi marcado por congratulações ao combate do golpismo e pela ausência do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
No seu discurso, o ministro lembrou a ditadura empresarial-militar de 1964, e entre erros e acertos, o Brasil deve comemorar a independência e a autonomia garantidas ao Judiciário pela Constituição de 1988. Ele também afirmou que “as instituições reagiram” à tentativa de golpe de Estado em 2023, sendo “vitoriosas” nesse combate.
Moraes ainda alfinetou o extremismo de direita, que em São Paulo tem Tarcísio de Freitas como seu representante. “[A democracia] vem sendo atacada por um novo populismo extremista, nós não podemos fingir que não há bases que permitiram esse discurso antidemocrático florescer”.
A desigualdade na distribuição de renda no país foi ressaltada pelo ministro como uma condição que favorece o avanço de discursos extremistas, criando a necessidade de aumentar a segurança social e jurídica no Brasil. Para isso, ele defendeu a reestruturação do sistema de justiça criminal.
Mais de 50 conselheiros do TCE de todo o país compareceram à cerimônia que havia sido agendada alguns meses antes de Moraes ser sancionado pelos Estados Unidos.
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O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cumpra prisão domiciliar com monitoramento por tornozeleira eletrônica, uma medida que funciona como alternativa à prisão provisória e é aplicada em diferentes situações no sistema judicial brasileiro. Mas o que exatamente significa essa decisão e qual é a frequência desse tipo de prisão no país?
A prisão domiciliar é uma medida cautelar que permite que o acusado permaneça em casa durante o andamento do processo, evitando a prisão em uma unidade prisional tradicional. Ela pode ser aplicada tanto antes da condenação, como forma de garantir que o julgamento ocorra sem interferências externas, quanto, em casos menos comuns, após a condenação, especialmente quando há razões humanitárias envolvidas. Por exemplo, essa modalidade foi adotada para o ex-presidente Fernando Collor, que cumpriu pena em casa devido a problemas de saúde.
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No caso de Bolsonaro, a prisão domiciliar foi decretada antes de qualquer sentença definitiva, classificando-se como uma alternativa à prisão provisória, que ocorre quando o acusado ainda não foi julgado. Essa prática busca equilibrar a necessidade de manter a ordem do processo judicial e preservar direitos individuais, evitando a detenção em ambientes prisionais que podem ser mais severos e problemáticos.
De acordo com dados da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Brasil registra atualmente cerca de 235 mil pessoas que estão detidas provisoriamente ou cumprindo suas penas fora das prisões convencionais. Deste total, aproximadamente 32 mil estão em prisão domiciliar antes da condenação, situação na qual se enquadra Bolsonaro, enquanto cerca de 4 mil pessoas já condenadas cumprem suas sentenças em casa, como foi o caso de Collor.
Um dado relevante é que, em 93% dos casos, a prisão domiciliar é acompanhada do uso da tornozeleira eletrônica, ferramenta tecnológica que permite o monitoramento constante do cumprimento da medida pelo sistema de Justiça. A tornozeleira assegura maior controle sobre o acusado, oferecendo uma alternativa mais flexível e menos restritiva do que a prisão em estabelecimentos penais tradicionais.
A prisão domiciliar com tornozeleira tem ganhado espaço como uma solução intermediária que protege os direitos dos acusados, garantindo que o processo legal siga seu curso sem prejuízos à segurança pública ou à ordem judicial. Ao mesmo tempo, essa medida reforça o compromisso do sistema judiciário com o respeito à dignidade humana, especialmente em casos que não demandam uma detenção mais rigorosa.
O caso de Bolsonaro, portanto, insere-se nesse contexto mais amplo do uso da prisão domiciliar no Brasil, refletindo as complexidades do sistema penal e a busca por alternativas que conciliem o rigor das leis com a proteção dos direitos individuais. A medida agora imposta segue os parâmetros legais estabelecidos e demonstra a importância de um judiciário que atua dentro das normas, garantindo a justiça e o respeito ao Estado de Direito.
Além da prisão domiciliar, o sistema penal brasileiro conta com outros regimes de cumprimento de pena que, apesar de parecerem semelhantes, apresentam diferenças importantes. Conforme explica o advogado criminalista Augusto de Arruda Botelho, há distinção clara entre prisão domiciliar e regimes semiaberto ou aberto, que são formas distintas de cumprimento de pena fora das prisões tradicionais.
“No regime aberto, o preso tem que fazer um comparecimento ao fórum, tem que comunicar mudanças de endereço. Na prisão domiciliar, não se pode sair de casa. Há um raio, e você tem que permanecer ali. Os regimes semiaberto e aberto têm algumas condições diferentes de cumprimento da prisão domiciliar”, esclarece Botelho.
Botelho, que participou da elaboração da Lei das Medidas Cautelares, sancionada em 2011, destaca que essa legislação (Lei 12.403/2011) foi fundamental para regulamentar as alternativas à prisão provisória no Brasil e popularizar a prisão domiciliar como medida cautelar. A lei prevê critérios específicos para sua aplicação, como:
Entretanto, especialistas ouvidos pela reportagem destacam que esses critérios não limitam a possibilidade de aplicação da prisão domiciliar a pessoas fora desses perfis, reforçando a flexibilidade que a medida pode ter no sistema judicial.
A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Inicialmente, o ex-presidente teve o uso da tornozeleira eletrônica imposto como medida cautelar em 18 de junho. A decisão considerou que Bolsonaro e seu filho Eduardo teriam atuado em conjunto para tentar influenciar sanções impostas pelos Estados Unidos contra o Brasil.
Porém, em 4 de agosto, Moraes decidiu que Bolsonaro descumpriu as restrições ao se comunicar com manifestantes, além de ter um vídeo divulgado pelo senador Flávio Bolsonaro, outro filho, que sugeria descumprimento das medidas. Em razão dessas violações, a cautelar foi agravada, passando da simples monitoração eletrônica para a prisão domiciliar.
A advogada criminalista Carolina Gerassi avalia que essa progressão da medida cautelar reflete a atuação do juiz responsável, que agiu após múltiplos descumprimentos de Bolsonaro. “Trata-se de decisão que beneficia o réu e contrasta com a realidade da costumeira aplicação de prisões preventivas sob fundamentos genéricos, uma das principais causas da superlotação carcerária que tem como recorte pessoas racializadas (negras e pardas) e de baixa renda e escolaridade”, comenta.
A prisão domiciliar é uma das várias medidas cautelares que um juiz pode determinar antes do julgamento definitivo. O objetivo dessas medidas é garantir que o processo judicial transcorra com segurança, evitando situações que possam atrapalhar a apuração dos fatos, como fuga, combinação de versões entre investigados ou intimidação de testemunhas.
Essa modalidade de prisão antes da condenação é uma alternativa menos drástica que a prisão preventiva, que exige que o acusado fique detido em estabelecimento prisional até o julgamento.
Gabriel Sampaio, advogado e diretor da ONG Conectas, destaca que, embora a lei apresente critérios específicos para aplicação da prisão domiciliar, ela pode ser empregada em outras circunstâncias. “Há um conjunto de alternativas à prisão preventiva, e uma delas é a prisão domiciliar. Há algumas possibilidades na lei, como pessoa maior de 80 anos, ou que tenha doença grave, ou que ela cuide de uma criança com menos de 6 anos. No entanto, defendo que este rol não é excludente, e a prisão domiciliar pode ser aplicada em outras hipóteses”, explica.
Além da prisão domiciliar, o sistema jurídico brasileiro conta com uma série de outras medidas cautelares que visam preservar a ordem do processo e a segurança das partes envolvidas. Entre elas estão:
Essas alternativas garantem que a Justiça tenha ferramentas para agir com equilíbrio e adequação, evitando prisões desnecessárias e ao mesmo tempo assegurando o bom andamento dos processos.
No caso de Jair Bolsonaro, a combinação de prisão domiciliar e uso de tornozeleira eletrônica representa um mecanismo de controle judicial que visa manter o equilíbrio entre a necessidade de investigação e o respeito aos direitos do investigado, mostrando como o sistema jurídico brasileiro tem buscado aprimorar suas respostas diante de casos complexos e de alta repercussão.
A prisão domiciliar após a condenação é uma medida aplicada de forma mais restrita, geralmente vinculada a questões humanitárias, como problemas de saúde ou idade avançada do condenado. Especialistas ouvidos pela reportagem explicam que, em regra, essa modalidade é reservada para aqueles que, por suas condições físicas ou médicas, não conseguiriam receber o tratamento adequado dentro do sistema penitenciário tradicional.
“O benefício da prisão domiciliar pode ser concedido para a pessoa condenada que tenha uma situação específica em que ela não conseguiria tratamento, por exemplo, no sistema penitenciário. E, aí, vai cumprir o resto da pena em prisão domiciliar”, explica o advogado criminalista Augusto de Arruda Botelho.
Um exemplo emblemático é o caso do ex-presidente Fernando Collor, condenado a uma pena de 8 anos e 10 meses em regime fechado por crimes investigados na Operação Lava Jato. Collor cumpre sua pena em prisão domiciliar, residindo em um apartamento de cobertura com vista para o mar em Maceió (AL). O ministro Alexandre de Moraes justificou essa decisão com base na idade do ex-presidente — 75 anos — e em doenças que ele apresenta, como apneia grave do sono, Doença de Parkinson e transtorno afetivo bipolar.
O uso da tornozeleira eletrônica é bastante comum entre pessoas que cumprem prisão domiciliar, seja antes ou depois da condenação. Segundo dados da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), do Ministério da Justiça, cerca de 36 mil pessoas cumprem penas ou medidas cautelares em prisão domiciliar no país. Dessas, quase 34 mil (93%) usam tornozeleira eletrônica, enquanto pouco mais de 2,6 mil (7%) não têm o monitoramento eletrônico.
Para o advogado Gabriel Sampaio, a decisão sobre o uso ou não da tornozeleira fica a critério do juiz responsável pelo caso, que define a forma e o nível de fiscalização que considera adequado para garantir o cumprimento da medida.
“É uma questão de conveniência do juízo, que pode determinar ou não. A rigor, a monitoração eletrônica em si já é vista como uma cautelar específica e pode ser combinada com outras cautelares. Pode haver, por exemplo, restrição a ir até determinados locais e a tornozeleira permite monitorar essa vedação”, explica Sampaio.
Embora possam parecer semelhantes para quem está de fora, prisão domiciliar e regime aberto apresentam diferenças importantes. O regime aberto é tradicionalmente usado como etapa final no cumprimento de uma pena que começou em regime fechado ou semiaberto — um processo conhecido como progressão de pena. Também é possível que uma pessoa seja condenada a cumprir a pena desde o início em regime aberto, embora isso seja menos frequente.
No regime aberto, o condenado tem permissão para sair de casa para trabalhar, estudar ou realizar outras atividades, mas deve comparecer periodicamente ao fórum para comprovar o cumprimento das obrigações impostas pela Justiça.
Já a prisão domiciliar é muito mais restritiva: o preso deve permanecer dentro da residência o tempo todo, não podendo sair do local, sob risco de violar a medida judicial.
A advogada criminalista Carolina Gerassi destaca que, em situações onde não há vagas suficientes em albergues para o regime aberto, existem outras alternativas para evitar a prisão, como o comparecimento mensal ao fórum com comprovação de atividades lícitas ou o recolhimento domiciliar noturno. Essas medidas limitam a liberdade, mas não configuram prisão.
“O regime aberto é o regime mais próximo da ressocialização do condenado, porque permite o deslocamento para trabalho e estudo, com a permanência em casas do albergado, que não são estabelecimentos prisionais, mas albergues”, esclarece Gerassi.
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A liberdade política (leia-se: democracia) e a autonomia e independência dos povos nas Américas nunca esteve tão ameaçada desde a Guerra Fria. Desta feita, o risco de intervenção em países como o Brasil não vem dos militares locais com sede de poder, mas dos mesmos algozes das ditaduras dos anos 1960 e 1970: os Estados Unidos da América. Sequestrados pela extrema-direita e sua pauta autoritária de cariz fascista, os EUA investem contra ameaças imaginárias e inimigos fictícios, perturbando a estabilidade de um continente ameaçado em grande medida pela própria existência do governo Trump.
Como todo líder autoritário, Donald Trump opera dioturnamente para enfeixar os poderes do Estado em suas mãos, sequestrando a autonomia operacional da administração pública, ideologizando o Poder Judiciário, constrangendo o Legislativo com prisões arbitrárias e voltando as forças policiais para uma limpeza étnica anti-imigrantes sem precedentes recentes.
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No Brasil, desde a eleição de Jair Bolsonaro em 2018, as ameaças de golpe de Estado e ditadura se tornaram uma constante. Estimulados pelo então Presidente da República, um sem número de seguidores fanáticos clamaram insistentemente por intervenção militar, ocupando portões de quartéis das Forças Armadas por todo o país.
Seguindo a receita da extrema-direita global, Bolsonaro incitou a desobediência civil através de manifestações públicas e disparos massivos de fake news por whatsapp.
Neste contexto distópico, com o Poder Executivo tomado por forças declaradamente anti-institucionais e diante de um Legislativo simpático ao extremismo, o Poder Judiciário tornou-se uma trincheira da defesa da Constituição e da democracia.
Quase que ao mesmo tempo do início do caótico governo de Bolsonaro em 2019, o Supremo Tribunal Federal assumiu o seu papel de guardião da Constituição. Isto ocorreu não sem antes virar um alvo preferencial dos bolsonaristas. Estes sempre viram o Judiciário como um órgão de contenção aos desvarios tiranicos de Bolsonaro e um instrumento de garantia da legalidade contra os interesses escusos e inconstitucionais de seus asseclas.
Foi assim que o STF trabalhou de forma incessante contra a ingerência e as violações das big techs no processo eleitoral. Essa é a origem dos ataques ao Ministro Alexandre de Moraes, relator originário dos inquéritos contra as fake-news e ocasionalmente Presidente do Tribunal Superior Eleitoral durante a campanha presidencial de 2022.
Não surpreende, portanto, que Alexandre de Moraes tenha se tornado alvo preferencial da extrema-direita bolsonarista desde o começo de 2019, com o apoio e o incentivo de lideranças globais, como Steve Banon.
O Ministro do STF, por força de seu ofício, trabalhou pela estabilidade e constitucionalidade das eleições e afastou quaisquer dúvidas sobre a regularidade do processo de votação, dúvidas essas plantadas exatamente pelo então candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro.
O papel de estabilização democrática realizado pelo STF se intensificou substancialmente desde meados de 2019, quando foram vazadas conversas indevidas de whatsapp entre os procuradores da chamada “Operação Lava-Jato” e o Juiz que condenara o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por um “esquema de corrupção” nunca devidamente comprovado.
Num processo eivado de ilegalidades e com o claro objetivo político de retirar Lula da corrida eleitoral de 2018, o então juiz da causa, o hoje Senador Sérgio Moro, fez a sua mágica e sedimentou a eleição de Bolsonaro em 2018. Logo depois, abandonou a magistratura para se tornar Ministro da Justiça do Presidente de extrema-direita.
A tentativa de golpe de Estado no 08 de janeiro de 2023, logo depois da posse do Presidente Lula, não surpreendeu verdadeiramente a ninguém. Bolsonaro não reconheceu a sua derrota eleitoral nem passou a faixa presidencial para Lula, formalidade usual nos últimos 40 anos de democracia no país.
A invasão da Praça dos Três Poderes no Brasil foi um episódio equivalente à invasão do Capitólio por trumpistas após a sua derrota eleitoral para Joe Biden. A diferença aqui foi o papel desempenhado pela nossa Suprema Corte. Ela processou e julgou centenas de fanatizados por crimes contra o Estado Democrático de Direito e por golpe de Estado, segundo uma legislação promulgada pelo próprio Jair Bolsonaro quando Presidente.
As recentes ameaças de Trump contra nosso país, sob a forma de tarifas alfandegárias e com a exigência estapafúrdia de que o STF libere Bolsonaro do julgamento pelos crimes que cometeu contra as instituições e contra a democracia brasileira é o verdadeiro golpe de Estado em andamento. A nossa Suprema Corte resiste, como o deveria fazer qualquer poder verdadeiramente independente.
Rogerio Dultra dos Santos é professor titular da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense
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Da Agência Brasil
O Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria de Relações Institucionais rechaçaram os ataques do vice-secretário do Departamento de Estado estadunidense, Christopher Landau, ao sistema judiciário brasileiro. Número dois do órgão, equivalente ao Ministério das Relações Exteriores dos Estados Unidos, Landau escreveu que “um único ministro do STF [Supremo Tribunal Federal] usurpou poder ditatorial ao ameaçar líderes dos outros poderes”.
Segundo o Itamaraty, a postagem do vice-secretário representa um ataque frontal.
“Essa manifestação caracteriza novo ataque frontal à soberania brasileira e a uma democracia que recentemente derrotou uma tentativa de golpe de Estado e não se curvará a pressões, venham de onde vierem”, respondeu a pasta em nota sábado (9) à noite.
O Itamaraty mencionou que essa foi a segunda manifestação hostil do governo estadunidense em três dias. “O Governo brasileiro manifestou ontem [sexta-feira, 8] à embaixada dos Estados Unidos seu absoluto rechaço às reiteradas ingerências do governo norte-americano em assuntos internos do Brasil, e voltará a fazê-lo sempre que for atacado com falsidades como as da postagem de hoje [sábado, 9], disseminadas pelo subsecretário de Estado, Christopher Landau”, acrescentou o Ministério das Relações Exteriores.
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann também rechaçou as postagens do vice-secretário de Estado do governo de Donald Trump. Ela classificou de “arrogante” e de “gravíssima ofensa” as insinuações de interferência do Judiciário em outros Poderes.
“A postagem arrogante do subsecretário de Estado dos EUA é uma gravíssima ofensa ao Brasil, ao STF e à verdade. Quem tentou usurpar o poder em nosso país foi Jair Bolsonaro. Quem está tentando destruir a relação histórica entre os dois países é a família Bolsonaro estimulando Donald Trump, com o tarifaço e sua chantagem contra o Judiciário brasileiro”, rebateu Gleisi nas redes sociais.
A ministra reiterou que o Brasil cumpre a Constituição e que os Poderes estão unidos para rechaçar a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023.
“Nenhum poder constitucional brasileiro encontra-se impotente. Ao contrário: Executivo, Legislativo e Judiciário rechaçaram o golpe de 8 de janeiro, a chantagem de [Donald] Trump, o motim bolsonarista pela anistia e as sanções violentas contra o ministro Alexandre de Moraes e outros ministros do STF”, continuou.
“Se querem mesmo ‘restaurar uma amizade histórica’, comecem por respeitar a soberania do Brasil, de nossas leis e Justiça, e parem de apoiar o golpista que tentou destruir nossa democracia”, concluiu a ministra.
Sem citar diretamente o ministro do STF Alexandre de Moraes, Landau escreveu que um magistrado acumulou autoridade excessiva e “destruiu a relação histórica de proximidade entre o Brasil e os Estados Unidos”. “Sempre é possível negociar com líderes dos Poderes Executivos ou Legislativos de um país, mas não com um juiz”, disse o número dois do secretário Marco Rubio.
Originalmente em inglês, a publicação de Landau foi repostada pela Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, traduzida ao português.
Na sexta-feira (8), o Itamaraty convocou o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, após ameaças ao Judiciário brasileiro. O secretário interino da Europa e América do Norte do Itamaraty, o embaixador Flavio Celio Goldman manifestou a indignação do governo brasileiro com o tom e o conteúdo das postagens recentes do Departamento de Estado e da embaixada nas redes sociais.
Na quinta-feira (7), a Embaixada dos EUA no Brasil traduziu comentário do secretário de diplomacia pública Darren Beattie, ameaçando autoridades do Judiciário brasileiro que contribuam com Moraes. “Os aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta de Moraes. Estamos monitorando a situação de perto”, disse o comunicado do diplomata, acusando o ministro de “censura” e “perseguição” contra Bolsonaro.
Os Estados Unidos aplicam sanções financeiras contra Moraes com base na Lei Magnitsky, sob o argumento de que o magistrado estaria violando os Direitos Humanos ou está relacionado a casos de corrupção ao redor do mundo. O tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros nos Estados Unidos também foi justificado com base na atuação do STF.
O governo de Donald Trump critica Moraes e a Justiça brasileira pelo processo penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e por decisões de remoção de conteúdo e bloqueio de redes sociais e plataformas digitais estadunidenses.
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Segundo o Itamaraty, a postagem do vice-secretário representa um ataque frontal.
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O Itamaraty mencionou que essa foi a segunda manifestação hostil do governo estadunidense em três dias. “O Governo brasileiro manifestou ontem [sexta-feira, 8] à embaixada dos Estados Unidos seu absoluto rechaço às reiteradas ingerências do governo norte-americano em assuntos internos do Brasil, e voltará a fazê-lo sempre que for atacado com falsidades como as da postagem de hoje [sábado, 9], disseminadas pelo subsecretário de Estado, Christopher Landau”, acrescentou o Ministério das Relações Exteriores.
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann também rechaçou as postagens do vice-secretário de Estado do governo de Donald Trump. Ela classificou de “arrogante” e de “gravíssima ofensa” as insinuações de interferência do Judiciário em outros Poderes.
“A postagem arrogante do subsecretário de Estado dos EUA é uma gravíssima ofensa ao Brasil, ao STF e à verdade. Quem tentou usurpar o poder em nosso país foi Jair Bolsonaro. Quem está tentando destruir a relação histórica entre os dois países é a família Bolsonaro estimulando Donald Trump, com o tarifaço e sua chantagem contra o Judiciário brasileiro”, rebateu Gleisi nas redes sociais.
A ministra reiterou que o Brasil cumpre a Constituição e que os Poderes estão unidos para rechaçar a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023.
“Nenhum poder constitucional brasileiro encontra-se impotente. Ao contrário: Executivo, Legislativo e Judiciário rechaçaram o golpe de 8 de janeiro, a chantagem de [Donald] Trump, o motim bolsonarista pela anistia e as sanções violentas contra o ministro Alexandre de Moraes e outros ministros do STF”, continuou.
“Se querem mesmo ‘restaurar uma amizade histórica’, comecem por respeitar a soberania do Brasil, de nossas leis e Justiça, e parem de apoiar o golpista que tentou destruir nossa democracia", concluiu a ministra.
Sem citar diretamente o ministro do STF Alexandre de Moraes, Landau escreveu que um magistrado acumulou autoridade excessiva e “destruiu a relação histórica de proximidade entre o Brasil e os Estados Unidos”. “Sempre é possível negociar com líderes dos Poderes Executivos ou Legislativos de um país, mas não com um juiz”, disse o número dois do secretário Marco Rubio.
Originalmente em inglês, a publicação de Landau foi repostada pela Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, traduzida ao português.
Na sexta-feira (8), o Itamaraty convocou o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, após ameaças ao Judiciário brasileiro. O secretário interino da Europa e América do Norte do Itamaraty, o embaixador Flavio Celio Goldman manifestou a indignação do governo brasileiro com o tom e o conteúdo das postagens recentes do Departamento de Estado e da embaixada nas redes sociais.
Na quinta-feira (7), a Embaixada dos EUA no Brasil traduziu comentário do secretário de diplomacia pública Darren Beattie, ameaçando autoridades do Judiciário brasileiro que contribuam com Moraes. “Os aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta de Moraes. Estamos monitorando a situação de perto”, disse o comunicado do diplomata, acusando o ministro de “censura” e “perseguição” contra Bolsonaro.
Os Estados Unidos aplicam sanções financeiras contra Moraes com base na Lei Magnitsky, sob o argumento de que o magistrado estaria violando os Direitos Humanos ou está relacionado a casos de corrupção ao redor do mundo. O tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros nos Estados Unidos também foi justificado com base na atuação do STF.
O governo de Donald Trump critica Moraes e a Justiça brasileira pelo processo penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e por decisões de remoção de conteúdo e bloqueio de redes sociais e plataformas digitais estadunidenses.
Em meio ao clima de tensão política que volta a tomar conta do Congresso Nacional, o debate sobre a possibilidade de um processo de impeachment contra um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) voltou à tona. Desta vez, o alvo é o ministro Alexandre de Moraes, figura central em decisões recentes que envolvem autoridades investigadas, inquéritos sobre desinformação e, mais recentemente, a determinação de prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Diante disso, aliados do ex-mandatário anunciaram que vão obstruir as votações no Congresso caso o pedido de impeachment não avance ou outras demandas não sejam atendidas.
Apesar da pressão crescente, especialmente por parte de parlamentares alinhados ao bolsonarismo, o cenário para o avanço de um processo desse porte ainda é considerado improvável. Aliados do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), afirmam que não há qualquer previsão de que um pedido de impeachment contra Moraes seja iniciado na Casa. Ainda assim, o tema ganhou força simbólica — e, para entendê-lo, é essencial conhecer como funciona, na prática, o rito de afastamento de um ministro da Corte mais alta do país.
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O primeiro ponto a se destacar é que, diferentemente do que muitos imaginam, não é necessário que um parlamentar seja quem apresente o pedido de impeachment. Qualquer cidadão brasileiro pode protocolar uma denúncia contra um ministro do STF diretamente na Mesa Diretora do Senado. O documento deve conter a acusação de crime de responsabilidade e as provas que sustentam a ação.
No entanto, o passo decisivo — e talvez o mais determinante — está nas mãos do presidente do Senado. É ele quem tem o poder de aceitar ou arquivar o pedido. Ou seja, mesmo que milhares de assinaturas sejam coletadas ou que o clamor público seja grande, tudo pode parar no gabinete do presidente da Casa. É uma prerrogativa que, historicamente, tem sido usada com extrema cautela, justamente por envolver o equilíbrio entre os Poderes.
A Constituição Federal prevê que ministros do STF podem ser afastados por cinco tipos de crime de responsabilidade. Apesar de o termo soar genérico, ele está detalhado em lei — mais especificamente na Lei 1.079/1950, conhecida como Lei dos Crimes de Responsabilidade.
Um dos motivos que podem ensejar o impeachment é a alteração de um voto já proferido no tribunal, sem que sejam respeitados os ritos processuais adequados. Em outras palavras, se um ministro mudar de posição em um julgamento sem justificativa formal ou transparência, isso pode ser considerado uma violação grave ao processo.
Outro caso claro de infração é a chamada suspeição: quando o ministro participa de um julgamento em que tem envolvimento direto ou indireto com alguma das partes. Isso inclui, por exemplo, ser amigo íntimo de um réu, ter interesses financeiros no caso ou até mesmo se beneficiar da decisão. A imparcialidade é um dos pilares da Justiça, e qualquer desvio nesse sentido pode ser questionado.
Também é vedado ao ministro exercer atividades político-partidárias. Ele não pode, por exemplo, participar de campanhas eleitorais, fazer declarações públicas em apoio a candidatos ou assumir posições partidárias em temas estritamente políticos. É importante ressaltar, no entanto, que isso não impede que o ministro decida a favor ou contra um partido em um julgamento — desde que o faça com imparcialidade, baseando-se unicamente em provas, princípios jurídicos e a legislação vigente.
Além disso, o magistrado pode responder por “patente desídia” — um termo técnico que, na prática, significa preguiça ou negligência grave no exercício do cargo. Se um ministro sistematicamente se omitir em julgar processos, descumprir prazos essenciais ou deixar de cumprir deveres fundamentais, isso pode ser enquadrado como crime de responsabilidade.
Por fim, há a hipótese de o ministro agir de forma “incompatível com a honra, a dignidade e o decoro” de suas funções. É uma cláusula de caráter mais amplo, que pode abarcar desde comportamentos éticos questionáveis até atos que manchem a imagem da instituição.
Caso o presidente do Senado aceite o pedido — o que, como se vê, já é um grande entrave —, o processo segue um caminho formal e minucioso. Na sessão seguinte à aceitação, a denúncia é lida em plenário, dando início ao rito oficial.
Em seguida, é criada uma Comissão Especial composta por 21 senadores, escolhidos proporcionalmente aos partidos. Esse grupo tem dez dias para analisar a denúncia e decidir se o processo deve ou não prosseguir. O parecer da comissão é então levado ao plenário do Senado, onde precisa ser aprovado por maioria simples — ou seja, 41 votos, em um universo de 81 senadores.
Se aprovado, o processo é instaurado formalmente. O ministro acusado é notificado e tem dez dias para apresentar sua defesa. Paralelamente, a comissão especial ganha 15 dias para aprofundar as investigações, ouvir testemunhas, analisar provas e elaborar um novo relatório. Durante esse período, o ministro pode ser afastado de suas funções — e, nesse caso, tem seus vencimentos reduzidos em um terço. Caso seja absolvido, parte desse valor retido é devolvida.
A fase final é o julgamento em plenário. Aqui, o processo é conduzido pela presidência do STF — atualmente ocupada pelo ministro Luís Roberto Barroso. Ele assume o papel de relator, apresentando de forma objetiva os argumentos da acusação e da defesa, além das provas coletadas.
Para que o ministro seja destituído do cargo, são necessários dois terços dos votos dos senadores — ou seja, 54 votos favoráveis. Se alcançado, o afastamento é definitivo, e o Senado ainda decide, em votação separada, por quanto tempo o condenado ficará inabilitado para exercer qualquer função pública, com limite de até cinco anos.
Caso o resultado seja pela absolvição, o processo se encerra com a imediata reabilitação do acusado. Ele retorna ao cargo com todos os direitos restaurados, inclusive o recebimento dos vencimentos que foram retidos durante o afastamento.
Apesar de todo o arcabouço legal existente, o Brasil nunca viu um ministro do STF ser afastado por impeachment. Em 134 anos de história da Corte, nenhuma tentativa chegou sequer perto da fase final.
O caso mais próximo ocorreu em 1894, durante a República Velha. Na época, o presidente Floriano Peixoto nomeou Cândido Barata Ribeiro para o STF. Naquele período, a regra permitia que o indicado assumisse o cargo antes da confirmação pelo Senado. Barata Ribeiro, médico e ex-prefeito do Rio de Janeiro, chegou a atuar como ministro por 11 meses. No entanto, o Senado rejeitou sua nomeação, alegando que ele não possuía o “notório saber jurídico” exigido pela Constituição.
Foi uma decisão sem precedentes — e, até hoje, única. Desde então, mesmo em momentos de forte crise institucional, como durante ditaduras ou grandes escândalos, nenhum ministro enfrentou um processo semelhante.
Diante desse histórico, fica claro que o impeachment de um ministro do STF é, acima de tudo, uma possibilidade jurídica muito mais do que uma realidade política. O processo é longo — pode durar mais de três meses —, complexo e carregado de simbolismo. Cada etapa exige consenso, transparência e uma base sólida de provas, o que dificulta sua concretização em meio a disputas ideológicas ou reações emocionais.
Ainda assim, o simples fato de o tema ser discutido mostra o quanto o país vive um momento de intensa polarização. Pedidos de impeachment, mesmo que inviáveis, funcionam como um termômetro do clima político — e um alerta sobre os limites do poder, a independência do Judiciário e o respeito às instituições.
Enquanto o Congresso debate pautas urgentes e o país enfrenta desafios econômicos e sociais, o fantasma do impeachment de um ministro do STF permanece como um espectro no horizonte. Não porque seja provável, mas porque, em tempos de instabilidade, até o que parece impossível ganha espaço na cena pública.
Em uma clara demonstração de que o embate entre os Poderes continua aquecido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou sua passagem por Rio Branco (AC), nesta sexta-feira (8), para criticar duramente a ocupação das mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado por parlamentares da oposição. O ato, que durou vários dias e foi articulado em protesto contra a prisão domiciliar decretada pelo ministro Alexandre de Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, foi chamado por Lula de “verdadeiro motim” e “traição à pátria”.
Diante de uma plateia que incluía autoridades locais, produtores rurais, líderes comunitários e o próprio senador Sérgio Petecão (PSD-AC), Lula fez um apelo direto ao parlamentar acreano: “Você, [senador Sérgio] Petecão, por favor, não assine pedido de impeachment do Alexandre Moraes, porque ele está garantindo a democracia. Quem deveria ter o impeachment são esses deputados e senadores que ficam tentando fazer greve para não permitir que funcione a Câmara e o Senado. Verdadeiros traidores da pátria.”
A fala, carregada de indignação e tom político, reflete o esforço do governo federal para blindar o ministro do STF, figura central nas investigações sobre tentativa de golpe de Estado e obstrução da Justiça envolvendo Bolsonaro. Para Lula, Moraes não é um alvo legítimo de disputa política, mas sim um agente fundamental na defesa das instituições democráticas.
O motim da oposição começou logo após Moraes determinar a prisão domiciliar de Bolsonaro, que responde a processos por tentativa de interferência nas eleições de 2022 e por atos que teriam prejudicado relações diplomáticas e econômicas do Brasil com os Estados Unidos. A decisão do ministro gerou reação imediata entre aliados do ex-presidente, que ocuparam simbolicamente os espaços de comando do Congresso como forma de pressão.
Ao discursar no evento, Lula também abordou as consequências diretas dessa crise política no plano econômico. Na última quarta-feira (6), entraram em vigor as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre parte das exportações brasileiras — uma medida assinada pelo presidente americano Donald Trump, que eleva em 50% os impostos sobre 35,9% das mercadorias brasileiras enviadas ao país, o que corresponde a cerca de 4% do total das exportações nacionais.
Segundo o governo brasileiro, cerca de 700 produtos foram excluídos do impacto da medida, mas setores como castanha, tilápia, frango e produtos agrícolas de pequenos produtores foram atingidos. A justificativa de Trump, segundo carta divulgada pela Casa Branca, inclui retaliação a decisões do Brasil que teriam prejudicado grandes empresas de tecnologia americanas — especialmente no que diz respeito à regulação de redes sociais —, além de descontentamento com o julgamento de Bolsonaro.
“O presidente dos Estados Unidos aprenda a respeitar a soberania desse país, aprenda a respeitar a soberania e a autonomia do Poder Judiciário brasileiro”, afirmou Lula, em tom de alerta. “Nós não queremos ser mais do que ninguém, mas não queremos ser menos do que ninguém.”
O presidente anunciou que o governo está elaborando um plano de contingência para amparar os setores afetados, com previsão de divulgação até terça-feira (12). A ideia é oferecer linhas de crédito, apoio logístico e mediação internacional para minimizar os prejuízos aos produtores.
Em meio à crise comercial com os EUA, Lula destacou o esforço do governo em diversificar os mercados de exportação. Nos últimos dois anos, segundo ele, o Brasil abriu 400 novos mercados internacionais. Um dos focos agora é a retomada das exportações de carne de frango para a China, principal comprador do produto no mundo.
Após o Brasil recuperar o status de país livre de gripe aviária, Lula anunciou que vai pessoalmente interceder junto às autoridades chinesas. “Semana que vem, sabe qual é a minha tarefa? Ligar para a China e pedir para a China comprar US$ 1 bilhão de pé de frango que está parado por causa da gripe aviária. E eu vou dizer: gripe aviária acabou.”
A medida, se concretizada, poderia aliviar um dos setores mais atingidos pelas barreiras comerciais e reforçar a posição do Brasil como fornecedor confiável no mercado global.
Além do discurso político e econômico, o evento em Rio Branco serviu para anunciar uma série de investimentos estratégicos no Acre, estado historicamente negligenciado em termos de infraestrutura e políticas públicas.
Um dos destaques foi a destinação de R$ 870,9 milhões para a manutenção e recuperação da BR-364, principal via de escoamento da produção acreana. As obras serão executadas em quatro lotes e devem gerar mais de 12,5 mil empregos diretos e indiretos, abrangendo trechos em 12 dos 22 municípios do estado.
Na área de energia, o programa Luz para Todos receberá R$ 235 milhões para levar eletricidade a 6 mil famílias em regiões remotas. Já foram assinadas as ordens de serviço para as etapas dois e três do projeto, beneficiando 2,5 mil e 3,5 mil famílias, respectivamente.
Na educação, foram anunciados recursos para melhorias nos campi do Instituto Federal do Acre (Ifac), incluindo a criação de um novo campus em Feijó, com investimento de R$ 25 milhões do Novo PAC. Ainda no campo social, o governo entregou 152 títulos de propriedade a famílias de assentamentos, além de anunciar novos créditos rurais e a criação de dois novos assentamentos.
Por meio do Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES, foram formalizados investimentos para o desenvolvimento sustentável da região. Destaque para o contrato de R$ 9 milhões com o projeto Memorial Chico Mendes, que garantirá acesso à água potável para 282 famílias no âmbito do programa Sanear Amazônia. Outro contrato, de R$ 24 milhões, firmado entre o BNDES e a SOS Amazônia, vai fortalecer a agricultura familiar, povos indígenas e comunidades tradicionais, além de viabilizar a compra de seus produtos para alimentação escolar, por meio do programa Amazônia na Escola.
Ao final do evento, a mensagem de Lula ficou clara: o Brasil precisa avançar com desenvolvimento, justiça social e soberania, mas para isso é essencial preservar as instituições. O presidente não hesitou em colocar o ministro Alexandre de Moraes como um dos pilares desse equilíbrio — mesmo que isso signifique enfrentar uma oposição aguerrida e reações no cenário internacional.
“Quem quer o bem do Brasil não trava o Congresso. Quem quer o bem do Brasil trabalha, produz, investe e respeita as leis”, disse Lula, encerrando seu discurso sob aplausos de aliados e representantes da sociedade civil.
Enquanto o país navega entre crises políticas, econômicas e institucionais, o recado do presidente é direto: a democracia não pode ser refém de interesses partidários, e quem tentar paralisar o país em nome de vingança ou pressão judicial precisa ser chamado à responsabilidade.
Com informações de Rádio Itatiaia e Agência Brasil*
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O retorno dos trabalhos no Congresso Nacional nesta terça-feira (5) trouxe de volta à tona um dos temas mais polêmicos do cenário político brasileiro: a tentativa de afastamento do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes por meio de um pedido de impeachment. A oposição, liderada por setores alinhados ao bolsonarismo, intensificou nos últimos dias uma articulação para reunir o número necessário de assinaturas que deem sustentação formal ao processo no Senado.
Segundo o líder do PL no Senado, Carlos Portinho, o grupo que coordena a iniciativa busca alcançar 41 assinaturas — número que representa a maioria simples da Casa — para demonstrar que a proposta não é apenas um gesto simbólico, mas sim um movimento com respaldo político consistente. Até o momento, faltam cinco assinaturas para atingir esse patamar. Dentre elas, três precisariam vir do Partido Progressista (PP), uma peça-chave nesse quebra-cabeça político.
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O PP, atualmente integrante da base governista, ocupa o Ministério do Esporte no governo federal, o que torna sua posição especialmente delicada. A legenda firmou recentemente uma aliança estratégica com o União Brasil, partido também presente na gestão atual e historicamente ligado ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Essa aproximação partidária coloca o PP em uma encruzilhada: manter o apoio ao governo e ao presidente da Casa ou alinhar-se a um movimento que, por natureza, desafia diretamente o comando do Senado.
A pressão sobre legendas como o PP tem se intensificado justamente por elas ocuparem um espaço ambíguo no tabuleiro político. São partidos que, mesmo integrando a base aliada do governo, mantêm forte simpatia com setores do bolsonarismo, que há tempos criticam decisões de Alexandre de Moraes, especialmente aquelas envolvendo inquéritos sobre desinformação, atos antidemocráticos e medidas contra autoridades investigadas.
Com as convenções partidárias se aproximando, esse cenário pode ficar ainda mais tenso. O período eleitoral costuma ser marcado por redefinições de alianças, disputas internas e movimentos de reposicionamento. Ministros e parlamentares filiados a legendas como o PP podem ser obrigados a tomar posições mais claras, o que pode acirrar as tensões entre lealdade governista e pressão de alas mais radicais dentro de seus próprios partidos.
Apesar do esforço de articulação, especialistas e integrantes da própria cúpula do Congresso avaliam que as chances de sucesso do pedido de impeachment no Senado são mínimas. O procedimento enfrenta barreiras jurídicas e institucionais consideráveis, além de uma forte resistência por parte da presidência da Casa.
Davi Alcolumbre tem sido enfático ao afirmar que iniciativas como essa atrapalham o funcionamento do Senado. Em conversas com colegas e aliados, ele tem destacado que o momento exige foco em pautas concretas, como reformas, projetos de desenvolvimento econômico e medidas sociais, e não movimentações que possam agravar a instabilidade institucional. Para Alcolumbre, pedidos desse tipo, ainda que formalmente permitidos, acabam por consumir tempo e energia que poderiam ser usados em debates mais produtivos.
Essa posição é compartilhada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que também defende um segundo semestre voltado à produção legislativa. Em entrevista concedida na semana passada, Motta afirmou que “o país espera soluções, não crises”. Ele reforçou que o Congresso precisa manter a estabilidade para enfrentar desafios como a inflação, o emprego e a infraestrutura.
Apesar disso, a articulação em torno do impeachment de Moraes não deve ser vista apenas como um movimento jurídico. Muitos analistas entendem que se trata, sobretudo, de uma estratégia de pressão e desgaste — uma forma de colocar em xeque o poder do ministro, que tem sido uma figura central nas decisões do STF sobre temas sensíveis, como liberdade de expressão, investigações políticas e ações contra a disseminação de fake news.
Para os apoiadores do pedido, Moraes representa um excesso de poder dentro do Judiciário. Já para seus defensores, ele atua com rigor constitucional e é peça fundamental na defesa das instituições democráticas. Esse embate reflete, na prática, uma disputa mais ampla sobre os limites do poder, o papel do STF e o equilíbrio entre os três Poderes.
Enquanto o Senado volta a funcionar com sua rotina de votações e audiências, o debate em torno do impeachment de Moraes permanece como um dos sinais mais claros de que, mesmo sem grandes chances de êxito, a oposição não pretende recuar de sua ofensiva simbólica. A busca por assinaturas, especialmente no PP, será observada de perto nos próximos dias — não apenas por parlamentares, mas por todos que acompanham de perto os movimentos que podem, ainda que indiretamente, influenciar o rumo da política nacional.
No fim das contas, mesmo que o processo não prospere, o simples fato de estar em pauta já revela o clima de tensão que continua a marcar as relações entre os Poderes.
Na quinta-feira (7), a oposição no Senado alcançou um marco simbólico: a coleta das 41 assinaturas necessárias para protocolar um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes. O número, que representa a maioria simples da Casa, foi selado com a adesão do senador Laércio Oliveira (PP-SE), anunciada pelo senador Rogério Marinho (PL-RN), principal articulador da iniciativa. A conquista encerrou uma ocupação simbólica do plenário do Senado que durava desde o início da semana — um ato de protesto contra a decisão de Moraes que determinou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, na segunda-feira (4).
Com a chegada da 41ª assinatura, os senadores oposicionistas decidiram encerrar a mobilização no plenário, mas mantiveram o discurso de confronto institucional. Para eles, o ato não se trata apenas de uma retaliação jurídica, mas de um recado político: a insatisfação com o que consideram um “ativismo judicial” crescente por parte do ministro, especialmente em temas que envolvem liberdade de expressão, investigações políticas e o uso de medidas cautelares contra autoridades.
Apesar do alcance formal do número necessário para viabilizar o andamento do processo, a iniciativa deve permanecer paralisada — e o principal obstáculo está no gabinete do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Durante uma reunião com líderes partidários da base governista, da oposição e parlamentares como Marinho, Tereza Cristina (PP-MS) e Marcos Rogério (PL-RO), Alcolumbre foi enfático: “Nem se tiver 81 assinaturas [todas as cadeiras do Senado], ainda assim não pauto impeachment de ministro do STF para votar.”
A declaração, registrada pelo jornal O Estado de S. Paulo, deixou claro que, independentemente do apoio formal entre os senadores, o processo não será colocado em pauta. Alcolumbre tem reiterado que movimentos dessa natureza desviam o foco do Congresso de pautas essenciais para o país, como reformas econômicas, projetos sociais e ações de combate à inflação e ao desemprego. Para ele, o momento exige maturidade institucional, não espetáculos políticos que possam agravar a tensão entre os Poderes.
A posição do presidente do Senado, no entanto, tem gerado reações distintas. Enquanto setores da base aliada ao governo Lula comemoram a garantia de que o STF não será alvo de pressão direta, parlamentares da oposição acusam Alcolumbre de cercear o debate democrático. “Se a maioria da Casa quer discutir o assunto, por que impedir?”, questionou um senador ligado ao PL, sob condição de anonimato. “Isso fere o princípio do parlamentarismo.”
O alcance das 41 assinaturas colocou sob holofote os partidos que, mesmo integrando a base governista, mantêm vínculos ideológicos e eleitorais com o bolsonarismo. É o caso do PP, que, além de ocupar o Ministério do Esporte, tem no seu bojo parlamentares que demonstraram insatisfação com decisões recentes do ministro Moraes. A adesão de Laércio Oliveira foi vista como um sinal de que fissuras podem existir mesmo dentro da coalizão que sustenta o governo.
Com as convenções partidárias se aproximando — momento em que legendas definem coligações, colorem alianças e escolhem candidatos —, a pressão sobre esses partidos tende a aumentar. Ministros e parlamentares filiados a siglas como PP e União Brasil podem ser forçados a escolher entre lealdade ao governo federal e sintonia com as bases eleitorais que ainda veem em Bolsonaro um líder político central.
“É um jogo de equilíbrio perigoso”, disse um analista político com atuação em Brasília. “Eles querem os cargos, mas não podem ignorar os eleitores. Nas convenções, essa tensão vai explodir. Alguns podem até sair do governo.”
Apesar da repercussão política, é importante lembrar que o processo de impeachment de um ministro do STF é extremamente raro — e nunca foi concluído com sucesso na história do Brasil. A possibilidade está prevista na Lei 1.079/1950, que define os crimes de responsabilidade e estabelece o rito para o afastamento de autoridades, incluindo ministros da Corte.
O caminho é longo e complexo: o pedido precisa ser protocolado na Mesa Diretora do Senado. O presidente da Casa — no caso, Alcolumbre — tem o poder de aceitar ou arquivar a iniciativa. Se aceito, o tema vai a uma comissão especial, que tem até 10 dias para emitir um parecer. Esse parecer é então levado ao plenário, onde precisa de 41 votos para ser aprovado e dar início ao processo formal. Nesse momento, o ministro é afastado provisoriamente.
A etapa final exige um quórum qualificado: dois terços dos senadores em exercício, ou seja, 54 votos, para a cassação definitiva do cargo e a possível inelegibilidade por até oito anos.
Em 134 anos de existência do STF, nenhum ministro foi afastado por impeachment. O caso mais próximo ocorreu em 1894, quando o Senado rejeitou a indicação de Cândido Barata Ribeiro, nomeado pelo presidente Floriano Peixoto. Na época, a regra permitia que o indicado assumisse o cargo antes da confirmação parlamentar. Barata Ribeiro, médico e ex-prefeito do Rio de Janeiro, chegou a atuar por 11 meses, mas foi afastado sob o argumento de que não possuía o “notório saber jurídico” exigido pela Constituição.
Desde então, nenhuma tentativa similar chegou sequer perto do plenário. O atual movimento, portanto, é inédito em sua dimensão simbólica — ainda que, na prática, esteja fadado ao impasse.
Diante do bloqueio de Alcolumbre e da resistência da maioria dos líderes partidários, inclusive de aliados, o pedido de impeachment de Moraes é visto por muitos como mais um ato de pressão do que uma real possibilidade de afastamento. Ainda assim, tem peso: mostra que uma parcela significativa do Senado está disposta a questionar o papel do ministro, especialmente após decisões que envolveram figuras centrais do bolsonarismo.
Para o governo Lula, o episódio reforça a importância de manter o STF como uma instituição blindada de pressões diretas. Já para a oposição, trata-se de um instrumento de resistência — um lembrete de que, mesmo sem poder executivo, há formas de contestar o status quo.
O Congresso volta a funcionar com a pauta legislativa, mas a sombra do embate entre os Poderes permanece. Enquanto o país enfrenta desafios econômicos e sociais, o debate sobre limites, instituições e poder continua acirrado — e, por enquanto, sem solução à vista.
Com informações de CNN e Rádio Piatã*
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Após o clima de tensão que tomou conta do Congresso com a ocupação das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado por deputados alinhados ao bolsonarismo, a oposição não recuou. Pelo contrário: intensificou nos bastidores uma articulação ambiciosa para desferir um novo golpe simbólico e institucional contra o Supremo Tribunal Federal (STF). O alvo é claro — reduzir o poder do Judiciário, proteger investigados por crimes políticos e mudar as regras do jogo no campo jurídico. E, para isso, a estratégia é usar o Centrão como trampolim.
Apesar da decisão da Mesa Diretora da Câmara de encaminhar à Corregedoria da Casa denúncias contra 14 deputados — a maioria do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de um parlamentar do Novo e outro do PP —, os integrantes da oposição afirmam que o episódio não os intimidou. Pelo contrário: viram nele um sinal de força e decidiram acelerar um conjunto de propostas que já tramitavam nos corredores do poder, mas que ganharam novo fôlego após o confronto institucional.
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O chamado “pacote anti-STF” está sendo costurado com cuidado e tem três eixos principais, segundo lideranças do PL ouvidas pela imprensa. O primeiro deles é a anistia a investigados pela suposta tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 — uma medida que, se aprovada, poderia beneficiar diretamente Jair Bolsonaro, hoje réu no processo que investiga a organização criminosa por trás da invasão dos Três Poderes.
A segunda frente é o fim do foro privilegiado, que atualmente garante a autoridades, incluindo parlamentares, o direito de serem julgadas diretamente pelo STF. A ideia em discussão é que deputados e senadores passem a ser processados inicialmente nos Tribunais Regionais Federais (TRFs), com recurso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), e só em casos excepcionais chegariam ao Supremo. Ainda não há um texto fechado, mas a proposta já circula entre líderes partidários como uma forma de “modernizar” o sistema.
O terceiro ponto é a chamada PEC das prerrogativas, uma proposta de emenda à Constituição que exigiria autorização do Congresso para a abertura de ações penais contra parlamentares e restringiria prisões a situações de flagrante delito ou crimes inafiançáveis. Em outras palavras: tornaria muito mais difícil prender ou processar um deputado sem o aval da própria Casa.
Além disso, há um desejo explícito entre setores da oposição de avançar com um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, uma figura central nas investigações sobre o golpe. O processo, no entanto, depende de um primeiro passo crucial: o aval do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para que seja sequer admitido. Ainda não há confirmação de que Alcolumbre dará esse sinal verde, mas a pressão está crescendo.
O que torna esse movimento ainda mais estratégico é a forma como está sendo conduzido. Os líderes do PL sabem que temas como a anistia são polêmicos e enfrentam resistência até dentro do próprio Congresso. Por isso, estão usando como “iscas legislativas” as pautas que também interessam ao Centrão — especialmente o fim do foro privilegiado e a PEC das prerrogativas.
A ideia é simples: oferecer apoio a partidos como PSD, PP e União Brasil em troca de votos para as propostas mais sensíveis. “Há uma sinalização de entendimento com esses partidos”, afirmaram integrantes do PL. “Eles têm interesse em blindar seus parlamentares, assim como nós. É um terreno comum.”
A articulação vai além. Há tentativas de atrair até partidos de centro-esquerda, como PDT e PSB, para apoiar ao menos o fim do foro. A justificativa? “É uma questão de igualdade perante a lei.” Mesmo que muitos desses partidos rejeitem a anistia ou o ataque a Moraes, o discurso de “acabar com privilégios” pode ser suficiente para conquistar algumas adesões.
Tudo isso acontece em um momento de grande instabilidade institucional. A ocupação das Mesas Diretoras foi vista por muitos como um ato de desrespeito às normas internas do Legislativo, mas também como um grito de resistência de um grupo que se sente encurralado pelas investigações do STF. Agora, em vez de recuar, a oposição escolheu o contragolpe: atacar o Supremo não com força física, mas com a força do voto e da pauta legislativa.
A pergunta que fica no ar é até onde essa ofensiva pode ir. O STF, nos últimos anos, tornou-se um dos principais árbitros da crise política brasileira. Limitar seu poder, seja por meio do fim do foro, seja por uma anistia geral, seria uma mudança profunda no equilíbrio entre os Poderes. E, para muitos juristas e defensores da democracia, um retrocesso perigoso.
Mas, no tabuleiro do Congresso, onde interesses, alianças e sobrevivência política ditam o ritmo das decisões, o jogo segue. Enquanto a Corregedoria analisa as denúncias contra os deputados envolvidos no tumulto, outros corredores fervilham com conversas, acordos e promessas. A oposição sabe que não precisa vencer todas as batalhas de uma vez. Às vezes, basta colocar a pauta em movimento para mudar o rumo do jogo.
E, nesse tabuleiro, o STF está, mais uma vez, no centro do olho do furacão.
Entre os 14 deputados denunciados à Corregedoria da Casa estão nomes de peso dentro do grupo: Nikolas Ferreira (PL-MG), Bia Kicis (PL-DF), Zé Trovão (PL-SC), Júlia Zanatta (PL-SC) e Marcel Van Hattem (Novo-RS). Todos são acusados de participação direta no tumulto que paralisou os trabalhos legislativos e colocou em xeque a autoridade da presidência do Congresso.
Agora, cabe ao corregedor da Câmara analisar os fatos, colher depoimentos e emitir um parecer antes de encaminhar os casos ao Conselho de Ética — instância responsável por decidir sobre punições, que podem variar desde advertência até cassação de mandato. Mas, mesmo com os procedimentos em andamento e o plenário desocupado, as lideranças da oposição deixam claro: a pressão pode voltar a qualquer momento se o chamado “pacote anti-STF” não avançar.
O episódio, que começou como um protesto contra as decisões do ministro Alexandre de Moraes, rapidamente se transformou em um ato de força política. E, para muitos analistas, foi um recado direto ao governo Lula: sem apoio da base bolsonarista, projetos-chave podem ficar engavetados — especialmente a reforma do Imposto de Renda, principal prioridade do Executivo no Congresso.
Foi justamente a influência de Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara e padrinho político de Hugo Motta (Republicanos-PB), que ajudou a conter a crise. Lira, que hoje atua como relator do projeto de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, tem peso decisivo nas negociações. Sua intervenção foi essencial para restabelecer o diálogo e evitar uma escalada maior. Mas, ao mesmo tempo, reforçou um jogo de interesses bem claro: o apoio à reforma fiscal está diretamente ligado ao avanço de pautas da oposição.
Nos bastidores, líderes do PL já deixam escapar a condição: não vão obstruir a tramitação do projeto do IR desde que haja movimentação concreta em temas como o fim do foro privilegiado, a PEC das prerrogativas e, principalmente, a anistia a investigados pela tentativa de golpe de 8 de janeiro. O prazo é curto — o texto precisa ser aprovado até 30 de setembro para vigorar em 2026 — e o tempo de negociação corre contra todos.
Nesse contexto, a figura de Hugo Motta, líder do governo na Câmara, passa por um teste de fogo. Apesar de seu perfil conciliador, visto como uma ponte entre o Planalto e setores conservadores, a crise o colocou em uma posição delicada. Alguns aliados avaliam que ele saiu fragilizado, incapaz de impedir um ato que desafiou diretamente a ordem interna da Casa. Outros, no entanto, lembram que Motta não tem poder absoluto sobre partidos da oposição e que sua principal arma é o diálogo — ainda que, às vezes, ele falhe.
“Eu acho que deve ter [punição] porque o que aconteceu foi grave, até para que isso não volte a acontecer”, disse Motta à CNN, em tom de reprovação. “Não podemos concordar com o que aconteceu, até porque temos que ser pedagógicos nessa situação.” A fala foi interpretada como um esforço para manter a autoridade moral, mesmo diante da pressão de um grupo que insiste em agir à margem das regras.
Em um gesto simbólico, o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), chegou a pedir desculpas a Motta, reconhecendo que a forma como o protesto foi conduzido “não foi correta”. Mesmo assim, foi enfático ao defender que seus colegas não devem ser punidos. Para muitos parlamentares, essa postura foi uma manobra estratégica: mostrar arrependimento sem abrir mão da causa, evitando queimar pontes com o líder do governo e mantendo as portas abertas para futuras negociações.
Enquanto isso, o Palácio do Planalto observa com atenção. Na sexta-feira (8), o presidente Lula não poupou críticas. Em discurso público, classificou os parlamentares envolvidos como “verdadeiros traidores da pátria” e defendeu com firmeza o ministro Alexandre de Moraes. “Quem deveria ter o impeachment são esses deputados e senadores que ficam tentando fazer greve para não permitir que funcione a Câmara e o Senado”, disparou, em tom de indignação. “São eles que querem paralisar o país, não nós.”
A fala de Lula, além de reforçar a defesa das instituições, também serve como um alerta: o governo não vai ceder a chantagens. Mas, na prática, a realidade do Congresso é outra. A base governista precisa de votos — e muitos deles estão justamente nos partidos que hoje ameaçam travar a pauta.
As próximas semanas serão decisivas. Não apenas para a aprovação da reforma do IR, mas para entender se a oposição consegue impor sua agenda, se o Centrão vai se alinhar ao jogo de poder ou se o governo terá força suficiente para manter o rumo. Hugo Motta, Arthur Lira, os líderes do PL e os ministros do STF estão todos de olho no mesmo tabuleiro: um Congresso cada vez mais polarizado, onde a linha entre protesto legítimo e ameaça institucional parece se dissolver a cada nova manobra.
No fim das contas, o que está em jogo não é apenas um projeto de lei. É a definição de quem manda em Brasília. E, por enquanto, a resposta ainda está em construção.
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O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), reagiu nesta sexta-feira (8) em suas redes sociais ao post feito por Darren Beattie, subsecretário do governo americano, e republicado pela Embaixada dos Estados Unidos, afirmando que o país está “monitorando” os integrantes da Corte.
O texto foi publicado na quinta-feira (7) visando criticar Alexandre de Moraes pela sua imposição de prisão domiciliar contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por descumprimento de medidas cautelares. A mensagem foi carregada de um tom de ameaça contra os ministros, declarando que: “Os aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta de Moraes.”
Dino escreveu que a soberania nacional é requisito para a diplomacia e que não é função de uma embaixada “monitorar” a atuação de qualquer magistrado ou “avisar” o que eles devem fazer.
“Respeito à soberania nacional, moderação, bom senso e boa educação são requisitos fundamentais na diplomacia. Espero que voltem a imperar o diálogo e as relações amistosas entre Nações historicamente parceiras nos planos comercial, cultural e institucional”, afirmou Dino. “É o melhor para todos.”
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Da Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu, nesta sexta-feira (8), que os senadores não assinem pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre Moraes. Em evento em Rio Branco (AC), Lula criticou a ocupação das mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal por parlamentares da oposição, ocorrida no início desta semana.
“Você, [senador Sérgio] Petecão [PSD-AC], por favor, não assine pedido de impeachment do Alexandre Moraes, porque ele está garantindo a democracia. Quem deveria ter o impeachment são esses deputados e senadores que ficam tentando fazer greve para não permitir que funcione a Câmara e o Senado. Verdadeiros traidores da pátria”, afirmou Lula.
O motim da oposição começou após Moraes decretar a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. O ex-presidente é réu por tentativa de golpe de Estado e também está sendo investigado por obstrução do processo penal, após ações dos Estados Unidos contra o comércio brasileiro e a sanção da Casa Branca contra Moraes.
Entraram em vigor, na última quarta-feira (6), as tarifas de 50% impostas sobre parte das exportações brasileiras para país norte-americano. A medida, assinada no dia 30 de julho pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afeta 35,9% das mercadorias enviadas ao mercado norte-americano, o que representa 4% das exportações brasileiras. Cerca de 700 produtos do Brasil ficaram fora do tarifaço.
A medida faz parte da nova política da Casa Branca, inaugurada por Trump, de elevar as tarifas contra parceiros comerciais na tentativa de reverter a relativa perda de competitividade da economia americana para a China nas últimas décadas. Em carta, Trump também justifica as ações em retaliação ao Brasil a decisões que, segundo ele, prejudicariam as big techs estadunidenses e em resposta ao julgamento de Bolsonaro.
Em discurso, hoje, Lula afirmou que o governo brasileiro vai garantir que os exportadores não tenham o prejuízo e defendeu a soberania do país em seus temas internos. O plano de contingência para ajudar os setores afetados pelo tarifaço deve sair até a próxima terça-feira (12).
“Empresários, companheiro das cooperativas, castanheiros, criadores e pescadores de tilápia que exportam, podem ter certeza o seguinte: o governo brasileiro não quer ser mais do que ninguém, mas não quer ser menos do que ninguém. O presidente dos Estados Unidos aprenda a respeitar a soberania desse país, aprenda a respeitar a soberania e a autonomia do Poder Judiciário brasileiro”, disse.
O presidente ainda destacou a política de comércio exterior do Brasil, com a abertura de 400 novos mercados nos últimos dois anos. Ele afirmou, por exemplo, que vai intermediar a venda de pé de frango para a China, após a retomada do status de país livre de gripe aviária.
“Semana que vem, sabe qual é a minha tarefa? Ligar para a China e pedir para a China comprar US$ 1 bilhão de pé de frango que está parado por causa da gripe aviária. E eu vou dizer gripe aviária acabou”, disse. A China é o maior comprador da carne de frango brasileira e suspendeu as importações após focos da doença no país.
Lula participou de cerimônia de anúncios de investimentos do governo federal no Acre em áreas como infraestrutura, transportes, energia, educação e regularização fundiária. O evento ocorreu na Cooperacre, em Rio Branco, cooperativa que é referência na produção de castanhas no Brasil.
Um dos destaques da cerimônia foi o anúncio de obras e reparos na BR 364, rodovia federal que atravessa o Acre e pela qual escoa a produção do estado. A rodovia receberá R$ 870,9 milhões para manutenção e recuperação em quatro lotes, com potencial de gerar mais de 12,5 mil postos de trabalho diretos e indiretos. As obras abrangerão trechos que atravessam 12 dos 22 municípios acreanos.
Já o programa Luz para Todos terá investimentos de R$ 235 milhões em novas obras no Acre, que atenderão a 6 mil famílias em regiões remotas. Foram assinadas as ordens de serviço para execução da segunda etapa, para 2,5 mil famílias, e a terceira etapa, para 3,5 mil famílias.
Na área da educação, foram anunciados recursos para melhorias nos campi do Instituto Federal do Acre (Ifac), o que inclui a criação de um novo campus em Feijó com R$ 25 milhões do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
No evento em Rio Branco também foram entregues 152 títulos de propriedade em projetos de assentamentos e anunciados novos créditos rurais para instalação de assentados. Foram, ainda, assinadas portarias que criam dois novos assentamentos.
Por meio do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foram formalizados investimentos com o objetivo de impulsionar a restauração ecológica e o desenvolvimento sustentável. Entre eles, o projeto Memorial Chico Mendes assinou contrato de R$ 9 milhões para garantir acesso à água potável para 282 famílias no Acre, no âmbito do projeto Sanear Amazônia – Água Potável para Comunidades da Amazônia.
O BNDES e a SOS Amazônia também firmaram contrato de R$ 24 milhões para fortalecer a produção sustentável pela agricultura familiar, incluindo povos indígenas e comunidades tradicionais, bem como viabilizar a aquisição e consumo desses alimentos nas escolas da rede pública. Os recursos serão parte do programa Amazônia na Escola.
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Da Agência Brasil
O Tribunal de Apelação de Roma, na Itália, marcou para a próxima quarta-feira (13) uma audiência para tratar do processo de extradição da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).
A confirmação da data foi encaminhada nesta sexta-feira (8) pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso.
No mês passado, Zambelli foi presa na capital da Itália, onde tentava escapar do cumprimento de um mandado de prisão emitido pelo ministro.
Por ter dupla cidadania, Zambelli deixou o Brasil em maio deste ano após ser condenada pelo STF a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrido em 2023. A deputada também terá que pagar R$ 2 milhões por danos coletivos.
De acordo com as investigações, Zambelli foi a autora intelectual da invasão para emissão de um mandato falso de prisão contra Alexandre de Moraes. Segundo as investigações, o hackeamento foi executado por Walter Delgatti, que também foi condenado e confirmou ter realizado o trabalho a mando da parlamentar.
Após a fuga para a Itália, o governo brasileiro solicitou a extradição da deputada para o Brasil. O pedido de extradição foi oficializado no dia 11 de junho pelo ministro. Em seguida, o pedido foi enviado pelo Itamaraty ao governo italiano.
A decisão final sobre a extradição será da Justiça da Itália e do governo italiano. Em geral, o processo de extradição é demorado porque passa por diversos trâmites. São avaliados aspectos previstos na legislação italiana e nos acordos internacionais firmados entre as duas nações.
Não há prazo para definição da extradição.
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O secretário interino da Europa e América do Norte do Itamaraty, o embaixador Flavio Celio Goldman, recebeu o representante do governo Trump no Brasil para manifestar indignação do governo brasileiro com o tom e o conteúdo das postagens recentes do Departamento de Estado e da embaixada nas redes sociais.
O Departamento de Estado dos EUA, órgão similar a um ministério das relações exteriores, tem usado as redes sociais para atacar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e do ministro Alexandre de Moraes relativas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.
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Ontem (7), a Embaixada dos EUA no Brasil traduziu comentário do secretário de diplomacia pública Darren Beattie, ameaçando autoridades do Judiciário brasileiro que contribuam com Moraes. “Os aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta de Moraes. Estamos monitorando a situação de perto”, disse o comunicado do diplomata, acusando o ministro de “censura” e “perseguição” contra Bolsonaro.
O ministro Moraes é o principal arquiteto da censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores. Suas flagrantes violações de direitos humanos resultaram em sanções pela Lei Magnitsky, determinadas pelo presidente Trump. Os aliados de Moraes no Judiciário e em outras… https://t.co/mKCsObZASP
— Embaixada EUA Brasil (@EmbaixadaEUA) August 7, 2025
No último dia 30 de julho, os EUA aplicaram sanções econômicas contra Alexandre de Moraes, previstas na chamada Lei Magnitsky, como punição pelo julgamento da trama golpista, que apura tentativa de golpe de Estado no Brasil após as eleições de 2022, o que incluiria planos para prender e assassinar autoridades públicas.
Segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro pressionou comandantes militares para suspender o resultado da eleição presidencial de outubro de 2022, quando perdeu para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele nega as acusações.
O ex-presidente ainda é investigado em ação que apura a ação de Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), junto aos EUA para impor sanções contra o Brasil. Entre as razões elencadas pelo governo Trump para tarifar o Brasil, está o processo contra o ex-presidente.
Outros políticos foram autorizados a visitar Bolsonaro em dias úteis
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, a visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro em casa, onde cumpre prisão domiciliar, nesta quinta-feira (7).
Outros políticos também foram autorizados a visitar Bolsonaro, sempre em dias úteis sucessivos e entre as 10h e as 18h. O ex-presidente cumpre a prisão domiciliar em sua residência em Brasília, em um condomínio do bairro Jardim Botânico.
A vice-governadora do Distrito Federal (DF), Celina Leão, poderá fazer a visita nesta sexta (8); o empresário Renato de Araújo Corrêa, na segunda (11); e os deputados aliados Junio Amaral (PL-MG), Marcelo Moraes (PL-RS) e Luciano Zucco (PL-RS), respectivamente nos dias 12, 13 e 14 de agosto.
Todos haviam pedido autorização e receberam aval da defesa do Bolsonaro, concordando com as visitas. No caso de Celina Leão, a vice-governadora havia pedido para visitar a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que mora com o ex-presidente e com quem mantém relação de amizade.
Nesta quarta (6), Moraes já havia autorizado Bolsonaro a receber a visita de filhos e netos, entre outros familiares, sem a necessidade de autorização prévia do Supremo.
Bolsonaro está em regime de prisão domiciliar desde segunda (4), quando Moraes impôs a medida após entender que o ex-presidente violou a proibição de utilizar as redes sociais por meio de posts publicados nos perfis de seus filhos – Carlos, Eduardo e Flávio.
Na noite de quarta, a defesa de Bolsonaro recorreu da prisão domiciliar, argumentando que ele não teve nenhuma intenção de descumprir a cautelar. Os advogados afirmaram não haver provas de que o ex-presidente tivesse conhecimento das postagens feitas pelos filhos.
No recurso, os advogados também alegam que as publicações feitas pelos filhos veicularam apenas uma saudação a apoiadores, o que não poderia caracterizar crime, sob pena de se proibir qualquer manifestação do ex-presidente, o que caracterizaria censura. A defesa reclamou ainda do que disse ser uma “antecipação do cumprimento de pena”.
Em primeiro momento, o recurso deve ser analisado pelo próprio Moraes. Em caso de recusa, o pedido poderá ser levado à votação pela Primeira Turma do Supremo, colegiado composto por mais quatro ministros – Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.
Bolsonaro é alvo de diversas investigações no Supremo. No processo mais avançado, ele é réu por uma tentativa de golpe de Estado que teria liderado com objetivo de se manter no poder após derrota eleitoral, conforme denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A defesa nega a participação dele em qualquer trama golpista.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 07/08/2025
Por Felipe Pontes – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Valéria Aguiar
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“Não aceitarei intimidações nem tentativas de constrangimento à Presidência do Senado. O Parlamento não será refém de ações que visem desestabilizar seu funcionamento”, disse Alcolumbre, em nota.
“A democracia se faz com diálogo, mas também com responsabilidade e firmeza”, concluiu o presidente do Senado.
Parlamentares da oposição estão desde ontem (6) obstruindo os plenários do Senado e da Câmara dos Deputados em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Eles também querem que seja pautada a anistia geral e irrestrita aos condenados por tentativa de golpe de Estado no julgamento da trama golpista, assim como o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
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Segundo o senador Carlos Portinho (PL-RJ), até agora o pedido de impeachment de Moraes reúne 40 assinaturas de parlamentares de nove partidos: MDB, PSB, Podemos, PP, Republicanos, PL, Novo, União Brasil e PSD. Portanto, só falta uma assinatura para que o pedido possa ser protocolado no Senado.
“Nós vamos conseguir não somente mais uma, nós vamos conseguir além das 41 assinaturas, muito além da maioria do Senado Federal. E, em uma democracia, a maioria tem voz. E o presidente Davi Alcolumbre vai ter que respeitar o desejo de todos os senadores que assinaram, porque é suprapartidário”, disse Portinho em coletiva à imprensa.
Também participou da coletiva o senador Marcos do Val (Podemos-ES), que está com tornozeleira eletrônica desde a última segunda-feira, por determinação de Alexandre de Moraes, por descumprimento de medidas cautelares impostas anteriormente, como a entrega de todos os seus passaportes para que não pudesse deixar o país. Do Val não se manifestou, pois estava com um esparadrapo na boca, como parte do protesto.
Para Gilmar, disputa tarifária é normal, mas usar tarifas para afetar a soberania de outro país não pode ser aceito
No dia em que começa a valer a tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes disse que disputas tarifárias entre países são normais, mas a tentativa de interferir nas instituições de outro país é “inadmissível”.
“Seria inadmissível que nós, em nossas pretensões comerciais, exigíssemos mudanças de entendimento da Suprema Corte americana. Isso seria impensável. Da mesma forma, isso se aplica ao Brasil”, disse nesta quarta-feira (6/8), antes do Fórum Saúde, evento organizado pelo Esfera Brasil e pelo laboratório farmacêutico EMS em Brasília.
“Tenho a impressão que crises entre países, guerras tarifárias, são normais. Por isso, constituiu-se a OMC (Organização Mundial do Comércio), para dirimir essas dúvidas. Esses debates são normais, o que não é normal é a tentativa de valer-se das tarifas para obter mudanças institucionais, afetar a soberania dos países. Isso é claramente repudiado, claramente não aceito por nações maduras, como é o caso do Brasil.”
Na quarta-feira passada (30/7), o presidente norte-americano Donald Trump confirmou, com exceções, o “tarifaço” e anunciou a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes. As medidas foram apresentadas pelo republicano como respostas a uma suposta perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a “uma caça às bruxas ilegal contra cidadãos e empresas dos EUA e do Brasil”.
Publicado originalmente pelo Conjur em 06/08/2025
Por Mateus Mello
Mateus Mello é correspondente da revista Consultor Jurídico em Brasília.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (6), em uma entrevista à Reuters, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deverá ser acusado de instigar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a atuar contra o Brasil. Seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), já está sob investigação pelas mesmas acusações.
“Eu acho que ele (Bolsonaro) deveria ser julgado por mais processos, porque o que ele está fazendo agora, insuflando os Estados Unidos contra o Brasil, causando prejuízo à economia brasileira, causando prejuízo aos trabalhadores brasileiros, ele e o filho dele deveriam ter outro processo e ser condenados como traidores da pátria”, afirmou Lula.
Eduardo Bolsonaro licenciou-se de seu mandato parlamentar para viajar aos Estados Unidos em busca de apoio da Casa Branca à causa de seu pai. Após suas movimentações em Washington, Trump anunciou tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos brasileiros, alegando “violações de direitos humanos” na condução das investigações contra Jair Bolsonaro.
Trump também sancionou Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da Lei Magnitsky. O ministro está impedido de viajar aos Estados Unidos ou manter ativos financeiros no país. A justificativa dada pelo presidente norte-americano foi a suposta “perseguição” do Judiciário a Bolsonaro.
Lula, que chamou os Bolsonaros de “traidores da pátria”, ainda afirmou: “Não tem precedente na história um presidente da República e o filho, que é deputado, ir para os Estados Unidos para insuflar o presidente dos Estados Unidos contra o Brasil. Isso nunca existiu na história, eu acho que de nenhum país do mundo”.
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta quarta-feira (6) o pedido de liberdade condicional feito pelos advogados do general Walter Braga Netto (PL).
A defesa do general buscava substituir a prisão preventiva decretada por Moraes por alguma medida cautelar, usando como argumento o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está em prisão domiciliar. Para o ministro, porém, o caso de Braga Netto é mais grave que o de Bolsonaro. “Inviável, portanto, a alegação defensiva para a concessão da liberdade provisória com fundamento no princípio da isonomia, uma vez que há indícios da participação do requerente na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático.”
Em junho, um relatório encaminhado ao STF pela Polícia Federal agravou a situação de Braga Netto, acusado de tentar obter informações relacionadas à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A mando do general, o coronel da reserva Flávio Botelho Peregrino tentou usar seu celular para acessar a delação de Cid.
Outra investigação também aponta Braga Netto como um dos autores do documento intitulado “bolsonaro min defesa 06.11- semifinal.docx”, uma minuta golpista com “alegações” sobre supostas fraudes no sistema eleitoral brasileiro, que pedia a intervenção do Exército no processo democrático.
A decisão desta quarta segue a recomendação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, diante da gravidade dos crimes atribuídos a Braga Netto. Moraes também ressaltou a necessidade de resguardar a ordem pública, dado o “perigo gerado pelo estado de liberdade do custodiado”.
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O deputado Luciano Zucco (PL-RS), líder da oposição bolsonarista no Congresso, afirmou nesta quarta-feira (6) que falta apenas uma assinatura no Senado para protocolar o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para que o pedido seja apresentado ao presidente do Senado, são necessárias 41 assinaturas. Nos últimos dias, a senadora Ivete da Silveira (MDB-SC) e o senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR) aderiram à petição.
Essa é apenas uma das pautas que compõem a ofensiva bolsonarista no Legislativo, iniciada após o fim do recesso parlamentar de julho e da decisão de Alexandre de Moraes que impôs prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Caso o pedido seja admitido, será a primeira vez que o Senado analisará um pedido de impeachment contra um ministro do STF.
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Por Ana Oliveira e Felipe Borges
Pragmatismo Político
Na cobertura daquele 8 de janeiro, enquanto vândalos invadiam o STF, o Planalto e o Congresso com a ilusão de que estavam destituindo Lula do poder pela força, o Pragmatismo Político alertava: além de um atentado à democracia, aquele espetáculo grotesco era também um ato coletivo de autoincriminação. A condenação de Fábio Alexandre de Oliveira, anunciada nesta terça-feira (6), soma-se às centenas já proferidas contra os que, no impulso golpista, deixaram um rastro abundante de provas contra si próprios.
O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou dois novos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 a 17 anos de prisão cada, sendo 15 anos e seis meses em regime fechado. Um deles é o primeiro acusado de financiar a logística da tentativa de golpe; o outro ficou conhecido por ter sido filmado sentado na cadeira do ministro Alexandre de Moraes durante a invasão ao STF.
O primeiro é Pedro Luís Kurunczi, acusado de bancar parte do transporte que levou manifestantes a Brasília. De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Kurunczi pagou pelo fretamento de quatro ônibus, que transportaram 153 pessoas, a um custo de R$ 59 mil. O órgão afirma que ele teve “ativa contribuição” para a concretização dos atos, frequentando acampamentos de caráter golpista e agindo para viabilizar, financeiramente, a presença de centenas de pessoas na capital federal.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, destacou em seu voto uma mensagem de áudio enviada por Kurunczi à filha, ainda em novembro de 2022, na qual ele afirmava estar participando dos protestos em Londrina “para que essas eleições sejam anuladas”. A PGR classificou sua conduta como essencial para a escalada do ataque às instituições democráticas.
A defesa negou as acusações, dizendo que Kurunczi apenas fez uma “tomada de preços” para os ônibus e frequentava um protesto pacífico em frente ao Tiro de Guerra de Londrina. Mas o STF entendeu que houve dolo — e que o réu atuou de forma decisiva para viabilizar o levante antidemocrático.
O segundo condenado é Fábio Alexandre de Oliveira, morador de Penápolis (SP), de 45 anos. Ficou conhecido por um vídeo em que aparece sentado na cadeira do ministro Alexandre de Moraes, dentro do Supremo Tribunal Federal. Na gravação, grita: “Cadeira do Xandão aqui. Aqui, ó, vagabundo! É o povo que manda nessa p…a, car…ho!”.
A cena foi exibida dias depois do ataque. Fábio foi identificado a partir do vídeo e das postagens em redes sociais. No processo, tentou minimizar sua conduta, alegando que a cadeira estava “jogada para fora do prédio” e que tudo não passou de uma “brincadeira”.
Mas o voto de Moraes foi categórico: Fábio agiu de forma consciente e voluntária, aderindo aos objetivos golpistas. “Suas manifestações públicas, sua presença nos locais invadidos, o uso de equipamentos para dificultar identificação, bem como as comunicações com outros envolvidos, evidenciam que instigou, apoiou e legitimou a atuação das massas que invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes da República”, escreveu o ministro.
A PGR também destacou o uso de luvas e máscara contra gases como indícios de planejamento e intenção de confronto. Fábio foi condenado por cinco crimes: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, associação criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Apesar da maioria ter seguido o relator Alexandre de Moraes, o ministro Luiz Fux votou pela absolvição em parte das acusações, mas ficou vencido. A pena de 17 anos de prisão foi mantida integralmente.
Com essas decisões, o STF mantém sua linha firme diante dos atos de 8 de janeiro. As condenações ultrapassam a casa das centenas e consolidam um entendimento: o Estado brasileiro não tolerará investidas contra a democracia — e tampouco perdoará quem, diante de câmeras e transmissões ao vivo, fez questão de deixar registrado seu próprio crime.
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O post Bolsonarista que sentou na cadeira de Alexandre de Moraes e desafiou o ministro é condenado a 17 anos de prisão apareceu primeiro em Pragmatismo Político.
O senador Romário (PL-RJ) informou ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que não irá assinar o pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, segundo fontes próximas ao senador ouvidas pelo O CAFEZINHO. A decisão o coloca, junto com a senadora Eudócia Caldas (PL-AL), como um dos únicos parlamentares da legenda a não aderirem ao movimento liderado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Apesar da pressão da ala bolsonarista do PL, o senador Romário decidiu não assinar o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes por entender que a iniciativa não deve prosperar no Congresso. Segundo interlocutores próximos ao ex-jogador, Romário avalia que o movimento, liderado por aliados de Jair Bolsonaro, tem caráter mais simbólico do que efetivo, e que não há base política suficiente para levar o processo adiante. Por isso, julga que não vale a pena comprar um desgaste com o Supremo, especialmente com um ministro com quem mantém relação respeitosa e institucional.
Além disso, o senador fluminense tem adotado uma postura de independência dentro do PL e não vê sentido em se alinhar automaticamente a pautas que, em sua avaliação, não trazem retorno político concreto. A decisão de não apoiar o impeachment foi comunicada diretamente ao presidente do partido, Valdemar Costa Neto, e se alinha à estratégia de Romário de preservar sua imagem e seus canais de diálogo com o Judiciário, em especial com o próprio Moraes, com quem já teve encontros anteriores e mantém relação cordial.
Até a manhã desta quarta-feira (6), 38 senadores haviam confirmado apoio ao pedido de afastamento de Moraes. Quase todos os membros do PL, partido de Bolsonaro e seus filhos, endossaram a iniciativa — com exceção de Romário e Eudócia, que seguem classificados como “indecisos” pelo portal votossenadores.com.br, que acompanha o posicionamento dos parlamentares.
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Romário tem sido alvo de intensa pressão nas redes sociais por parte de apoiadores bolsonaristas, especialmente devido à sua grande visibilidade online. Em suas duas publicações mais recentes no Instagram, o número de comentários ultrapassou os 37 mil, um salto significativo em comparação com a média habitual inferior a mil interações.
A iniciativa de impeachment foi protocolada por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), após decisões de Moraes relacionadas a aliados da família, incluindo a recente prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. A proposta ganhou apoio entre senadores de partidos de direita e de parte do PSD, enquanto o PT já se posicionou integralmente contra.
Pedidos de impeachment contra ministros do STF não são incomuns no Senado, mas até hoje nenhum avançou. Para que um processo siga adiante, é necessário que o ministro seja acusado de crime de responsabilidade, conforme estabelece a Lei 1.079, de 1950. As infrações possíveis incluem, entre outras, envolvimento em atividade político-partidária ou conduta incompatível com o decoro do cargo.
Resposta do gabinete
Procurado por telefone, o gabinete do Senador Romário (PL) em Brasília negou que houve alguma conversa com o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, e que não há esclarecimentos sobre a posição do político em relação à assinatura.
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Os parlamentares, na maioria do Partido Liberal (PL), protestam contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada nessa segunda-feira (4). Para partidos da base governista, a ação é ilegal e representaria outro 8 de janeiro em novo ataque às instituições da República.
A oposição exige que seja pautada a anistia geral e irrestrita aos condenados por tentativa de golpe de Estado no julgamento da trama golpista, e que também seja pautado o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Moraes é o relator da ação contra Bolsonaro, acusado de liderar uma tentativa de anular as eleições presidenciais de 2022 com pressão sobre os comandantes militares. A denúncia aponta ainda planos para assassinar e prender autoridades públicas. Jair Bolsonaro e os demais investigados negam as acusações.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi um dos parlamentares que passou a noite no plenário do Senado para pressionar contra a prisão do pai e contra o julgamento da tentativa de golpe de Estado.
“Estamos aqui às 4h44 da manhã. Meu plantão no Senado é até às 6 horas da manhã. Nós estamos nos revezando. Estamos aqui fazendo esse gesto de ocupar a mesa diretora para, finalmente, colocar em pauta o que é melhor para o Brasil”, afirmou em uma rede social.
Ainda segundo Flávio, a pauta defendida pela oposição poderia derrubar as tarifas dos Estados Unidos de 50% contra cerca de 36% das exportações brasileiras para os EUA. Entre as justificativas de Trump para impor o tarifaço figura o processo contra Bolsonaro.
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O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), considera inadmissível a ocupação da mesa e considera a ação semelhante ao 8 de janeiro. A ocupação impede a votação de projeto envolvendo a isenção do Imposto de Renda (IR).
“Isso é um golpe continuado. É chantagem para livrar Bolsonaro. Dez milhões de pessoas perdem por causa deles! Queremos votar pautas importantes para a população e isenção de Imposto de Renda é uma delas. E eles estão colocando a faca no pescoço da população”, afirmou em uma rede social.
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou, ontem (5) projeto que isenta do IR quem recebe até dois salários mínimos. O texto substitui a Medida Provisória (MP) 1.294 de 2025, editada pelo governo Lula. O texto aguarda votação no plenário do Senado. Outra matéria de prioridade da Câmara e do governo que aguarda votação no plenário é o projeto de lei que isenta do Imposto de Renda quem recebe até R$ 5 mil reais.
O presidente da Câmara, Hugo Motta, sem criticar a ação da oposição, cancelou a sessão de ontem e convocou reunião para esta quarta-feira (6) para definir a pauta de votações. “O Parlamento deve ser a ponte para o entendimento”, disse em uma rede social.
Alcolumbre afirmou que a ocupação é algo “inusitado e alheio aos princípios democráticos”. O presidente do Senado fez um chamado à “serenidade e ao espírito de cooperação”.
“Realizarei uma reunião de líderes para que o bom senso prevaleça e retornaremos a atividade legislativa regular, inclusive para que todas as correntes políticas possam se expressar legitimamente”, conclui em nota.
A decisão abrange “filhos, cunhadas, netas e netos” de Bolsonaro. O ministro escreveu que as visitas podem ocorrer “sem necessidade de prévia comunicação, com a observância das determinações legais e judiciais anteriormente fixadas”.
Ao impor a prisão, Moraes havia restrito as visitas apenas a advogados. Além disso, ele proibiu Bolsonaro de usar celulares, inclusive de terceiros.
Na decisão de segunda, o ministro afirmou que Bolsonaro segue “ignorando e desrespeitando” o Supremo, tendo violado “deliberadamente” medidas cautelares que haviam sido determinadas antes, como a ordem de não utilizar as redes sociais, em perfis próprios ou de terceiros.
“A Justiça não permitirá que um réu a faça de tola, achando que ficará impune por ter poder político e econômico”, escreveu o ministro na ocasião.
Moraes anexou postagens nas redes sociais dos filhos do ex-presidente no último domingo (3), nas quais Bolsonaro aparece fazendo uma saudação a manifestantes que foram às ruas naquele dia para defender uma anistia ampla aos envolvidos em uma suposta trama golpista bolsonarista.
Na terça (5), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que a publicação em seu perfil foi feita por sua iniciativa, sem a participação do pai, que não teria assim violado a proibição de uso das redes sociais.
A defesa de Bolsonaro disse ter sido “pega de surpresa” com a decretação da prisão domiciliar. A equipe de advogados do ex-presidente prepara recurso contra a medida, que deve ser analisado pela Primeira Turma do Supremo, formada por cinco ministros - além do próprio Moraes, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.
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Nos bastidores, uma ala de ministros do Supremo tem manifestado insatisfação com a domiciliar de Bolsonaro, por verem na medida uma escalada das tensões desnecessária diante de uma possível condenação do ex-presidente na ação penal da trama golpista ainda neste ano.
Essa mesma ala, contudo, avalia ser difícil que a prisão seja revertida pela Primeira Turma, o que seria visto com uma capitulação diante das pressões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Mencionando o caso de Bolsonaro, o governo dos EUA anunciou sanções a Moraes e outros ministros do Supremo. Em paralelo, também citando o que seria uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente brasileiro, Trump impôs um tarifaço de 50% sobre alguns produtos brasileiros, medida que entrou em vigor nesta quarta (6).
* Matéria atualizada às 10h48min. para acréscimos de informações.
Ministro Alexandre de Moraes determinou uso de tornozeleira eletrônica, bloqueio de contas e bens e proibição de uso de redes sociais
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), impôs novas medidas cautelares ao senador Marcos do Val (Podemos-ES) após ele ter viajado aos Estados Unidos sem autorização da Corte. Desde agosto do ano passado, o parlamentar é investigado em procedimento que apura a suposta prática de delitos relacionados à obstrução de investigações de organização criminosa e à incitação ao crime.
Entre as medidas determinadas, o senador deverá utilizar tornozeleira eletrônica e cumprir recolhimento domiciliar das 19h às 6h, de segunda a sexta-feira, podendo exceder o horário noturno caso seja necessário participar das sessões do Senado. Nos fins de semana e feriados, o recolhimento será em tempo integral. A decisão também proíbe o parlamentar de utilizar redes sociais, determina o cancelamento e a devolução dos passaportes, e ordena o bloqueio de bens, investimentos, salário e todas as verbas de seu gabinete parlamentar.
Afronta ao Poder Judiciário
Segundo o ministro, a conduta do senador “demonstra uma absoluta afronta à determinação do Poder Judiciário”. Isso porque a defesa requereu autorização para a viagem ao exterior, mas, mesmo diante da negativa do STF, o parlamentar deixou o país utilizando o passaporte diplomático.
O ministro Alexandre de Moraes ressaltou que o eventual descumprimento de qualquer das medidas cautelares resultará na decretação da prisão do senador.
Investigação
Na Petição (PET) 12404, Marcos do Val é investigado por fatos relacionados a uma campanha de ataques institucionais ao STF e à Polícia Federal, incluindo a divulgação de dados pessoais de delegados que atuam em investigações na Corte.
Em agosto do ano passado, o ministro já havia imposto ao parlamentar medidas cautelares, como o bloqueio e entrega de passaportes e a proibição de uso das redes sociais. Na ocasião, também foi determinado o bloqueio das contas bancárias do senador. Posteriormente, após pedido da defesa, foi autorizado o desbloqueio parcial, permitindo o acesso a 30% de seu subsídio mensal. Essas medidas foram referendadas pela Primeira Turma do STF.
Agora, na nova decisão, o ministro afirmou que o bloqueio de contas bancárias, bens móveis e imóveis do senador é necessário diante da continuidade das condutas ilícitas e para assegurar a efetividade da investigação em curso.
Veja a íntegra da decisão.
Veja a íntegra do despacho complementar.
Publicado originalmente pelo STF em 04/08/2025
O post STF impõe novas medidas cautelares ao senador Marcos do Val após violação de proibição de viagem ao exterior apareceu primeiro em O Cafezinho.
Menos de um mês após instalar tornozeleira eletrônica e ser obrigado a cumprir medidas cautelares, ex-presidente foi colocado em prisão domiciliar por ordem de Alexandre de Moraes.
As ações da Justiça brasileira sobre Jair Bolsonaro no âmbito do julgamento da trama golpista subiram de patamar nesta segunda-feira (04/08), com a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente.
Bolsonaro já estava desde 17 de julho obrigado a seguir medidas cautelares determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e confirmadas pela Primeira Turma da corte.
O objetivo dessas medidas é evitar que Bolsonaro interfira no processo judicial que pode condená-lo por planejar um golpe de Estado após as eleições de 2022.
Moraes entendeu que o ex-presidente violou as cautelares no domingo, quando houve atos bolsonaristas em algumas cidades pelo país – em especial a que o proíbe de usar redes sociais diretamente ou por meio de terceiros.
Entenda como a situação jurídica de Bolsonaro evoluiu até a prisão domiciliar:
Cautelares e tornozeleira
Em julho, a articulação bolsonarista que busca garantir a liberdade e a elegibilidade do ex-presidente ganhou força com o engajamento do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Trump anunciou um tarifaço contra o Brasil, disse que o julgamento de Bolsonaro era uma “caça às bruxas” e exigiu que ele fosse anulado. Isso ocorreu após meses de lobby do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está desde março nos Estados Unidos articulando para que a Casa Branca defenda seu pai.
A Polícia Federal pediu que fossem decretadas medidas cautelares contra Bolsonaro, sob a avaliação de que ele estava agindo para dificultar seu julgamento e que poderia tentar fugir do país e pedir asilo à Casa Branca. A Procuradoria-Geral da República se manifestou favoravelmente ao pedido.
Em 17 de julho, Moraes proibiu Moraes de usar redes sociais, de se comunicar com diplomatas estrangeiros, de ir a embaixadas e de sair de casa das 19h às 7h. E determinou que ele usasse uma tornozeleira eletrônica. A avaliação do ministro era que Bolsonaro estava agindo para coagir o curso do processo, obstruir a Justiça e atacar a soberania do país.
“Não há dúvidas de que houve o descumprimento da medida cautelar”, afirmou Moraes em sua decisão | Luis Nova/AP/dpa/picture alliance
Na decisão, Moraes disse que um de seus objetivos era evitar que Bolsonaro alinhasse suas ações à de seus filhos, “inclusive com a instrumentalização das redes sociais, a partir de diversas postagens coordenadas entre os investigados e seus apoiadores políticos, induzindo e instigando chefe de Estado estrangeiro a tomar medidas para interferir ilicitamente no regular curso do processo judicial, de modo a resultar em pressão social em face das autoridades brasileiras, com flagrante atentado à soberania nacional”.
Quatro dias depois, outra decisão de Moraes esclareceu que a ordem incluía “transmissões, retransmissões, ou veiculação de áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas em qualquer das plataformas das redes sociais de terceiros, não podendo o investigado se valer desses meios para burlar a medida, sob pena de imediata revogação e decretação da prisão”.
Violação e alerta
No dia 21 de julho, Bolsonaro participou de um evento com aliados na Câmara dos Deputados, no qual exibiu para as câmeras a tornozeleira eletrônica e disse que o que valia para ele era a “lei de Deus”.
As imagens da fala de Bolsonaro foram publicadas em rede social de Eduardo Bolsonaro e em uma conta do Instagram identificada como sendo de apoio ao deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG).
Moraes determinou que os advogados do ex-presidente se manifestassem sobre um possível descumprimento de medida cautelar que o proíbe de usar redes sociais. Depois, em decisão no dia 24 de julho, disse que Bolsonaro havia violado a cautelar, mas entendeu que o episódio foi uma “irregularidade isolada” e não requeria prisão.
No entanto, Moraes alertou: “Se houver outro descumprimento, a conversão [em prisão] será imediata”.
Aparição em atos bolsonaristas
Esse descumprimento, segundo Moraes, ocorreu neste domingo, quando houve atos bolsonaristas em capitais como Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Belém e Rio de Janeiro.
O senador Flávio Bolsonaro participou do ato no Rio de Janeiro, na Praia de Copacabana. Durante a manifestação, ele fez uma chamada telefônica com o pai e o colocou no viva-voz, transmitindo o áudio pelos alto-falantes.
Bolsonaro falou: “Boa tarde Copacabana, boa tarde meu Brasil, um abraço a todos. É pela nossa liberdade, estamos juntos. Obrigado a todos, é pela nossa liberdade, pelo nosso futuro, pelo nosso Brasil. Sempre estaremos juntos! Valeu!”
Um vídeo de Bolsonaro falando ao telefone, sentado com o celular e a tornozeleira à mostra, foi postado no Instagram de Flávio e apagado em seguida.
Bolsonaristas reunidos em ato em Copacabana neste domingo | Bruna Prado/AP Photo/picture alliance
Também no domingo, o vereador Carlos Bolsonaro postou uma foto de Bolsonaro fazendo uma videochamada no celular, em casa, com a tornozeleira à mostra, e escreveu “Alexandre de Moraes não vai conseguir calar um país inteiro”. E Eduardo Bolsonaro postou um vídeo direto dos EUA, falando que viriam mais sanções dos EUA a ministros do Supremo.
No ato em São Paulo, na Avenida Paulista, Nikolas Ferreira fez uma chamada de vídeo com o Bolsonaro, mostrou seu rosto no telefone ao público e disse que o presidente “não pode falar, mas pode ver”. Em seu discurso, Ferreira criticou Moraes e o STF. “Alexandre de Moraes, você é um cara corajoso. Mas sem toga você é nada”, afirmou. “Hoje, eu confesso que o clima está diferente, está diferente porque eles achavam que nós íamos desistir. O STF não está acima do Brasil”.
Ordem de prisão domiciliar
As aparições de Bolsonaro nas redes sociais de seus filhos e na conversa com Nikolas Ferreira foram o estopim para a decretação da prisão domiciliar.
Em sua decisão, Moraes afirma que as condenações já ocorridas sobre os atos golpistas de 8 de janeiro confirmaram que “a instrumentalização das redes sociais, por meio da atuação de verdadeiras ‘milícias digitais’, transformou-se em um dos mais graves e perigosos instrumentos de corrosão da democracia”.
O ministro disse haver una utilização intencional de redes sociais de terceiros, incluindo “apoiadores políticos previamente coordenados e combinados”, para a perpetuação de condutas que haviam motivado as medidas cautelares.
Moraes lembrou ainda que, após o episódio do discurso na Câmara compartilhado por Eduardo Bolsonaro, ele já havia advertido Bolsonaro. E que, apesar disso, o ex-presidente “reiterou as condutas ilícitas de maneira mais grave e acintosa” e preparou material para postar em redes sociais de seus filhos e aliados com o intuito de mobilizar apoiadores a “continuarem a tentar coagir o Supremo Tribunal Federal e obstruir a Justiça”.
“Não há dúvidas de que houve o descumprimento da medida cautelar (…) O réu produziu material para publicação nas redes sociais de três filhos e de todos os seus seguidores e apoiadores políticos, com claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal e apoio, ostensivo, à intervenção estrangeiras no Poder Judiciário brasileiro”, afirmou Moraes.
Qual é a situação atual de Bolsonaro
As medidas cautelares que já haviam sido determinadas seguem em vigor, como proibição de manter contatos com embaixadores ou autoridades estrangeiras e demais réus e investigados e proibição de uso de redes sociais, diretamente ou por intermédio de terceiros.
Agora, no entanto, Bolsonaro não poderá mais sair de casa em qualquer horário e está proibido de receber visitas, salvo seus advogados e outras pessoas previamente autorizadas pelo Supremo. Os visitantes autorizados pelo Supremo não podem usar celulares, tirar fotos ou grava imagens.
Bolsonaro está proibido de uso de celular, diretamente ou por intermédio de terceiros. Na segunda-feira, a Polícia Federal foi à casa do ex-presidente e apreendeu seu aparelho.
Na decisão, Moraes afirmou que o descumprimento das regras da prisão domiciliar ou das medidas cautelares levará à decretação imediata da prisão preventiva.
Publicado originalmente pelo DW em 05/08/2025
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Frase foi usada para fundamentar prisão domiciliar de Bolsonaro
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reafirmou nesta segunda-feira (4) que a “Justiça é cega, mas não é tola”.
A frase foi usada pelo ministro para fundamentar a decisão que decretou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Conforme tenho afirmado reiteradamente, a Justiça é cega, mas não é tola. A Justiça não permitirá que um réu a faça de tola, achando que ficará impune por ter poder político e econômico”, afirmou.
Moraes também reforçou que Bolsonaro descumpriu a medida cautelar que o impedia de usar redes sociais.
“A Justiça é igual para todos. O réu que descumpre deliberadamente as medidas cautelares – pela segunda vez- deve sofrer as consequências legais”, completou.
No mês passado, Moraes determinou diversas medidas cautelares contra Bolsonaro, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica e restrição ao uso de redes sociais, incluindo perfis de terceiros.
Na decisão proferida hoje, o ministro destacou que Flávio Bolsonaro e outros dois filhos do ex-presidente, Carlos e Eduardo, publicaram em suas redes sociais postagens de agradecimento de Bolsonaro aos apoiadores que compareceram aos atos realizados ontem (3). Dessa forma, segundo Moraes, houve descumprimento das restrições determinadas anteriormente.
As medidas cautelares foram determinadas no inquérito no qual o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, é investigado pela sua atuação junto ao governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para promover medidas de retaliação contra o governo brasileiro e ministros do Supremo. Em março deste ano, Eduardo pediu licença do mandato parlamentar e foi morar nos Estados Unidos, sob a alegação de perseguição política.
Nesse processo, o ex-presidente é investigado por mandar recursos, via Pix, para bancar a estadia de seu filho no exterior. Bolsonaro também é réu na ação penal da trama golpista no Supremo. O julgamento deve ocorrer em setembro.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 04/08/2025
Por André Richter – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Sabrina Craide
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está cumprindo prisão domiciliar em uma casa localizada em um condomínio de alto padrão no Jardim Botânico, região nobre de Brasília. A decisão foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como parte das medidas cautelares impostas ao político no âmbito de uma investigação em andamento.
A residência, situada a cerca de dez quilômetros do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional — cerca de 20 minutos de distância — tem sido palco de intensa movimentação nas últimas semanas. Foi justamente na vizinhança desse imóvel que a Polícia Federal (PF) cumpriu diversos mandados de busca e apreensão, inclusive na última segunda-feira (4).
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O imóvel onde Bolsonaro está confinado é alugado e os custos são bancados pelo Partido Liberal (PL). Na região, valores de aluguéis giram em torno de R$ 90 mil mensais, o que indica o padrão de vida da área, frequentada por políticos, empresários e outras figuras públicas.
O ex-presidente e sua família — composta pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, uma filha biológica e uma enteada — residem no local desde que ele deixou o cargo, em 2023. Segundo informações apuradas, Bolsonaro já viveu em outra casa no mesmo condomínio. No entanto, em novembro de 2024, resolveu trocar de imóvel por conta do espaço reduzido e da falta de privacidade, devido à curiosidade dos vizinhos.
Após as eleições presidenciais de 2022, nas quais não foi reeleito, Bolsonaro passou um tempo nos Estados Unidos. Ao retornar ao Brasil, no início de 2023, escolheu o Jardim Botânico como sua nova base em território nacional.
A decisão judicial que determinou a prisão domiciliar estabelece uma série de restrições rigorosas. Bolsonaro deve permanecer em seu endereço residencial durante todo o período da medida. Ele não pode receber visitas, exceto de seus advogados devidamente credenciados e com procuração nos autos, bem como de outras pessoas previamente autorizadas pelo STF.
Os visitantes autorizados ficam proibidos de portar celulares, tirar fotos ou fazer qualquer tipo de gravação durante a visita. Além disso, o ex-presidente também está impedido de utilizar aparelhos celulares, seja diretamente ou por meio de terceiros.
Caso deseje cumprir a prisão domiciliar em outro endereço, Bolsonaro precisará formalizar um pedido junto ao ministro Alexandre de Moraes. Até lá, o clima de sigilo e restrição permanece na mansão do Jardim Botânico, onde a rotina do ex-mandatário segue sob supervisão judicial.
Durante a sessão solene de reabertura do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (1º), após o recesso forense de julho, o ministro Gilmar Mendes reafirmou o apoio à atuação do colega Alexandre de Moraes e advertiu que o Estado brasileiro dará uma resposta “à altura” àqueles que, segundo ele, trabalham contra os interesses do país.
Em pronunciamento marcado por uma postura enfática, Mendes destacou que o Brasil não ficará indiferente diante de atos que ameaçam a ordem democrática e a integridade das instituições. “Aos propagadores da instabilidade e do caos; e aos responsáveis e pusilânimes que se auto intitulam patriotas, mas que trabalham abertamente contra os interesses do seu próprio país, não tenham dúvida de que seus atos criminosos praticados contra autoridades constituídas e contra o povo brasileiro receberão uma resposta à altura por parte do estado brasileiro”, declarou.
A declaração foi proferida em meio a crescentes críticas internacionais à atuação do ministro Moraes, especialmente após a decisão de impor prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A tensão aumentou ainda mais com a recente sanção imposta pelo governo dos Estados Unidos, liderado pelo ex-presidente Donald Trump, que anunciou tarifas de 50% sobre diversos produtos brasileiros e impôs sanções financeiras pessoais ao ministro do STF.
Gilmar Mendes ressaltou que não há qualquer fundamento concreto que justifique as críticas ao trabalho de Moraes. “Não há nenhum fato real concreto e individualizado que sinalize o menor desvio ou descuido do relator em relação ao devido processo legal, à ampla defesa e ao contraditório”, enfatizou.
O ministro também fez duras críticas aos chamados “radicais inconformados”, termo usado para se referir a setores que, segundo ele, não aceitaram a derrota nas últimas eleições presidenciais. “Entre eles um deputado que, na linha de frente do entreguismo, fugiu do país para covardemente difundir aleivosias contra o Supremo Tribunal Federal. Um verdadeiro ato de lesa Pátria”, disse, em clara referência ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atualmente está nos Estados Unidos articulando apoio político e pressionando pelo endurecimento das medidas contra o Brasil.
O presidente do STF, ministro José Roberto Barroso, também se manifestou em defesa da independência do Judiciário. Em seu discurso, reforçou a importância do papel da Corte na preservação da democracia e destacou o compromisso do Supremo com os princípios constitucionais.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, por sua vez, ressaltou que o Brasil não pode aceitar que autoridades nacionais sejam alvo de sanções por parte de outros países. “Que o exercício de parcela de soberania que é confiado a esta Corte seja respeitado por todos no país e no exterior”, declarou, em defesa da autonomia judicial.
Já o advogado-geral da União, Jorge Messias, foi mais incisivo ao abordar a questão da soberania nacional. Para ele, a tentativa de interferência externa na condução dos assuntos internos do Brasil é inadmissível. “Não aceitamos que nenhuma autoridade brasileira seja ameaçada ou punida por estados estrangeiros. Da mesma forma, não podemos admitir que nossas leis e nossa Constituição sejam suspensas para que a legislação estrangeira estabeleça o que as empresas, em solo nacional, devem ou não fazer”, disse.
Messias garantiu que a AGU está em estado de alerta e tomará todas as medidas cabíveis para defender a independência do Judiciário. “Manifesto a minha irrestrita solidariedade ao ministro Alexandre de Moraes frente às ações que conspiram contra a autoridade e a independência do nosso judiciário. Essa Corte vem prestando grandes serviços à nação, e essa trajetória virtuosa não pode e não será interrompida”, afirmou.
Enquanto o debate político se intensifica no âmbito do Judiciário, o governo brasileiro também se prepara para lidar com os impactos econômicos das medidas comerciais impostas pelos Estados Unidos. O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou nesta segunda-feira (4) que ainda é cedo para mensurar os efeitos do aumento de tarifas sobre o emprego no país.
“O mundo não vai acabar. O mundo continuará lindo, firme e forte. O governo brasileiro e o presidente Lula dizem sempre que estamos inteiramente à disposição das negociações com os americanos e com qualquer outro país que deseje dialogar com o Brasil sobre eventuais parcerias comerciais”, declarou Marinho.
O ministro ressaltou que o governo está desenvolvendo um plano de contingência para ajudar os setores mais afetados pelas tarifas, embora ainda não tenha revelado detalhes. Ele afirmou que as medidas só serão oficializadas após a entrada em vigor das novas tarifas, prevista para quarta-feira (6).
“Acho que ele [Trump] não tem muita convicção porque voltou atrás em vários produtos. Como se trata de uma relação um pouco tanto esquizofrênica, temos que aguardar as consolidações para poder tomar as decisões. Para ter base real e concreta para tomada de decisão”, disse, referindo-se às mudanças constantes nas posições do governo norte-americano.
Marinho também reforçou que o presidente Lula da Silva está disposto a dialogar com Trump, mas destacou que as conversas precisam ser baseadas em dados objetivos. “Está clarinho que não existe esse déficit em desfavor dos Estados Unidos e, sim, do Brasil. Quem teria de reclamar somos nós. Mas vamos sentar e discutir, preparados, e da forma que tem que ser”, concluiu.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) divulgou nota na noite da última quarta-feira (30) expressando surpresa e preocupação com a decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar sanções ao ministro do Supremo Alexandre de Moraes. O comunicado reafirma o apoio institucional ao magistrado e ao Judiciário brasileiro diante da medida considerada inédita e inaceitável pelo órgão.
“A Procuradoria-Geral da República recebe com assombro a notícia da imposição por Estado estrangeiro de sanção ao eminente Ministro Alexandre de Moraes pelo desempenho de suas funções jurisdicionais”, diz trecho da nota oficial divulgada pelo órgão.
A PGR ressaltou ainda sua solidariedade ao ministro e ao Supremo Tribunal Federal. “A PGR manifesta solidariedade ao ministro, ao Supremo Tribunal Federal e ao Judiciário brasileiro. Renova o reconhecimento da exatidão técnica das deliberações do Supremo Tribunal Federal e dos seus integrantes”, declarou o órgão, em tom de defesa enfática da independência judicial nacional.
A sanção imposta pelo governo norte-americano tem como base a Lei Magnitsky, legislação que autoriza a aplicação de penalidades econômicas a indivíduos considerados violadores de direitos humanos. A norma permite o bloqueio de contas bancárias, ativos financeiros e aplicações nos Estados Unidos, além de proibir transações comerciais com empresas americanas e impedir a entrada no território norte-americano.
A decisão marca a segunda medida punitiva adotada pelo governo de Donald Trump em relação ao ministro do STF. No dia 18 de julho, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, havia anunciado a revogação dos vistos diplomáticos do magistrado, de seus familiares e de “aliados na Corte”, como forma de pressionar o Judiciário brasileiro.
A motivação para as sanções está ligada à atuação de Moraes na investigação sobre uma suposta trama golpista e à decisão judicial de instaurar inquérito contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O parlamentar, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, é investigado por sua articulação junto ao governo dos Estados Unidos para promover retaliações contra o Brasil e tentar barrar o andamento das investigações no Supremo Tribunal Federal.
A Lei Magnitsky, criada em 2012 e posteriormente transformada em lei global em 2016, foi originalmente concebida para punir russos envolvidos na morte do advogado Sergei Magnitsky, que denunciou um esquema de corrupção no país. Desde então, a norma tem sido utilizada por diversos países para sancionar estrangeiros acusados de violações aos direitos humanos.
No entanto, a aplicação da lei ao ministro do STF é vista por juristas e autoridades brasileiras como uma ingerência inapropriada em assuntos internos soberanos do país. A medida tem gerado reações em cadeia no Brasil, com diversos setores da sociedade e do governo se posicionando contra o que consideram uma afronta à independência do Judiciário nacional.
O Ministério das Relações Exteriores brasileiro já havia manifestado posição contrária às sanções em comunicados anteriores, reforçando que o Brasil não aceita ingerências em suas instituições democráticas e que as investigações conduzidas pelo STF são legítimas e fundamentadas no Estado de Direito.
Com informações da CNN e Agência Brasil*
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A prisão domiciliar decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro não pegou de surpresa os formuladores de política externa dos Estados Unidos. Na verdade, fontes junto ao Departamento de Estado confirmam que um plano detalhado já estava em vigor há pelo menos duas semanas, com respostas estratégicas preparadas para cada medida que a Justiça brasileira pudesse tomar contra o líder bolsonarista.
Segundo informações obtidas pela reportagem, o plano americano prevê uma escalada progressiva de sanções e restrições diplomáticas, caso a situação no Brasil continue a evoluir no sentido de limitar a atuação política de Bolsonaro. No centro das atenções está a ampliação das sanções da Lei Magnitsky, que já haviam sido aplicadas especificamente ao ministro Alexandre de Moraes, para englobar outros membros do STF que têm apoiado as decisões restritivas ao ex-presidente.
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Essas medidas incluem o congelamento de eventuais bens que esses magistrados possam ter nos Estados Unidos, além de poderem ser estendidas a instituições financeiras e outras organizações com as quais estejam vinculados – como bancos onde mantenham contas correntes ou investimentos.
Leque de restrições diplomáticas
O esquema de resposta americano não se limita ao Judiciário. O plano também contempla a retirada dos vistos de entrada nos Estados Unidos para autoridades de alto escalão do Palácio do Planalto. Curiosamente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a primeira-dama Janja e o vice-presidente Geraldo Alckmin estariam poupados dessas restrições iniciais, segundo as fontes consultadas.
Caso a crise se intensifique, as medidas poderiam evoluir para ações mais drásticas, como a retirada das credenciais da embaixadora do Brasil em Washington e até mesmo a suspensão em larga escala dos vistos concedidos a cidadãos brasileiros em geral. Nesse cenário mais extremo, os brasileiros interessados em renovar seus vistos poderiam enfrentar uma taxa adicional de US$ 500, ou mesmo ser impedidos de obter autorizações de entrada no país.
A percepção em Washington é de que o STF, em coordenação com o governo Lula, está empenhado em impedir que Bolsonaro exerça influência sobre o cenário político brasileiro, especialmente em vista das eleições municipais de 2024 e das perspectivas para 2026.
Trump vê paralelo com sua própria situação
O presidente americano Donald Trump, que tem mantido contato frequente com aliados brasileiros, vê paralelos entre a situação de Bolsonaro e os problemas que enfrentou com a Justiça no ano passado. Para Trump, ambos os casos representam o que ele classifica como “perseguição política” por parte de esquerdas radicais, e ele pretende usar essa narrativa para reforçar sua imagem como defensor da liberdade e da democracia.
Após a decisão de Moraes, o Departamento de Estado dos EUA não hesitou em manifestar sua posição. Em uma publicação nas redes sociais, o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental foi direto ao ponto ao classificar a prisão domiciliar como uma “ameaça a democracia”:
“Deixem Bolsonaro falar! Os Estados Unidos condenam a ordem de Moraes que impõe prisão domiciliar a Bolsonaro e responsabilizarão todos aqueles que auxiliarem e forem cúmplices da conduta”, finalizou o comunicado oficial.
A situação promete gerar novos desdobramentos tanto no cenário interno brasileiro quanto nas relações diplomáticas entre Brasília e Washington, num momento em que a polarização política alcança patamares que extrapolam as fronteiras nacionais.
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) viveu um momento de tensão nesta segunda-feira (4) ao retornar ao Brasil após uma viagem à Flórida, nos Estados Unidos. Ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Brasília, o parlamentar foi surpreendido pela Polícia Federal, que o conduziu imediatamente para a instalação de uma tornozeleira eletrônica, medida determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A decisão judicial, publicada na mesma data em que Bolsonaro teve decretada sua prisão domiciliar, também ordenou a apreensão do passaporte diplomático utilizado pelo senador para deixar o país. Segundo o ministro Moraes, Do Val teria descumprido medidas cautelares impostas anteriormente, incluindo a obrigação de entregar todos os seus passaportes para evitar a saída do território nacional.
Na decisão, Moraes foi contundente ao analisar a conduta do parlamentar: “A conduta do investigado demonstra uma absoluta afronta à determinação do Poder Judiciário, uma vez que Marcos Ribeiro do Val requereu autorização para viajar ao exterior, tendo sido indeferido o pedido, e claramente burlou as medidas cautelares impostas”.
Restrições ampliadas e ameaça de prisão
Além da tornozeleira eletrônica, o senador passa a enfrentar uma série de novas restrições determinadas pelo STF. Ele foi proibido de deixar sua residência à noite, bem como aos finais de semana, feriados e dias de folga. Moraes também reafirmou a proibição do uso de redes sociais e ameaçou prender o parlamentar caso ele descumpra novamente qualquer das medidas cautelares impostas pelo Supremo.
A decisão reforça a determinação tomada no final do mês passado, quando o ministro já havia determinado o bloqueio das contas bancárias do senador. A justificativa para todas essas medidas está ligada à investigação em que Do Val é apontado como responsável por uma campanha de ataques nas redes sociais contra delegados da Polícia Federal que atuaram em investigações envolvendo apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O parlamentar também é suspeito de ter participado na arquitetura de um plano para anular as eleições de 2022, o que agrava ainda mais o cenário judicial ao seu redor.
Pedido de viagem foi negado anteriormente
A situação ganha contornos ainda mais complexos quando se considera que, em meados de julho, antes de sua saída do país, o senador formalizou um pedido junto a Moraes solicitando autorização para viajar ao exterior. O ministro negou o requerimento, mantendo a determinação de que todos os seus passaportes fossem apreendidos.
Apesar disso, Do Val conseguiu deixar o Brasil, o que levantou questionamentos sobre como o parlamentar pôde burlar uma ordem judicial pendente. A Polícia Federal já havia realizado buscas em endereços do senador tanto em Brasília quanto em Vitória (ES) no ano passado, mas não havia conseguido localizar e apreender todos os seus documentos de viagem.
“A defesa do parlamentar acompanha o caso de perto e adotará as medidas jurídicas cabíveis para garantir o pleno respeito aos direitos e garantias constitucionais assegurados a qualquer cidadão, em especial a um senador em pleno exercício do mandato”, declarou o gabinete do senador em nota oficial.
Defesa rebate acusações
Em sua defesa, Do Val negou ter descumprido qualquer medida cautelar. “O senador repudia a narrativa de que teria havido descumprimento de medida cautelar imposta pelo Supremo Tribunal Federal. Em nenhum momento o senador esteve proibido de se ausentar do país, tampouco houve risco de fuga”, afirmou o parlamentar.
A nota ainda ressaltou que “sequer é réu ou foi condenado em qualquer processo” e que as restrições impostas pela Justiça impediriam o exercício pleno de seu mandato legislativo. A defesa promete recorrer das decisões e buscar junto ao próprio STF a revisão das medidas consideradas, segundo eles, desproporcionais.
O caso do senador Marcos do Val se soma ao da prisão domiciliar de Bolsonaro na agenda judicial do momento, indicando que o STF está empenhado em aplicar rigorosamente as medidas cautelares em investigações que envolvem figuras políticas de relevo no cenário nacional.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou nesta sexta-feira (1º) a importância do diálogo entre Brasil e Estados Unidos após o presidente norte-americano, Donald Trump, manifestar-se favorável a receber uma ligação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista rápida à imprensa ao sair do Ministério da Fazenda, em Brasília, Haddad classificou como “ótima” a declaração do líder americano.
“Acho ótima [a declaração de Trump]. E a recíproca, tenho certeza que é verdadeira. Conforme disse antes, é muito importante a gente preparar essa conversa”, afirmou Haddad, reforçando a disposição do governo brasileiro em estabelecer canais de comunicação com a administração Trump.
O ministro adiantou que se reunirá na próxima semana com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, em um encontro que visa preparar o terreno para o possível diálogo direto entre Lula e Trump. Apesar de ainda não haver uma data definida para o encontro, Haddad enfatizou a relevância do momento para as relações bilaterais entre os dois países.
“Ainda não tem data fixada. Penso que a reunião [minha] com Bessent é muito importante. Entendemos que relações comerciais não devem ser afetadas por política. Nós estamos trabalhando no sentido de nos aproximarmos, reestabelecermos a mesa de negociação, talvez fazer uma reunião presencial”, declarou o ministro.
Tarifas e Lei Magnitsky estão na pauta
Haddad ressaltou que a agenda da reunião com Bessent abrangerá não apenas as tensões comerciais decorrentes da tarifa de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, mas também aspectos relacionados à Lei Magnitsky, que tem sido utilizada pelo governo americano para sancionar autoridades brasileiras, incluindo o ministro do STF Alexandre de Moraes.
“A reunião é muito importante porque, entre outras coisas, está sob a alçada do secretário do Tesouro a lei que disciplina essa coisa de contas-correntes de autoridades. Até por essa razão, vale essa conversa com Bessent antes para esclarecermos como funciona o sistema judiciário brasileiro. Há muita desinformação circulando sobre o assunto”, acrescentou Haddad.
A declaração de Trump ocorreu mais cedo na Casa Branca, onde o presidente americano afirmou que Lula poderia ligar para ele “quando quiser”. O líder norte-americano também declarou que “ama o povo do Brasil”, mas criticou aqueles que, segundo ele, “estão comandando o Brasil” e teriam “feito a coisa errada”, sem especificar medidas concretas.
Para Haddad, esse momento representa uma oportunidade de reequilibrar as relações entre os dois países, que têm passado por turbulências nos últimos meses, especialmente após as sanções impostas pelo governo americano em razão de decisões judiciais brasileiras envolvendo figuras políticas de destaque.
“O Brasil nunca saiu da mesa de negociações. Estamos sempre abertos ao diálogo construtivo que beneficie ambos os povos”, concluiu o ministro da Fazenda, reafirmando o compromisso do governo brasileiro com a manutenção de relações diplomáticas e comerciais estáveis com os Estados Unidos.
Com informações da CNN e Agência Brasil*
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Os Estados Unidos reagiram com dureza nesta segunda-feira (4) à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de determinar prisão domiciliar ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Em nota divulgada por meio das redes sociais, o Departamento de Estado dos EUA classificou a medida como uma ameaça à democracia e advertiu que vai responsabilizar todos aqueles que forem considerados “cúmplices” da conduta do tribunal brasileiro.
O comunicado, divulgado pelo Escritório do Departamento de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental, foi incisivo ao criticar o ministro Alexandre de Moraes. A nota chamou o magistrado de “violador de direitos humanos sancionado pelos EUA” e acusou-o de usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição.
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“O juiz [Alexandre] Moraes, agora um violador de direitos humanos sancionado pelos EUA, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia”, diz o texto divulgado pelo governo norte-americano.
A publicação também defendeu a liberdade de expressão do ex-presidente e criticou as restrições impostas por Moraes à sua atuação pública. “Impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender em público não é um serviço público. Deixem Bolsonaro falar!”, escreveu o Departamento de Estado.
O texto finaliza com uma advertência clara: “Os Estados Unidos condenam a ordem de Moraes que impõe prisão domiciliar a Bolsonaro e responsabilizarão todos aqueles que auxiliarem e forem cúmplices da conduta.”
A decisão do STF, publicada na manhã desta segunda-feira, foi motivada pelo descumprimento reiterado, segundo o ministro Moraes, de medidas cautelares impostas ao ex-presidente. Entre as restrições determinadas, estão a proibição de receber visitas — exceto advogados — e o bloqueio ao uso de celular, direta ou indiretamente, inclusive por terceiros.
A decisão também mantém a vedação ao contato com embaixadores e à aproximação de embaixadas ou autoridades estrangeiras, além da continuidade da proibição do uso das redes sociais. No último domingo (3), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) divulgou, durante manifestação em Copacabana (RJ), uma chamada de vídeo ao vivo com o ex-presidente, o que teria contribuído para a reação do STF.
A Polícia Federal cumpriu, na sequência da decisão, uma ordem de busca e apreensão na residência de Bolsonaro, localizada em Brasília, e apreendeu seu celular pessoal. A equipe de defesa do ex-presidente, por sua vez, divulgou nota afirmando que “foi surpreendida com a decretação de prisão domiciliar, tendo em vista que o ex-presidente Jair Bolsonaro não descumpriu qualquer medida”.
A polêmica em torno das restrições impostas ao ex-presidente tem gerado reações dentro e fora do Brasil. A manifestação do governo norte-americano aumenta o tom de tensão no cenário político internacional, colocando em xeque a percepção sobre o estado da democracia no Brasil.
O ministro Alexandre de Moraes afirmou nesta segunda-feira (4) que a “Justiça é cega, mas não é tola”, em resposta à onda de críticas internacionais e nacionais após determinar a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. A frase, que se tornou um marco da decisão judicial, foi usada pelo magistrado para justificar a manutenção das restrições impostas ao ex-mandatário.
“Conforme tenho afirmado reiteradamente, a Justiça é cega, mas não é tola. A Justiça não permitirá que um réu a faça de tola, achando que ficará impune por ter poder político e econômico”, declarou Moraes em nota divulgada após a divulgação da decisão.
O ministro destacou que Bolsonaro teria descumprido novamente as medidas cautelares determinadas pelo STF, especialmente aquelas que restringem o uso de redes sociais. “A Justiça é igual para todos. O réu que descumpre deliberadamente as medidas cautelares – pela segunda vez – deve sofrer as consequências legais”, completou.
A decisão, que determina prisão domiciliar com diversas restrições, foi embasada em uma série de infrações supostamente cometidas pelo ex-presidente. Entre elas, a publicação indireta de mensagens por meio dos perfis de seus filhos Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro, que teriam compartilhado em suas redes sociais um agradecimento do ex-presidente aos apoiadores presentes em manifestações realizadas no último domingo (3) em Copacabana, Rio de Janeiro.
Na ocasião, Flávio Bolsonaro realizou uma transmissão ao vivo mostrando o pai durante o ato, o que foi considerado pela equipe ministerial como mais uma violação às determinações judiciais.
A defesa de Jair Bolsonaro não aceitou passivamente a decisão e rebateu as acusações do ministro. Em nota, os advogados do ex-presidente afirmaram que foram pegos de surpresa com a decretação da prisão domiciliar e reiteraram que Bolsonaro não descumpriu nenhuma das medidas cautelares impostas.
“A defesa foi surpreendida com a decretação de prisão domiciliar, tendo em vista que o ex-presidente Jair Bolsonaro não descumpriu qualquer medida”, declararam os representantes legais.
Os advogados também questionaram a interpretação dada pelo STF a uma simples mensagem de agradecimento. “A frase ‘Boa tarde, Copacabana. Boa tarde meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos’ não pode ser compreendida como descumprimento de medida cautelar, nem como ato criminoso”, argumentaram.
A equipe jurídica informou ainda que irá recorrer da decisão e pedirá a suspensão imediata das restrições impostas ao ex-presidente.
As medidas cautelares contra Bolsonaro foram determinadas inicialmente no mês passado, quando Moraes impôs diversas restrições ao ex-mandatário, incluindo uso de tornozeleira eletrônica e limitações ao uso de redes sociais, inclusive por meio de terceiros.
O caso está inserido em um inquérito que investiga a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) junto ao governo do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o objetivo de promover retaliações contra o governo brasileiro e ministros do STF. Em março deste ano, Eduardo Bolsonaro pediu licença do mandato parlamentar e se mudou para os Estados Unidos, alegando perseguição política.
No mesmo processo, o ex-presidente Jair Bolsonaro é investigado por ter enviado recursos via Pix para bancar a estadia do filho no exterior. Ele também responde como réu na Ação Penal da trama golpista no Supremo, cujo julgamento está marcado para setembro deste ano.
A decisão de Moraes reacendeu o debate sobre os limites entre a aplicação da lei e a liberdade de expressão, especialmente quando envolve figuras públicas de grande relevância política. Com a prisão domiciliar, Bolsonaro passa a cumprir restrições que incluem vedação a visitas (exceto de advogados), bloqueio de comunicação e proibição de contato com autoridades estrangeiras.
Enquanto a defesa se prepara para recorrer da decisão, o caso segue sob intensa observação tanto no cenário nacional quanto internacional, especialmente após a manifestação oficial do governo dos Estados Unidos contrária à medida do STF.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) não poupou críticas à decisão do ministro Alexandre de Moraes, que determinou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em pronunciamento nas redes sociais, o parlamentar classificou a medida como “várzea” e questionou quais crimes teriam sido cometidos pelo ex-mandatário para justificar tal restrição.
“Prisão domiciliar decretada de Jair Bolsonaro por Moraes. Motivo: Corrupção? Rachadinha? Desvio de bilhões? Roubou o INSS? Não. Seus filhos postaram conteúdo dele nas redes sociais. Que várzea!”, disparou o deputado em seu perfil no Twitter.
A declaração de Nikolas Ferreira ecoou a insatisfação de parte do meio político com a decisão judicial, que baseou a prisão no descumprimento de medidas cautelares relacionadas ao uso de redes sociais. Segundo o ministro Moraes, Bolsonaro teria violado determinações ao permitir que familiares e aliados divulgassem conteúdos com sua imagem e mensagens durante manifestações ocorridas no último domingo (3).
Moraes detalha infrações e cita Nikolas na decisão
Na decisão publicada nesta segunda-feira (4), o ministro do STF foi específico ao apontar as supostas infrações cometidas pelo ex-presidente. Moraes destacou que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) realizou uma chamada de vídeo mostrando o pai durante manifestação em Copacabana, no Rio de Janeiro, o que foi considerado pelo magistrado como descumprimento claro das restrições impostas.
“O flagrante desrespeito às medidas cautelares foi tão óbvio que, repita-se, o próprio filho do réu, o senador Flávio Nantes Bolsonaro, decidiu remover a postagem realizada em seu perfil, na rede social Instagram, com a finalidade de omitir a transgressão legal”, escreveu Moraes em sua decisão.
O ministro também mencionou especificamente o deputado Nikolas Ferreira na decisão, afirmando que Bolsonaro realizou uma chamada de vídeo com o parlamentar “demonstrando desrespeito à decisão” proferida pelo Supremo Tribunal Federal. Segundo Moraes, o objetivo teria sido “endossar o tema da manifestação de ataques ao Supremo Tribunal Federal”.
Histórico de descumprimentos
A decisão de Moraes não foi tomada de forma isolada. O ministro destacou na decisão que esta não foi a primeira vez que Bolsonaro descumpriu medidas cautelares impostas pelo STF. Em 21 de julho, o ex-presidente já havia se manifestado publicamente aos jornalistas na Câmara dos Deputados, o que também foi considerado uma violação às restrições judiciais.
Na ocasião, Moraes havia optado por não aplicar punições imediatas, mas deixou claro que um novo descumprimento resultaria em medidas mais rigorosas. “Conforme tenho afirmado reiteradamente, a Justiça é cega, mas não é tola. A Justiça não permitirá que um réu a faça de tola, achando que ficará impune por ter poder político e econômico. A Justiça é igual para todos. O réu que descumpre deliberadamente as medidas cautelares — pela segunda vez — deve sofrer as consequências legais”, pontuou o ministro em sua decisão.
A polêmica em torno da prisão domiciliar promete agitar o cenário político nas próximas horas, com reações tanto de apoiadores quanto de críticos do ex-presidente. Enquanto a defesa de Bolsonaro prepara recursos para tentar reverter a decisão, o caso continua a dividir opiniões sobre os limites entre a aplicação da lei e o direito à livre expressão.
Com informações de CNN e Agência Brasil*
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Em decisão inédita, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (4) a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida foi tomada com base no que o ministro chamou de “reiterado descumprimento” das restrições impostas ao ex-mandatário como parte de uma investigação em andamento no âmbito do STF.
A decisão, que surpreendeu o meio político e jurídico, estabelece que Bolsonaro não poderá receber visitas, exceto de seus advogados. Além disso, ele está proibido de manter contato com qualquer pessoa que não tenha sido previamente autorizada pelo Supremo. Outro ponto importante da decisão é a vedação ao uso direto ou indireto de aparelhos celulares ou redes sociais, mesmo por meio de terceiros.
A orientação judicial também reafirma restrições anteriores, como a vedação ao contato com embaixadores, representações diplomáticas ou autoridades estrangeiras. O descumprimento de qualquer uma dessas regras pode resultar na imediata conversão da prisão domiciliar em prisão preventiva, conforme prevê o artigo 312, parágrafo 1º, do Código de Processo Penal.
A decisão de Moraes veio após uma série de atos públicos protagonizados por Bolsonaro nos últimos dias. Um dos episódios que mais chamou atenção foi uma transmissão ao vivo feita por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), durante um evento realizado no último domingo (3) em Copacabana, no Rio de Janeiro. Na ocasião, o ex-presidente apareceu em vídeo e disse: “Boa tarde, Copacabana. Boa tarde meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos”.
Na avaliação de Moraes, esse tipo de manifestação viola as restrições impostas ao ex-presidente. A PF (Polícia Federal) cumpriu na manhã desta segunda-feira uma ordem de busca e apreensão na residência de Bolsonaro, localizada em Brasília. Durante a operação, os agentes apreenderam o celular pessoal do ex-mandatário.
Em nota divulgada após a divulgação da decisão, a defesa de Bolsonaro afirmou que “ficou surpreendida com a decretação de prisão domiciliar”, destacando que o ex-presidente teria cumprido rigorosamente todas as medidas cautelares impostas até então.
“Na última decisão constou expressamente que ‘em momento algum Jair Messias Bolsonaro foi proibido de conceder entrevistas ou proferir discursos em eventos públicos’. Ele seguiu rigorosamente essa determinação”, afirmaram os advogados Celso Vilardi, Paulo Amador da Cunha Bueno e Daniel Tesser.
A defesa ainda ressaltou que a simples manifestação pública feita por Bolsonaro durante o evento em Copacabana — com a frase “Boa tarde, Copacabana. Boa tarde meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos” — “não pode ser compreendida como descumprimento de medida cautelar, nem como ato criminoso”.
Apesar da resposta da defesa, a decisão de Moraes reforça a tensão crescente entre o Judiciário e o ex-presidente, figura central do debate político no país desde o fim de seu mandato, em janeiro de 2023. A prisão domiciliar é uma medida rara, aplicada em casos excepcionais, e demonstra o grau de preocupação dos ministros do STF com a conduta de Bolsonaro no atual cenário jurídico e político.
A decisão deve gerar reações nas próximas horas, tanto no meio jurídico quanto entre aliados e apoiadores do ex-presidente. Enquanto isso, a PF segue investigando as possíveis irregularidades e o cumprimento das medidas determinadas pelo Supremo Tribunal Federal.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, não poupou críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira (4), afirmando que o político continua “ignorando e desrespeitando” a Suprema Corte. A declaração veio em meio à decisão que determinou a prisão domiciliar de Bolsonaro, medida tomada em razão do que Moraes chamou de “descumprimento reiterado” das medidas cautelares impostas anteriormente.
Na decisão, que fundamenta a ordem de prisão domiciliar, Moraes destacou que Bolsonaro teria violado diversas vezes as restrições determinadas pelo STF, especialmente aquelas que proíbem o uso de redes sociais — direta ou indiretamente — durante manifestações públicas de apoio realizadas no último domingo (3) em várias capitais do país.
“Ignorando e desrespeitando o Supremo Tribunal Federal (STF), o réu reiterou sua conduta delitiva, diversas vezes, tanto na produção de imagens, quanto nas ligações de áudio e vídeo, como também na divulgação maciça de seu apoio, via divulgação de suas imagens nas redes sociais, em relação às medidas coercitivas, com o claro intuito de obstrução de Justiça”, escreveu o ministro.
Segundo Moraes, a manutenção da liberdade provisória de Bolsonaro, mesmo após sucessivas infrações às determinações judiciais, já não era mais compatível com a necessidade de preservar a ordem processual. “As condutas de Jair Messias Bolsonaro desrespeitando, deliberadamente, as decisões proferidas por esta Suprema Corte, demonstram a necessidade e adequação de medidas mais gravosas de modo a evitar a contínua reiteração delitiva do réu, mesmo com a imposição de medidas cautelares diversas de prisão”, ressaltou.
O caso tem origem em um inquérito conduzido pelo STF que investiga uma suposta trama golpista articulada por aliados do ex-presidente. Entre os investigados está o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho mais novo de Jair Bolsonaro, que teria atuado junto ao governo do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o objetivo de promover retaliações contra o governo brasileiro e ministros do Supremo Tribunal Federal.
Em março deste ano, Eduardo Bolsonaro pediu afastamento do mandato parlamentar e se mudou para os Estados Unidos, alegando perseguição política. No processo, o ex-presidente é apontado como responsável por enviar recursos via Pix para bancar a estadia do filho no exterior. Além disso, Bolsonaro responde como réu na ação penal que apura a trama golpista. O julgamento está previsto para ocorrer em setembro.
Na decisão desta segunda-feira, Moraes destacou que, além da transmissão ao vivo feita pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) durante o ato em Copacabana, outros filhos do ex-presidente — Carlos e Eduardo — também publicaram em suas redes sociais mensagens de agradecimento de Bolsonaro aos apoiadores presentes aos eventos. Para o ministro, isso configura mais uma violação às medidas cautelares, já que os perfis dos filhos estariam sendo usados como meios indiretos de comunicação do ex-presidente.
Essa prática, segundo Moraes, demonstra a intenção deliberada de contornar as restrições impostas pelo STF. “A utilização de terceiros, especialmente familiares próximos, para veicular mensagens e imagens do investigado, viola claramente as determinações cautelares que vedam qualquer forma de manifestação pública do réu, direta ou indireta”, concluiu o ministro.
A prisão domiciliar, que impede Bolsonaro de receber visitas — exceto de seus advogados — e de se comunicar com pessoas não autorizadas pelo Supremo, agora é considerada uma medida necessária para garantir o cumprimento das ordens judiciais. A PF, que cumpriu na manhã desta segunda-feira uma ordem de busca e apreensão na residência de Bolsonaro em Brasília, apreendeu o celular pessoal do ex-presidente como parte das investigações.
Enquanto o ex-presidente cumpre prisão domiciliar, o caso segue em andamento e deve ganhar novos desdobramentos nos próximos meses, especialmente com o julgamento marcado para setembro. A defesa de Bolsonaro, por sua vez, continua a negar qualquer infração e afirma que o ex-mandatário tem agido dentro dos limites da lei.
De acordo com a decisão judicial, Bolsonaro está sujeito a uma série de restrições rigorosas:
Além das novas restrições, continuam valendo as medidas cautelares determinadas no mês passado:
Com informações de CNN e Agência Brasil*
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O ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF) decretou nesta segunda-feira (4) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deverá permanecer em prisão domiciliar pelo descumprimento de medidas cautelares impostas pela Corte.
Bolsonaro estava usando as redes sociais de seus apoiadores e filhos para divulgar “claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal e apoio ostensivo à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro”.
De acordo com Moraes, o ex-presidente estava “agindo ilicitamente, o réu se dirigiu aos manifestantes reunidos em Copacabana, no Rio de Janeiro, produzindo dolosa e conscientemente material pré-fabricado para seus partidários continuarem a tentar coagir o Supremo Tribunal Federal”.
O ministro também determinou a apreensão dos celulares de Bolsonaro, citando a utilização dos aparelhos para fins ilícitos e para o descumprimento das medidas cautelares. Ele ainda afirmou que não o impediu de fazer entrevistas, mas isso não era um subterfúgio para que ele descumprisse as ordens da Corte.
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O ministro do STF Alexandre de Moraes determinou nesta segunda-feira (4) a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ministro justificou a decisão com o argumento de que Bolsonaro descumpriu as medidas cautelares impostas a ele por ter veiculado conteúdo nas redes sociais dos filhos.
Moraes também determinou a realização de busca e apreensão na casa do ex-presidente, em Brasília. O ministro também estabeleceu novas medidas contra Bolsonaro. Dessa forma, o ex-presidente está proibido de receber visitas, exceto dos advogados. Além disso, ele está proibido de usar celulares, inclusive de terceiros. No início da noite desta segunda, a Polícia Federal informou ter cumprido mandados de prisão domiciliar e de busca e apreensão de aparelhos celulares na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na decisão, Moraes afirma que o ex-presidente usou as redes sociais de aliados, como seus três filhos, Eduardo, Carlos e Flávio, para divulgar mensagens. “Não há dúvidas de que houve o descumprimento da medida cautelar imposta a Jair Bolsonaro, pois o réu produziu material para publicação nas redes sociais de seus três filhos e de todos os seus seguidores e apoiadores políticos, com claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e apoio, ostensivo, à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro”, afirmou.
Com isso, o ministro do Supremo determinou que Bolsonaro cumpra prisão domiciliar. Ainda, Bolsonaro deve seguir regras impostas pela prisão domiciliar, como: uso de tornozeleira eletrônica; proibição de visitas, salvo por familiares próximos e advogados; recolhimento de todos os celulares disponíveis no local.
No domingo, protestos em favor do ex-presidente tomaram as ruas do país em uma série de atos organizados. Bolsonaro participou falando, por viva-voz, com os manifestantes do Rio de Janeiro. Seus filhos fizeram publicações nas redes sociais sobre a participação do pai e os atos em favor de Bolsonaro.
– Te amo, pai! E o Brasil também te ama.
– Hoje, o povo demonstrou mais uma vez que não esqueceu quem sempre esteve ao seu lado.
– Mesmo calado à força, mesmo injustiçado, sua imagem segure inspirando milhões.
– E nós vamos seguir lutando até o fim. Pela liberdade do nosso… pic.twitter.com/bZg5xfuR5a
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) August 3, 2025
O despacho de Moraes ressalta que as condutas de Bolsonaro demonstram “a necessidade e adequação de medidas mais gravosas de modo a evitar a contínua reiteração delitiva do réu”.
Segundo a decisão, as medidas cautelares foram desrespeitadas. O ministro destaca que o ex-presidente produziu material publicado por terceiros, passando pela limitação dos seus canais e mantendo a “influência ativa” de Bolsonaro.
As medidas cautelares foram determinadas no âmbito do inquérito no qual o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, é investigado pela sua atuação junto ao governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para promover medidas de retaliação contra o governo brasileiro e ministros do Supremo. Em março deste ano, Eduardo pediu licença do mandato parlamentar e foi morar nos Estados Unidos, sob a alegação de perseguição política.
Nesse processo, o ex-presidente é investigado por mandar recursos, via pix, para bancar a estadia de seu filho no exterior. Bolsonaro também é réu na ação penal da trama golpista no Supremo. O julgamento deve ocorrer em setembro.
Com informações do G1 e da Agência Brasil.
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O senador Marcos do Val, que teve que colocar uma tornozeleira eletrônica após violar uma proibição de viajar aos Estados Unidos, foi alvo de outras medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF) após desembarcar em Brasília nessa segunda-feira (4).
Ele teve seu passaporte confiscado pelo STF no âmbito das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado, mas mesmo assim viajou aos EUA com um passaporte diplomático para passar as férias com a família na Disney.
Marcos do Val deveria ter devolvido o documento após determinação de Moraes, o que não ocorreu. Por causa disso, Moraes proibiu-o de usar redes sociais diretamente ou por intermédio de terceiro, além de bloquear seus bens, como ativos, contas bancárias, investimentos, todas as chaves Pix e cartões de débito e crédito.
O político também teve bloqueados seus veículos, embarcações, aeronaves, imóveis e salário e verbas do seu gabinete de senador.
Em nota, a defesa de Marcos do Val afirmou que o senador “sequer é réu ou foi condenado em qualquer processo”. “As medidas impostas impedem o pleno exercício do seu mandato. A defesa do parlamentar acompanha o caso de perto e adotará as medidas jurídicas cabíveis para garantir o pleno respeito aos direitos e garantias constitucionais assegurados a qualquer cidadão, em especial a um senador em pleno exercício do mandato”.
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A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) destinou todas as terças-feiras do mês de setembro para o principal julgamento da Corte deste ano: o processo que acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete pessoas de formarem o núcleo que orquestrou a tentativa de golpe de Estado que culminou nos atos do dia 8 de janeiro de 2023.
Os dias 2, 9, 16, 23 e 30 de setembro foram reservados para que os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Cármen Lúcia julguem Jair Bolsonaro, Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto.
Os ministros terão duas semanas para analisar o processo que acusa o núcleo dos crimes de tentativa de golpe, tentativa de abolição do Estado Democrático, organização criminosa armada, dano contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
No dia da sessão de julgamento, Alexandre de Moraes apresentará um resumo da acusação e do que foi feito desde o início do processo, e as defesas de cada um dos oito réus terão uma hora cada para apresentar seus argumentos. Em seguida, os membros da primeira turma votam pela absolvição ou condenação dos réus.
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Da Agência Brasil
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) foi levado nesta segunda-feira (4) pela Polícia Federal (PF) para a instalação de uma tornozeleira eletrônica. A medida foi ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Do Val foi levado para colocar o equipamento ao desembarcar no aeroporto de Brasília, após viagem para a Flórida, nos Estados Unidos. A ordem de Moraes determinou ainda a apreensão do passaporte diplomático utilizado pelo parlamentar para deixar o país.
O ministro justificou a decisão afirmando que o senador descumpriu medidas cautelares impostas anteriormente, como a entrega de todos os seus passaportes para que não pudesse deixar o país.
Na decisão desta segunda-feira, Do Val foi ainda proibido de deixar sua casa à noite. Moraes reafirmou a proibição de que ele use redes sociais. No fim do mês passado, o ministro havia determinado também o bloqueio de contas bancárias do senador.
O senador é investigado pelo STF pela suposta campanha de ataques nas redes sociais contra delegados da Polícia Federal que foram responsáveis por investigações envolvendo apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele também é suspeito de arquitetar um plano para anular as eleições de 2022.
Em meados de julho, antes de sair do país, o senador pediu a Alexandre de Moraes autorização para viajar, mas o pedido foi negado. Não está claro como o parlamentar deixou o país mesmo com uma ordem pendente de apreensão de seu passaporte.
Apesar de ter feito buscas em endereços de Do Val em Brasília e em Vitória, no Espírito Santo, a PF não havia conseguido cumprir anteriormente a ordem de apreender todos os passaportes de Do Val. A medida fora determinada por Moraes e depois foi confirmada pela primeira turma do Supremo.
Em nota, Do Val disse que “repudia a narrativa de que teria havido descumprimento de medida cautelar imposta pelo Supremo Tribunal Federal”. O texto acrescenta que “em nenhum momento o senador esteve proibido de se ausentar do país, tampouco houve risco de fuga”.
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Ex-presidente responde a acusação crime de tentativa de golpe de Estado no STF
Uma pesquisa do instituto Datafolha divulgada neste domingo (3), pelo jornal Folha de S. Paulo, aponta que 61% dos eleitores não votariam num candidato que prometesse anistiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros acusados de tentar um golpe de Estado.
O ex-presidente responde a acusações de participar de uma tentativa de golpe em um processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). O STF também já condenou cidadãos que participaram dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
O Datafolha perguntou a 2.004 pessoas de 16 anos ou mais, em 130 municípios, sobre uma eventual votação em um candidato que apoia a anistia a Bolsonaro e aos condenados: 61% disseram que não votariam, 14% disseram que talvez votariam, 19% disseram que votariam e 6% não souberam responder.
Os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ronaldo Caiado (União), de Goiás, e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, já declararam em algum momento ser favorável a anistia aos golpistas.
Julgamento
Começou na quarta-feira (30) o prazo para que a defesa de Bolsonaro e de outros seis réus enviem ao STF suas alegações finais sobre a acusação. Eles têm 15 dias para isso.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) já enviou suas alegações e defendeu a condenação de Bolsonaro, junto a seis réus: Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.
Após o prazo de alegações finais, o processo deve ser julgado pela 1ª turma do STF.
Publicado originalmente pelo Brasil de Fato em 03/08/2025
Edição: Rodrigo Gomes
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Do Val foi levado para colocar o equipamento ao desembarcar no aeroporto de Brasília, após viagem para a Flórida, nos Estados Unidos. A ordem de Moraes determinou ainda a apreensão do passaporte diplomático utilizado pelo parlamentar para deixar o país.
Na decisão desta segunda-feira, Do Val foi ainda proibido de deixar sua casa à noite e também aos fins de semana, feriados e dias de folga. Moraes ameaçou prender o senador caso ele descumpra novamente as medidas cautelares impostas pelo Supremo. Moraes reafirmou a proibição de que ele use redes sociais. No fim do mês passado, o ministro havia determinado também o bloqueio de contas bancárias do senador.
O senador é investigado pelo STF pela suposta campanha de ataques nas redes sociais contra delegados da Polícia Federal que foram responsáveis por investigações envolvendo apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele também é suspeito de arquitetar um plano para anular as eleições de 2022.
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Em meados de julho, antes de sair do país, o senador pediu a Alexandre de Moraes autorização para viajar, mas o pedido foi negado. Não está claro como o parlamentar deixou o país mesmo com uma ordem pendente de apreensão de seu passaporte.
"A conduta do investigado demonstra uma absoluta afronta à determinação do Poder Judiciário, uma vez que Marcos Ribeiro do Val requereu autorização para viajar ao exterior, tendo sido indeferido o pedido, e claramente burlou as medidas cautelares impostas", escreveu Moraes em sua decisão.
Apesar de ter feito buscas em endereços de Do Val em Brasília e em Vitória, no Espírito Santo, no ano passado, a Polícia Federal não havia conseguido cumprir anteriormente a ordem de apreender todos os passaportes de Do Val. A medida fora determinada por Moraes, e depois foi confirmada pela primeira turma do Supremo Tribunal Federal.
Em nota, Do Val disse que “repudia a narrativa de que teria havido descumprimento de medida cautelar imposta pelo Supremo Tribunal Federal”. O texto acrescenta que “em nenhum momento o senador esteve proibido de se ausentar do país, tampouco houve risco de fuga”.
Também em nota, o gabinete do senador afirmou que Do Val "sequer é réu ou foi condenado em qualquer processo". Além disso, acrescentou que as medidas impostas pela Justiça impediriam o pleno exercício do mandato do senador.
"A defesa do parlamentar acompanha o caso de perto e adotará as medidas jurídicas cabíveis para garantir o pleno respeito aos direitos e garantias constitucionais assegurados a qualquer cidadão, em especial a um senador em pleno exercício do mandato", acrescentou o gabinete de Do Val.
*Matéria ampliada às 10h34 para acréscimo de informações sobre a defesa do senador.
Manifestantes também defendem Trump e pedem impeachment de Moraes
Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro ocuparam cerca de duas quadras da Avenida Paulista, entre a Fiesp e o Parque do Trianon, na tarde deste domingo (3). Eles defendem anistia ao ex-presidente e aos condenados pelos atentados de 8 janeiro, apoiam as tarifas contra o Brasil anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pedem o impeachment e a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
O ato em São Paulo foi organizado por políticos de direita e religiosos apoiadores do ex-presidente, como o pastor Silas Malafaia, da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Houve manifestações semelhantes em outras cidades brasileiras, como o Rio de Janeiro e Brasília.
Além de muitas bandeiras e camisas do Brasil, o ato também foi marcado por bandeiras dos Estados Unidos.
Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro realizaram manifestação na avenida Paulista e em diversas cidades do país. Os atos foram convocados por aliados de Bolsonaro. | Cadu Pinotti/Agência Brasil
Sem Bolsonaro e Tarcísio
Os presentes na manifestação deste domingo afirmam que Bolsonaro é alvo de perseguição.
O ex-presidente não participou do protesto. Desde o dia 18 de julho, Bolsonaro cumpre medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar o risco de fuga e a obstrução da justiça. Entre elas, está o uso de tornozeleira eletrônica. Determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, as medidas não permitem que ele saia de casa durante o fim de semana, tampouco após as 19h e antes das 6h de segunda a sexta-feira.
Aliado de Bolsonaro, o governador paulista, Tarcísio de Freitas, tinha um procedimento médico agendado para a tarde deste domingo e também não participou do evento.
Anistia
O ato pede anistia ampla aos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023, quando pessoas acampadas em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, se juntaram a mais vândalos e depredaram o Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional e o Palácio da Alvorada, sede do Executivo Federal, na intenção de impedir o governo empossado em 1º de janeiro por meio de um golpe de Estado.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, o atentado foi o ápice da trama golpista coordenada desde meados de 2021, quando teve início um ataque deliberado às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral que se estendeu ao longo da campanha e após as eleições de 2022.
No próximo mês de setembro, a Primeira Turma do STF deve decidir se o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados serão condenados por essa tentativa de golpe. Eles são os réus do núcleo central da organização criminosa apontada pela PGR.
Trump e EUA
O protesto na Avenida Paulista também contou com bandeiras dos Estados Unidos e cartazes de apoio ao presidente Donald Trump, pelas sanções contra Moraes e pelas tarifas de 50% anunciadas para pressionar o Brasil. Aliado de Bolsonaro, Trump diz que o judiciário brasileiro persegue o ex-presidente e chama de caça às bruxas o processo em curso no STF.
Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro realizaram manifestação na avenida Paulista e em diversas cidades do país. Os atos foram convocados por aliados de Bolsonaro. | Cadu Pinotti/Agência Brasil
Os manifestantes também exaltaram o papel de Eduardo Bolsonaro ao insuflar a pressão dos Estados Unidos. O deputado federal tem se reunido com líderes do partido republicano e do governo Trump. Segundo a PF e a PGR, Eduardo atua em nome do pai num périplo por Washington para convencer o governo dos EUA a impor sanções a autoridades brasileiras como forma de pressionar a Justiça do Brasil a arquivar a ação penal do golpe.
A Polícia Militar não forneceu uma estimativa precisa do número de participantes nem do efetivo empregado na segurança da área. No entanto, confirmou o reforço do policiamento, que já contava com um contingente considerável aos domingos.
A prefeitura de São Paulo também não divulgou estimativa do número de manifestantes na Avenida, que já estava interditada para o tráfego de veículos por conta do evento.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 03/08/2025
Por Guilherme Jeronymo – repórter da Agência Brasil – São Paulo
Edição: Vinicius Lisboa
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De Agência Brasil
O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta semana os julgamentos do segundo semestre com a previsão de concluir a análise das ações sobre a trama golpista ocorrida durante o governo de Jair Bolsonaro.
Além disso, o semestre também será marcado por mudanças na presidência da Corte. Em setembro, o ministro Edson Fachin vai suceder a Luís Roberto Barroso no comando do tribunal.
Também está previsto um desfecho para o caso Marielle Franco, sete anos após o assassinato da vereadora.
A primeira sessão de julgamento no plenário após o recesso de julho será na próxima quarta-feira (6). A Corte deve analisar a constitucionalidade da lei do estado do Rio de Janeiro que autoriza o transporte de pets de assistência emocional nas cabines de voos operados no estado.
Na sexta-feira (1°), durante a cerimônia de abertura dos trabalhos do plenário, os ministros fizeram uma defesa conjunta da Corte e do ministro Alexandre de Moraes após o governo dos Estados Unidos anunciar sanções financeiras contra Moraes, com base na Lei Magnitisky, norma norte-americana que prevê a aplicação de restrições financeiras para quem é considerado violador de direitos humanos.
Em setembro, a Primeira Turma da Corte deve decidir se o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados serão condenados pela tentativa de golpe de Estado no país para reverter o resultado das eleições de 2022. A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) foi dividida em quatro núcleos.
O núcleo 1, que tem como réu Bolsonaro e seus aliados, é o mais adiantado. A PGR já fez o pedido de condenação dos acusados.
A expectativa é de que o julgamento que vai decidir pela condenação ou absolvição do Bolsonaro e os demais réus trama golpista ocorra em setembro.
O julgamento dos núcleos 2, 3 e 4 deve ocorrer até dezembro deste ano.
Em maio, a PGR pediu ao Supremo a condenação dos acusados de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em 2018, no Rio de Janeiro.
Na manifestação, a procuradoria defendeu a condenação do conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão, o ex-deputado federal Chiquinho Brazão, irmão de Domingos, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa, o major da Policia Militar Ronald Alves de Paula e o ex-policial militar Robson Calixto, assessor de Domingos.
Conforme a delação premiada do ex-policial Ronnie Lessa, réu confesso de realizar os disparos de arma de fogo contra a vereadora, os irmãos Brazão e Barbosa atuaram como os mandantes do crime.
Rivaldo Barbosa teria participado dos preparativos da execução do crime. Ronald é acusado de realizar o monitoramento da rotina da vereadora e repassar as informações para o grupo. Robson Calixto teria entregue a arma utilizada no crime para Lessa.
De acordo com a investigação realizada pela Polícia Federal, o assassinato de Marielle está relacionado ao posicionamento contrário da parlamentar aos interesses do grupo político liderado pelos irmãos Brazão, que têm ligação com questões fundiárias em áreas controladas por milícias no Rio.
Nos depoimentos prestados durante a instrução, os acusados negaram participação no assassinato.
Em setembro, Luís Roberto Barroso deixará a presidência do STF após cumprir mandato de dois anos. O ministro Edson Fachin ocupará o cargo. Alexandre de Moraes será o vice-presidente. A data da posse ainda não foi marcada.
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O ato em São Paulo foi organizado por políticos de direita e religiosos apoiadores do ex-presidente, como o pastor Silas Malafaia, da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Houve manifestações semelhantes em outras cidades brasileiras, como o Rio de Janeiro e Brasília.
Os presentes na manifestação deste domingo afirmam que Bolsonaro é alvo de perseguição.
O ex-presidente não participou do protesto. Desde o dia 18 de julho, Bolsonaro cumpre medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar o risco de fuga e a obstrução da justiça. Entre elas, está o uso de tornozeleira eletrônica. Determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, as medidas não permitem que ele saia de casa durante o fim de semana, tampouco após as 19h e antes das 6h de segunda a sexta-feira.
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Aliado de Bolsonaro, o governador paulista, Tarcísio de Freitas, tinha um procedimento médico agendado para a tarde deste domingo e também não participou do evento.
O ato pede anistia ampla aos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023, quando pessoas acampadas em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, se juntaram a mais vândalos e depredaram o Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional e o Palácio da Alvorada, sede do Executivo Federal, na intenção de impedir o governo empossado em 1º de janeiro por meio de um golpe de Estado.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, o atentado foi o ápice da trama golpista coordenada desde meados de 2021, quando teve início um ataque deliberado às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral que se estendeu ao longo da campanha e após as eleições de 2022.
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Os manifestantes também exaltaram o papel de Eduardo Bolsonaro ao insuflar a pressão dos Estados Unidos. O deputado federal tem se reunido com líderes do partido republicano e do governo Trump. Segundo a PF e a PGR, Eduardo atua em nome do pai num périplo por Washington para convencer o governo dos EUA a impor sanções a autoridades brasileiras como forma de pressionar a Justiça do Brasil a arquivar a ação penal do golpe.
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A Polícia Militar não forneceu uma estimativa precisa do número de participantes nem do efetivo empregado na segurança da área. No entanto, confirmou o reforço do policiamento, que já contava com um contingente considerável aos domingos.
A prefeitura de São Paulo também não divulgou estimativa do número de manifestantes na Avenida, que já estava interditada para o tráfego de veículos por conta do evento.
Pronunciamento do decano do STF, Gilmar Mendes, sobre os ataques ao Tribunal e seus membros
É com grande consternação, mas também com a serenidade que a gravidade do momento exige e com a firmeza que a defesa de nossas instituições impõe que, na condição de Decano, me dirijo a Vossas Excelências e ao povo brasileiro no dia de hoje.
Nos últimos dias, temos acompanhado com perplexidade uma escalada de ataques contra membros do Supremo Tribunal Federal – e, assim, contra toda a Corte – e contra o povo brasileiro, de forma agressiva e totalmente inusual. Tais medidas, motivadas por discordâncias de natureza política em relação à atuação jurisdicional do STF, demandam uma resposta à altura da dignidade de nossa Corte e da soberania do Estado brasileiro.
Nesse sentido, venho manifestar meu mais veemente repúdio aos recentes atos de hostilidade unilateral, que desprezam os mais básicos deveres de civilidade e respeito mútuo que devem balizar as relações entre quaisquer indivíduos e organizações. Mas os fatos recentes se revelam ainda mais graves, Pronunciamento sobre os ataques ao STF e seus membros porque decorreram de uma ação orquestrada de sabotagem contra o povo brasileiro, por parte de pessoas avessas à democracia, armadas com os mesmos radicalismo, desinformação e servilismo que vêm caracterizando sua conduta já há alguns anos.
Afinal, não é segredo para ninguém que os ataques à nossa soberania foram estimulados por radicais inconformados com a derrota do seu grupo político nas últimas eleições presidenciais – entre eles, um deputado federal que, na linha de frente do entreguismo, fugiu do país para covardemente difundir aleivosias contra o Supremo Tribunal Federal, num verdadeiro ato de lesa-pátria.
O alvo central contra quem as baterias dos radicais têm se voltado é o eminente Ministro Alexandre de Moraes, que, como todos sabem, é o responsável pela apuração da tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do governo eleito em 2022. Não é de hoje que o Ministro Alexandre tem sido alvo de críticas infundadas em torno da condução dessas investigações. Sobre isso, sempre digo e repito: a atuação do Supremo e de seus ministros não está imune a críticas; elas são bem-vindas quando, num gesto de boa-fé, procuram aperfeiçoar o funcionamento das instituições.
Porém é imperativo que, em tempos de crises e desafios, possamos distinguir entre as ponderações sérias e construtivas e as opiniões levianas que docilmente aderem às narrativas falaciosas fabricadas pelos diversos “gabinetes do ódio” espalhados pelo país e difundidas nas redes – e isso para não mencionar as investidas que dolosamente visam corroer a independência das nossas instituições e enfraquecê-las.
Nesse sentido, as censuras que têm sido dirigidas ao Ministro Alexandre, na sua grande maioria, partem de radicais que buscam interditar o funcionamento do Judiciário e, com isso, manietar as instituições fundamentais de uma democracia liberal.
As acusações partem de dois eixos de insatisfações. De um lado, estão os ataques feitos pela claque de apoiadores das lideranças políticas que são acusadas de uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. À medida que testemunhas ouvidas em Juízo confirmam fatos graves, como, por exemplo, a confissão de elaboração de um plano para assassinar juízes e autoridades, os ataques ao Supremo ganham mais intensidade. Tudo fruto de desespero daqueles que se veem às voltas com acusações graves e que, ao serem confrontados com elementos de prova comprometedores e incontestáveis, apelam a cantilenas de perseguição política e de afronta ao devido processo legal.
O segundo foco de insatisfações, mais relacionado com interesses de grandes empresas de tecnologia, diz respeito ao processo em que o Supremo decidiu que as plataformas não podem se omitir, assim que sejam notificadas, no combate a crimes graves praticados por usuários nas redes sociais, como pedofilia, terrorismo e instigação ao suicídio. A mera perspectiva de que elas possam vir a ter deveres triviais – os mesmos que já são exigidos de todas as empresas que operam no Brasil – despertou lobbies poderosos. Esses agentes reagem agora, para tentar, em vão, dobrar o Tribunal e o governo brasileiro aos seus caprichos e aos seus interesses econômicos.
Cumpre dizê-lo com a serenidade e com o desassombro que esse tipo de investida exige de todos nós, membros desta Casa multicentenária: este Supremo Tribunal Federal não se dobra a intimidações!
Alguns esclarecimentos, porém, são necessários. Não por qualquer necessidade de prestar contas a quem propaga aleivosias ou promove afrontas e ataques contra o Tribunal. Esta exposição se dirige ao povo brasileiro, que é bombardeado diariamente por desinformação nas redes sociais e tem direito de compreender o que de fato está ocorrendo e quais os interesses que estão por trás dos ataques contra as instituições.
Inicialmente, quanto ao respeito aos ritos legais e aos direitos dos réus nas ações que apuram a tentativa de golpe, é necessário enfatizar que a condução dos casos tem sido pautada pela legalidade, pelo respeito aos direitos e garantias individuais e pelo compromisso inegociável com a verdade.
Não há nenhum fato real, concreto e individualizado que sinalize o menor desvio, ou descuido, do relator em relação ao devido processo legal, à ampla defesa e ao contraditório. Ao votar pelo recebimento da denúncia do núcleo crucial da suposta trama golpista, o relator apontou que a defesa dos réus teve acesso à íntegra dos autos e a todas as provas que embasaram a denúncia. E mostrou que há registro oficial das inúmeras ocasiões em que os advogados manusearam os autos da ação penal e das investigações.
O respeito ao direito de defesa tem sido constante, com participação efetiva dos advogados e réus nos atos processuais, apresentando provas, deduzindo teses e resistindo aos argumentos da acusação. Além disso, as sessões da Turma não apenas podem ser acompanhadas presencialmente pelos advogados, pelos réus e pela imprensa, como são transmitidas em tempo real pela TV Justiça, garantindo a mais ampla transparência dos atos processuais.
Diante da clareza dos fatos, devem ser fortemente rechaçadas quaisquer insinuações vazias sobre a lisura do rito observado pelo relator. Tais calúnias devem ser compreendidas pelo que verdadeiramente são: retórica política barata dos acusados e seus asseclas para desacreditar o Tribunal e tentar desviar o foco do debate público dos graves fatos que estão sendo revelados pelas testemunhas e pelas provas apresentadas pela PGR. Não por outra razão, a cada testemunha que afirma ter presenciado uma reunião para discutir meios de interferir na Justiça Eleitoral e a cada mensagem de aplicativo que mostra os bastidores da trama golpista, os ataques contra o relator voltam a aparecer com mais força.
Essa estratégia faz parte de um método que já é bastante conhecido por todos. Afinal, vivemos em tempos em que a verdade é frequentemente distorcida e a desinformação é usada como arma política. Neste cenário, é fundamental defendermos aqueles que, com coragem e retidão, enfrentam essas ameaças, mesmo quando isso implica suportar o peso de críticas injustas e ataques pessoais.
Afora os ataques feitos pelos apoiadores do grupo político derrotado na eleição de 2022, há ainda a desinformação fomentada pelas empresas de tecnologia. Construída sob o pretexto de defesa da liberdade de expressão, tal narrativa serve aos interesses privados dos seus acionistas, interessados na preservação de um modelo anódino de regulação das redes. Sustentam que, por mais grave que seja certa publicação, como pornografia infantil, terrorismo, tráfico de pessoas e auxílio ao suicídio, cabe somente à empresa decidir pela retirada ou não da publicação, segundo sua política interna (termos de uso).
Não é difícil demonstrar que esse sistema, que se baseia em confiança quase absoluta na suficiência dos termos de uso e políticas de privacidade dos provedores de aplicações, oferece proteção deficiente a valores fundamentais da democracia. Afinal, não são poucas as amostras recentes de que os sistemas internos de moderação das empresas falharam nessa missão, ao permitir que fossem amplamente mobilizados nas redes sociais conteúdos ilícitos, como desinformação sobre vacinas, ataques contra as instituições e chamados para o lamentável 8 de janeiro.
Em relação a esse último evento, lembro que o acampamento montado em Brasília, diante do Quartel-General do Exército, em si mesmo uma demonstração de golpismo tacanho, se fez acompanhar de intensa circulação de informes em aplicativos de mensagens e plataformas, anunciando a chegada de caravanas com milhares apoiadores na véspera do fatídico dia. Levantamento da empresa de análise de dados Palver, que monitorava 17 mil grupos no WhatsApp, identificou que, desde 5 de janeiro, já circulavam convocações para a invasão de prédios públicos em Brasília.
Para dificultar a atuação preventiva das forças policiais, os golpistas convocavam apoiadores do ex-presidente para a tal “Festa da Selma” – código utilizado para se referir furtivamente às invasões. A expressão foi utilizada juntocom a hashtag #BrazilianSpring – Primavera Brasileira e circulou amplamente em redes sociais, como o X (antigo Twitter). Entre os perfis que convocaram para
a tentativa de golpe estavam até mesmo contas com o selo Twitter Blue – serviço pago que sinaliza aos usuários que aquela conta teve a identidade verificada pela plataforma.
O quadro é ainda mais alarmante porque boa parte das manifestações de golpismo que circulou nas redes foi impulsionada pelas plataformas. Existem evidências empíricas de canais e perfis monetizados e anúncios patrocinados que fomentaram, coordenaram ou apoiaram os atos de insurreição.
No 8 de janeiro, em meio a cartazes espalhados pela capital federal e a materiais divulgados pelas redes sociais incitando as Forças Armadas a atuarem para manter no poder o candidato derrotado nas eleições, uma turba insana rompeu barreiras de contenção montadas pela Polícia Militar perto da Catedral, marchou em direção às sedes dos Três Poderes e tomou os prédios públicos com violência. As imagens da destruição, truculência e incivilidade, amplamente divulgadas pela mídia, provocam sentimento de vergonha e indignação no povo brasileiro.
Dada a gravidade da situação, o Tribunal cumpriu seu dever e enfrentou esse tema com serenidade, alcançando uma posição de equilíbrio que concilia a liberdade de expressão na internet com a tutela adequada de outros valores estruturantes da democracia, como o pluralismo político e a tolerância mútua. A despeito da resistência oferecida pelas plataformas, o Tribunal conseguiu construir um regime de responsabilização que, sem amarrar o desenvolvimento da tecnologia, sinaliza que redes sociais não são terra sem lei.
É relevante vaticinar, mesmo na atual conjuntura histórica de nosso país, como já o fazia nosso sempre Decano, Ministro Celso de Mello, que “esta Corte Suprema, atenta à sua alta responsabilidade institucional, não transigirá nem renunciará ao desempenho isento e impessoal da jurisdição, fazendo sempre prevalecer os valores fundantes da ordem democrática e prestando incondicional reverência ao primado da Constituição, ao império das leis e à superioridade ético-jurídica das ideias que informam e animam o espírito da República”, pois, continua Sua Excelência, “sem juízes independentes, não há cidadãos livres”, sendo inquestionável que “inexiste na história das sociedades políticas qualquer registro de um Povo que, despojado de um Judiciário independente, tenha conseguido preservar os seus direitos e conservar a sua própria liberdade”.
Em sua longeva trajetória, o STF tem se pautado rigorosamente pela lisura de todos os procedimentos e pela obediência irrestrita ao princípio da legalidade. Cada decisão emanada desta Corte é fruto de um processo meticuloso, alicerçado no devido processo legal, no contraditório e na ampla defesa. A Constituição e as leis são aplicadas com o máximo rigor técnico, mediante ritos públicos, oitivas das partes e fundamentações transparentes. Não há espaço para arbítrio ou decisões discricionárias que se desviem do cânone constitucional e legal.
A impessoalidade, a neutralidade e a independência aqui não são meros conceitos teóricos: são a essência da nossa atuação. Nossos julgamentos não se curvam a interesses políticos, pressões externas ou simpatias ideológicas. A toga que vestimos simboliza a imparcialidade e o compromisso exclusivo com a Constituição, esta que, como toda constituição democrática, divide os poderes e garante a existência de um Poder Judiciário autônomo.
Por fim, e não menos importante, é imperioso reafirmar a soberania nacional do Brasil. Somos uma nação dotada de um sistema jurídico robusto e independente, construído sobre os pilares da democracia e do Estado de Direito. Ataques à nossa atuação jurisdicional representam não apenas um desrespeito à nossa Corte, mas uma afronta à própria soberania de nosso País. Em um cenário global cada vez mais interconectado, o respeito mútuo entre as nações e a não ingerência em assuntos internos são princípios basilares da convivência pacífica e harmoniosa. É importante que fique claro: A independência do Poder Judiciário brasileiro é um valor inegociável!! Apenas ao povo brasileiro compete decidir sobre seu próprio destino, sem interferências externas indevidas.
Senhor Presidente, é preciso deixar claro à nação: este Supremo Tribunal Federal não se curvou à ditadura militar nas décadas de escuridão que mancham a história nacional; este Tribunal, num passado recentíssimo, ainda presente entre nós por força da memória dos mais de setecentos mil mortos na pandemia da COVID, não sucumbiu ao populismo iliberal responsável pelo trágico 8 de janeiro – o dia da Infâmia, conforme a sempre lúcida visão da Min. Rosa Weber. Esta mesma Corte, senhor Presidente, não haverá de submeter-se agora, e está preparada para enfrentar, uma vez mais e sempre, com altivez e resiliência, todas as ameaças – venham de onde vierem.
Por fim, gostaria de encerrar esta minha fala solidarizando-me com o Ministro Alexandre, que há muito tempo tem sido vítima de injustas agressões e tentativas de intimidação em série.
Já me pronunciei neste sentido e agora reafirmo: Vossa Excelência, Ministro Alexandre, tem prestado um serviço fundamental ao Estado brasileiro, demonstrando prudência e assertividade na condução dos procedimentos instaurados para a defesa da democracia.
Aos propagadores da instabilidade e do caos, irresponsáveis e pusilânimes que se autointitulam patriotas, mas que trabalham abertamente contra os interesses de seu próprio país: não tenham dúvida de que seus atos criminosos – praticados contra autoridades constituídas e contra o povo brasileiro – receberão uma resposta à altura por parte do Estado brasileiro.
Que ninguém duvide da imparcialidade e da legitimidade da atuação do STF, e que ninguém ouse desrespeitar a soberania do Brasil. A democracia e as instituições brasileiras são fortes e resilientes, e é por isso, Senhor Presidente Barroso, Senhor Ministro Alexandre, Senhores Ministros, que o Supremo Tribunal Federal e o nosso Poder Judiciário permanecerão inabaláveis em sua missão de servir à Constituição e ao povo brasileiro.
Muito obrigado.
Publicado originalmente pelo STF em 01/08/2025
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Transcrição do pronunciamento do ministro Alexandre de Moraes na sessão de abertura do segundo semestre do ano judiciário
Inicio, presidente, agradecendo as palavras de Vossa Excelência, as palavras do
eminente ministro Gilmar Mendes. E as recebo não só pessoalmente, mas principalmente, recebo-as institucionalmente como ministro do Supremo Tribunal Federal.
Presidente, temos visto recentemente as ações de diversos brasileiros, que estão sendo ou processados pela Procuradoria-Geral da República ou investigados pela Polícia Federal. Estamos verificando diversas condutas dolosas e conscientes de uma verdadeira organização criminosa que, de forma jamais anteriormente vista em nosso país. Age de maneira covarde e traiçoeira, com a finalidade de tentar submeter o funcionamento deste Supremo Tribunal Federal ao crivo de um Estado estrangeiro. Age, repito, de maneira covarde e traiçoeira. Covarde, porque esses brasileiros pseudo-patriotas encontram-se foragidos e escondidos. Fora do território nacional. Não tiveram coragem de continuar no território nacional. E traiçoeira essas condutas porque atuam por meio de atos hostis, mentirosos, derivados de negociações, espúrias e criminosas, com a patente, finalidade de obstrução à justiça. E a clara, flagrante finalidade de coagir essa corte no julgamento da Ação Penal 2668, ação penal do núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado do dia 8 de janeiro.
Gerando presidente, ministra, ministros, gerando com essa maneira covarde, traiçoeira de atuar, gerando reflexos nocivos. A economia e a sociedade brasileira. Como disse o ministro Gilmar Mendes, é uma verdadeira traição à pátria, uma traição covarde e traiçoeira. Há fartas provas nas investigações comprovando essas condutas ilícitas. Não só induzimento, instigação e auxílio. Na tentativa de submeter o funcionamento do Supremo Tribunal Federal ao crivo de um outro Estado, ao Estado estrangeiro, com clara afronta à soberania nacional, mas também fartas provas demonstrando auxílio na negociação espúria, vil, traiçoeira com autoridades estrangeiras para que se pratique atos hostis a economia do Brasil.
Porém, presidente, mais do que esses ataques, criminosos, o que se observa são condutas ilícitas e imorais de brasileiros, flagrantemente essas condutas impregnadas com a cor ocre, da defesa de escusos interesses pessoais e o sabor amargo da traição à pátria e ao povo brasileiro, com constante atuação e seguidas afirmações, como se glória houvesse nisso, como se glória houvesse na traição, seguidas afirmações, principalmente nas redes sociais, assumindo a autoria de verdadeira intermediação com o governo estrangeiro para a imposição de medidas econômicas contra o próprio país, que resultaram em taxação de 50% dos produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos da América. Tendo como consequência, assim que se iniciar, na verdade, a consequência já se iniciou, um grandioso prejuízo aos nossos empresários e a possibilidade de perda de milhares e milhares de empregos de brasileiros e brasileiras.
A insistência dessa organização criminosa na implementação de medidas nocivas ao Brasil, com a implementação e o incentivo à implementação dessas tarifas e agressões espúrias, agressões internacionalmente consideradas espúrias e ilegais contra autoridades públicas brasileiras, tem por finalidade a criação de uma grave crise econômica no Brasil. E que, para desgosto desses brasileiros traidores, não ocorrerá, mas a ideia de gerar uma grave crise econômica no Brasil, para que com isso, haja uma pressão política e social contra os Poderes Judiciário e Legislativo, com consequente interferência no andamento das ações penais, em andamento, que já se encontram em fase de alegações finais. O modus operandi é o mesmo. Antes, acampamentos na frente dos quartéis, invasão na Praça dos Três Poderes, para que, com isso, houvesse, como mais de 500 réus confessaram, houvesse a convocação de GLO e das Forças Armadas, gerando uma comoção nacional. E aí houvesse a possibilidade do golpe.
Repito, modus operandi, o mesmo. Incentivo a taxações ao Brasil, incentivo a crise econômica que gera crise social, que, por sua vez, gera crise política, para que, novamente haja uma instabilidade social e a possibilidade de um novo ataque. Ataque golpista. E essa geração de pressão política e social contra os Poderes Judiciário e Legislativo tem claramente a finalidade ilícita de favorecer interesses pessoais. E digo, coação contra o Poder Legislativo também. Pasmem! Pasmem que um dos brasileiros, investigado e foragido, recentemente nessa semana, dirigiu ameaças diretas aos presidentes da Câmara dos Deputados, deputado Hugo Mota, e do Senado Federal, Senador Davi Alcolumbre. Ameaças diretas: ou vocês votam em anistia, ou as tarifas vão continuar. Ou vocês votam em anistia, ou vocês também terão aplicada a lei da morte financeira. Ameaças aos presidentes das casas congressuais brasileiras sem o menor respeito institucional, sem o menor pudor, sem a menor vergonha. Na explícita chantagem para tentar obter uma inconstitucional anistia, ou em relação ao presidente do Senado Federal, o senador Davi Alcolumbre, obter o início de procedimento de impeachment contra ministros desta Suprema Corte. Sem existência de qualquer indício de crime de responsabilidade, mas sim por discordarem da legítima atuação deste Supremo Tribunal Federal no exercício de sua competência jurisdicional, concedida diretamente pela Constituição Federal, em uma tentativa patética de tentar afastar seus ministros do cumprimento de sua missão institucional e favorecer réus em ações penais.
Ameaça essa aos presidentes das Casas, que já foi repudiada por ambos os presidentes anteontem com as notas da Presidência da Câmara e do Senado Federal. Mas também e principalmente, coação contra o Poder Judiciário, em especial contra o Supremo Tribunal Federal, com a única e exclusiva finalidade de obter um súbito, inexistente, inconstitucional, arquivamento imediato de ações penais. Ações penais que foram devidamente propostas pela Procuradoria-Geral da República. Pelo Procurador-Geral da República, que aqui se encontra, titular constitucional e privativo dessa iniciativa, em virtude da tentativa de golpe de Estado do dia 8 de janeiro de 2023, eu reafirmo tentativa de golpe de Estado, porque esse Supremo Tribunal Federal já condenou mais de 700 pessoas por tentativa de golpe de Estado. Então, há ainda ações penais em andamento, propostas devidamente pelo Procurador-Geral da República, que tem total autonomia e independência constitucional, derivadas de investigações da Polícia Federal e cujos atos processuais vêm sendo realizados dentro do devido processo legal. Rigorosamente observado pelo Supremo Tribunal Federal, com a participação, fiscalização e acompanhamento, tanto do Procurador-Geral da República, como por 96 advogados.
Noventa e seis advogados estão habilitados nos autos dos quatro núcleos denunciados pelo Procurador-Geral da República, com um amplo e irrestrito acesso a todas as provas. Devido ao processo legal realizado com oitiva, já de oito testemunhas de acusação e 149 testemunhas de defesa, Ministra Cármen. Foram ouvidas 149 testemunhas de defesa em respeito à ampla defesa. Em respeito ao contraditório. Foram interrogados os 31 réus desses quatro núcleos, sempre de forma absolutamente pública e transparente, com todos os atos gravados em áudio e vídeo. E disponibilizados a toda a imprensa e para toda a sociedade. E ainda todos os interrogatórios transmitidos ao vivo pela TV Justiça, e pela mídia em geral. Eu aqui afirmo sem medo de errar, não houve no mundo uma ação penal com tanta transparência e publicidade, como essa ação penal. Nenhum país do mundo transmite interrogatórios, oitiva de testemunhas para toda a imprensa e sociedade acompanharem.
É o Supremo Tribunal Federal atuando dentro da Constituição, dentro dos princípios republicanos e garantindo o devido processo legal. Não é possível pressões, coações, No sentido de querer obter, repito, entre aspas, um espúrio o arquivamento imediato dessas ações penais, sob pena de se prejudicar a economia brasileira, o sustento das pessoas, o trabalho dos brasileiros e das brasileiras. Essas coações, essas tentativas de obstrução à Justiça realizadas por esses brasileiros, supostamente, patriotas, a favor de interesses estrangeiros, tem, eu repito, uma única finalidade. A finalidade de substituir o devido processo legal, com a ampla participação do Ministério Público, repito, de 96 advogados constituídos, com acompanhamento da mídia, com acompanhamento da sociedade, substituir o devido processo legal, a análise justa e imparcial das denúncias oferecidas, substituir por um tirânico arquivamento para beneficiar determinadas pessoas que se acham acima da Constituição, acima da lei, acima das instituições.
Esses réus investigados, brasileiros que estão induzindo, instigando e auxiliando a prática dessas condutas nefastas contra a sociedade brasileira, criminosas contra as autoridades públicas. Não estão só ameaçando, coagindo autoridades públicas, ministros do Supremo Tribunal Federal, mas também, e fazem isso diariamente nas redes sociais, ameaçando as famílias dos ministros do Supremo Tribunal Federal, do Procurador-Geral da República, em uma atitude costumeiramente, afeta a milicianos do submundo do crime, que atacam as autoridades e atacam os familiares das autoridades.
Essas condutas dessa organização criminosa caracterizam claros e expressos atos executórios de traição ao Brasil e flagrantes confissões da prática de atos criminosos, em especial dos crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e, principalmente, atentado à soberania nacional, pois continuam, dia após dia, ao verificarem que esta Corte, a Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal não se vergarão a essas ameaças. Em virtude disso, dia após dia, esses brasileiros traidores da pátria continuam a incentivar, instigar, auxiliar a prática de atividades e atos hostis ao Brasil. A ousadia criminosa parece não ter limites, com as diversas e contínuas postagens em redes sociais e declarações na imprensa, declarações atentatórias à soberania nacional, à independência do Congresso Nacional e à independência do Poder Judiciário. Repita-se: não só, como citei anteriormente, com as recentes ameaças aos presidentes Hugo Mota e Davi Alcolumbre, da Câmara e do Senado Federal, com a ameaça de aplicação de um possível mau futuro à Lei magnística, como a minha aplicada, caso eles não façam o que se exige, o que essa organização miliciana exige. Mas, da mesma forma, essas ameaças covardes, infrutíferas, também continuam sendo dirigidas a membros desta Corte. Esta semana, dirigidas ao eminente ministro-presidente Luís Roberto Barroso, ao nosso decano, ministro Gilmar Mendes, ao ministro Cristiano Zanin. Mais grave, patético: desses traidores, também de viva voz, áudio e vídeo, ameaças às esposas e familiares, citando nominalmente as esposas do ministro Gilmar, do ministro Cristiano Zanin, demonstrando não existir limites para a ousadia e covardia dessa organização criminosa, que será, como bem disse o ministro Gilmar Mendes, será responsabilizada. Será integralmente responsabilizada.
E, na mais característica criminosa dessa verdadeira organização miliciana, ao fazerem as postagens, dizem: ainda há tempo. Ainda há tempo, caso você aceite a torpe coação. Acham que estão lidando com pessoas da laia deles. Acham que estão lidando também com milicianos, mas não estão. Estão lidando com ministros da Suprema Corte brasileira. Enganam-se. Engana-se essa organização criminosa ao esperar que a permanência e continuidade dessa torpe coação possa, de alguma forma, gerar uma covarde rendição dos poderes constituídos brasileiros. Engana-se essa organização criminosa miliciana e aqueles brasileiros escondidos e foragidos do território nacional. Engana-se em esperar fraqueza institucional ou debilidade democrática. As instituições brasileiras são fortes e sólidas. E seus integrantes, principalmente aqui no Supremo Tribunal Federal, foram forjados no mais puro espírito democrático da Constituição de 1988. Coragem institucional e defesa à soberania nacional fazem parte do universo republicano desta Suprema Corte, que não aceitará coações, obstruções ou tentativas de novos golpes de Estado, como ocorrido em 8 de janeiro de 2023.
Recentemente, citei o imortal Machado de Assis ao proclamar que a soberania nacional é a coisa mais bela do mundo, com a condição de ser soberania e de ser nacional. A soberania nacional, digo eu agora, não pode, não deve e jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida, pois é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, expressamente previsto no inciso I do artigo 1º da Constituição Federal. O Supremo Tribunal Federal sempre será absolutamente inflexível na defesa da soberania nacional e em seu compromisso com a democracia, os direitos fundamentais e o Estado de Direito, no seu compromisso com a independência do Poder Judiciário e os princípios constitucionais brasileiros.
Eu vi na mídia que, na quarta-feira, o eminente ministro Flávio Dino, numa cerimônia no Maranhão, rememorou Hamilton, um dos federalistas, junto com Jay e Madison. Ele disse da dificuldade que os juristas norte-americanos devem estar. Eu complemento aqui citando Abraham Lincoln, também advogado, 16º presidente dos Estados Unidos, responsável pela manutenção da União dos Estados Unidos e pela proclamação da emancipação, que afirmava: os princípios mais importantes podem — e devem — ser inflexíveis. A independência judicial é um desses princípios que não só pode, não só deve, mas também será inflexível e defendido por este Supremo Tribunal Federal. A independência judicial não é um direito do magistrado. A independência judicial constitui um direito fundamental dos cidadãos, que têm o direito a uma tutela judicial efetiva, ao processo e julgamento por um tribunal independente e imparcial, pois não se consegue, em lugar nenhum do mundo, conceituar um verdadeiro Estado Democrático de Direito sem a existência de um Poder Judiciário autônomo, para que exerça sua função de guardião da Constituição e das leis. Isso é um princípio inflexível. É um princípio inflexível da Constituição brasileira: a independência do Poder Judiciário em defesa da
Constituição brasileira.
E a história deste Supremo Tribunal Federal demonstra que jamais faltou — e jamais faltará — coragem aos seus membros para repudiar as agressões contra os inimigos da soberania nacional, inimigos da democracia e inimigos do Estado de Direito. Um país soberano, como o Brasil, sempre saberá defender a sua democracia e soberania. E o Poder Judiciário não permitirá qualquer tentativa de submeter o funcionamento do Supremo Tribunal Federal ao crivo de outro Estado, por meio de atos hostis, derivados de negociações espúrias e criminosas de agentes e políticos brasileiros foragidos com o Estado estrangeiro, com patente obstrução à Justiça e clara, flagrante finalidade de coagir esta Suprema Corte no julgamento da Ação Penal 2668, para criar — e esta é a grande finalidade — para criar verdadeira impunidade penal e impedir análise, análise pelo Poder Judiciário, repito, por meio do devido processo legal de uma imputação criminal feita pela Procuradoria-Geral da República.
A possibilidade que garante a Constituição de análise da responsabilidade ou não — responsabilidade penal ou não — de cada um dos réus, como já feito em 638 ações penais julgadas. E essa ação penal pretende ter um súbito arquivamento. Repito, como já o fizemos em 638 ações penais julgadas, sempre colegiadamente: 370 ações penais julgadas pelo Plenário; 268 ações penais julgadas pela Primeira Turma, onde ainda estão em andamento 204 ações penais. Além, como já disse, dos 551 acordos de não persecução penal celebrados entre a Procuradoria-Geral da República e os réus que reconheceram sua responsabilidade penal.
As ações prosseguirão. O rito processual do Supremo Tribunal Federal não se adiantará, não se atrasará. O rito processual do Supremo Tribunal Federal irá ignorar as sanções praticadas. Este relator vai ignorar as sanções que foram aplicadas e continuará trabalhando, como vem fazendo, tanto no Plenário quanto na Primeira Turma, sempre de forma colegiada. Diferentemente das mentiras, inverdades, da desinformação — e bem citou o ministro, nosso decano, ministro Gilmar Mendes —, a desinformação das redes sociais. O devido processo legal no Supremo Tribunal Federal é sempre realizado pelo colegiado.
E trago um dado aqui que talvez nenhum outro conjunto de ações penais no mundo tenha esse número, ministra Cármen: durante as investigações e as ações penais relacionadas à tentativa do golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 — investigações e ações penais —, foram interpostos, contra decisões minhas, monocráticas, 707 recursos. Setecentos e sete recursos. Todos, absolutamente todos, foram improvidos, e os colegiados mantiveram as decisões proferidas. Foram julgados, desses 707 recursos, 413 no Plenário e 294 pela Primeira Turma. A demonstrar que o devido processo legal nas ações penais, neste Supremo Tribunal Federal, é o resultado do colegiado. É o resultado da vontade do colegiado, seja do Plenário, quando sua competência for, seja das Turmas, quando a competência lá estiver estabelecida. Setecentos e sete recursos interpostos.
Esta Corte vem e continuará realizando sua missão constitucional. Em especial, neste segundo semestre, realizará os julgamentos e as conclusões dos quatro núcleos das importantes ações penais relacionadas à tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023. Os quatro núcleos tiveram encerradas as suas instruções, ouvidas suas testemunhas. Um deles já quase em fase final de alegações finais; os outros iniciarão a fase das alegações finais e, ainda neste semestre — obviamente pedindo pauta ao eminente presidente da Turma, ministro Cristiano Zanin —, nós julgaremos todos os responsáveis: absolvendo aqueles onde não houver prova de responsabilidade, condenando aqueles onde houver prova. Mas julgando. Exercendo a nossa função jurisdicional e não nos acovardando em virtude de ameaças, seja daqui ou de qualquer outro lugar.
O Supremo Tribunal Federal continuará a exercer seu papel de guardião da Constituição. Continuará exercendo seu papel nas ações penais para que dê uma resposta final, à toda a sociedade brasileira, sobre quem realmente foi — ou quais foram — os responsáveis pela tentativa de golpe, dentro do devido processo legal, do respeito à ampla defesa, do contraditório, inadmitindo qualquer ingerência interna ou externa na independência do Poder Judiciário, com serenidade, competência e coragem.
Obrigado, presidente.
Publicado originalmente pelo STF em 01/08/2025
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Conheça a íntegra do discurso de Luís Roberto Barroso no plenário do STF
O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E A DEFESA DA INSTITUCIONALIDADE
I. INTRODUÇÃO
1. Cumprimento todos os presentes e faço o seguinte pronunciamento em nome do tribunal.
II. UM POUCO DE HISTÓRIA POLÍTICA DO BRASIL
2. Em novembro de 1891, Deodoro da Fonseca, primeiro presidente da República, renunciou, após uma tentativa de golpe fracassada. Foi substituído pelo vice-presidente, Floriano Peixoto, que violando a Constituição, deixou de convocar eleições e permaneceu ilegitimamente no poder até 1894.
3. Em 1892, diante de um habeas corpus impetrado perante o Supremo Tribunal Federal em favor de generais que haviam se rebelado contra decisões suas, o mesmo Floriano Peixoto teria pronunciado uma frase que ficou célebre: “Se o Supremo Tribunal conceder o habeas corpus, não sei quem amanhã dará habeas corpus aos ministros.”
4. O Supremo terminou por não conhecer do habeas corpus, considerando se tratar de questão “essencialmente política”.
5. Do início da República até o final do regime militar, a história do Brasil foi a história de golpes, contragolpes, intervenções militares, rupturas ou tentativas de ruptura da legalidade constitucional. Não é difícil demonstrar o ponto.
6. Fazendo um corte cronológico dos últimos cem anos, tivemos: tentativas de golpes do movimento Tenentista em 1922 e 1924; a Revolução de 30; a Revolução Constitucionalista de São Paulo de 1932; a Intentona Comunista de 1935; o golpe do Estado Novo de 1937; a destituição de Getúlio Vargas em 1945; o contragolpe preventivo do Marechal Lott para assegurar a posse de Juscelino Kubitschek em 1955; duas rebeliões contra Juscelino: Jacareacanga e Aragarças (1956 e 1959).
7. A lista continua e inclui: o veto dos ministros militares à posse do vice-presidente João Goulart quando da renúncia de Jânio Quadros em 1961; o golpe militar de 1964; a prorrogação do mandato de Castelo Branco com a não realização das eleições de 1965; o Ato Institucional nº 5 de 1968; o impedimento à posse do vice-presidente Pedro Aleixo em 1969; a outorga pelos ministros militares da emenda constitucional nº 1 à Constituição de 1967, com o Congresso fechado; os anos de chumbo do governo Médici, com tortura, censura e exílio; e o fechamento do Congresso Nacional por Geisel, no Pacote de Abril de 1977.
8. Do início da República até a Constituição de 1988, o sistema de justiça não conseguiu se opor de forma eficaz às ameaças autoritárias e às quebras da legalidade constitucional.
III. UM POUCO DA HISTÓRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
9. Não foram poucas as ameaças, o desrespeito e as violências contra o Supremo Tribunal Federal, da proclamação da República à Constituição de 1988.
10. Ainda com Floriano Peixoto, por longo período, deixou ele de nomear ministros para o tribunal, levando à falta de quorum para julgamentos. E, também em desconsideração, nomeou em outro momento um médico e um general, sem qualquer formação jurídica.
11. Em 1931, Getúlio Vargas reduziu o número de ministros e aposentou compulsoriamente, por decreto, seis deles, em retaliação aos que haviam condenado os insurrectos dos movimentos de 1922 e 1924. Ainda sob Vargas, em 1937, a Constituição do Estado Novo previu que decisões do STF que declarassem a inconstitucionalidade de lei podiam ser submetidas ao Congresso e derrubadas.
12. Em janeiro de 1969, o regime militar aposentou compulsoriamente, com base no Ato Institucional nº 5, de 1968, os ministros Evandro Lins e Silva, Victor Nunes Leal e Hermes Lima. Ainda em 1969, a Junta Militar, com o Congresso fechado, aumentou o número de ministros do Supremo de 11 para 16, para nomear juízes alinhados com o regime.
IV. COMO SE PASSAM AS COISAS NUMA DITADURA
1. Eu – e muitos de nós aqui – vivemos uma ditadura. Conhecemos pessoas que foram torturadas. Conhecemos jornalistas que foram censurados. E compositores que tiveram suas músicas proibidas. Conhecemos pessoas que foram para o exílio. Professores que foram arbitrariamente afastados dos seus cargos.
2. Muitos de nós ficamos sabendo, de fontes seguras, de pessoas que desapareceram, ou melhor, foram desaparecidas. Um desses episódios foi recentemente retratado, com refinado toque de humanidade, no filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, com Fernanda Torres, Fernanda Montenegro e Selton Mello.
3. Ficamos sabendo, também, de pessoas que foram assassinadas em quarteis e as autoridades simularam suicídio, como nos casos de Vladimir Herzog e Manoel Fiel Filho.
4. Muitos de nós conhecemos a jornalista que foi presa aos 18 anos, grávida, e mantida por horas em um quarto escuro, com uma cobra jiboia. É também de conhecimento público que alguns adversários políticos do regime militar tiveram seus corpos arremessados de helicópteros em alto mar.
5. Todos nós acompanhamos ou estudamos o Atentado do Riocentro, em 1981, quando integrantes dos porões da ditadura pretendiam explodir bombas durante um show de música popular brasileira, com a presença de milhares de jovens. E quando, por trapaça da sorte, a bomba que atingiria o público atingiu os próprios terroristas, a investigação levada a efeito foi uma constrangedora falsificação da verdade.
5. Nós vivemos uma ditadura. Ninguém me contou como era. Eu estava lá. Por isso, para mim, para muitos de nós, para a nossa geração, o constitucionalismo e a democracia são tão importantes. Eles são os antídotos contra tudo isso que eu descrevi. Todas as pessoas têm em si o bem e o mal. O processo civilizatório existe para reprimir o mal e potencializar o bem. As ditaduras, frequentemente, fazem o contrário.
V. A CONSTITUIÇÃO DE 1988
1. A Constituição de 1988, no entanto, tem proporcionado ao país o mais longo período de estabilidade institucional da nossa história republicana. E não foram tempos banais. Tivemos dois impeachments de Presidentes da República, um deles bastante controvertido. Tivemos hiperinflação, planos econômicos fracassados e escândalos de corrupção. Mas ninguém cogitou de uma solução que não fosse o respeito à legalidade constitucional. Superamos as fases do atraso institucional. E é nosso papel impedir a volta ao passado.
VI. O QUE ACONTECEU ENTRE NÓS
1. Nos últimos anos, a partir de 2019, vivemos episódios que incluíram: tentativa de atentado terrorista a bomba no aeroporto de Brasília; tentativa de invasão da sede da Polícia Federal; tentativa de explosão de bomba no Supremo Tribunal Federal (STF); acusações falsas de fraude eleitoral na eleição presidencial.
2. Também houve mudança de relatório das Forças Armadas que havia concluído pela ausência de qualquer tipo de fraude nas urnas eletrônicas; ameaças à vida e à integridade física de Ministros do STF, inclusive com pedido de impeachment; acampamentos de milhares de pessoas em portas de quarteis pedindo a deposição do presidente eleito.
3. Tudo culminando, em 8 de janeiro de 2023, com a invasão e depredação da sede dos três Poderes da República. E, de acordo com denúncia do Procurador-Geral da República, ainda por ser julgada, uma tentativa de golpe que incluía plano para assassinar o Presidente da República, o Vice e um Ministro do Supremo.
4. Foi necessário um tribunal independente e atuante para evitar o colapso das instituições, como ocorreu em vários países do mundo, do Leste Europeu à América Latina.
5. Estão em curso perante este Tribunal ações penais que buscam apurar as responsabilidades por crimes diversos contra o Estado democrático de direito, previstos em Lei aprovada em setembro de 2021. A denúncia da Procuradoria-Geral da República foi aceita com base em indícios de crime.
6. As ações penais têm sido conduzidas com observância do devido processo legal, com transparência em todas as fases do julgamento. Sessões públicas, acompanhadas por advogados, pela imprensa e pela sociedade. Advogados experientes e qualificados ofereceram o contraditório. Há nos autos confissões, áudios, vídeos, textos e outras provas que visam documentar os fatos.
7. A marca do Judiciário brasileiro, do primeiro grau ao Supremo Tribunal Federal, é a independência e a imparcialidade. Todos os réus serão julgados com base nas provas produzidas, sem qualquer tipo de interferência, venha de onde vier.
8. Faz-se aqui o reconhecimento ao relator das diversas ações penais, Ministro Alexandre de Moraes. Com inexcedível empenho, bravura e custos pessoais elevados, conduziu ele as apurações e os processos relacionados aos fatos acima descritos. Nem todos compreendem os riscos que o país correu e a importância de uma atuação firme e rigorosa, mas sempre dentro do devido processo legal.
9. Em contraste com um passado que nem vai tão longe, cabe registrar: aqui não houve nenhum desaparecido, ninguém torturado, nem acusações sem provas. A imprensa inteiramente livre. As plataformas digitais com regulação equilibrada, que exclui apenas a prática de crimes e atos ilícitos.
CONCLUSÃO
1. Nós somos um dos poucos casos no mundo em que um tribunal, ao lado da sociedade civil, da imprensa e de parte da classe política, conseguiu evitar uma grave erosão democrática. Sem nenhum abalo às instituições.
2. Em meio a muita incompreensão, contribuímos decisivamente para preservar a democracia. E, como gosto sempre de lembrar, a democracia tem lugar para todos: conservadores, liberais e progressistas. Ninguém tem o monopólio da virtude ou do amor ao Brasil.
3. Quem ganha as eleições leva. Quem perde, pode tentar ganhar nas eleições seguintes. E quem quer que ganhe, precisa respeitar as regras do jogo e os direitos fundamentais de todos.
Publicado originalmente pelo STF em 01/08/2025
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Na noite desta sexta-feira (1), horas após o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmar que pode conversar com o presidente do Brasil na hora que ele quiser, Lula afirmou em uma postagem em suas redes sociais que a prioridade do momento é reduzir os impactos econômicos e sociais das tarifas unilaterais impostas pelos estadunidenses.
“Sempre estivemos abertos ao diálogo. Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e suas instituições. Neste momento, estamos trabalhando para proteger a nossa economia, as empresas e nossos trabalhadores, e dar as respostas às medidas tarifárias do governo norte-americano”, escreveu Lula.
O governo brasileiro tentou contato com Washington diversas vezes, sem sucesso. O vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, em meio à ameaça do tarifaço e sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou diversas cartas aos EUA sem obter qualquer resposta.
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Falas de Paulo Gonet e Jorge Messias ocorreram durante a sessão que abriu o segundo semestre do Ano Judiciário.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, e o advogado-geral da União, Jorge Messias, defenderam a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e ressaltaram a importância do respeito à soberania nacional. As declarações foram feitas na manhã desta sexta-feira (1º), na primeira sessão do Plenário no segundo semestre, em razão das restrições impostas pelo governo dos Estados Unidos da América a ministros do STF e das medidas econômicas recentes direcionadas ao Brasil.
Em sua manifestação, Paulo Gonet reafirmou o compromisso da Procuradoria-Geral da República (PGR) com o Estado Democrático de Direito e com a soberania nacional. “Que o exercício da parcela de soberania confiada a esta Corte seja respeitado por todos, tanto no país quanto no exterior”, afirmou.
Jorge Messias destacou que o Brasil “é um Estado soberano e merece respeito em suas relações internacionais”. Ele repudiou qualquer tentativa de intimidação ao Poder Judiciário e afirmou que pretensões de obstrução à Justiça são “arbitrárias, injustificáveis e inaceitáveis”.
“Não aceitamos que nenhuma autoridade brasileira seja ameaçada ou punida por Estados estrangeiros. Da mesma forma, não podemos admitir que nossas leis e nossa Constituição sejam suspensas para que a legislação estrangeira estabeleça o que as empresas em solo nacional devem ou não fazer”, declarou o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU).
Segundo Messias, o semestre que se inicia é “atípico, complexo e preocupante”. Para ele, o momento é de reafirmar a defesa da democracia e da soberania do país. “É o momento de reafirmar que o Judiciário brasileiro não se afastará, nem um centímetro, de sua função constitucional, não cedendo a pressões externas ou daqueles que atuam contra os interesses do povo brasileiro”, ressaltou.
Ministros
Na mesma sessão, o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, o decano ministro Gilmar Mendes e o ministro Alexandre de Moraes também se manifestaram em defesa da atuação do Supremo, da democracia e da soberania nacional.
Publicado originalmente pelo STF em 01/08/2025
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A rica biodiversidade dos Campos Altitude de Santa Catarina, formações campestres únicas no Brasil, correm o risco de desaparecer nas próximas décadas. O alerta foi feito por um grupo de pesquisadores catarinenses e gaúchos em denúncia publicada em julho na Science, uma das mais respeitadas revistas científicas do mundo.
Com base nos dados do MapBiomas, os pesquisadores concluíram que, entre 2008 e 2023, cerca de 50 mil hectares de Campos de Altitude foram convertidos para a plantação de pinus. Os dados foram filtrados conforme o que foi convertido para a silvicultura, sem considerar o que foi convertido para outros usos como, por exemplo, a agricultura. Assim, a conversão dos campos naturais de Santa Catarina foi feita por empresas do setor florestal, entre elas a Klabin (e suas subsidiárias), uma das gigantes da silvicultura no Brasil. Uma das questões destacadas pela denúncia é que tais empresas se promovem no mercado como ambientalmente sustentáveis.
“Sem dúvida, a Klabin é a principal e, talvez, a única grande devastadora desses campos no momento”, afirma o biólogo Glayson Bencke, pesquisador da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul, e um dos signatários da carta-denúncia publicada na Science.
Desde 2024, a conversão das formações campestres tem sido motivo de disputa jurídica, cujo último lance ocorreu no dia 28 de julho, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes suspendeu as ações judiciais que questionam o Código Ambiental de Santa Catarina (2009) e que tramitam em diferentes instâncias da Justiça.
A origem do imbróglio é a multa aplicada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) a Klabin, em meados de 2024, por converter os campos em desacordo com a Lei da Mata Atlântica e as normas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que definem como Campo de Altitude quaisquer formações campestres acima de 400 metros de altitude em relação ao nível do mar. A desavença jurídica ocorre porque, segundo o Código Estadual do Meio Ambiente de Santa Catarina, aprovado em 2009 e ratificado por outra lei complementar em 2022, os Campos de Altitude são somente aqueles acima de 1.500 metros. Como a lei catarinense contraria a legislação federal, a desavença está instalada.
Os autores da denúncia afirmam que a legislação catarinense é inconstitucional e sem base científica e ressaltam que, de acordo com o critério da lei estadual, somente de 3% a 4% dos Campos de Altitude de Santa Catarina estão protegidos. “Empresas do setor florestal como a Klabin, por exemplo, se aproveitam dessa brecha legal para transformar campos naturais em plantações de pinheiros exóticos”, dizem os autores da denúncia, que pedem a revogação da lei estadual.
Por sua vez, a Klabin esclarece, em nota, “que atua de acordo com as melhores práticas de sustentabilidade, com respeito ao meio ambiente, à legislação, às pessoas e à história da região”.
Com uma flora catalogada de 1.620 espécies, das quais até 25% são endêmicas, essas formações campestres apresentam uma biodiversidade riquíssima e única. A região abriga 13 espécies de aves de ambientes abertos ameaçadas de extinção em nível mundial ou nacional, incluindo o pedreiro, o caboclinho-de-barriga-preta e a patativa-tropeira. A região também é o lar exclusivo do lagartinho-pintado, ameaçado pelas plantações de pinus, e acolhe a última população de veados-campeiros em Santa Catarina. Os pesquisadores ainda enfatizam que os campos armazenam altos estoques de carbono no solo, além de alimentar as nascentes do rio Pelotas/Uruguai, que cruza o sul do Brasil e chega ao Uruguai e Argentina.
Pesquisador de aves (ornitólogo), Glayson Bencke explica que a carta-denúncia publicada na Science expressa a preocupação de um grupo de pesquisadores que atua na região catarinense em pesquisa, conservação e licenciamento ambiental. Ele diz que há uma mesma preocupação que os une: o fato dos campos estarem sendo devastados, convertidos para o plantio de pinus, cuja finalidade é a produção de embalagem de papel e madeira MDF para exportação.
“O ritmo é o que mais nos preocupa, a situação é crítica. Não são pequenas áreas, são vastas áreas, propriedades inteiras”, afirma Bencke. “Isso está ocorrendo a uma velocidade alarmante, muito acima do que se vê no Pampa, que já é uma situação grave pelo avanço da soja e da silvicultura e ainda muito maior do que se vê na própria Amazônia. São campos únicos em termos mundiais, são formações campestres únicas com uma biodiversidade absolutamente singular. A vegetação chega a ter 25% de espécies endêmicas, quer dizer, espécies que não ocorrem em outros tipos de campos.”
O problema, segundo ele, é mais grave porque a devastação está sendo causada por grandes empresas do setor florestal avalizadas como ambientalmente sustentáveis por empresas certificadas que adotam protocolos internacionais de certificação, ou seja, dão o aval para as empresas destruírem os campos como se isso fosse ambientalmente sustentável. Dessa forma, tais empresas se apresentam nas mídias sociais e na imprensa como ambientalmente sustentáveis.
As certificadoras são empresas independentes nacionais que atuam credenciadas pela Forest Stewardship Council (FSC), que é o Conselho de Manejo Florestal, um órgão mundial que estabelece critérios e normas para a certificação sustentável da atividade florestal, de modo que as certificadoras credenciadas usam os mesmos protocolos e critérios.
“No Brasil, elas não estão cumprindo seu papel, estão sendo coniventes com essa situação, co-responsáveis, porque estão validando uma atuação irresponsável e ambientalmente trágica da Klabin. Se chega lá fora, no mercado internacional, um produto da Klabin com selo da FSC, é porque posso comprar que é um produto que não está causando, teoricamente, prejuízo ao meio ambiente. Só que não é o caso aqui”, afirma o pesquisador da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul.
Para ele, a Klabin talvez até seja um exemplo no cumprimento de normas trabalhistas e ambientais em relação à água ou tratamento de resíduos, porém, ressalta que nada disso adianta se ela é “causadora da devastação de um ecossistema único, com reconhecimento internacional pela riqueza da biodiversidade”.
Além das empresas, das certificadoras e da legislação do governo catarinense, outro ator importante sobre o tema tem sido o judiciário. Em setembro de 2024, a Justiça Federal suspendeu o pagamento das multas aplicadas pelo Ibama a duas empresas de reflorestamento por supressão de Mata Atlântica para plantio de pinus em áreas consideradas Campos de Altitude em Coxilha Rica, em Lages. Na ocasião, a 6ª Vara Federal de Florianópolis concordou com o entendimento do Código Estadual do Meio Ambiente de Santa Catarina que define como Campos de Altitude somente aqueles situados a mais de 1,5 mil metros acima do nível do mar e as fazendas das empresas estão abaixo desse limite.
“É verdade que existem importantes estudos e argumentos técnicos para sustentar o entendimento de que a vegetação nativa dos ‘campos de altitude’ acontece também em altitudes inferiores a 1,5 mil, como defendido pelo Ibama”, ponderou o juiz Marcelo Krás Borges. Contudo, em sua decisão, ele manteve o entendimento anterior do Tribunal de Justiça de Santa Catarina que havia decidido pela constitucionalidade do Código Ambiental.
As multas do Ibama somam cerca de R$ 7,4 milhões. A decisão liminar da Justiça Federal determinou a liberação das áreas embargadas e, desde então, impede o Ibama de aplicar novas multas.
“A própria Justiça Federal se dobrou a uma decisão da Justiça Estadual de Santa Catarina e contrariou o conceito federal que deve prevalecer em Campo de Altitude. É uma situação absurda que está custando a eliminação, em poucas décadas, dos Campos de Altitude, exceto aqueles 3% a 4% que então estariam ao abrigo da lei catarinense”, critica o biólogo Glayson Bencke.
No último mês de abril, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) foi ajuizada pelo Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, no Supremo Tribunal Federal (STF), questionando os dispositivos da lei estadual que estipulam como Campos de Altitude apenas áreas acima de 1.500 metros. O objetivo da ADI é restabelecer a plena proteção dos Campos de Altitude em todo o território catarinense. O Ministério Público Federal também tem defendido que a lei catarinense viola a Constituição Federal e desrespeita a Lei da Mata Atlântica (Lei nº 11.428/2006) e a Resolução Conama 423/2010, que protegem o ecossistema com base em critérios técnicos e dados do IBGE, inclusive em altitudes inferiores.
Em junho e julho deste ano, o Ibama identificou novamente a destruição de quase cinco mil hectares de vegetação nativa dos Campos de Altitude. O desmatamento ocorreu em oito áreas distintas no planalto catarinense, especialmente na região da Coxilha Rica, zona rural do município de Lages, e teve como principal finalidade a conversão ambiental para plantio de monocultura de pinus, espécie exótica considerada com alto potencial de impacto ambiental.
De acordo com o Ibama, a maior parte das áreas desmatadas está sob responsabilidade de uma empresa de celulose que segue ampliando plantações de pinus sobre vegetação nativa protegida por leis federais. O órgão destaca que, apesar das constatações e das medidas administrativas adotadas, a liminar da Justiça Federal de Florianópolis o impede de atuar contra a empresa. A autarquia informou aguardar o desfecho do recurso de agravo apresentado ao Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região.
“Além da sua biodiversidade única, os Campos de Altitude são fundamentais para a recarga de aquíferos e nascentes, regulam o clima regional e sustentam atividades tradicionais e sustentáveis, como a produção do mel de canudo de pito, o queijo serrano, a carne frescal e o turismo de natureza”, diz o Ibama, enfatizando que a proteção ambiental é um dever constitucional e que nenhum interesse econômico pode se sobrepor ao direito coletivo ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Ao decidir pela suspensão das ações judiciais que questionam o Código Ambiental de Santa Catarina, o ministro Gilmar Mendes ressaltou a “ampla e profunda controvérsia no seio do Poder Judiciário” e o quadro de “insegurança jurídica gerada pela tramitação de processos e pela prolação de decisões conflitantes”. Com a medida, todos os processos sobre o tema, incluindo os que tramitam na Justiça Federal e no TRF-4, ficam suspensos até que o STF julgue definitivamente a questão. A decisão do ministro do STF foi celebrada pela Procuradoria Geral do Estado de Santa Catarina (PGE). Para o governo catarinense, a decisão “evita um cenário de insegurança jurídica que poderia causar prejuízos bilionários e inviabilizar importantes investimentos no Estado, especialmente na região serrana”. Para os autores da denúncia na revista Science, entretanto, a indefinição mantém a perda da biodiversidade de um ecossistema único e o STF deveria declarar ilegais as normas estaduais que colocam os campos em risco.
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta sexta-feira (1) durante a cerimônia de abertura do semestre do Judiciário que não se importa com as sanções aplicadas contra ele pelos Estados Unidos e que a Corte não vai se “envergar a ameaças covardes e infrutíferas”.
Um dos principais motivos para as sanções econômicas aplicadas contra o Brasil e os ministros, de acordo com Donald Trump, presidente dos EUA, são os processos que julgam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por inúmeros crimes na corte. Trump pede o fim de qualquer ação que envolva Bolsonaro, alegando “perseguição” e “violação dos direitos humanos” na Corte.
Já Moraes rebateu, explicando como o STF irá se portar nos próximos meses: “As ações prosseguirão. O rito processual do STF não se adiantará, não se atrasará. O rito processual do STF irá ignorar as sanções praticadas. Esse relator vai ignorar as sanções que lhe foram aplicadas e continuar trabalhando, como vem fazendo, no plenário, na Primeira Turma, sempre de forma colegiada”.
Ele complementou: “Esta Corte vem e continuará realizando sua missão constitucional. Em especial, neste segundo semestre, realizará os julgamentos e as conclusões dos quatro núcleos das importantes ações penais relacionadas à tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro”.
O ministro ainda criticou Bolsonaro e Trump de forma velada: “Acham que estão lidando com pessoas da laia deles. Acham que estão falando também com milicianos. Mas não estão, estão falando com ministros da Suprema Corte brasileira”.
Bolsonaro está sendo atualmente julgado na corte por orquestrar a tentativa de golpe de estado que aconteceu no dia 8 de janeiro de 2022. Seu filho, Eduardo Bolsonaro, também está sendo julgado por sua atuação junto às autoridades americanas para pedir sanções ao Brasil e ministros do STF.
No pronunciamento, Moraes falou que a Corte não irá tolerar qualquer tipo de ameaça, continuando a exercer seu papel na democracia brasileira. “Não é possível pressões, coações, no sentido de querer obter, repito, entre aspas, um espúrio arquivamento imediato dessas ações penais sob pena de se prejudicar a economia brasileira, o sustento das pessoas, o trabalho dos brasileiros e das brasileiras”, afirmou.
Ele ainda criticou movimentos que tentaram impedir o funcionamento do STF: “Temos visto recentemente as ações de diversos brasileiros que estão sendo ou processados pela PGR [Procuradoria-Geral da República] ou investigados pela PF [Polícia Federal]. Estamos vendo diversas condutas dolosas e conscientes de uma organização criminosa que age de maneira covarde e traiçoeira, com a finalidade de tentar submeter o funcionamento do STF ao crivo de autoridade estrangeira”
Moraes, no final de seu pronunciamento, reafirmou a soberania do Brasil: “A soberania nacional não pode, não deve e jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida, pois é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil”
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Etapa de interrogatórios foi concluída em 28 de julho
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou que encerrará ainda este ano o julgamento das ações penais sobre a trama golpista ocorrida no governo de Jair Bolsonaro. A afirmação ocorreu na manhã de hoje, durante sessão de abertura dos trabalhos após o fim do recesso na Corte.
“Ainda este semestre nós julgaremos todos os responsáveis. Absolvendo aqueles onde não houver prova de responsabilidade, condenando aqueles onde houver prova. Mas julgando, exercendo nossa função jurisdicional. E não nos acovardando em virtude de ameaças seja daqui ou de qualquer outro lugar”, disse o ministro.
O STF encerrou nessa segunda-feira (28) o interrogatório de 31 réus. Com o fim dos interrogatórios, a Corte encerra a instrução das ações penais dos núcleos 1, 2, 3 e 4 da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os acusados da tentativa de golpe do Estado no país para reverter o resultado das eleições de 2022.
Ao negar qualquer tipo de covardia no exercício do seu trabalho, Moraes se direcionou às manifestações do governo dos Estados Unidos, encabeçados pelo presidente Donald Trump, que aplicou sanções tanto ao próprio ministro quanto ao Brasil, com a aplicação de tarifas de exportação.
No mesmo discurso, o ministro criticou a atuação de “pseudopatriotas” que articulam nos Estados Unidos sanções contra o Brasil, visando interesses pessoais. O deputado Eduardo Bolsonaro pediu licença do mandato parlamentar e foi morar nos Estados Unidos. Lá, afirma que tem tido encontros com representantes da Casa Branca e comemorou a aplicação de tarifas ao Brasil.
Moraes também comparou a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro, ainda que sem citá-lo nominalmente, à tentativa de golpe de Estado deflagrada em 8 de janeiro de 2023. “O modus operandi golpista é o mesmo”.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 01/08/2025
Edição: Marcelo Brandão
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Autoridades defenderam ministro Moraes na sessão de reabertura do STF
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, disse que o Estado brasileiro dará “uma resposta à altura” àqueles que trabalham contra os interesses do país, propagando caos e atos criminosos contra autoridades e o povo brasileiro.
A declaração foi feita nesta sexta-feira (1º), durante a sessão de abertura da Corte, após o recesso de julho. Tanto Mendes como o presidente do tribunal, José Roberto Barroso; o procurador-geral da República, Paulo Gonet; e o Advogado Geral da União, Jorge Messias, fizeram discursos de apoio ao ministro Alexandre de Moraes no processo que investiga a tentativa de golpe e os eventos de 8 de janeiro de 2023.
Dirigindo-se a Moraes, Gilmar Mendes disse que o ministro tem prestado serviço fundamental ao Estado brasileiro, demonstrando prudência e assertividade na condução dos procedimentos instaurados para defesa da democracia.
“Aos propagadores da instabilidade e do caos; e aos responsáveis e pusilânimes que se auto intitulam patriotas, mas que trabalham abertamente contra os interesses do seu próprio país, não tenham dúvida de que seus atos criminosos praticados contra autoridades constituídas e contra o povo brasileiro receberão uma resposta à altura por parte do estado brasileiro”, disse Mendes.
O ministro se disse perplexo com a escalada de ataques contra membros do STF. A declaração vem dias após o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar sanções financeiras contra Moraes e formalizar a aplicação de tarifas de 50% a vários produtos que o Brasil comercializa com o país norte-americano.
“Não há nenhum fato real concreto e individualizado que sinalize o menor desvio ou descuido do relator [Moraes] em relação ao devido processo legal a ampla defesa e ao contraditório”, disse.
Radicais inconformados
Mendes disse não ser segredo para ninguém que os ataques à soberania brasileira foram estimulados por “radicais inconformados com a derrota do seu grupo político nas últimas eleições presidenciais”.
“Entre eles um deputado que, na linha de frente do entreguismo, fugiu do país para covardemente difundir aleivosias [crimes cometidos por meio de traição] contra o Supremo Tribunal Federal. Um verdadeiro ato de lesa Pátria. Fruto de desespero daqueles que se veem às voltas com acusações graves”, disse o ministro referindo-se ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) – que encontra-se nos EUA articulando, com o governo norte-americano, medidas punitivas a Moraes e ao Brasil.
O procurador-geral Paulo Gonet também defendeu a soberania do Brasil, bem como a atuação da Corte e, em especial de Moraes, no processo que investiga a tentativa de golpe. “Que o exercício de parcela de soberania que é confiado a esta Corte seja respeitado por todos no país e no exterior”, disse o procurador.
“Aproveito o momento para, diante de assombrosas e inconcebíveis investidas contra o ministro Alexandre de Moraes, pelo desempenho legítimo das suas funções jurisdicionais, invariavelmente submetido às regras de controle colegiado, assegurar-lhe solidariedade”, acrescentou.
Defesa da soberania
O Advogado-geral da União, Jorge Messias, disse que a soberania brasileira é uma premissa inegociável. “Não aceitamos que nenhuma autoridade brasileira seja ameaçada ou punida por estados estrangeiros. Da mesma forma, não podemos admitir que nossas leis e nossa Constituição sejam suspensas para que a legislação estrangeira estabeleça o que as empresas, em solo nacional, devem ou não fazer”, discursou.
Ele garantiu que a AGU está vigilante e adotará todas as providências necessárias para a defesa da soberania nacional e comentou que a reabertura dos trabalho se dá de forma “atípica” e “preocupante” com “injustos ataques a autoridades pública”.
“Manifesto a minha irrestrita solidariedade ao ministro Alexandre de Moraes frente às ações que conspiram contra a autoridade e a independência do nosso judiciário. Essa Corte vem prestando grandes serviços à nação, e essa trajetória virtuosa não pode e não será interrompida”, acrescentou ao garantir que a AGU adotará todas as medidas necessárias para salvaguardar a autonomia e a independência do Poder Judiciário.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 01/08/2025
Por Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Amanda Cieglinski
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Ministro disse que taxação pelo EUA busca instabilidade como o 8/1
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes comparou a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro, nos Estados Unidos, à tentativa de golpe de Estado no Brasil no dia 8 de janeiro de 2023. Ele criticou a articulação do deputado junto à Casa Branca para prejudicá-lo e conseguir anistia para o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“O modus operandi golpista é o mesmo. Antes, acampamentos na frente dos quartéis, invasão na Praça dos Três Poderes. Para que houvesse, como mais de 500 réus confessaram, a convocação de GLO [Garantia da Lei e da Ordem] e as Forças Armadas, gerando uma comoção nacional e a possibilidade do golpe”, disse o ministro nesta sexta-feira (1º), na sessão de abertura do Supremo Tribunal Federal (STF) após o recesso.
“O modus operandi é o mesmo. Incentivo à taxação ao Brasil, incentivo à crise econômica, que gera crise social, que gera crise política. Para que novamente haja instabilidade social e a possibilidade de um novo ataque golpista”, acrescentou.
A sessão de abertura, na manhã desta sexta-feira, foi marcada pela primeira manifestação conjunta de ministros da Corte após o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar sanções financeiras contra Moraes e formalizar a aplicação de tarifas de 50% a vários produtos que o Brasil comercializa com o país norte-americano.
Assim que as tarifas contra o Brasil foram anunciadas por Trump, no início de julho, Eduardo Bolsonaro agradeceu ao presidente norte-americano. Em carta enviada ao governo brasileiro, na ocasião, Trump associou a aplicação de tarifas ao processo a que Jair Bolsonaro responde por tentativa de golpe de Estado.
Além de Moraes, o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, também discursou. Outros a se pronunciarem foram o ministro Gilmar Mendes; o procurador-geral da República, Paulo Gonet; e o advogado-geral da União, Jorge Messias.
“Milicianos”
Por diversas vezes, Moraes chamou de “traidores da pátria” aqueles que articulam medidas prejudiciais à economia do Brasil junto ao governo dos Estados Unidos, mas não citou nominalmente Eduardo Bolsonaro ou outro aliado do ex-presidente. Também afirmou que a conduta vista atualmente é comum a “milicianos do submundo do crime”.
“Esses réus, investigados, não estão só ameaçando e coagindo autoridades públicas, mas também – e fazem isso diariamente nas redes sociais – ameaçando as famílias dos ministros do Supremo Tribunal Federal, do procurador-geral da República, em uma atitude costumeiramente afeita a milicianos do submundo do crime, que atacam as autoridades e os familiares das autoridades”.
De acordo com o ministro, a ação dessas pessoas junto ao governo de Donald Trump caracteriza “claros e expressos atos executórios de traição ao Brasil e flagrantes confissões da prática de atos criminosos”. Em seguida, descreveu quais crimes elas estariam praticando: coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e atentado à soberania nacional.
Sem citar nomes, o ministro também afirmou que a atuação de pessoas ligadas a Jair Bolsonaro busca um “tirânico arquivamento para beneficiar determinadas pessoas que se acham acima da Constituição, da lei e das instituições”.
Em março deste ano, Eduardo pediu licença do mandato parlamentar e foi morar nos Estados Unidos, sob a alegação de perseguição política. A licença terminou no último dia 20.
Apesar da grande repercussão, a aplicação de sanções financeiras contra Alexandre de Moraes não deve ter o impacto esperado pelo governo Trump e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 01/08/2025
Por Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil – Brasília
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Ministro diz que lobby bolsonarista junto a Trump é “covarde e criminoso”, vê atuação “miliciana” para tentar coagir o Judiciário e assegura que o STF vai concluir o julgamento de Bolsonaro por trama golpista.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes classificou nesta sexta-feira (01/08) como “covarde, traiçoeira e criminosa” a articulação de brasileiros nos EUA por sanções contra o Brasil e os ministros da Corte em prol do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Temos […] diversas condutas dolosas, conscientes, de uma verdadeira organização criminosa que de forma jamais anteriormente vista em nosso país age de maneira covarde e traiçoeira com a finalidade de submeter o funcionamento deste STF ao crivo de um Estado estrangeiro”, disse ele durante a reabertura dos trabalhos da Corte após o recesso.
Moraes também afirmou que vai “ignorar” as sanções da Casa Branca que o atingiram individualmente e “continuar trabalhando”.
Esta é a primeira vez que Moraes responde publicamente à pressão imposta pela Casa Branca contra o processo no qual Bolsonaro é réu acusado de tentar dar um golpe de Estado.
Um dos filhos do ex-presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, lidera o lobby bolsonarista nos EUA pela aplicação de barreiras tarifárias contra o Brasil e pelo enquadramento do ministro na Lei Magnitsky, que o impediu de entrar ou realizar transações financeiras em território americano.
Para Moraes, atuação nos EUA é “miliciana”
Sem citar Eduardo nominalmente, Moraes chamou a atuação de brasileiros no exterior de “miliciana” e a classificou como uma tentativa “tirânica” de criar impunidade e interferir no julgamento da trama golpista.
“Atuam por meio de atos hostis, mentirosos, derivados de negociações espúrias e criminosas com a patente finalidade de obstrução da Justiça […], gerando reflexos nocivos à economia e à sociedade brasileira. É uma verdadeira traição à pátria”, continuou o ministro.
Para o magistrado, os envolvidos confessam de forma “flagrante” os crimes de coação, obstrução de investigação e atentado à soberania nacional ao vincularem nas redes sociais a suspensão das sanções a uma anistia aos envolvidos na trama golpista.
Moraes citou, como exemplo, a declaração de Eduardo Bolsonaro contra os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, indicando que ambos seriam alvo de sanções econômicas se não pusessem em votação um projeto de lei que anistiaria os réus.
“Fazem isso diariamente nas redes sociais ameaçando as famílias dos ministros do STF, do Procurador-Geral da República, em uma atitude costumeiramente afeta a milicianos do submundo do crime. […] Esta Corte, a PGR e a Polícia Federal não se vergarão a essas ameaças.”
Eduardo Bolsonaro é diretamente investigado por suspeita de coação. O ex-presidente também cumpre medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, pelo risco de obstrução da Justiça.
Bolsonaro foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica por suposta tentativa de obstrução da justiça | Mateus Bonomi/Anadolu/picture alliance
“Ao fazerem as postagens, dizem ainda há tempo caso você aceite a torpe coação. Acham que estão lidando com pessoas da laia deles, com milicianos, mas não estão. Estão lidando com ministros da Suprema Corte brasileira”, argumentou, prometendo a responsabilização integral da “organização criminosa”.
Prenúncio de nova tentativa de golpe
Moraes criticou como “patética” a tentativa de favorecer os acusados da trama golpista. Ele defendeu que o processo penal corre de forma transparente, com a oitiva de 31 réus, 149 testemunhas de defesa e compartilhamento das peças com quase 100 advogados.
Ao descrever o lobby bolsonarista por sanções dos EUA ao governo e a autoridades brasileiras, Moraes comparou-o às ações que levaram à invasão da Praça dos Três Poderes, sugerindo que nos dois casos o objetivo era gerar uma “comoção nacional” que possibilitasse o golpe.
“O modus operandi golpista é o mesmo”, disse o ministro. “O incentivo à taxação do Brasil, o incentivo à crise econômica, que gera crise social e política para que novamente haja instabilidade social e possibilidade de um novo ataque golpista.”
Gilmar Mendes defende Moraes
Durante a abertura dos trabalhos, outros magistrados também se manifestaram. O ministro Gilmar Mendes, por exemplo, saiu em defesa de Moraes, também chamou a articulação bolsonarista nos EUA de “covarde” e disse que o STF “não se dobra a intimidações”.
“Aos propagadores da instabilidade e do caos, […] que se autointitulam patriotas mas que trabalham abertamente contra os interesses de seu próprio país, não tenham dúvida de que seus atos criminosos […] receberão uma resposta à altura por parte do Estado brasileiro”, disse.
Segundo Moraes, relator do processo contra Bolsonaro, as ações penais dos quatro principais núcleos da trama golpistas devem ser julgadas ainda neste ano.
Embora tenha denunciado uma suposta “caça às bruxas” contra Bolsonaro, esse não foi o único motivo que levou a Casa Branca a sancionar Moraes e as exportações brasileiras: os EUA também estão insatisfeitos com ordens judiciais que restringem a atuação de plataformas americanas, supostas “práticas desleais” e o não alinhamento do Brasil à agenda geopolítica de Donald Trump.
Publicado originalmente pelo DW em 01/08/2025
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Da Agência Brasil
A Justiça da Itália decidiu nesta sexta-feira (1°) manter a prisão da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A parlamentar passou por uma audiência de custódia dois dias após ser presa pelas autoridades italianas.
Na terça-feira (29), Zambelli foi detida em Roma, onde tentava escapar do cumprimento de um mandado de prisão emitido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Por ter dupla cidadania, Zambelli deixou o Brasil em maio deste ano para buscar asilo político em terras italianas após ser condenada pelo STF a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrido em 2023. A deputada também terá que pegar R$ 2 milhões em danos coletivos.
De acordo com as investigações, Zambelli foi a autora intelectual da invasão para emissão de um mandato falso de prisão contra Alexandre de Moraes. Segundo as investigações, o hackeamento foi executado por Walter Delgatti, que também foi condenado e confirmou ter realizado o trabalho a mando da parlamentar.
Após a fuga para a Itália, o governo brasileiro solicitou a extradição da deputada para o Brasil. O pedido de extradição de Carla Zambelli foi oficializado no dia 11 de junho pelo ministro Alexandre de Moraes. Em seguida, o pedido foi enviado pelo Itamaraty ao governo italiano.
Ontem, a Advocacia-Geral da União (AGU) confirmou que adotará todas as medidas para conclusão do processo de extradição.
A decisão final sobre a extradição será da Justiça da Itália e o do governo italiano. Em geral, o processo de extradição é demorado porque passa por diversos trâmites. São avaliados aspectos previstos na legislação italiana e nos acordos internacionais firmados entre as duas nações.
Portanto, não há prazo para definição sobre a extradição.
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Em pronunciamentos, ministros repudiaram tentativas de intimidação à Corte, reforçando independência e imparcialidade do STF nos processos que apuram tentativa de golpe de Estado
Na primeira sessão do Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) no segundo semestre, o presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, o decano, ministro Gilmar Mendes, e o ministro Alexandre de Moraes manifestaram-se em defesa da atuação do Supremo, da democracia e da soberania nacional.
Primeiro a falar na manha desta sexta-feira (1°), Barroso fez um histórico dos momentos em que o Brasil, em sua história republicana, enfrentou golpes, contragolpes, intervenções militares, rupturas ou tentativas de ruptura institucional. “Do início da República até a Constituição de 1988, o sistema de Justiça não conseguiu se opor de forma eficaz às ameaças autoritárias e às quebras da legalidade constitucional”, afirmou.
Ele lembrou ainda que, nesse período, houve muitas ameaças, desrespeito e violências contra o STF, citando os casos de não nomeação de ministros, que resultaram na falta de quórum, aposentadorias compulsórias e aumento do número de vagas para nomeação de ministros alinhados com o regime.
Ressaltou que sua geração, por ter vivido na ditadura, reconhece o valor do constitucionalismo e da democracia. “O processo civilizatório existe para reprimir o mal e potencializar o bem. As ditaduras, frequentemente, fazem o contrário”, apontou.
Barroso disse que, no entanto, a Constituição de 1988 tem proporcionado ao Brasil o mais longo período de estabilidade institucional da história republicana. “Superamos as fases do atraso institucional, e é nosso papel impedir a volta ao passado”, apontou.
Ele lembrou que, a partir de 2019, aconteceram vários episódios graves, como ataques às instituições, ao sistema eleitoral e aos ministros do STF, tentativa de atentado terrorista a bomba no aeroporto de Brasília e acampamento de milhares de pessoas em portas de quartéis pedindo a deposição do presidente eleito, culminando com a invasão e depredação da sede dos três Poderes da República em 8 de janeiro de 2023. “Foi necessário um tribunal independente e atuante para evitar o colapso das instituições, como ocorreu em vários países do mundo, do Leste Europeu à América Latina”, afirmou.
Os fatos em questão, explicou Barroso, são objeto de apuração em ações penais em curso no Tribunal, a partir de denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR). As ações têm sido conduzidas com observância do devido processo legal, com transparência e sem sessões públicas. “Todos os réus serão julgados com base nas provas produzidas, sem qualquer tipo de interferência, venha de onde vier”, enfatizou.
Ele destacou a importância da condução dos processos sobre o tema pelo ministro Alexandre de Moraes. “Nem todos compreendem os riscos que o país correu e a importância de uma atuação firme e rigorosa, mas sempre dentro do devido processo legal”, reforçou.
Por fim, Barroso ressaltou que o STF é um dos poucos tribunais no mundo que, ao lado da sociedade civil, da imprensa e de parte da classe política, conseguiu evitar uma grave erosão democrática, sem nenhum abalo às instituições.
Leia a íntegra do pronunciamento do presidente do STF.
Decano
Em seguida, o decano do STF, ministro Gilmar Mendes, manifestou repúdio aos recentes ataques dirigidos à Corte e enfatizou que “o Supremo não se dobra a intimidações”. Segundo ele, o STF está preparado para enfrentar, mais uma vez, com altivez e resiliência, quaisquer ameaças, “venham de onde vierem”.
Mendes ressaltou que a atuação do Tribunal e de seus ministros não está imune a críticas, as quais são bem-vindas quando visam ao aperfeiçoamento das instituições. Contudo, destacou a importância de se distinguir críticas sérias e construtivas das opiniões levianas.
O ministro afirmou que o STF tem se pautado rigorosamente pela lisura de todos os procedimentos e pela obediência ao princípio da legalidade. Observou que cada decisão da Corte está amparada no devido processo legal, no contraditório e na ampla defesa, e que a Constituição e as leis são aplicadas com o máximo rigor técnico, por meio de ritos públicos, oitiva das partes e fundamentações transparentes. “Não há espaço para arbítrio ou decisões discricionárias que se desviem do cânone constitucional e legal”, pontuou.
O decano destacou ainda que os julgamentos do Tribunal não se submetem a interesses políticos, pressões externas ou simpatias ideológicas. “A toga que vestimos simboliza a imparcialidade e o compromisso exclusivo com a Constituição, que, como toda constituição democrática, divide os poderes e garante a existência de um Poder Judiciário autônomo”, afirmou.
Em sua manifestação, Mendes reiterou que a independência do Poder Judiciário brasileiro é um valor inegociável. Em sua visão, os ataques à atuação jurisdicional do país representam não apenas um desrespeito ao STF, mas uma afronta à própria soberania nacional. “Apenas ao povo brasileiro compete decidir sobre seu próprio destino, sem interferências externas indevidas”, destacou. Ele lembrou que o respeito mútuo entre as nações e a não ingerência em assuntos internos são princípios basilares da convivência pacífica e harmoniosa.
Por fim, o decano se solidarizou com o ministro Alexandre de Moraes, “que tem sido alvo de agressões injustas e reiteradas tentativas de intimidação”. Enfatizou que o ministro tem prestado um serviço fundamental ao Estado brasileiro, atuando com prudência e assertividade na condução dos processos que apuram a tentativa de golpe de Estado. “Que ninguém duvide da imparcialidade e da legitimidade da atuação do STF, e que ninguém ouse desrespeitar a soberania do Brasil”, concluiu.
Leia a íntegra do pronunciamento do decano do STF.
Ministro Alexandre de Moraes
Relator dos processos sobre a tentativa de golpe, o ministro Alexandre de Moraes apontou a existência de ações articuladas por investigados e réus com o objetivo de obstruir a Justiça e interferir no funcionamento da Corte. Segundo ele, os envolvidos fazem parte de uma organização criminosa que atua fora do país de forma “covarde e traiçoeira”, promovendo negociações ilícitas com autoridades estrangeiras para tentar coagir o STF no julgamento da Ação Penal 2668, que apura os atos de 8 de janeiro de 2023.
O ministro afirmou que há provas de articulações que resultaram em sanções econômicas contra o Brasil, com prejuízos a empresários e risco de perda de empregos. As iniciativas incluiriam a promoção de tarifas internacionais sobre produtos brasileiros como forma de criar instabilidade social e política. Ele também mencionou ameaças direcionadas aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, classificando as ações como tentativas de obtenção de uma anistia inconstitucional.
O ministro Alexandre reforçou o respeito à legalidade e a transparência do processo penal em curso e informou que já foram ouvidas 149 testemunhas de defesa e interrogados 31 réus no âmbito das ações penais, em atos públicos, gravados e divulgados à sociedade. Ressaltou que todos os procedimentos seguem o devido processo legal e são conduzidos de forma colegiada. “Não há no mundo uma ação penal com tanta transparência e publicidade”, afirmou, reforçando que o Supremo continuará a julgar com base nas provas, absolvendo os inocentes e responsabilizando os culpados.
Ele repudiou as ameaças dirigidas a membros do STF e a seus familiares, reiterando que a Corte não se submeterá a pressões. “A soberania nacional jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida”, afirmou.
Leia a íntegra do pronunciamento do ministro Alexandre de Moraes.
Publicado originalmente pelo STF em 01/08/2025
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A Mesa Diretora da Casa publicou ato na quarta-feira (30) confirmando a perda das vagas. Na mesma publicação, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), convocou os novos deputados, já diplomados, para a posse como titular.
Foram convocados para tomar posse: Professora Marcivânia (PcdoB-AP); Paulo Lemos (PSOL-AP); André Abdon (Progressistas-AP); Aline Gurgel (Republicanos-AP); Rodrigo Rollemberg (PSB-DF); Rafael Bento (Podemos-RO) e Tiago Dimas (Podemos-TO).
Pelas regras eleitorais, inicialmente só podem disputar cadeiras na Câmara partidos que alcançarem pelo menos 80% do quociente eleitoral. Além disso, o candidato precisa obter, individualmente, votos que correspondam a, no mínimo, 10%, desse quociente.
As “sobras” das cadeiras são divididas em uma segunda rodada, na qual, além de o partido precisar alcançar os 80% do quociente eleitoral, o candidato deve obter 20% desse quociente. O aumento no percentual fez surgir uma terceira rodada para preencher as vagas restantes.
Pela interpretação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na terceira distribuição, as vagas remanescentes caberiam apenas aos partidos que obtiveram 80% do quociente eleitoral, entendimento que foi derrubado pelo STF, que entendeu que todos os partidos que concorreram ao pleito poderiam disputar as cadeiras restantes.
A decisão alterou a distribuição de vagas entre os partidos e, consequentemente, a relação de eleitos. Além disso, a decisão da corte afeta também a composição das assembleias legislativas.
*Com informações da Agência Câmara
Supremo Tribunal Federal se manifesta e não se desviará de cumprir a Constituição
Em razão das sanções aplicadas ao Ministro Alexandre de Moraes, um dos seus integrantes, o Supremo Tribunal Federal vem se pronunciar na forma abaixo:
1 . O julgamento de crimes que implicam atentado grave à democracia brasileira é de exclusiva competência da Justiça do país, no exercício independente do seu papel constitucional.
2. Encontra-se em curso, perante o Tribunal, ação penal em que o Procurador-Geral da República imputou a um conjunto de pessoas, inclusive a um ex-Presidente da República, uma série de crimes, entre eles, o de golpe de Estado.
3. No âmbito da investigação, foram encontrados indícios graves da prática dos referidos crimes, inclusive de um plano que previa o assassinato de autoridades públicas.
4. Todas as decisões tomadas pelo relator do processo foram confirmadas pelo Colegiado competente.
5. O Supremo Tribunal Federal não se desviará do seu papel de cumprir a Constituição e as leis do país, que asseguram a todos os envolvidos o devido processo legal e um julgamento justo.
6. O Tribunal manifesta solidariedade ao Ministro Alexandre de Moraes.
Brasília, 30 de julho de 2025.
Publicado originalmente pelo STF em 30/07/2025
O post Nota oficial do STF sobre sanções dos EUA ao Ministro Alexandre de Moraes apareceu primeiro em O Cafezinho.
O presidente da Câmara comentou em redes sociais as sanções financeiras aplicadas ao ministro Alexandre de Moraes pelos Estados Unidos
Em publicação em redes sociais, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que o Brasil não pode apoiar “nenhum tipo de sanção por parte de nações estrangeiras dirigida a membros de qualquer Poder constituído da República”.
O governo Donald Trump anunciou nesta quarta-feira (30) sanções financeiras ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da chamada Lei Magnitsky.
A legislação trata de graves violações aos direitos humanos, e a decisão de usá-la para um brasileiro é inédita. Os EUA aplicaram a mesma sanção a integrantes de cortes superiores da Venezuela no passado.
Por meio dessa decisão, o governo Trump determina o congelamento de qualquer bem ou ativo que Moraes tenha nos Estados Unidos, e também pode proibir entidades financeiras americanas de fazerem operações em dólares com uma pessoa sancionada. Isso inclui as bandeiras de cartões de crédito Mastercard e Visa, por exemplo.
Moraes tem dito a interlocutores que não tem contas ou patrimônio nos EUA.
Íntegra da nota:
A democracia brasileira é sustentada por três Poderes — Executivo, Legislativo e Judiciário — que devem atuar com independência e harmonia, como estabelece a Constituição. Como país soberano não podemos apoiar nenhum tipo de sanção por parte de nações estrangeiras dirigida a membros de qualquer Poder constituído da República. Isso vale para todos os parlamentares, membros do executivo e ministros dos Tribunais Superiores. Reafirmo que a Câmara dos Deputados será sempre espaço de diálogo e equilíbrio na defesa da institucionalidade e do Brasil, sobretudo em tempos desafiadores.
Publicado originalmente pela Agência Câmara de Notícias em 30/07/2025
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Órgão manifestou ainda solidariedade ao ministro do STF
A Procuradoria-Geral da República (PGR), em nota divulgada na noite dessa quarta-feira (30), declarou que recebeu com “assombro” a aplicação de sanções ao ministro Alexandre de Moraes pelos Estados Unidos.
“A Procuradoria-Geral da República recebe com assombro a notícia da imposição por Estado estrangeiro de sanção ao eminente Ministro Alexandre de Moraes pelo desempenho de suas funções jurisdicionais”.
Na manifestação, o órgão manifestou ainda a sua solidariedade a Alexandre de Moraes. “A PGR manifesta solidariedade ao ministro, ao Supremo Tribunal Federal e ao Judiciário brasileiro. Renova o reconhecimento da exatidão técnica das deliberações do Supremo Tribunal Federal e dos seus integrantes”.
Sanções
Mais cedo, o governo de Donald Trump decidiu aplicar sanções contra o ministro, com base na Lei Magnitsky, norma que determina sanções econômicas para quem é considerado violador de direitos humanos.
A Lei Magnitsky prevê o bloqueio de contas bancárias, ativos e aplicações financeiras nos Estados Unidos e a proibição de transações de empresas americanas com as pessoas sancionadas, além do impedimento de entrada no país.
A aplicação dessa norma é a segunda sanção determinada pelo presidente Trump a Alexandre de Moraes. No dia 18 de julho, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou a revogação dos vistos do ministro, seus familiares e “aliados na Corte”.
O anúncio foi feito após Moraes abrir inquérito para investigar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, pela atuação junto ao governo dos Estados Unidos para promover medidas de retaliação contra o governo brasileiro e ministros do Supremo e tentar barrar o andamento da ação penal sobre a trama golpista
Publicado originalmente pela Agência Brasil em 31/07/2025
Por Andre Richter – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Edição: Aécio Amado
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“A Procuradoria-Geral da República recebe com assombro a notícia da imposição por Estado estrangeiro de sanção ao eminente Ministro Alexandre de Moraes pelo desempenho de suas funções jurisdicionais”.
>>Mauro Vieira se reúne com Marco Rubio nos Estados Unidos
Mais cedo, o governo de Donald Trump decidiu aplicar sanções contra o ministro, com base na Lei Magnitsky, norma que determina sanções econômicas para quem é considerado violador de direitos humanos.
A Lei Magnitsky prevê o bloqueio de contas bancárias, ativos e aplicações financeiras nos Estados Unidos e a proibição de transações de empresas americanas com as pessoas sancionadas, além do impedimento de entrada no país.
A aplicação dessa norma é a segunda sanção determinada pelo presidente Trump a Alexandre de Moraes. No dia 18 de julho, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou a revogação dos vistos do ministro, seus familiares e “aliados na Corte”.
O anúncio foi feito após Moraes abrir inquérito para investigar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, pela atuação junto ao governo dos Estados Unidos para promover medidas de retaliação contra o governo brasileiro e ministros do Supremo e tentar barrar o andamento da ação penal sobre a trama golpista
“A Procuradoria-Geral da República recebe com assombro a notícia da imposição por Estado estrangeiro de sanção ao eminente Ministro Alexandre de Moraes pelo desempenho de suas funções jurisdicionais”.
>> Judiciário no Brasil é independente, diz Mauro Vieira a Rubio
Mais cedo, o governo de Donald Trump decidiu aplicar sanções contra o ministro, com base na Lei Magnitsky, norma que determina sanções econômicas para quem é considerado violador de direitos humanos.
A Lei Magnitsky prevê o bloqueio de contas bancárias, ativos e aplicações financeiras nos Estados Unidos e a proibição de transações de empresas americanas com as pessoas sancionadas, além do impedimento de entrada no país.
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A aplicação dessa norma é a segunda sanção determinada pelo presidente Trump a Alexandre de Moraes. No dia 18 de julho, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou a revogação dos vistos do ministro, seus familiares e “aliados na Corte”.
O anúncio foi feito após Moraes abrir inquérito para investigar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, pela atuação junto ao governo dos Estados Unidos para promover medidas de retaliação contra o governo brasileiro e ministros do Supremo e tentar barrar o andamento da ação penal sobre a trama golpista
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reafirmou nesta quarta-feira (30) a independência do Poder Judiciário brasileiro diante de eventuais pressões internacionais. A declaração foi proferida no mesmo dia em que o governo dos Estados Unidos anunciou a aplicação de sanções sob a Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Em nota à imprensa, após reunião com o secretário de Estado norte-americano Marco Rubio em Washington, Vieira destacou que o Brasil não aceitará ingerências em suas instituições. “O governo brasileiro enfatizou que é inaceitável e descabida a ingerência na soberania nacional no que diz respeito a decisões do poder judiciário do Brasil”, afirmou o chanceler.
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A sanção norte-americana, justificada por autoridades de Washington como resposta a alegações de censura, perseguição política e violação de direitos humanos atribuídas a Moraes, também mencionou especificamente os processos movidos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Sem citar diretamente a sanção, Vieira ressaltou que o Brasil se reserva o direito de responder às medidas unilaterais dos Estados Unidos. “Nesse sentido, o governo brasileiro se reserva o direito de responder às medidas adotadas pelos Estados Unidos”, acrescentou.
A Lei Magnitsky, mecanismo que permite punições a indivíduos envolvidos em violações graves de direitos humanos, foi utilizada pelos EUA para justificar a imposição de restrições a Moraes. A medida também inclui a congelamento de eventuais ativos do ministro no sistema financeiro norte-americano.
A declaração de Vieira reforça a posição oficial do governo brasileiro de defender a autonomia de suas instituições diante de eventuais pressões externas. O ministro também se reuniu com representantes do Congresso norte-americano durante sua agenda em Washington, onde discutiu temas como comércio bilateral e a crise democrática no Brasil.
A tensão entre os dois países aumentou ainda mais com a decisão do governo de Donald Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre uma lista de produtos brasileiros. A medida comercial, combinada com as sanções judiciais, indica uma escalada nas divergências entre Brasília e Washington.
Para especialistas, a situação reflete o crescente desconforto dos EUA com o papel de Moraes na condução de investigações ligadas ao período pós-2022, especialmente aquelas que envolvem figuras da extrema direita. No entanto, o governo brasileiro tem insistido que todas as ações judiciais seguem os trâmites legais previstos na Constituição.
Diante do cenário, o STF também se manifestou oficialmente, defendendo a atuação de Moraes e reafirmando o compromisso da Corte com a ordem democrática e os direitos fundamentais. A crise diplomática, no entanto, deve permanecer em evidência nas próximas semanas, especialmente à medida que as investigações políticas no Brasil seguem seu curso.
O governo dos Estados Unidos confirmou nesta quarta-feira (30) a aplicação de sanções sob a Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A informação havia sido antecipada pelo analista de Internacional da CNN, Lourival Sant’Anna.
A medida, anunciada pelo Departamento do Tesouro norte-americano, acusa o magistrado brasileiro de conduzir uma “caça às bruxas”, praticar censura e violar direitos humanos. O comunicado justificou a sanção afirmando que Moraes teria “assumido a responsabilidade de ser juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal contra cidadãos e empresas americanas e brasileiras”.
Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, destacou ainda que Moraes seria responsável por uma “campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos politizados — inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro”. O texto ainda ressaltou que a ação demonstra o compromisso dos EUA em responsabilizar aqueles que ameaçam seus interesses e as liberdades de seus cidadãos.
Marco Rubio, secretário de Estado norte-americano, também se manifestou sobre o caso. “Que este seja um aviso para aqueles que atropelam os direitos fundamentais de seus compatriotas — as togas judiciais não podem protegê-los”, declarou. Em nota, Rubio acusou Moraes de fazer detenções arbitrárias com “flagrantes negações de garantias de julgamento justo e violações da liberdade de expressão”.
Segundo o Departamento de Estado, o ministro teria abusado de sua autoridade ao “se envolver em um esforço direcionado e politicamente motivado, projetado para silenciar críticos políticos por meio da emissão de ordens secretas que obrigavam plataformas online, incluindo empresas de mídia social dos EUA, a banir as contas de indivíduos que postassem discursos protegidos”.
A Lei Magnitsky é um mecanismo da legislação norte-americana que permite a imposição de sanções econômicas a indivíduos acusados de corrupção ou graves violações de direitos humanos. Criada em 2012 durante o governo de Barack Obama, a lei foi inicialmente direcionada aos responsáveis pela morte do advogado russo Sergei Magnitsky, que denunciou um esquema de corrupção em seu país e morreu em uma prisão de Moscou em 2009.
Em 2016, uma emenda ampliou o alcance da lei, permitindo que qualquer pessoa envolvida em corrupção ou abusos contra direitos humanos seja incluída na lista de sanções. As penalidades incluem o bloqueio de contas bancárias e de bens em território norte-americano, além da proibição de entrada no país.
De acordo com o comunicado do Departamento do Tesouro, todos os bens e interesses de Moraes que “estejam nos Estados Unidos ou em posse ou controle de cidadãos americanos” estão bloqueados e devem ser reportados ao Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros. Além disso, entidades de propriedade direta ou indireta de 50% ou mais do ministro também estão bloqueadas.
As regras geralmente proíbem todas as transações por cidadãos americanos ou dentro (ou em trânsito) dos EUA que envolvam bens de pessoas sancionadas. Violações podem resultar em penalidades civis ou criminais, e instituições financeiras podem ser expostas a sanções por se envolverem em transações com indivíduos bloqueados.
Para ser retirado da lista, é necessário provar que não houve ligação com as atividades ilegais, que já se respondeu judicialmente por isso ou que houve mudança significativa de comportamento. Em alguns casos, o presidente norte-americano pode revogar as sanções se entender que isso é importante para a segurança nacional, mediante aviso prévio ao Congresso.
A Advocacia-Geral da União considerou a sanção “inaceitável” e afirmou que adotará medidas adequadas. O STF também foi contactado pela CNN, mas ainda não retornou sobre a aplicação da medida. A crise diplomática deve permanecer em evidência nas próximas semanas, especialmente diante da aproximação de novas decisões judiciais no Brasil.
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